Perdedor, solitário
Um covarde que finge ser durão
Um delinquente ordinário
No espelho, você é
Apenas um perdedor
Um solitário, um otário coberto de cicatrizes
Lixo imundo
No espelho, eu sou um

Loser – Big Bang

Pov Peeta

— Desculpe Katniss! – digo com um enorme peso na alma.

—Sai daqui! – ela grita enquanto bate a porta na minha cara.

Saio sem rumo do apartamento da Katniss tentando entender tudo que aconteceu um pouco minutos, Katniss está grávida e eu sou o pai e também sou o maior covarde desse mundo!

Acho que minha vida se encontra sem rumo nesse exato momento, talvez tenha feito a pior decisão da minha vida e não tenha como voltar atrás, logo eu que sempre tenho certeza de tudo me encontro sem saída, entro no carro e meu maior desejo é sumir desse mundo, tenho vergonha de mim mesmo, se meu pai estivesse aqui o que ele pensaria? Que seu próprio filho não consegue assumir suas próprias responsabilidades, o mais rápido que consigo saio cantando pneu e acelerando ao máximo.

A imagem de Katniss aos prantos invade minha mente, atordoa meus pensamentos e só consigo pensar que sou o pior ser humano do mundo, as ruas e avenidas passam por mim sem que eu perceba, quando vejo já estou estacionando na frente na estrada de barro que me leva até a cachoeira que eu e Finnick descobrimos em nossas trilhas, sento na pedra que fica de frente para a água e me permito no que aconteceu nos últimas semanas.

Desde muito novo sempre tive garotas correndo atrás de mim, o que ás vezes era extremamente irritante, elas apenas se rastejavam atrás de mim e imploravam um pouco de atenção, não que eu esteja reclamando, mas ás vezes é bom ter um desafio para nos incentivar, ter alguém para conquistar e alcançar um prêmio no final, elas na minha cama, isso pode ser babaca da minha parte, porém sempre deixei claro que não queria me envolver com ninguém, e fui claro às minhas decisões, apenas uma noite e nada mais, não envolvia sentimentos nessa equação, e aquelas que se apaixonassem que assumissem as consequências disso, mas como a vida gosta de nos pregar uma peça, ela colocou Katniss no meu caminho, o meu maior desafio, e que eu ia até o fim para conquistar, mas acho que cai na minha própria armadilha.

As palavras ruins vão se acumulando e eu aceito isso
Amanhã eu vou viver como se nada estivesse errado
O destino entre nós não pode ser cortado tão facilmente
Podemos voltar como estávamos antes?
O seu lindo sorriso se transformou em lágrimas

A Lie – B1A4

 *

Flashback

Olho no relógio e vejo que são 14h30min, se a informação de Cato estiver certa a caloura sairá da sua aula de Metabolismo nesse horário, então me dirijo ao corredor dos laboratórios, encosto na coluna e espero pacientemente enquanto mexo no meu celular sem muita vontade, Katniss Everdeen caloura em Nutrição é meu mais novo desafio e que belo desafio ela é, estou tentando conversar com ela desde começo do período, porém ela não me dá atenção, ignora meus sorrisos e gracejos e muitas vezes me chama de babaca, tenho quase certeza que já ouviu falar de mim e mantem à distância, maldita seja a boca desses fofoqueiros que não cuidam da própria vida, ela é bem difícil de alcançar, mas não sou muito de desistir e quando coloco algo na cabeça vou até o fim, acabo me distraindo e só percebo quando o cabelo castanho escuro passa como um raio pela minha pessoa, não consigo evitar de sorrir e logo alcanço os passos da morena e caminhamos lado a lado.

—Olá – digo parando na sua frente, oferecendo meu melhor sorriso.

—Você pode sair da minha frente! – diz ela revirando os olhos e dando a volta por mim, não me abalo e continuo a segui-la.

—Sabe você ainda não disse seu nome? – digo parando ao seu lado quando a mesma para no seu armário para guardar os livros e pega suas anotações.

—Você sabe meu nome – diz ela enquanto continua mexendo no armário e não olha para mim, parece que a deixo envergonhada, ponto para o Mellark aqui!

—Talvez eu saiba – digo piscando para ela que logo cora e olha para o chão - Porém ainda não fomos apresentados da maneira certa, sou Peeta Mellark – digo estendendo minha mão, ela olha para minha mão e depois para mim incerta do que fazer, até que respira profundamente e aperta minha mão:

—Sou Katniss Everdeen! – diz olhando nos meus olhos, as cores de seus olhos me fascinam, cinza como um céu nublado antes de uma tempestade e quase como um choque, percebo que Katniss é mais que um desafio, talvez ela seja minha perdição – Agora você vai me deixar em paz – diz ela soltando minha mão e pegando a bolsa e o celular enquanto se dirige ao estacionamento, sua afirmação me faz rir.

—Pode acreditar que não! – Grito para ela que já se encontra perto da porta, ela se vira e posso ver que está vermelha de vergonha.

—Pare de ser estranho – ela grita de volta e sai rapidamente.

Se eu fosse uma menininha com certeza faria uma dancinha nesse exato momento, mas apenas sorriu para o nada e sigo meu caminho, aparece que às vezes o destino sabe o que faz.

Depois daquele dia me vi perdidamente encantando por Katniss, eu a observava de longe, rindo com sua melhor amiga, participando das palestras dos alunos, ajudando nas campanhas solidárias, ajudando os calouros perdidos nas suas primeiras aulas, trabalhando na lanchonete ao lado de sua casa, não éramos amigos, mas ela já não me ignorava e conversamos normalmente, sempre dava um jeito de encontrar com ela seja no seu armário ou no estacionamento, acompanhava até suas aulas, sempre a deixando envergonhada quando beijava sua mão em cortejo, mesmo que recusasse todos meus pedidos para que saíssemos juntos, ela me permitia fazer parte da sua vida e estava feliz com isso, mas não completamente, eu realmente queria Katniss na minha vida e acho que não era apenas por um dia!

  *

Algum tempo depois...

—Peeta! – Finnick me chama me tirando do devaneio enquanto observo uma bela asiática passando por nos dois, a mesma sorri e acena para mim.

—Fala mané, não percebeu que eu estava ocupado!- digo enquanto me viro para ele

—Você conhece Annie Cresta?

—Annie Cresta? Acho que não – tento relacionar o nome com a pessoa, até que me lembro – Ah sim, conheço sim é amiga da Katniss.

—Exatamente- diz ele enquanto me olha – Esses dias, esbarrei com ela e percebi que nunca tinha reparado nela, ela é bem bonita e atraente, tem uns peitos bem chamativos!

—E?- digo enquanto pego meu celular, e vejo o que postaram sobre a festa Hallowen.

—E que talvez eu a chame para sair

—E? – pergunto novamente, totalmente entediado daquele assunto.

—E que ela é amiga da Katniss!

—E?

—Peeta para de ser idiota e raciocina! – ele me dá um pescotapa, e quase que meu celular voa longe com o susto.

—Tá louco Finnick – digo esmurrando as costelas dele, que me empurra e massageia onde eu aceitei

—Não babaca você que está, se eu chamar Annie para sair é sua oportunidade de sair com a Katniss- diz ele enquanto tento acompanhar seu raciocínio – Propomos um encontro em casais que só saiu com Annie se a Katniss sair com você – conclui ele sorrindo.

—Isso não vai dar certo!- digo revirando os olhos – Você nem sabe se Annie vai querer sair com você – digo fazendo minha melhor cara de óbvio e ele apenas sorri malicioso.

—Irmãozinho, tenho certeza que ela vai! – diz ele piscando.

Consigo quase senti que Finnick está aprontando algo, mas não posso perder minha oportunidade, se ela tem certeza que Annie vai aceitar então Katniss não vai deixar sua melhor amiga nessa, e vou ter minha chance de conquistar Katniss.

*

Uma semana atrás...

—Quem está grávida? – pergunto a Annie e Katniss que estão paradas no corredor, antes que alguém responda, Katniss desmaia o mais rápido que consigo a seguro nos braços para evitar traumas maiores e que caia de cara no chão.

—Katniss!– grita Annie colocando a mão na boca

—Annie vá chamar a enfermeira, enquanto eu a levo para a enfermaria- digo me apressando para chegar o mais rápido possível a bloco C, onde fica a enfermaria e a diretoria ando em passos largos, meu coração se aperta ao ver Katniss naquele estado, seu rosto está pálido e as mãos são geladas ao toque, faz duas semanas que a mesma não fala comigo e me evita a maior parte do tempo possível, evita fazer aulas de manhã e sempre que me aproximo, foge de mim, está estranha e arredia.

Sei que fui um babaca, por não tê-la procurando depois daquela noite no meu apartamento, que devia ter ligado ou mandado uma mensagem, devia ter ido atrás dela no dia que ela me viu com Glimmer nos armários, explicado que tudo não passava de um mal entendido, mas fui fraco, estúpido, estava confuso com todos aqueles sentimentos que estava sentindo naquele momento, nunca tinha me encontrado daquela maneira com nenhuma garota antes.

Sexo sempre foi só sexo pra mim, mas se eu fechasse os olhos conseguia senti-la sorrindo nos meus lábios, suas mãos passando por entre meus cabelos, conseguia ouvi-la sussurrar meu nome, estava tentando negar o que já estava na minha cara há muito tempo, não queria me prender a ninguém, mas já estava preso antes de perceber, talvez minha sina fosse Katniss desde começo e eu apenas fingi que não, fui um tolo.

E agora percebo que tentar ficar com Glimmer para tentar esquecer Katniss, foi a pior burrada que eu fiz, não podemos simplesmente arrancar uma pessoa do nosso coração, usar uma pessoa para esquecer outra é baixo até para mim, que muitas vezes não valho nada. Se formos incapazes de superar nossas próprias dores e sofrimentos, ao usarmos outras pessoas para tentar preencher ou fechar esse buraco incômodo, nos daremos conta que só cavamos um ainda maior.

Assim que adentro a enfermaria, coloco Katniss nunca maca e aguardo enquanto Mags, a enfermeira entra apressada com sua prancheta e vai atendê-la, Annie está ao lado de Katniss segurando sua mão enquanto tenta segurar as pequenas lágrimas que se formam em seus olhos, pego um copo d’água e entrego para mesma que apenas me ignora enquanto observa à amiga, ela levanta seus olhos verdes já vermelhos por causas das lágrimas, abre a boca algumas vezes como se fosse falar algo, mas se cala e volta a olhar para Katniss.

Mags pede para sairmos um momento, enquanto termina de analisar Katniss, ficamos alguns minutos encarando o chão, até Mags sair e liberar nossa entrada no quarto, Annie vai direto para o lado da Katniss.

— Annie... – digo me aproximando da cama, enquanto ela me lança um olhar rispido.

— Agora não, Mellark. – Ela responde seca, enquanto mexe nos cabelos da amiga.

— Por favor, Annie, o que está acontecendo? – Pergunto em um sussurro.

— Ela está grávida, não entendeu? – Ela responde seca afastando-se da cama, passa as mãos pelos cabelos e me encara – E você nem deveria estar aqui, Mellark!

—Eu sei, eu sei… Mas é complicado. – digo frustado

— Complicado? Complicada é a situação da Katniss! –diz ela irritada. – Complicado é nós duas maus termos dinheiro, uma criança a caminho e uma casa em péssimas condições. Pare de se colocar em posição de vítima aqui, Mellark, esse papel não lhe cabe! Hoje eu não estou disposta e muito menos tenho paciência. – diz ela massageando as têmporas. - Eu realmente achava que você gostava dela, mas pelo visto, foi só mais uma na sua listinha.

— Claro que não, Katniss é diferente das outras. – me defendo olhando para cama onde Katniss se encontra adormecida

— Bom, não parece, já que você mal saiu do encontro com ela e já está se agarrando com a queridíssima “Glitter” por ai. – Ela fala sarcástica.

— Você não entende, Annie... – digo irritado, não é certo ela julgar aquilo que não sabe.

— Não entendo mesmo, Peeta. – Ela me corta e se aproxima da cama segurando as mãos de Katniss. – E se você puder dar licença, quero ficar com minha amiga.

Observo as duas, enquanto o silêncio se faz presente no quarto, me afasto em passos lentos, porém uma pergunta vaga pela minha cabeça desde momento que encontrei as duas no corredor, e talvez eu mesmo já saiba a resposta, mas me viro para onde Annie está...

— Annie…

— O que foi? – diz ela levantando os olhos para me encarar.

— Quem é o pai? – pergunto o que está preenchendo meus pensamentos, meu coração quase salta pela boca quando deixo as palavras saírem da minha boca, Annie segura à respiração e encara amiga depois me olha e suspira:

— Isso você terá que perguntar a ela. –diz ela, saiu meio atordoado da enfermaria e tendo entender porque meu coração está batendo tão forte!

                                          *    

Algumas horas atrás...

Pov Finnick

—Eu entendo An, mas ele merece saber a verdade – digo no telefone enquanto procuro as chaves do meu carro – Ele é meu melhor amigo, se ela não contar, eu contarei – digo para Annie que apenas bufa do outro lado da linha, não preciso vê-la para saber que está fazendo cara feia e retrucando o que acabei de dizer.

—Finn, ela precisa de um tempo para colocar a vida no lugar, assim que ela estiver pronta, ela vai contar.

—Eu sei, porém todo mundo está comentando sobre isso logo ele vai perceber e vai atrás dela – desço as escadas e encontro Peeta jogado no sofá com a maior cara de infeliz.

—Seu amigo é muito lerdo se ainda não se tocou, é só juntar os pontinhos – bufa ela novamente – Argh não aguento mais falar sobre isso, vou ver como a Kat está mais tarde te ligo! – diz ela suspirando, só pelo seu tom de voz percebo que está frustrada com tudo que está acontecendo com a amiga.

—Ok, mas dê um desconto para o cara Amor!

—Não venha esse de desconto, não sou loja – diz ela rindo e me fazendo gargalhar.

—Ok, ok engraçadinha, mais tarde te ligo!

—Ok, bye Baby! – diz ela e desligo o telefone, encaro meu amigo, que olha para o nada e leva a cerveja até a boca como se fosse um robô.

—Ei bundão que cara é essa?- digo cutucando com o pé

—Nada, só me deixa cara!

—Ixi acordou de pé esquerdo

—Antes fosse não consigo tirar essa gravidez da Katniss da cabeça!

—Por quê? - digo

—Sei lá, acho que meio que ainda não caiu à ficha que ela está gravida, e ainda tem essa historia do pai, você sabe quem pode ser? – minha vontade de socar o Peeta é grande, mas me controlo, apenas o encaro por um bom tempo e finalmente falo:

—Para descobrir isso você vai ter que se olhar no espelho – o mesmo me encara confuso enquanto pego minhas chaves e saiu o mais rápido possível, espero que meu amigo não seja um pateta completo.

—Finnick – consigo ouvi-lo gritar meu nome, porém já estou dentro do elevador, e não consigo evitar rir do que ele acabou de se tocar. Pego o celular e mando uma mensagem para Annie:

                               “Ele sabe!”

                     *

Pov Katniss  

Quando eu era criança pensava que um arranhão ou um machucado era o fim do mundo, mas cresci e vi que machucados com o tempo saram e às vezes levamos as cicatrizes para provamos que superamos aquela dor e que aprendemos com ela, mas nesse momento eu queria voltar a ser criança, não ter que sentir a dor que estou sentindo, um joelho ralado seria bem melhor que um coração despedaçado.

A negação de Peeta está doendo na alma, um lugar onde nunca devemos ser machucados, se fosse apenas rejeição de relacionamento com o tempo a gente percebe que aquilo não é nada demais, agora não querer assumir o filho é uma rejeição totalmente diferente, a criança nunca tem culpa do descuido dos seus progenitores, ele não pode simplesmente arcar com as responsabilidades que cabe aos pais. Como alguém pode apenas virar as costas para alguém tão pequeno que só precisa do seu cuidado e carinho.

 Me nego ficar sentada aqui e chorar por alguém que não merece nada de mim, a vida é feita que escolha e ele fez a dele, decidiu não participar da vida do seu filho, mas vou fazer de tudo para que meu filho não precise de nada do pai dele, vou dar tudo que tenho para essa criança, não vou deixar que nada e nem ninguém tire meu filho de mim, isso é uma promessa.

Quando eu penso em você
Dói, dói, dói muito

—

Quando eu penso em você
Dói, dói, dói muito

Its Hurts – 2ne1