I Knew You Were Trouble escrita por Najinx


Capítulo 14
Ouça seu coração


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, tudo bem? Espero que sim!

Peço que abaixem suas armas e objetos cortantes porque vocês sabem que eu sempre volto, mesmo que eu demore, eu volto.

Primeiro quero dedicar esse capítulo para a @RedReputada (não sei seu user aqui amiga dsclp) que indicou a fanfic lá no twitter e fez eu ficar surtando de felicidade e a Everllak08 que me mandou uma dm muito fofa falando de como essa história é importante pra ela, obrigada meninas vocês são maravilhosas e moram no meu coração.
Bom obrigada a todo mundo que sempre comenta, favorita, acompanha, vocês não sabem como mudam meu dia com isso, eu amo todos vocês.


Quer quiser amigar e surtar comigo por causa de thg e outras sagas eu tô sempre no twitter, meu user é @WHOO_ISANA, só me avisa para eu seguir de volta, ok!

Ps: Não esqueçam que dia 19/06 tem lançamento do livro da Suzanne que é um prequel de Jogos Vorazes: Cantiga dos Pássaros e das Serpentes.

PS2: Durante essa semana eu e a Bia vamos estar revisando a história então se algum capítulo mudar de nome, não se assustem, somos nós ok? Não vai ser nada alterado na história, só vamos arrumar alguns erros que deixamos passar.



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You know how to pull me back

When I go runnin', runnin'

Tryin' to get away from loving ya

Você sabe me puxar de volta

Quando estou fugindo, fugindo

Tentando escapar de amar você

 

As semanas passam tão rápido que quando eu vejo já estou entrando no sétimo mês de gravidez, o quarto do bebê já está pronto e o chá de bebê está marcado, nesses últimos dois meses pode se dizer que tudo está estranhamente calmo e em ordem, desde da minha conversa com Peeta, ele se mostrou realmente responsável e empenhado em ser presente na gravidez, seja me acompanhando nas consultas médicas ou me ligando duas vezes por dia para saber como eu e o bebê estamos. Ter o seu apoio é realmente importante pra mim, mesmo que eu não comente isso com ele, só de saber que nosso filho vai ter um pai dedicado e presente me deixa realmente feliz e algumas vezes eu me pegava olhando pra Peeta e acabava pensando: e se tivéssemos tentado novamente, mas logo deixo esses pensamentos no fundo da mente e foco no que é realmente importante: Peter. 

Escolher o nome do bebê, foi realmente uma missão difícil, Peeta e eu discordamos de quase todos os nomes que o outro opinava, seja por eu não querer nomes compostos e Peeta possuir a incrível capacidade de conseguir juntar todos os nomes possíveis para se formar um nome ou por ele não querer nomes muito diferentes e eu possuir uma lista com milhares deles.

—Meu filho não vai ser chamar Júlio César, Peeta - eu disse me levantando e afastando suas mãos delicadamente da minha barriga.

—Katniss, Júlio César foi um grande imperador, é um nome forte, representa poder - diz ele jogando a cabeça pra trás com frustração. 

—Ele foi um tirano Peeta, nosso filho não pode ter esse nome - digo indo até a cozinha e posso ouvi-lo suspirar fortemente, abro a geladeira pegando a jarra com chá gelado enchendo dois copos e levando para sala.

—Ele pode se chamar Otto - digo estendendo o copo para ele e vejo seus lábios se retorcerem em reprovação.

—Meu deus Katniss, da onde você tirou esse nome? - ele pergunta e eu apenas dou de ombros - Não, nosso filho não posso se chamar Otto!

"Nosso filho" essa pequena sentença sempre faz meu coração acelerar, mesmo que seja o óbvio, ouvir dele causa um efeito maior em mim.

—Bom, precisamos de um nome para ele - digo voltando a me sentar ao seu lado e deixando os sentimentos que sinto de escanteio - Não podemos chamá-lo de bebê para sempre. - Ele concorda mas acabamos deixando esse assunto pra lá e nos concentramos no chá que se encontra em nossos copos.

Passamos semanas tentando entrar em um consenso sobre o nome do bebê mas nunca dava certo, Finnick e Annie também se empenharam para nos ajudar, mas nada parecia se encaixar perfeitamente com nosso bebê, a opção de fazer bolão e sortear o nome parecia tentador nesta altura do campeonato, mas acho que ninguém me apoiaria nessa ideia, no entanto o almoço com os pais de Peeta nos trouxe uma luz para escolha do nome do bebê: 

 

"O vestido azul caia perfeitamente no meu corpo e deixava evidente a barriga de seis meses que se encontrava ali, dando uma última olhada no espelho e me viro para Annie que está sentada na cama, segurando minha bolsa nas mãos.

—Acho que estou pronta! - digo 

—Você está linda Kat - diz ela se levantando e me entregando a bolsa, dou um pequeno sorriso para ela - Peeta vem te buscar?

—Sim, já deve estar chegando.

—Nervosa? - olho para minhas mãos e posso observar um pequeno tremor.

—Um pouco, não sei como a família dele vai encarar essa situação ou se vão gostar de mim - digo deixando meus receios evidentes pela primeira vez desde que Peeta marcou esse almoço com a família dele.

—Tenho certeza que eles vão te adorar, não se preocupe! - diz Annie me dando um abraço - Agora respira fundo ok? - Concordo com a cabeça e logo vou para sala para esperar Peeta.

Depois de alguns minutos conversando com Annie sobre as provas que se aproximam e os milhares de trabalhos que os professores estão passando, o interfone toca, fazendo um frio na barriga me atingir, preciso respirar fundo antes de abrir a porta e me despedir de Annie, entro no elevador conferindo minha maquiagem e tento mentalizar que tudo vai dar certo. 

 

"É apenas um almoço!"

 

Passo pela sala de espera e cumprimento alguns moradores que estão parados por lá, assim que atravesso a porta vejo seu Francisco acenar para mim da janela da sua guarita, retribuo o aceno sorrindo e saiu pelo portão, encontrando Peeta parado na frente do seu carro que é quase uma extensão dele, está vestindo calça jeans preta, blusa branca e a uma jaqueta jogada nos ombros, os cabelos estão penteados para trás e o sorriso que brinca em seus lábios faz meu coração disparar, sinto uma leve sensação que posso desmaiar se continuar olhando para aquele sorriso por mais alguns segundos, ele se aproxima ainda sorrindo me dá um beijo na bochecha e passa mão pela minha barriga que está do tamanho de uma bola de basquete e logo sinto um chute onde sua mão está colocada, Peeta percebe e seu sorriso quase rasga as suas bochechas de tão grande que fica, ele sempre fica assim desde que sentiu o bebê chutar pela primeira vez.

—Oi filhão, vamos conhecer seus avós! - outro chute e Peeta gargalha com a confirmação.

—Então vamos lá - diz indo até o carro e abrindo a porta pra mim.

A viagem até a casa dos pais de Peeta é tranquila, enquanto estamos na estrada conversamos sobre amenidades e claro sobre o bebê, Peeta me faz rir com suas inúmeras perguntas, sempre questionamentos ligados ao bebê, digo que ele vai aprender com o tempo e que o melhor jeito será na prática, ele solta um "Maravilha!" fazendo eu gargalhar novamente, por alguns segundos fico observando o olhar dele concentrado na estrada, o sol refletindo as mechas loiras e o sorrisinho de lado nos lábios e por um segundo quero guardar esse momento para sempre, esse pequeno momento onde tudo parece estar no seu devido lugar, como se nada pudesse nos atingir e toda confusão que rodeia nossa relação não existisse mais. Percebo que me perdi em pensamentos por tempo demais quando sinto que o carro está parando na frente de uma grande casa branca com enormes janelas azuis e um jardim lateral.

—Chegamos! - anuncia Peeta saindo do carro e indo para minha porta, ele abre e estende a mão, respiro fundo e saio do carro. 

Caminhamos em direção a entrada, mas antes de chegarmos até a porta, ela se abre e detrás dela surge uma mulher baixinha e loira com um sorriso enorme nos lábios e então ela praticamente correu para chegar até onde estamos:

—Filho - diz ela puxando Peeta para um abraço apertado fazendo ele arregalar os olhos levemente - Como você está querido? 

—Oi mãe - diz ele se afastando do seu abraço - Eu estou bem e a senh… - antes que ele consiga terminar a frase, ela já o empurrou para o lado e para na minha frente com os braços abertos, seus olhos são azuis de um tom escuro e ela me encara com intensidade, sinto que estou nervosa e seco as palmas das minhas mãos no meu vestido.

—E você deve ser a Katniss - diz ela sorrindo.

—Sim… sim, Katniss Everdeen...é um prazer conhecer a senhora - respondo tentando não engasgar nas minhas próprias palavras. 

—Que isso querida, eu ainda sou jovem como você - diz ela dando uma risadinha e alisando meus braços gentilmente - Por favor, me chame de Amélia. 

—Certo - dou um pequeno sorriso e me sinto um pouco mais calma.

—E aqui deve estar meu netinho - diz ela apontando para minha barriga e seus olhos brilham intensamente - Posso tocar? 

—Claro - digo afastando a alça da minha bolsa da frente da barriga, ela coloca as mãos sobre ela e acaricia por alguns segundos, logo podemos ver a movimentação por onde sua mão passou, mostrando claramente que temos alguém que gosta de receber atenção por aqui, ela solta uma risada meio engasgada com choro e levanta os olhos levemente molhados pra mim.

—Isso é uma benção! - diz ela secando as lágrimas que já escorrem pelo seu rosto e me abraça, retribuo seu aperto e ficamos abraçadas por alguns instantes, sinto minhas próprias lágrimas querendo dar o ar da graça, mas respiro fundo.

— Me desculpe querida, é que eu estou tão feliz. - aceno com a cabeça concordando enquanto ela se afasta abanando o rosto e abrindo um sorriso, Peeta já não se encontrava mais na calçada e deduzo que ele entrou, me viro para ela que ainda tenta controlar as lágrimas - Ótimo, ótimo agora vamos entrar - ela agarra meu braço e me conduz para a porta.

Assim que entramos, ela me guia pelo corredor e continua falando, mas ela fala tão rápido que eu me sinto um pouco tonta: "Querida, sua barriga está tão linda" "Eu estava tão ansiosa para conhecê-la" "Peeta me falou coisas maravilhosas de você" "Precisamos marcar um almoço com sua família", eu apenas aceno concordando e a sigo, entramos numa sala bem ampla, com sofás beges e poltronas brancas, em uma delas está sentado um homem segurando um jornal e Peeta está sentado na outra, assim que eles percebem nossa presença, se viram.

—Lia deixe a moça respirar, ela acabou de chegar - diz ele se levantando e sorrindo para mim. 

—Não seja estraga prazeres Leonard! - diz ela me guiando para os sofás, o senhor caminha até mim e estende a mão.

—Sou Leonard Mellark, pai do Peeta é um prazer te conhecer - aperto sua mão.

—Sou Katniss Everdeen, é um prazer senhor! 

—Ela não é uma graça! - diz a mãe de Peeta dando um tapinha nos meus ombros e indo para perto do marido, posso ver que seus olhos ainda estão vermelhos.

—Você já está chorando Amélia? Assim vai assustar a menina. - diz Leonard lançando um sorrisinho para a esposa, fazendo a corar.

—Claro que eu estou chorando, estamos falando do meu neto - e uma lágrima escorre teimosamente pelo seu rosto, arrancando uma risada de Leonard.

—Perdoe minha esposa Katniss, ela só está animada em te conhecer, está falando e planejando esse almoço há semanas - diz Leonard abraçando a esposa e levando uma cotovelada nas costelas.

—Pare com isso Leonard, o que a Katniss vai pensar de mim. - diz ela e posso ver suas bochechas ficarem mais vermelhas.

—Não se preocupe, também estava ansiosa para conhecer vocês, obrigada por me convidarem - digo

—Ficamos felizes que você tenha aceitado - diz Leonard voltando a se sentar em sua poltrona.

—Peeta leve a Katniss para conhecer a casa, vou ver se o almoço já está pronto! - diz Amélia se virando para Peeta

—Vamos? - pergunta Peeta se levantando do sofá, enquanto Amélia desaparece pelo corredor que fica ao lado da sala, concordo com a cabeça e ele me guia pelo corredor, sua mão está pressionada levemente na base da minha costas e sinto um pequeno calafrio passar pela minha espinha, tento prestar atenção por onde estamos andando, Peeta me leva até a sala de jantar, a biblioteca, uma pequena sala de jogos e o escritório do seu pai, passamos rapidamente pela cozinha onde Amélia está mexendo em uma panela, Peeta tenta pegar um pãozinho que está em uma cesta em cima da mesa, mas recebe um tapa na mão, me fazendo rir e com toda educação do mundo Amélia nos expulsa da cozinha.

—O almoço já vai ser servido mocinho, vá chamar Lucy, ela está no jardim - diz ela voltando a mexer nas panelas.

—Quem é Lucy? - pergunto baixinho enquanto nos afastamos da cozinha.

—Minha avó, ela é mãe do meu pai - diz ele abrindo a porta que dá para o quintal, da onde estamos consigo ver com mais clareza o tamanho do jardim, um longo caminho com pedras se estende da porta até um pequeno círculo com árvores e arbustos floridos, tem vários vasos com flores coloridas espalhadas ao redor e no meio daquela redoma de flores e arbustos posso ver uma senhorinha olhando para o horizonte perdida em pensamentos, seu cabelo branco reflete com a luz do sol.

Peeta caminha um pouco mais rápido na minha frente e a senhora parece que percebe sua presença porque se vira em sua direção e abre um sorriso, me aproximo devagar quando vejo ela se levantar com certa dificuldade da cadeira onde estava sentada e abraçar Peeta.

—Oi vó - diz abrindo os braços com um sorriso no rosto, eles ficam abraçados por um tempo.

—Oi querido, estava com saudades - diz ela se afastando e o observando com atenção, passa a mão com delicadeza pela sua bochecha e a aperta fazendo Peeta soltar uma gargalhada - Faz tempo que não nos vemos, porque não vem mais visitar sua avó favorita, sou muito velha para ter sua atenção?

—Claro que não vó, você sempre vai ter minha atenção, é que os últimos meses bom… foram complicados - ele dá de ombros, Lucy lhe dá tapinha no braço e percebe que estou ali.

—É quem é essa moça bonita? - pergunta se aproximando de mim.

— Vó, quero que você conheça a Katniss Everdeen. - diz Peeta gesticulando pra mim - Katniss, essa é minha avó, Lucy Mellark! - conclui gesticulando para ela.

—É uma prazer conhecer a senhora - digo estendendo minha mão, ela aperta com um sorriso.

—O prazer é meu querida - mas seus olhos logo descem para minha barriga e seus lábios se separam em choque.

—Você está grávida? - pergunta visivelmente animada, afirmo com a cabeça e ela sorri mais abertamente.

—Que beleza minha querida, filho é uma dádiva, que venha com saúde- diz dando tapinhas nas minhas mãos e me olhando com um olhar terno, mas quando vou agradecer, ela se vira para falar alguma coisa para Peeta, entretanto se detém antes do ato, seu rosto se vira intercalando entre o dele para o meu e quase posso ouvir seus pensamentos, as peças se ajustando e ela entendendo tudo.

—Você é o pai? - pergunta olhando seriamente para o Peeta, ele engole seco, coça a nuca, respira profundamente mas acena com a cabeça confirmando, e como se tivesse levado um choque ela solta minhas mãos, dando um passo em direção a Peeta, fica em sua frente e nos surpreende quando estica a mão e puxa uma de suas orelhas, como se ele fosse um garotinho levado.

—Peeta Ryan Mellark, você vai ser pai e nem pensou em comunicar sua avó - a senhorinha tranquila de alguns segundos atrás sumiu por completo e ela está com as bochechas vermelhas pelo esforço e puxa sem dó a orelha dele.

—Vó, solte minha orelha por favor - diz ele choramingando enquanto tenta se livrar da mão dela. - Katniss! 

—Lucy, por favor deixe a gente explicar - digo encostando no braço dela - Não fique brava - ela vira o rosto tão rápido para mim, que dou um passo para trás.

—Oh querida, não estou brava com você! - diz ela sorrindo para mim, mas logo se vira para Peeta com os olhos em chamas.

—Mas estou brava com você, eu vou ser bisavó e ninguém pensou em me informar, eu me sinto extremamente desrespeitada! 

— Eu ia te contar, juro que ia contar vim hoje para te contar - diz ele se livrando do aperto e me usando como escudo para mantê-la afastada. 

—Peeta, você casou e nem avisou sua avó? - pergunta com as mãos na cintura e cara de poucos amigos.

—Não - falamos em uníssono e sinto meu coração bater com força, olho para Peeta ele está mais vermelho que um pimentão.

—Nós não nos casamos vó - diz ele 

—Que ótimo, porque eu espero ser convidada senão eu deserdo toda essa família! 

—Vó, nós não… - Peeta começa a explicar nossa situação mas ela apenas levanta a mão o cortando.

—Não quero falar com você agora - ela diz olhando para ele fixamente, ele ainda abre e fecha a boca algumas vezes como se fosse iniciar sua explicação mas se cala, ela logo se vira para mim e abre um sorriso - Vamos lá pra dentro Katniss! - diz ela segurando meu braço e me guiando de volta para dentro da casa- Você tem um belo nome, me conte mais sobre você querida - agradeço com um sorriso, ela acaricia minha mão enquanto passamos pela porta, dou uma olhadinha pra trás e vejo Peeta sentado na cadeira onde a avó estava a alguns segundos atrás. 

Acompanho Lucy até a cozinha, e ficamos por lá enquanto o almoço não é servido, Amélia se junta a nós e logo elas estão me enchendo de perguntas: sobre minha vida, minha família e o bebê tento ser bem transparente com elas, já que elas se mostram tão interessadas em me conhecer, após alguns minutos elas já estão me contando sobre suas vidas, me arrancando risadas com suas histórias.

Amélia some por alguns minutos e logo volta com vários álbuns de fotos nos braços, ela me mostra cada um deles, apontando com orgulho as fotos onde Peeta aparece, as fotos mostram diversas fases de Peeta, ele recém-nascido, ele no seu primeiro dia na escola, montando em um cavalo, chorando por causa de um machucado, no baile da escola, jogando beisebol com os amigos, abraçando os pais, vestido de cowboy em um Halloween e a cada foto que elas me mostram não consigo deixar de sorrir. Essas fotos trazem uma versão de Peeta que eu nunca tinha visto, mesmo que ele tenha todo esse perfil de intocável e seguro de si, ele é exatamente igual a alguém outra pessoa, tem fotos constrangedoras quando era criança, apelidos peculiares e uma família engraçada.

Lucy e Amélia me contam tantas histórias e me mostram tantas fotos que posso ficar ali por dias ouvindo elas falarem, elas não fazem questionamento sobre meu relacionamento com Peeta, o que me deixa aliviada já que nem eu mesma consigo entender e nomear nossa relação, mas me tratam com gentileza e respeito fazendo eu me sentir a vontade que até esqueço porque estava nervosa em conhecê-las.

—Meu deus, o almoço - exclama Amélia exasperada depois de perceber que ficamos muito tempo vendo as fotos.- Vou colocar a mesa.

—Você precisa de ajuda? - pergunto quando ela se levanta.

—Não querida, você é nossa convidada, Peeta pode me ajudar com isso. - ela se afasta e depois de alguns segundos ouço Peeta ser chamado, ele logo aparece na porta da cozinha, me dá um sorrisinho e vai atrás da mãe. Me viro para Lucy, mas ela está olhando fixamente para uma foto, na foto posso ver uma versão mais nova de Peeta abraçado a um senhor, que deduzo ser o avô dele.

—Esse é o meu Peter - diz depois de perceber que eu estou observando, aponta para o senhor na foto com um sorriso - Peeta era muito apegado a ele, vivia atrás do avô e claro que com Peter não era diferente.

Lucy me mostra mais algumas fotos do dois juntos e o sorriso dela se amplia enquanto fala do marido, de como eles se conheceram e ficaram juntos, o questionamento sai da minha boca antes que eu consiga me impedir.

—Ele… - começo a frase mas quando olho para Lucy, as palavras morrem nos meus lábios, ela me dá um sorriso triste e afirma com a cabeça.

—Ele faleceu - diz com um tom de voz baixo - Já faz três anos.

—Meus sentimentos Lucy - digo segurando suas mãos - Eu não queria ser indelicada.

—Não se preocupe, você não sabia - diz ela apertando minha mãos - Ele viveu uma boa vida, foi um bom homem, agora está descansando. 

—Tenho certeza que sim.

—Ele estaria orgulhoso de Peeta, dele ter conhecido uma garota tão doce como você - sorrio com sua afirmação - E agora vocês estão formando uma família - ela me olha tão fraternalmente que sinto um aperto no coração.

—Lucy, Peeta e eu…err… nós… é complicado - digo desviando o olhar de seu rosto - Não estamos juntos. - ela segura minhas mãos e me faz virar novamente para ela. 

—Olha querida, não sei o que aconteceu com vocês, mesmo que vocês não estejam juntos possuem uma ligação- diz ela descansando umas das mãos na minha barriga - E vejo nos olhos de Peeta, como você é especial para ele - coro com sua afirmação.

Nesse momento Amélia entra na cozinha, nos chamando para almoçar, ajudo Lucy com as fotos, guardando-as e empilhando os álbuns, depois as acompanho até a sala de jantar, Peeta se levanta assim que entramos para puxar a cadeira para avó, que lhe dá um tapinha na bochecha, fazendo-o sorrir e sei que ela já não está mais brava com ele, assim que a avó se acomoda, ele vem para o meu lado me ajuda com a cadeira e se senta ao meu lado.

O almoço acontece de maneira calma e a conversa flui com facilidade, mas Peeta fica calado a maior parte do tempo, apenas concordando com a cabeça algumas vezes quando a conversa se direciona para ele, tento fazer contato visual mas ele continua olhando para seu prato. Após o almoço, insisto em cuidar dos pratos, Amélia tenta me impedir mas Peeta intervém falando que vai me ajudar, posso ver o sorrisinho que ela abre concordando e logo guia Lucy e Leonard para sala junto com ela. Me viro para Peeta que já está recolhendo os pratos e o ajudo.

Enquanto lavamos a louça permanecemos em silêncio, não chega a ser um silêncio incômodo, mas sinto que alguma coisa está preocupando ele. Peeta é sempre tão falante, que vê-lo quieto me deixa um pouco aflita, e antes que possa me impedir pensamentos pessimistas aparecem no fundo da minha mente: "será que fiz alguma coisa de errado?" "ele se arrependeu de ter me trazido aqui."

—Vocês estão bem? - a voz de Peeta me tira dos pensamentos me fazendo encará-lo com surpresa tentando compreender o que ele disse, arqueio uma sobrancelha - Você e o bebê estão bem? 

—Ah sim, sim claro… estamos bem. - digo secando minhas mãos no pano de prato.

—Que bom, espero que minha mãe e minha vó não tenham te enchido com muitas perguntas, elas às vezes são um pouco invasivas.

—Elas foram ótimas, me trataram muito bem.

—Isso me deixa aliviado - diz ele sorrindo de lado 

—Elas foram muito legais, não se preocupe, até me mostraram algumas fotos - aceno para a mesa onde deixamos os álbuns - Você era uma criança adorável. - digo, fazendo ele olhar alarmado para os álbuns o que me arranca uma risada.

—Não acredito que elas fizeram isso.

—Acredite elas fizeram, agora posso dizer que te conheço melhor, já te vi até vestido de cowboy. - E lá está a versão de Peeta que eu descobri que adoro, quando ele fica envergonhado, as bochechas coram e ele fica com essa aparência de menino, passa as mãos nervosamente pelo cabelo, os bagunçado, ele resmunga alguma resposta pra mim, mas estou muito ocupada encarando ele com cara de pateta.

Depois de garantir que tudo está no seu devido lugar na cozinha, vejo que já está na hora de irmos, vamos para sala para podermos nos despedir de seus pais e de Lucy. Agradeço pela receptividade dos Mellarks e prometo voltar mais vezes, Amélia me passa seu telefone e pede para eu sempre mantê-la informada, ela me abraça e afaga minha barriga gentilmente, Leonard apenas aperta minha mão e me fala sobre sempre ser bem vinda em sua casa, eu concordo sorrindo e me viro para Lucy que está abraçada a Peeta, ela sussurra alguma coisa em seu ouvido e ele concorda levemente com a cabeça enquanto se afasta e lhe dá um beijo na bochecha, Lucy caminha até mim e afaga meus braços: 

—Foi um prazer te conhecer querida - ela me abraça, retribuo o abraço afagando suas costas, antes de me afastar ela sussurra - Ouça seu coração, ok? - eu me afasto meio confusa com suas palavras, mas ela está sorrindo enquanto aperta minha bochecha gentilmente.

Ainda estou sem palavras enquanto vejo Peeta se despedir dos pais e me guiar para o carro, ele abre a porta para mim e assim que me acomodo me viro para janela para acenar para os Mellarks que agora estão parados na calçada, Peeta liga o carro e logo estamos na estrada. Como foi um dia agitado, descanso minha cabeça na janela observando a rua passar por nós, Peeta liga o rádio baixinho enquanto batuca com os dedos no volante, a calmaria se instala no carro fazendo que eu adormeça.

—Katniss...Katniss chegamos!- a voz de Peeta me desperta, levanto o olhar encontrando seus olhos me encarando e uma sombra de sorriso nos seus lábios, passo os olhos ao redor para ver onde estamos e vejo que já chegamos na frente do meu prédio. 

—Obrigada por hoje, eu me diverti bastante e adorei conhecer a sua família! - digo me ajeitando no banco e passo a mão no rosto para garantir que ele não está todo amassado.

—Eu que agradeço por você ter ido, acho que você conquistou minha mãe e a Lucy. - diz ele abrindo um sorriso e afastando uma mecha que está solta na frente do meu rosto, sinto minhas bochechas esquentarem.

—Você está sendo modesto - dou lhe um soquinho no ombro e ele ri- Mas eu também amei conhecê-las.

—Acho que agora terei que competir com você por um lugar no coração delas - diz ele fingindo que seca lágrimas invisíveis de seus olhos, riu da sua encenação.

—Mas acho que nenhum dos dois vai poder competir quando o bebê nascer. - seu sorriso se amplia com minha fala e suas mãos já se direcionam para minha barriga.

—Isso é verdade, esse carinha vai ganhar toda atenção - os olhos deles brilham enquanto suas mãos se arrastam vagarosamente pelo meu abdômen. - Já sei que ele vai conquistar todo mundo.

—Se ele te puxar, com certeza vai sim- digo dando de ombros mas seu sorrisinho despretensioso faz eu entender como aquela frase soou. 

—Eu conquisto todo mundo? - diz ele levantando uma sobrancelha sugestivamente para mim, sei que já estou parecendo uma pimenta de tão vermelha, porque seu sorriso amplia mais a cada segundo que passa, apenas dou de ombros tentando parecer indiferente mas isso só confirma as coisas para Peeta que continua sorrindo. 

—Bom, como eu estava falando, sua família foi muito gentil em me convidar, obrigada novamente - digo mudando de assunto enquanto arrumo minha bolsa nos ombros. - Nós vemos na segunda? - pergunto fazendo referência a consulta que marquei com a obstetra.

—Claro, eu venho te buscar - confirma ele e eu assinto com a cabeça concordando, estou pronta pra me despedir quando um pensamento passa pela minha cabeça rapidamente, um nome surge no fundo da minha mente e logo lembro da foto que vi mais cedo. Me viro para Peeta e só consigo pensar no seu sorriso naquela foto, a maneira como seus olhos brilhavam, mas também consigo lembrar com clareza o olhar daquele senhor para ele, tão terno e fraterno, como se Peeta fosse a pessoa mais especial no mundo na visão dele e naquele momento já sei como o bebê pode se chamar, não por causa do nome em si, mas do sentimento que ele remete para Peeta e para sua família, da lembrança de uma pessoa que não está mais presente nessa vida mas que nunca vai ser esquecida, quando volto a prestar atenção em Peeta, ele está com a testa franzida e um olhar preocupado, acho que o encarei por muito tempo sem dizer nada.

—Tudo bem? - questiona com o rosto apreensivo - Está se sentindo bem? 

—Acho que sei como o bebê pode se chamar - solto sem pensar muito nas palavras, sinto ele respirar mais aliviado e me encarar com expectativa.

—Como? 

Respiro fundo, focalizo seus olhos antes de sussurrar: - Peter - ele me encara e quando percebe o que eu falei, seus olhos piscam rapidamente com espanto.

—O que você disse? - pergunta ele.

—Eu disse que o bebê pode se chamar Peter. - digo vendo os olhos azuis dele ficarem marejados enquanto ele me observa.

—Eu… eu… - sua voz começa a ficar embargada e acho que é a primeira vez que vejo Peeta assim, ele respira profundamente- Quem… - sua voz falha um pouco mas entendo seu questionamento.

—Lucy - digo encarando minhas mãos me sentindo um pouco nervosa - Ela me contou sobre seu avô - ele assente e vira seus olhos para o teto do carro um pouco tenso, os segundos se arrastam mas como acho que ele não estava preparado para aquilo, permaneço quieta ao seu lado.

Depois de alguns minutos de silêncio começo a ficar apreensiva, ele ainda está calado olhando fixamente para o teto perdido em pensamentos, me sinto culpada por deixá-lo assim, achei que o nome ia deixar ele feliz - Você está bem? Não queria te chatear. - começo a dizer rapidamente e sinto minhas mãos tremerem, ele vira o rosto rapidamente para mim. 

—Não estou chateado Katniss - diz ele, esfregando uma mão no rosto - Só estava pensando nele… me lembrando de como ele era e das coisas que fazia - seu rosto reflete aquilo que ele não está falando em palavras, a saudade que sente do avô, mostrando que a ligação que eles tinham era bem profunda, como não sei o que dizer para confortá-lo, porque tudo que vem na minha cabeça parece muito superficial e nada vai aplacar o que ele está sentindo seguro uma das sua mãos e entrelaço nossos dedos, ele me levanta os olhos confusos para mim, mas aperto nossos dedos levemente lhe dando um sorriso, e sei que ele entendeu o quis dizer mesmo não usando palavras: estou aqui!

—Obrigada - diz após alguns segundos encarando nossos dedos unidos. 

— O nome só foi uma sugestão, podemos escolher outro se você quiser? - aviso mas ele erguer os olhos e balança a cabeça negando.

—Não, vamos chamá-lo de Peter, acho que é um bom nome - diz ele levantando os cantos dos lábios em um sorriso - Peter Everdeen Mellark, acho que soa bem! 

—Acho que ficou perfeito - confirmo timidamente olhando para ele e sinto como se estivesse sendo puxada por um ímã, não consigo desviar o olhar, fico lá parada encarando pela segunda vez no dia o seu rosto bonito, os olhos azuis, os lábios rosados, as sobrancelhas levemente arqueadas, e antes que eu pense muito sobre o que estou prestes a fazer, desentrelaço nossas mãos, me inclino levemente para frente e toco sua bochecha com a minha mão, sinto sua respiração bater no meu rosto e seus olhos me encaram levementes alarmados, percebo que eu acabei de quebrar a barreira que construí para me manter distante dele, mas nesse momento nem me preocupo com isso, só consigo encarar seus lábios entreabertos e pensar em como estamos perto, uma mão dele encosta na minha cintura e a aperta delicadamente como se tivesse me alertando do que está prestes a acontecer, mas esse gesto só me instiga a me aproximar mais dele, nesse momento minha consciência começa berrar dentro da minha cabeça: Perigo! Perigo! Perigo! SE AFASTE DESTE INDIVÍDUO KATNISS! SE AFASTE AGORA!

Penso em me afastar mas é tarde demais, já quebrei o pequeno espaço que separava nossos lábios, minhas mãos já se apossaram das mechas loiras de seu cabelo, Peeta parece surpreso nos primeiros segundos mas logo corresponde com intensidade, sinto como se tivesse acabado de pular de um avião sem paraquedas, as batidas do meu coração estão tão rápidas que reverberam nos meus ouvidos, as mãos de Peeta se arrastam pela minha cintura com firmeza e quando ele a aperta com força, ofego e sinto que estou desmanchando em seus braços, respiro rapidamente e volto a capturar seus lábios nos meus com afobação, posso senti-lo sorrir com a minha reação, somos um desastre concluo. 

Sei que estou perdida no momento que ele puxa meu lábio inferior com os dentes, porque somos duas batidas complemente diferentes que só encontram harmonia quando estão juntas, estou inebriada, enfeitiçada, encantada e acabei de perder totalmente o juízo porque só quero que ele continue me beijando até o ar sumir dos meus pulmões, a maneira que nossos lábios se encaixam é tão perfeitamente bom que sinto vontade de gritar, como viverei depois disso? 

Seus lábios caminham para meu queixo e depois para meu pescoço e neste momento esqueço como se respira, aceito que não sei mais efetuar tal ação, sou totalmente incapaz de pensar quando ele está tão perto de mim, minha consciência já jogou tudo pro alto e resolveu me abandonar, eu sou um desastre. Peeta respira profundamente no meu pescoço, arrepiando todo o meu ser e quando ele se afasta está sorrindo abertamente mostrando todos os dentes perfeitamente brancos, tento controlar minha respiração enquanto ele me encara intensamente com aqueles olhos azuis e os lábios avermelhados, seu olhar é tão penetrante que sei que minhas bochechas estão corando, depois de alguns segundos ele parece que vai falar alguma coisa, mas sei que não estou pronta para conversar nesse momento, se começar a falar sobre meus sentimentos vou querer fugir, então apenas me aproximo novamente dele, puxando seu rosto te encontro ao meu, enquanto aquela frase faz eco dentro de mim: "Ouça seu coração!."

 

—Mas o que aconteceu depois? - questiona Annie se jogando ao meu lado com um balde de pipoca, respiro e tomo um gole do meu suco já me preparando para sua reação e me arrependendo por ter adiado essa conversa, mas por conta das provas não tive tempo de contar com detalhes o que aconteceu no sábado.

—Então… depois disso eu abri a porta do carro e vim para casa - digo dando de ombros. 

—Mas vocês não falaram sobre o beijo? 

—Falamos…

—E? - pergunta ela me olhando com expectativa. 

—E… - respiro profundamente e sinto que os olhos verdes dela já estão fuzilando antes mesmo de eu falar qualquer coisa - Eu pedi desculpas por aquilo e disse que fiquei daquele jeito por causa dos hormônios.

—VOCÊ O QUE? - grita Annie quase joga o balde de pipoca na minha cara, ela se levanta e começa agitar as mãos rapidamente - Eu não acredito, porque você disse isso? 

—Não sei… - digo, ela me encara como se fosse arrancar minha cabeça fora e depois chutá-la, ela abre e fecha a boca várias vezes como se fosse me falar alguma coisa mas desiste, ela levanta suas mãos e encena como se tivesse me enforcando.

—Katniss, você é impossível! - diz ela jogando os braços para cima e saindo da sala bufando.

—Onde você está indo? - pergunto quando ela desaparece no corredor. 

—Não sei - grita ela da cozinha e não posso deixar de rir antes de gritar de volta: 

—Ei, essa fala é minha! 

 

I won't lie, I'm falling hard

Yep, I'm falling for ya but there's nothin wrong with that

Não vou mentir, estou me apaixonando muito

Sim, eu estou me apaixonando e não há nada de errado com isso

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Se você chegou até aqui, espero que você tenha gostado! Beijos e até o próximo!



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