Sábado, 20 de outubro 

 Sento no sofá da minha sala e deixou o notebook em cima da mesa de centro. Ligo-o para iniciar uma chamada de vídeo com meu chefe. Ele havia me mandado uma mensagem pedindo por isso, pois fazia quase uma semana que eu não entrava em contato com ele.  

 — Como estão as coisas por aí, agente Stiles?

 — Bom — me lembro do beijo do elevador e que também não estava com o anel neste dia —, aparentemente estão indo bem.

 — Quais são as atualizações que deve me contar?

 — Segunda-feira fui na empresa dela falar com alguns funcionários e eles só a elogiaram, nada que confirme as acusações, como o senhor ouviu pela escuta. Durante a semana, todos estavam muito ocupados e preocupados com a filmagens e fotografia da campanha, então fiquei mais quieto. Porém, tive uma oportunidade de conversar com ela e fazer perguntas. Eu não estava com o anel, mas gravei a conversa por celular, te mando por e-mail.

 Havia colocado o meu celular na opção gravação de voz um pouco antes de chama-la para comer algo e deixei-o no meu bolso e não desliguei desde então, gravei todo o áudio desde o momento do convite até quando entrei no meu carro para ir embora. Mas, obviamente por questão de privacidade, irei editar e deixar somente a conversa que tivemos no restaurante, depois disso nada era importante para eles, principalmente a parte do elevador.

 — Muito bom, agente Stiles.

 — As acusações contra ela dizem que ela o matou como? — pergunto curioso. Até onde eu sei ele havia sofrido uma parada cardíaca, como a Lydia confirmou.

 — Já falamos sobre isto diversas vezes. Não prestou atenção em nenhuma delas? — Minha reação já entregava a resposta. Sr. William balança a cabeça em negação. — Tudo bem. Ele foi diagnosticado com parada cardíaca, porém a saúde dele estava perfeita. Segundo as acusações foi ela quem causou isto de alguma forma e você deve descobrir como. 

 — Entendi. — Balanço a cabeça para cima e para baixo lentamente.

 Meu celular que está na mesa ao lado do notebook toca. Pego. Olho o número na tele mais não o reconheço. O chefe me olha atento através da câmera do notebook.

 — Alô — digo e coloco na opção “viva voz” para que o senhor William também pudesse escutar.

 — Alô, Stiles Stilinski? — uma desconhecida voz feminina pergunta do outro lado da linha.

 — Isto — confirmo minha identidade. — Com quem eu falo?

 — É a Elsa Martin, mãe da Lydia.

 — Ah, sim...

 — Você irá está ocupado hoje à noite?

 — Não, estou livre.

 — O que acha de vir jantar aqui no apartamento da Lydia? Vamos estar só nós duas. Queria muito você por aqui.

 — Tudo bem, vou sim.

 — Ah, que bom te espero, às sete horas — diz com uma voz alegre.

Finalizamos a ligação.

 — Muito bom, agente — Sr. William diz. E eu sorrio.

 Após o porteiro autorizar a minha entrada subo para a cobertura onde ficava o apartamento de Lydia. Bato na porta de entrada e aguardo alguém. A porta é aberta e Elsa aparece um sorriso de orelha a orelha no rosto.

 — Que bom que você veio. — Ela me cumprimenta apertando a minha mão.

 — Não poderia recusar seu convite. — Sorrio com simpatia.

 — Pode entrar — convida e me dá espaço para passar. Entro no apartamento.

 Elsa fecha a porta quando eu já estava dentro e me leva até a sala de jantar. A mesa tinha vários pratos diferentes, a mesa estava literalmente cheia. Peço licença e sento-me em uma das cadeiras.

 — A Lydia já está vindo — fala e senta-se na cadeira da ponta. — Como está o trabalho de vocês? — questiona.

 — Está muito bom, Lydia faz um excelente trabalho.

 — Ela é muito esforçada.

 — Olá, Stiles. — Lydia chega e me cumprimenta.

 — Que roupa é essa, Lydia? — Elsa repreende o visual de Lydia, porém com uma voz baixa e contida tentando parecer calma para mim, mas claramente ela não estava contente.

 A ruiva usava um shorts jeans e uma regata cavada na cor branca com um top preto por baixo. Seus pequenos pés estavam descalços e seu cabelo avermelhado estava preso em um coque. Além, nenhuma maquiagem cobria seu rosto, deixando as olheiras claras à mostra, mas mesmo assim ela continuava linda. Parecia uma menininha, diferente da mulher que conheci no primeiro dia. Eu amo mulheres que também são meninas.

 — A minha — murmura e dá os ombros.

 — Esta não é uma roupa para usar quando temos visita em casa, ainda mais um empresário como o Stiles.

 — Desculpa. — Lydia abaixa a cabeça e espreme os lábios. Briga em família? Eu realmente não queria estar no meio disto, nunca sei como reagir quando duas pessoas estão discutindo na minha frente.

 — Ela está linda — falo tentando quebrar o clima desagradável que se formou ali. Lydia sorri para mim.

 Ela senta-se à mesa em uma cadeira na minha frente.

 — Então, como estávamos falando, você está fazendo um ótimo trabalho Lydia — continua Elsa.

 — Obrigada — agradece.

 — E você, Stiles, a quanto tempo trabalha na Hisieg?

 — Bom... — penso em uma resposta. — Faz alguns meses.

 — Ah sim. — Elsa sorri. — E o coração como anda? Está namorando?

 — Não. — Sorrio.

 — Mas, já tem uma mulher em mente? — ela questiona em um tom divertido e descontraído. Dou um riso sem jeito com aquela pergunta. Olho para a ruiva, ela estava com o rosto coberto com uma das mãos, sua bochecha estava corada envergonhada com toda esta situação.

 — Não, estou bem — respondo. Olho para baixo ainda com o riso preso no canto da boca.

 — A Lydia fica tão preocupada com o trabalho que acaba nem procurando ninguém. Ela é uma mulher dedicada e inteligente, mas ás vezes tem que sair, eu sempre falo isso para ela, não é mesmo?

 — Sim — diz simplesmente. Com certeza estava incomodada.

 — Torço muito para Lydia namorar alguém como você — diz Elsa, não se incomodando com o que Lydia iria pensar. Eu não me senti desconfortável, apenas achava engraçado.

 — Eu estou bem assim e pretendo continuar assim — fala a ruiva.

 — Mas um dia você vai ter que casar novamente.

 — Hm. — Lydia volta a ficar em silêncio.

 — Você não pretende casar, Stiles?

 — Ah, um dia. Quando eu encontrar uma mulher que me faça querer casar.

Jantamos e conversamos, quer dizer, apenas eu e Elsa conversando, pois Lydia estava quieta, apenas respondia brevemente quando a mãe dela perguntava algo direcionado à ela. Quando acabamos, Elsa serviu a sobremesa e algumas bebidas. Lydia não bebeu nada, eu e Elsa bebemos um vinho porém bem pouco.

 — Vou me deitar, mas fiquem à vontade. Vocês jovens gostam de dormir até tarde. Boa noite, Stiles.

 — Boa noite, Elsa.

 Elsa se levanta e sai da sala de jantar, provavelmente indo para o seu quarto dormir, me deixando sozinho com Lydia.  

 — Desculpa pelas perguntas da minha mãe.

 — Ela é divertida. — Rio. Ela balança a cabeça em claro sinal de desaprovação. Sem dizer mais nada, ela pega seu celular de seu bolso e digita algumas palavras.

 — Aceita ir na festa de aniversário do meu amigo? — pergunta Lydia, para de olhar para o celular e olha para mim aguardando a resposta.

 — Se não for incomodar. — Dou os ombros, quando na verdade estava empolgado com o convite. Era a minha chance de ficar loucamente com esta mulher.

 — Então, está bom. — Ela também dá os ombros. — Me espera aqui, vou trocar de roupa e nós vamos, não demoro.

 Concordo com a cabeça. Ela se levanta e segue em direção ao corredor onde ficava seu quarto. Enquanto espero, fico em silêncio admirando a decoração e os móveis do apartamento, imaginando quanto cada coisa dessa valia, com certeza um móvel dali custa mais que toda a minha casa de verdade.

 “Não demoro” foi o que ela falou, mas parece que havia mentido. Estou esperando por longos e intermináveis minutos e até agora nada. Mulheres. Por que demoram tanto para se arrumar?

 — Vamos? — ela surge no corredor ainda mexendo no celular.

 Incrível como aquela menina de alguns minutos atrás acabará de virar uma mulher muito sexy. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo e seus lábios estavam vermelhos. Ainda vestia shorts, mas este diferente do outro, era em modelo hot pants e ripped. Além disso usava um top preto e uma ankle boot também nessa cor.

 — Que foi? — Ela dá seu sorriso angelical e ao mesmo tempo sedutor. Me deparo que a estava a encarando, de novo, isso já estava se tornando involuntário e rotineiro.

 — Nada. — Sacudo a cabeça e sorrio.