POV Elijah Mickaelson

  Compartilhei meu sangue com Audrey, nunca fiz isso nem com meus próprios irmãos. Mas ao fazer isso por ela fez com que eu me sentisse tão... vivo. Sinto a necessidade de cuidar dela, protege-la... Talvez até algo a mais.

  Estou confuso com relação a tudo, minhas escolhas, sobre ela, sobre mim. Não consigo enxergar o futuro apenas o minuto que estou vivendo. Audrey caiu no sono e no momento estou com a cabeça dela em meu colo, ao crepitar do fogo na lareira pouco conseguia ver das veias de seu olho direito. Uma mecha ruiva caia sobre seu rosto e eu delicadamente a retirei, sua respiração estava calma e bem em um dos cantos de seus lábios havia um pouco de sangue... Meu sangue que agora corria em suas veias.

    Bruxa, vampira, Merlineana, órfã... Menina. Milhões são as maneiras pelas quais posso denomina-la, mas nenhuma me parece suficiente. A chuva do lado de fora começa a engrossar mais e por estar tão nublado se assemelha a noite. Me levanto com cautela, levanto a cabeça dela com cuidado e a deixo repousando no sofá.

  Olho para a janela e é praticamente impossível enxergar a campina com tanta chuva. Mas com o barulho da água caindo e da lareira crepitando a imagem de Klaus me vem a mente e me lembro de nossa última conversa.

Flashback on

  — Você foi longe demais Klaus, precisa parar! Agora!

 - Quando é que você vai Elijah que não é você que me controla e que muito menos será você aquele que ficará no meu caminho.

 - Veja o que está fazendo! Katherina está morta as suas chances acabaram Klaus.

 - Katheria não era a única opção.

— Então escolha Klaus, ou pare com isso e volte a ser um irmão para a nossa família ou deixe o seu orgulho vencer mais uma vez e perderá a mim.

— Sabe por que você sempre se deixa levar pelos outros Elijah? Porque você é um fraco é isso que você é um fraco. Uma hora você sempre volta.

  Virei as costas para ele naquele momento e não olhei para trás, mas ouvi nitidamente suas últimas palavras para mim.

 - Você não é melhor do que eu em nada Elijah, não pense que não há escuridão em você.

Flashback off

  Klaus se sentia tão a vontade com o fato de eu sempre voltar para o lado dele que não fui notando a teia que ele formou ao redor de mim e de meus irmãos, ele nos tem em suas mãos. Mas com a minha saída pude quebrar esse círculo. Quero fazer diferente agora, a começar por proteger Audrey.

  Ouço um barulho vindo do sofá e vejo Audrey se levantando.

 - Elijah? O que...? - Ela pôs a mão na cabeça como se estivesse confusa.

  Eu me aproximo dela e tento orienta-la de maneira calma.

 - Você apenas cochilou, está tudo bem. Isso foi bom pra você se já fazia tanto tempo que não se alimentava nem imagino a quanto tempo não dorme.

  Ela dá um pequenino sorriso.

 - Você é quem deve estar querendo se alimentar - Diz ela.

 - Ah, não se preocupe comigo já tenho isso sobre controle lá na cidade.

 - Por favor não se esqueça sobre o que eu lhe disse, todo cuidado se torna praticamente nada quando se trata de Mystic Falls. Vou fazer um chá para nós.

  Ela se aproxima do balcão da cozinha onde havia algumas ervas e um bule de ferro. Audrey pegou algumas ervas e começou a corta-las, mas de repente suas mãos parecem terem um espasmo e seus olhos se arregalam e por fim ela solta um grito de dor e cai no chão.

 - Audrey!! - Corro até ela, esta está ajoelhada no chão gritando como se sentisse muita dor. Mas eu não conseguia identificar qual poderia ser o problema. Percebia que as veias do lado vampiro saltavam muito, tanto em seu olho quanto em seu pescoço mas o que poderia ser?

  Depois de alguns minutos agonizantes que para mim pareceram horas, seus músculos que até então se encontravam totalmente rígidos começam a relaxar e a sua respiração a desacelerar.

 - Audrey? O que aconteceu? Você estava....

— É... é eu sei - Diz ela ofegante - Mas está tudo bem.

 - Como está tudo bem?? Você passou os últimos três minutos gritando de dor e como isso está bem?

 - Isso é o meu corpo tentando se equilibrar Elijah! - Seu tom de voz está mais alto - Isso são meus ossos sendo quebrados, triturados, deslocados... é o meu sangue fervendo. É apenas meu corpo se equilibrando, dói é verdade e não tem como disfarçar. Mas algumas dessas ervas ajudam a aliviar a dor depois desses episódios.

 - Então quer me dizer que depois do que você acabou de ter, você ainda sente dores? Isso... Isso definitivamente não está certo. - Ela levanta e olha nos meus olhos com doçura.

 - Espere aqui, eu quero te mostrar uma coisa.

  Audrey se afasta com uma certa dificuldade e sobe as escadas, fico aguardando perto da lareira e depois de alguns minutos ela desce e meu sangue esquenta pois ela está trajando apenas um robe. Seus cabelos estão presos em um coque bagunçado, onde alguns fios estão soltos.

 - Você diz que isso não está certo, mas eu vivo assim a anos Elijah - Ela se aproximou e ficou na minha frente, sentia o cheiro dela, sua respiração - Não era pra eu estar viva, meu corpo por alguma razão me mantem viva e essa é a única razão para eu estar aqui em pé na sua frente. Mas esses esforços tem consequências.

  Ela vira de costas para mim e começa a desamarrar o robe. Não consigo mentir, meu coração acelera e quando ela abaixa o robe revelando metade de suas costas eu vejo enormes hematomas roxos pela sua pele.

 - Esses espasmos causam isso. Os ossos são quebrados e causam essas marcas aparecem, as vezes dá pra pensar se vale a pena viver nessas condições.

  Eu olho para as costas dela e toco nos hematomas delicadamente, vou deslizando meus dedos pelas costas e sinto ela se arrepiando.

 - Você é linda, viva não como um protesto para aquilo que aconteceu com a sua família para que a geração não se perca. Viva por você, descubra o mundo que até então não te deixaram descobrir... Deixa seu coração ser seu guia.

  Me aproximo do ouvido dela e falo baixinho.

 - Eu vou lhe ajudar a fazer isso. Te ajudarei a descobrir as belezas do mundo - Ela fecha o robe e volta-se para mim olho por olho.

 - Um Mikaelson querendo me ajudar a ver o mundo, minha vida anda muito irônica.

 - Pois é será um Mikaelson que te ensinará a viver, te levará as ruas para ver consertos, que te tirará das suas zonas de conforto, que fará seu coração acelerar e talvez um dia você me enxergue de uma maneira diferente. Eu te disse uma vez que lhe provaria que era diferente do meu irmão e agora estou tendo a oportunidade.

  Me despeço dela logo em seguida e volto a cidade em meio a chuva e decidido a provar tudo para Audrey e ajuda-la. Chegando em casa, tomo um banho, troco de roupa e saio de casa quando a chuva amenizou ando um pouco e em seguida bato em uma porta. Pouco tempo depois o prefeito abre a porta e com uma feição surpresa em me ver.

 - Elijah? Não esperava sua visita - Diz ele confuso, mas com um sorriso formal no rosto.

 - Perdoe-me essa chegada sem aviso prévio, mas tenho um assunto importante a tratar com o senhor.

Continua...