I Never Learn escrita por Laurent


Capítulo 5
I shine for him


Notas iniciais do capítulo

Geente, desculpa por não ter postado ontem! Eu tava querendo colocar um capítulo novo por dia, mas vou ter que dar uma desacelerada haha. O próximo capítulo talvez saia essa semana, porém é mais provável que seja na semana que vem.

Esse aqui é inspirado na música Silver Line (acho que você sabem de quem rs). Links no fim do capítulo. Obrigado aos meus leitores, sobretudo à Frida e à Pythonissam pelos comentários maravilhosos ♥

*I shine for him = eu brilho por ele



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Na segunda-feira fui para a faculdade andando. De manhã, o clima finalmente se mostrara amistoso, com poucas nuvens passando pelo céu e um ar fresco percorrendo as ruas. Dias como aquele me davam esperança. Carregando a mochila em um dos ombros, eu pensava em Rafa e no que realmente sentia por ele. Hoje a noite nos encontraríamos, mas seria em nosso local de trabalho — uma loja da Adidas. Mesmo assim, eu estava animado para vê-lo e aquilo me motivava a enfrentar o que pudesse acontecer.

Passei a aula anotando as instruções que meu professor de Projeto ditava sem pausa. Minha mente estava concentrada na matéria, mas notei alguns pequenos olhares recaindo sobre mim. Tive a impressão de que alguns amigos meus sabiam do que tinha acontecido, e logo que essa possibilidade passou por minha cabeça, comecei a me perguntar se Carol havia falado para alguém sobre o término. Ou sobre o resto.

— E aí, cara — cumprimentei Paulo, um dos meus colegas, quando estava saindo pra almoçar mais tarde. — Beleza?

— Fala Kevin — disse ele. — O que conta de novo?

Fiquei um pouco alarmado com aquela pergunta, mas imaginei que fosse só paranoia da minha parte.

— Nada — tentei não parecer sério. — E você?

— Sou péssimo pra fazer maquetes — disse ele, sorrindo. — Mas pensando bem isso não é novidade. Já terminou a sua?

— Já. Não sei se ficou boa.

— Acho que tem uns 100% de chances de ser melhor que a minha, porque eu nem comecei.

Rimos descompromissadamente.

— E a Carol? — perguntou ele.

Eu sei que as intenções de Paulo eram boas, mas não pude evitar de querer dar um soco em sua cara. Eu sei, eu devia arcar com essas responsabilidades. Eu tinha terminado com ela, e consequentemente as pessoas iriam saber. Se eu não contasse, as pessoas iriam descobrir de algum jeito. Paulo não tinha relações estreitas com Carol, mas sabia muito bem da existência dela e os dois já haviam conversado antes quando saíramos em grupo.

Eu não sabia muito bem o que dizer. Era uma história difícil de digerir. Afinal, Carol e eu não éramos o tipo de casal problemático que brigava a todo instante por motivos idiotas, aquele casal que está fadado a terminar. Pensando bem, no olhar das outras pessoas parecíamos tão amistosos um com o outro quanto qualquer casal que dá certo hoje em dia. Talvez esse fosse mais um dos motivos pelos quais eu me sentia estável com Carol.

Resolvi contar a verdade de um jeito eufemista.

— Resolvemos dar um tempo.

Paulo continuou andando.

— Ah — disse ele. — Entendo.

— Na verdade acho que as coisas acabaram — é claro que haviam acabado.

— Poxa, que pena, cara — disse ele. Felizmente, Paulo não era do tipo que gostava de se meter em assuntos alheios. — Qualquer ajuda que precisar, estou aqui.

— Valeu — respondi, me sentindo melhor.

*

Saí da aula com o sol quase se pondo. O curso de Arquitetura era integral e por isso a rotina era pesada. De lá, passei rapidamente em meu apartamento pra trocar de roupa e ir trabalhar. A loja ficava num shopping a uma boa distância do meu prédio. Como eu não tinha carro, precisava ir de bicicleta. As poucas horas que eu ficava na loja me rendiam uma grana que complementava o dinheiro que recebia dos meus pais para pagar as contas, mas não era o suficiente para que eu me mantivesse sozinho. Era um dos motivos pelos quais iria morar junto com Carol. Com duas pessoas pagando o aluguel, o bolso de cada uma delas ficava bem menos apertado.

Ao chegar na loja, dei um olá bem rápido aos meus colegas que já trabalhavam — Rafael ainda não tinha chegado — e fui até o estoque verificar quais produtos estavam acabando. A loja não estava muito cheia, então seria um dia bem tranquilo.

Rafa chegou depois de cinco minutos, e nos cumprimentamos normalmente, da mesma forma que fiz com os outros funcionários. Não queria demonstrar intimidade com ele. Se alguém desconfiasse da gente, imagino que as consequências não seriam das melhores. Ter relações sexuais com um parceiro de trabalho não é algo bem visto por parte de nenhuma empresa, sobretudo se essas relações envolvem algo mais duradouro. O tabu aumentava ainda mais pelo fato de que não éramos um casal diferente, por assim dizer. Resolvemos que, por hora, não iríamos assumir nada. Embora eu sentisse que não estava preparado sequer para me assumir depois.

As pessoas pensariam que eu era gay. E eu sempre pensava que lidar com isso seria uma das coisas mais difíceis. Pouco importava, na verdade, se eu era bi ou homossexual, o fato é que naquele momento eu estava com um homem. Se por um lado eu me via livre, por outro me sentia inseguro e imprevisível. Instabilidade era algo de que eu realmente não gostava. 

Eu não tinha me aceitado completamente. Rafa e eu nunca conversamos sobre mim ou como eu tinha me descoberto. Talvez porque minha história toda fosse uma confusão enorme. Eu me sentia o próprio caos em certas horas.

Saímos todos juntos quando a loja fechou. Marcos, um dos meus colegas, nos convidou para beber em um bar ali perto, mas eu e Rafa recusamos. Nós nos despedimos do resto do pessoal e eu segui meu caminho até a bicicleta.

— Veio de ônibus? — perguntei a Rafa, que me acompanhou.

— Sim. Vou esperar aqui no ponto.

Olhei para a rua à minha frente enquanto montava na bicicleta e posicionava meus pés nos pedais. Do outro lado, Marcos e os outros já haviam virado a esquina de carro. Não tinha ninguém conhecido a vista.

— Sobe aqui — propus a ele.

Rafa soltou uma risada surpresa.

— Sério?

Sorri pra ele. Eu gostava de tê-lo por perto. Rafa subiu atrás de mim. Como era uma bicicleta, as coisas ficaram meio difíceis e ele precisou ficar praticamente em pé. Mas quando saímos, tenho certeza de que parecíamos dois adolescentes de novo. Eu preciso de um carro, pensei. Definitivamente. Embora eu estivesse gostando muito de sentir as mãos dele em meus ombros, a respiração forte na minha cabeça.

Chegando em nosso bairro, eu já estava virando na esquina da rua de Rafa quando ele disse:

— Não! Vamos pro seu apartamento.

Senti uma onda de felicidade me percorrendo.

*

A semana não demorou a passar. Os dias eram tediosos exceto no tempo em que eu ficava com Rafa à noite. Era como se eu acordasse todo dia apenas para chegar a esse momento e desfrutá-lo da melhor maneira. A cada dia que passava, eu me sentia melhor e menos culpado. Mas a sensação de que eu tinha feito algo tremendamente errado ainda vinha à minha cabeça de vez em quando. Antes de dormir, pensava em Carol, e em como ela estaria lidando com tudo isso. Se ela estaria feliz sem mim. Como as coisas ainda estariam se eu não tivesse feito o que eu fiz.

Na segunda, depois de termos transado, Rafa adormeceu rapidamente. Abracei-o por trás, beijando seu pescoço à medida que chegava mais perto. Pensei em todos os momentos que já tínhamos tido, em todos os momentos que teríamos. Eu não me sentia preso a ele de forma alguma. Não sentia que nossa relação fosse previsível.

Sentia que era a coisa certa.


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Notas finais do capítulo

Vídeo no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=rpd4WQfBjLg
Letra: https://www.letras.mus.br/lykke-li/silverline/traducao.html



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