Once we believe escrita por Kremer


Capítulo 7
Wonderland, trilha das raízes enredantes




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/673116/chapter/7

Will, Elizabeth e Alice seguiam caminho para buscar os conselhos de uma vidente. Alice sabia bem quem era, porém Jones parecia relutante quanto a ir ver uma vidente. Will andava com frequência com a testa franzida, como se algo o perturbasse. Alice esperou que Elizabeth se distanciasse um pouco para conseguir falar com ele.

— Will, o que há de errado? – perguntou Alice, preocupada.

— Tirando o fato de eu estar sendo procurado, nada.

— Tem razão, precisamos sair da estrada – disse Alice, chamando por Jones e cortando caminho entre a vegetação.

— Justo quando pensei que estaria livre dessas porcarias de galhos espinhentos – murmurou Will. De fato, o caminho era muito mais complicado lá: havia plantas que os prendiam nas pernas e nos braços. As plantas eram verde-musgo e eram finas como chicotes.

— Valete, pare de reclamar – repreendeu Alice. Will ficava impossível algumas vezes. Elizabeth seguia atrás, irritada com aquelas plantas, cortando-as com sua espada.

— E chamam isso aqui de País das Maravilhas – reclamava.

De repente, uma das raízes saiu da terra e se enroscou no tornozelo de Will tão firme a ponto de derrubá-lo. Outra subia por sua perna direita, e outra o prendia pelo tronco.

— Mas que diabos?! – Estava impossível se mover, e Will não conseguia alcançar seu punhal.

— Will! – Alice gritou, e na mesma hora puxou sua lâmina. Não teve tempo para usá-la, pois outra raiz abriu caminho pela terra e se enroscou em seu braço. Ela estava sendo presa pelos braços e pernas, e foi puxada de encontro a uma árvore. Os espinhos feriam a ambos.

Elizabeth teve tempo de pegar sua baioneta quando uma raiz ameaçou pegar seu braço. Ela retirou a mão a tempo, soltando a espada. A raiz se enroscou na espada, e a levou para a terra. Ao alcançar a arma, mirou para as raízes que brotavam do chão. Porém, teve uma ideia melhor: não podia desperdiçar as balas com as raízes, por que uma baioneta era uma arma difícil de ser recarregada. No momento, precisava acertar com precisão justamente no coração das raízes.

Seus pés estavam sendo presos, e ela precisou lutar contra o medo e ignorar os chamados de socorro de Will e Alice. Finalmente, achou a fonte das raízes: era a árvore onde Alice estava presa.

— Não se mova, Alice, ou isso pode te custar uma perna – disse. Mirou aos pés da árvore, onde as raízes se mexiam, e atirou. O estrondo afastou pássaros, a árvore pareceu guinchar e recolheu suas raízes.

— Vamos, não está morta, apenas assustada – disse Elizabeth, correndo para ajudar Will a se levantar. Ele tinha vários ferimentos nas pernas e braços, e andava com dificuldade.

Alice corria na frente, com marcas de sangue em vários pontos de seus braços e tornozelos. Ela abria caminho em meio ao matagal, e eles correram na velocidade máxima que podiam com Will apoiado em Elizabeth. Seguiram caminho por uns quinze minutos daquela forma, até se sentirem exaustos e longe do perigo.

Os três atiraram-se no chão, e compartilharam de uma jarra de água. Estavam suados, sujos e sangrando em vários pontos. Alice tirou de sua bolsa de couro um tecido do tamanho de uma toalha de banho, e com alguma ajuda de sua faca, cortara em várias tiras.

— Limpem e amarrem as tiras em seus piores ferimentos – disse.

Os vinte minutos seguintes foram gastos para limpar as feridas e improvisar curativos. Relaxaram, respiraram fundo e arrumaram tudo para seguir viagem.

— Aquele tiro pode ter chamado atenção indesejada – comentou Elizabeth. – Precisamos fazer alguma coisa para dar a possíveis perseguidores uma falsa trilha.

— Eu tive uma ideia – disse Alice. – Will, você sabe onde fica a casa da vidente. Vocês dois sigam caminho, que eu vou despistá-los.

Will pareceu relutante em deixar Alice sozinha, mas havia aprendido que a garota sabia se cuidar.

Alice seguiu caminho por entre o matagal. Sabia que perto de lá havia um rio, e que só precisava despistá-los até lá.

Retirou seus curativos ensanguentados – que estavam novos, porém já possuíam manchas de sangue – e os colocou estrategicamente na trilha, fazendo parecer que as árvores espinhentas que marcavam o caminho os tinham pegado. Chegando no lago, marcou bem suas pegadas e voltou por elas, como Cyrus havia ensinado uma vez. Sorriu, orgulhosa de seu trabalho.

Enquanto isso, Jones e Will caminhavam até a casa da Vidente. A pirata estava com cara de poucos amigos, mas isso não impediu o Valete de fazer seus comentários.

— Aquela vidente me assusta até os ossos – disse. – E ela não vai ajudar se não dermos algo valoroso em troca.

— Temo que não temos ouro para pagá-la – comentou.

— Nunca é ouro, Jones. Ela provavelmente vai nos pedir algo como “um objeto que represente sua alma, uma fotografia, uma amostra do seu amor”.

— Soa poético – soltou uma gargalhada. – De mim ela conseguirá no máximo uma garrafa de rum.

— Não se faça de difícil – disse Will. Elizabeth ergueu uma sobrancelha.

A casa estava logo a frente. Ambos hesitaram antes de entrar. Era de madeira, e estava pintada com tinta negra, desbotando. Will suspirou.

— Maldição. – disse.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Once we believe" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.