A Fronteira Maldita escrita por Dama do Poente


Capítulo 11
10 - Desfruto de Usos


Notas iniciais do capítulo

Antes de tudo, preciso agradecer a daughter of the sun, Mica Ligeia, e Tia Ally Valdez pelos reviews no capítulo passado.
Nem vou falar muito desse capítulo, apenas desejo que todos gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/673107/chapter/11

P. O. V Lorenzzo:

Acredito estar certo em dizer que, tirando o estranho encontro que tivemos com o tal de Phobos, poucas coisas se comparam a descobrir que toda a sua vida foi uma mentira. Eu vivi 18 anos acreditando ser um cara normal, um pouco estressado, filho único e um tanto quanto nômade ― ser filho de uma modelo internacional, que não confia em te deixar com nenhuma pessoa, dá nisso ―, e todas as minhas perspectivas mudaram de um dia para o outro.

― Eu conheci seu pai em um bar. Ele estava lá sozinho, bebendo e assistindo TV, e eu estava com algumas amigas, que me desafiaram a pedir o telefone de algum dos rapazes por lá ― minha mãe contava a história de como conhecera o tal de Marte. ―, e ele era o mais bonito naquele dia. Reuni toda a coragem que eu tinha e fui falar com ele; foi difícil atravessar as muralhas ao redor dele, mas no fim da noite apenas nós dois ficamos no bar conversando, e estava tão tarde que o dono foi obrigado a nos expulsar... ― ela faz uma pausa, como se estivesse de fato saudosa desse dia, o que só serviu para embrulhar meu estômago.

Quando Sophia e eu chegamos em casa com três garotas levemente feridas, nossa mãe pareceu saber na hora o que estava acontecendo. Ela não fez perguntas, apenas mostrou a direção do banheiro para as garotas, checou se minha irmã e eu estávamos bem, e foi para a cozinha preparar um lanche para todos nós. Quando voltou, iniciou a narrativa sobre o famigerado homem a quem eu deveria me reportar como pai.

Fiz questão de me desligar da narrativa, focando apenas nas partes importantes, que foram acentuadas por aquelas que me resgataram: eu era filho de Marte, ele era o deus romano da guerra. Segundo Claire ― a garota que parecia com Catarina, e que descobrir ser sua prima e filha de Afrodite ―, isso me tornava bom com armas e lutas, além de me dar um temperamento difícil; sequer pude argumentar contra: eu realmente era um mal-humorado de carteirinha, e sempre fora fã de todos os tipos de luta... Agora, a respeito de armas...

― Olha, eu nunca segurei em uma arma! ― comentei quando minha mãe saiu da sala, deixando-nos sozinhos para discutirmos.

― É sempre assim na primeira vez: você não sabe nem usar uma arma, mas dois dias depois tem que impedir a destruição mundial... Aprender na marra é mais legal! ― a garota loira, Sadie, revira os olhos, sarcástica.

― Sou obrigada a concordar! ― Sophia sorri, atraindo não só a minha, mas a atenção das meninas também. ― Estão se perguntando como eu sei disso?

― Não, imagina... Só resolvemos parar e admirar sua beleza estonteante! ― ironizo, recebendo um olhar de raiva dela. ― O que mais acontece nessa casa que eu não sei?

― Bom, muita coisa, mas o que interessa no momento é você saber que mamãe sempre teve conhecimento sobre quem sou, de onde vim, e de quem meu pai era. Nunca houve uma adoção legal: eu nunca fui para um orfanato em si... Mas tive que fugir do meu nomo. ― Sophia suspira, e se vira para encarar Sadie, que nos olhava completamente confusa. ― Você o conhece, Sadie, até mesmo o invadiu quando estava buscando uma forma de deter A Serpente.

― O nomo de Desjardins? Você morava lá? ― Sadie franze ainda mais a testa, e em sua voz não havia mais o sarcasmo com que vinha nos tratando.

― Sim, e Desjardins não era apenas o líder do nomo! Ele também era meu pai!

Quando Sophia deu essa informação imediatamente pensei que não importava mais que eu era filho de Marte, que eu fosse um semideus. Nada naquela confusão tinha a ver comigo ― eu era apenas mais um figurante ―, e sim com Sophia. Ela tinha apenas 13 anos, porém tudo parecia girar em volta dela, ora se aproximando, ora se afastando. Contudo, o ponto máximo era que tudo sempre fora uma mentira.

E mal sabia eu, mais calúnias estavam por surgir.

P. O. V Catarina:

Naquela altura do campeonato, com Sophia nos contando de quem era filha, e Sadie nos revelando quem fora o famoso e forte mago Michel Desjardins, parecia claro para mim o que deveríamos fazer: levar Lorenzzo e Sophia, em segurança, para Nova York, fosse para o acampamento, o nomo no Brooklyn ou o Olimpo, não importava; apenas tínhamos que tirá-los da Itália.

No entanto, eu era ingênua demais por pensar que era tudo tão fácil. Ainda não sabia do poder das profecias, desconhecia totalmente a vontade das Três Parcas. Eles não iriam para Nova York, não por enquanto.

― Vocês estão loucas se acreditam que levá-los para o Olimpo melhoraria tudo! ― Claire ralha conosco. ― Primeiro lembrem-se da profecia: por acaso havia algum verso falando para salvarem e levar alguém para os deuses?

― Não, mas seria sensato, certo? Manter algo em segredo não acaba bem pra ninguém, não é mesmo? ― Sadie ergue as sobrancelhas, mostrando um olhar de desafio. ― Se Catarina soubesse desde o início quem realmente era, saberia o que fazer agora. Se eu soubesse a verdade sobre minha família, eu não teria perdido minha... Minha vida durante meses na tentativa de salvar o mundo! ― ao fim de seu curto discurso, sua voz parecia um tanto trêmula, e eu daria tudo para saber o porquê disso.

― Eu não sei como funciona para vocês, magos egípcios, mas para nós, semideuses, quando descobrimos quem somos automaticamente se acende uma luz neon sobre nossa cabeça, o que permite que monstros nos achem com mais facilidade. Se minha prima soubesse o que era, provavelmente ela já estaria morta; eu fiz tudo o que poderia para trazê-la até aqui, eu sou a guia, e vou estar aqui até que ela possa seguir essa missão sozinha! ― Claire a repreende, gritando a plenos pulmões e me arrastando para longe de Sadie.

Não era um bom momentos para discussões, tão pouco para nos afastarmos, porém eu estava tão chocada com a reação de Claire que não soube como reagir a ela. Nunca fomos próximas, nunca nos defendíamos; na verdade, costumávamos competir por tudo, e eu agradeci a qualquer coisa que fosse sagrada quando minha prima se mudou, mal sabendo que havia muito mais coisas entre nós do que nossa rivalidade sem sentido.

― Claire...

― Sem sentimentalismo, Catarina, não temos tempo para isso! ― ela me interrompe, voltando ao seu estado normal de nervos. ― Não ligo para o que aquela maga pensa ou precisa: meu negócio aqui é com você! Devo guiá-la por essa jornada até que as Parcas decidam que não precisa mais de mim, e isso obviamente não é agora, portanto se concentre e lembre-se dos versos da profecia.

Sem contestá-la, fiz o que me pedia, repassando verso por verso das malditas palavras pronunciadas pelo oráculo. O primeiro verso eu havia compreendido muito bem: A amaldiçoada, a guia e a hospedeira ― tratava-se de mim, que fui sentenciada a participar dessa missão suicida, de Claire, cuja vida foi feita para me manter viva até que eu completasse 15 anos, e Sadie, por motivos que eu ainda desconhecia. Já o segundo verso começou a fazer sentido depois que encontramos com Phobos: Das águas de Polo devem ao guerreiro resgatar ― assim que chegamos a Veneza, terra natal de Marco Polo, salvamos Lorenzzo, que calhou de ser filho de Marte, o deus romano da guerra. Porém, eu só compreendia até ali. Nada mais fazia sentido para mim.

― Claire, eu não estou entendendo aonde quer chegar! ― confesso, controlando-me para não choramingar.

― Pense bem, Cathy! Todas as peças dessa maldição se encaixaram: a amaldiçoada, a guia, a hospedeira e o guerreiro; você, eu, Sadie e Lorenzzo! Quem ta faltando nessa equação?

E foi então que o terceiro verso começou a pulsar em minha mente, implorando por uma interpretação que eu não tinha. À proibida são sussurradas palavras traiçoeiras ― a proibida! De todos os envolvidos até agora, a única que parecia não se encaixar na história era Sophia, pelo menos até nos revelar suas origens. Citar o nome de Michel Desjardins pareceu abalar Sadie, como se fosse um péssimo presságio.

― Acha que...

― É possível, priminha! ― Claire concorda com minha indagação incompleta. ― E não fomos as únicas a pensar de tal forma.

Sadie se aproximava de nós, parecendo mais pálida do que de costume. Suas mãos tremiam um pouco, e sua expressão era a de mais puro choque.

― “Proibida” e “traiçoeiras” são duas palavras que não gosto de ver na mesma frase! ― a maga diz, baixando o tom de voz para um sussurro. ― Ela por acaso disse quem era a mãe?

― Pensei que fosse a senhorita Cristina, já que elas disseram que não houve processo algum de adoção. ― murmuro, mais uma vez sendo ingênua demais.

― Pode não ter havido uma adoção legal, mas não há DNA algum compartilhado entre elas! ― Lorenzzo nos informa, se juntando a rodinha. ― Que história é essa de proibida? Nem tentem me manter por fora, pois comprovamos que eu faço parte de toda essa confusão, mesmo sendo apenas um mero figurante.

Deixei passar seu comentário, ou o fato de sua presença ter me causado arrepios, e me pus a explicar sobre a profecia. Claire me ajudou, e quando chegamos ao ponto em que se cita a proibida, também concordamos com uma coisa: precisávamos saber quem era a mãe de Sophia. Segundo Lorenzzo, ela raramente falava do pai, e jamais chegou a falar da mãe em todo esse tempo; era como se a mulher jamais tivesse existido.

― Só temos um jeito de descobrir! ― murmuro, me afastando de todos e caminhando para a sala, onde Sophia se encontrava.

Eu jamais cheguei a perguntá-la sobre a pessoa que a gerara. Sequer cheguei até a sala, pois antes que conseguisse terminar minha curta caminhada, a casa dos D’Anibale padeceu sobre um nada magnífico ataque, que jamais teríamos finalizado sem uma ajuda surgida do além.

P. O. V Autora:

Era uma tradição, que coincidentemente acabava acontecendo sempre durante o inverno, quando a maioria dos campistas estava fora, deixando o time do Acampamento Meio-Sangue em desvantagem.

— Acho que repudio as caçadoras tanto quanto elas repudiam companhias masculinas! — Will Solace comentou, checando seus materiais de primeiro socorros. — Da última vez que tivemos um “amistoso” quase tive que amputar a perna de Connor Stoll!

— Você quase tem que amputar a perna do Connor toda semana! — Nico revira os olhos, ajeitando sua armadura. — Não acha estranho as caçadoras aparecerem aqui justamente agora, quando uma missão importante está acontecendo?

— Acorda, Nico: quanto mais estranho você acha as coisas, mais normais elas realmente são! — o loiro diz sarcástico. — Lady Ártemis deve estar em alguma missão solo, e deixou suas filhotinhas aqui para Quíron tomar conta!

— Se eu fosse você, não as deixaria me ouvir as chamando assim! — Annabeth comenta, observando um mapa do Acampamento. — Tem certeza de que não vai participar, Will?

— Absoluta: alguém tem que remendar vocês depois que levarem uma surra delas!

— Quanta fé nos seus companheiros de Acampamento... — a filha de Atena revira os olhos, sendo acompanhada por Nico.

— Estou sendo sincero: vocês são ótimos guerreiros, mas quando o negócio é Capture a Bandeira, contra as Caçadoras, não tem jeito! Elas sempre ganham! — Will estava ali há tanto tempo quanto Annabeth, e ela sabia que ele estava certo, mas um pouco de confiança nunca matou ninguém.

— Se já acham que vão perder, façam o favor de nem tentarem: não quero eletrocutar quem não quer lutar! — um sorriso se abriu nos lábios de Annabeth quando ela reconheceu a voz de Thalia Grace, a tenente das caçadoras.

As duas eram amigas há muito tempo, e mesmo a distância e falta de comunicação pareciam incapazes de afastá-las, o que ficou claro no abraço apertado que trocaram — um abraço tão cheio de saudade e de carinho, que levou as duas ao chão, aos risos. Thalia era filha de Zeus, e conhecia Annabeth desde que as duas eram pequenas. Inúmeros acontecimentos a levaram a escolher seguir a caçada ao invés de continuar no Acampamento com a amiga, e quando as duas se reencontravam era sempre assim, uma mini festa, mesmo que os tempos não fossem favoráveis.

— Rapazes! — Thalia os cumprimentou educadamente, o que era quase um motivo grande para festas: ela não era a pessoa mais educada do mundo, pelo menos não demonstrava ser.

— E aí, Thalia? — Will sorriu em sua direção, incapaz de ser antipático.

Já Nico esqueceu-se momentaneamente de como se falava, uma vez que em sua mente apenas as palavras de Catarina giravam por ali. Lembrava-se de quando conheceu a irmã mais nova de Will, e esta lhe dissera que teve uma visão em que o filho de Hades conversava com Thalia a beira de uma piscina. Era curioso a dita cuja aparecer pouco tempo depois de Catarina ter tido a tal visão.

— Você ta bem, Nico? — Thalia pergunta, aparentemente preocupada, estreitando seus olhos azuis elétricos na direção dele.

Poderia parecer estranho, mas de todas as pessoas que preocupavam Thalia, Nico aparecia entre os primeiros lugares. Ela se lembrava de quando ele era um adorável e irritante menino de dez anos, que teve a infância brutalmente massacrada duas vezes, e Thalia se sentia responsável por ambas: fora Zeus o responsável pela morte de Maria, a mãe de Nico, e ela estava presente quando Bianca, a irmã mais velha do garoto, morreu em uma missão. O menino di Angelo nunca mais fora o mesmo, transformando-se da água para o vinho, mergulhando em uma espiral de sofrimento, culpa e raiva, que apenas recentemente estava melhorando.

— Sim! É bom ver você de novo, Thalia! — Nico a cumprimentou com um sussurro, evitando aqueles olhos intensos, que despertavam sua curiosidade de formas diferentes. — A que horas é o jogo?

— Depois do jantar! — os três responderam, e ironicamente a corneta anunciando a refeição soou.

Os quatro deixaram o arsenal, seguindo para o pavilhão refeitório. Lá, Thalia foi se sentar a mesa 1, correspondente ao chalé de Zeus, ignorando os comentários de suas companheiras caçadoras: ela só queria passar um tempo com Jason, seu irmão, e com Annabeth, que contrariou as regras e se sentou ao lado da amiga.

— O tempo passa, missões acontecem, irmãs minhas vão para umas ou somem, mas Thalia Grace jamais deixará que alguém influencie seu comportamento essencial! Ela faz o que bem entender, os outros gostando ou não! — Will murmurou sorrindo, como se lembrasse de velhos tempos.

Os ânimos durante o jantar estavam exaltados, mostrando a ansiedade para a partida que estava por vir. Apenas Nico estava propriamente equipado, portanto teve que esperar enquanto os poucos campistas presentes foram vestir suas armaduras e pegarem todas as armas possíveis.

— Precisamos conversar! — Nico mais sentiu do que ouviu quando Thalia murmurou as duas palavras antes de começar a arrastá-lo pelo braço para bem longe do arsenal onde todos estavam novamente.

Jamais admitiria em voz alta, mas da mesma forma que admirava Thalia por ser uma ótima guerreira e ser dona de uma beleza singular e muito comentada durante as aulas de artes do acampamento, Nico igualmente a temia e desgostava. Não chegava a odiá-la, mas detestava certas manias que ela apresentava, como a de dar choques em todo mundo, como estava dando nele naquele momento; porém ele não ousou reclamar: tinha medo de que o “precisamos conversar” se transformasse em “vou te matar por me interromper”. Mal sabia Nico que Thalia não era o que deveria temer...

— Eu pensei que caçadoras não pudessem confabular com garotos... Especialmente empurrá-los para áreas escuras e desertas... Sério, Thalia, você ta me assustando! — pelo que Thalia se lembrava, Nico não era do tipo que falava muito, mas naquele momento ouvir a voz do garoto era mais irritante do que surpreendente.

Ninguém poderia saber que os dois estavam ali, especialmente juntos. Não por ela ser uma caçadora e ele um menino, mas sim pelo que ela revelaria. Era algo grande, importante, e até mesmo perigoso se caísse nas mãos erradas.

— Shiu, Nico. — Thalia o repreende, olhando em volta com cuidado. — Caçadoras não podem ser vistas com garotos, mas eu acho que situações de vida e morte são ótimos momentos para que essas regras percam o efeito.

— Se isso for algum tipo de trocadilho por eu ser filho de Hades, eu vou mostrar com quantas espadas de ferro estígio se consome a alma de uma caçadora!

— Fica calmo por que isso não é piada! E para com essas ameaças que não amedrontam ninguém. — apesar de soar séria, Thalia mentia: as palavras de Nico poderiam não ter causado efeito algum, se a voz grave dele não tivesse soado ameaçadora e transcendental. Se um dia ela o achara adorável, hoje o considerava amedrontador. — Eu to falando muito sério, Nico!

A postura de Nico muda ligeiramente, e Thalia a conhecia: ele estava entrando no modo batalha. Seus olhos escuros pareciam se tornar mais profundos e sábios nesse momento, seu maxilar travava por completo, e sua coluna se tornava mais ereta. Para os que o conheciam, era a hora de começar a temer as conseqüências.

— Sobre o que isso se trata, Grace? — ele sempre a tratava pelo sobrenome quando a situação se tornava mais séria.

— Não tenho muita certeza, mas sinto que fomos usados de novo! E de novo para transportar uma arma! — Thalia conta, recebendo um olhar confuso do garoto. — Antes de sermos enviada para cá, Ártemis recebeu uma visita de Apolo, e os dois estavam um pouco tensos. Eles falaram de nós dois, e Apolo afirmou que as atitudes de Ártemis teriam influência em nosso destino.

— Que atitudes? E que arma é essa? — Nico pergunta, sentindo-se tonto com as informações passadas.

Da última vez em que transportara uma arma — excluindo a estátua-arma que era a Athena Parthenos —, ele, Thalia e Percy foram atraídos para o submundo por Perséfone, que queria a ajuda dos três para resgatarem a espada de Hades. Mesmo que tenha sido por um bem maior, a sensação de ser usado não fora das melhores, mas a sensação de não saber que está sendo usado era ainda pior.

— Aparentemente, os dois precisavam manter uma arma importante em movimento e resolveram que seríamos os mais indicados para isso. Você por poder viajar pelas sombras, e eu por sempre estar saindo em missões solo... Mas eu não me lembro de ter te encontrado por aí em nenhum lugar exceto aqui! E às vezes no Acampamento Júpiter, mas isso não vem ao caso.

— Eles disseram qual arma?

— Não, mas Apolo parecia estar muito interessado nela, e agradecia muito o esforço de Ártemis em deixá-la segura... Só acho que deveriam nos agradecer: uma conta vitalícia no Mcdonald’s em nosso nome, o que acha? 

Nico achava que, apesar de a idéia ser muito boa, não era com isso que deveriam se importar. Considerando tudo o que vinha acontecendo, e o fim do mundo estar novamente próximo, estava óbvio o porquê do interesse de Apolo, e estava ainda mais claro qual era a arma. O filho de Hades fez questão de expor seus pensamentos à filha de Zeus, que pareceu ficar ainda mais atordoada com o que ouviu.

— E se isso nos colocar na linha de frente de novo? Eu não sei você, mas estou cansada de guerras! — e agora era Thalia quem não conseguia se manter quieta ou calma.

— Estamos juntos nessa, Thalia, mas não podemos negar essa opção. Até por que, eu estava lá quando ela usou o arco pela primeira vez. — Nico relembra. — De qualquer forma, só há um jeito de sabermos a verdade: vendo com nossos próprios olhos.

— Você ficou louco de vez, di Angelo? Eu não posso deixar as meninas aqui. Ártemis me proibiu!

— Que pena! — ele debocha — Mas fica calma, que eu dou conta do recado. Só preciso que me faça um favor...

— Que tipo de favor? — Thalia, que já estava a meio caminho de voltar para os chalés, pergunta curiosa.

— Atrase esse jogo. Se eu não estiver aqui, o esquadrão de “Protetores do Nico” vai sentir minha falta, e a última coisa que queremos é isso... Reyna e Hazel costumam dar prejuízos financeiros quando Will, Percy ou Annie dizem que sumi.

— Em que tipo de coisa você anda metido, garoto?

— Melhor você nem saber. Só pensa num jeito de cancelarmos esses malditos jogos enquanto eu... — mas antes que Nico pudesse dizer mais alguma coisa, Thalia já se jogara no chão, gritando.

Ela apertava o calcanhar, e não foi difícil para Nico entender qual era o plano da tenente das caçadoras. Apressando-se, o filho de Hades ergue a caçadora em seus braços e começa a gritar por Will Solace, o curandeiro e principal componente do esquadrão de protetores de Nico: se o filho de Apolo estivesse ocupado cuidando do suposto tornozelo torcido de Thalia, ele não estaria por perto quando Nico viajasse pelas sombras. Se a tenente e um dos conselheiros estivessem ocupados durante o horário da partida, a disputa seria adiada, dando tempo a Nico de “se entediar e procurar algo para fazer” — ou, em outras palavras, de ir atrás da verdade sem contar o que ia fazer.

— Você é genial, Thalia Grace! Fico te devendo uma! — Nico sorri para ela, segundos antes de desaparecer nas sombras, seguindo para sua cidade natal.

Se era nas águas de Marco que a missão seria, Nico teria que voltar para Veneza e checar o que estava acontecendo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Tantas revelações e ainda tem momento Thalico... Contem-me tudo o que acharam sobre o capítulo, ok? Adoro a opinião de vocês!
Beijoos e até!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Fronteira Maldita" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.