Life and Death escrita por UmLeitorFilosofo


Capítulo 1
Bem e Mal




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Acho que eu não era ninguém antes se tornar o Senhor da Morte, e meu dia estava quase tão feio quanto o shinigami insano de olhos vermelhos, que pairava a minha frente.

O sol naquela manhã reluzia levemente, mas ainda produzia aquelas sombras meio sobrenaturais, as quais sempre via ao ir de casa para o inferno que é a universidade. Outros alunos caminham no lado oposto da rua, rindo e conversando alegremente, aquele era o tipo de cena que realmente me enojava. É estranho admitir, mas sinceramente odeio ver pessoas felizes.

Um calafrio percorreu rápido pelo meu corpo, cortando meu pensamento. Aquela sensação era estranha e ao mesmo tempo acolhedora, o tipo de sensação que tive quando o maior inimigo da humanidade nasceu, Kira. Aquele foi simplesmente momento mais marcante para todos, já estava na hora de alguém ver mostrar a verdade a este mundo. Foram anos de julgamentos “divinos” contra aqueles que faziam a vida parecer desprezível.

Mas basta sumir por um segundo, basta um simples feixe de luz entre a vida e a morte, que todos seus pecados voltam a tona. Foi entre um dia e outro que tudo voltou a normal, desde o desaparecimento de Kira a criminalidade apenas aumentou e certamente vai continuar até o caos causado será muito pior do Kira fez.

Passei pela ponte que ligava minha pacata cidade aos milhares de edifícios, e observei rapidamente a água suja que passava sob a ponte pequena, aquela era minha eterna rotina. Em um piscar de olhos estava diante da Universidade Nyo Shen. Hiden me esperava na porta de entrada.

-Haise!- Gritou ele, parecia irritado com alguma coisa. –O que diabos aconteceu com você ontem?! Deveríamos ter terminado o trabalho de Fisiologia!

-Acho que eu dormi... - Fui interrompido pelo sinal de recolher vindo da universidade. –É melhor irmos andando. –Ele saiu emburrado e bufando.

Até onde sei Hiden é sempre desse jeito, mas não tenho certeza se somos amigos de verdade, ainda assim posso considera-lo como número 1. Caminhei rapidamente á sala de aula.

Era um tédio sem fim, e como sempre as aulas apenas passavam diante dos meus olhos, palavras e mais palavras sem sentido que sem provas concretas explicam tudo ao nosso redor, patético. Eu realmente sinto pena de quem presta atenção a essas coisas.

-Haise Sasaki!- O professor Gyouka chamou minha atenção. –Você poderia pelo menos fingir que está interessado no assunto?-

-Desculpe, não estou fingindo bem o bastante?- Ele virou o rosto para o livro e continuou a explicar alguma coisa que eu não entendi.

Alguns alunos riram, Sosuke Keith não riu, rasgou uma folha do seu caderno, cuspiu nela e finalmente jogou em mim, para um burro retardado ele tinha uma pontaria impecável. Juro por Deus que se tivesse qualquer chance de matar pessoas como ele, não dispensaria, acredite aquele ser não é humano, ele tem algum tipo de ânsia doentia, é como se ele queira-se me matar, e chegou muito perto disso.

Foi no intervalo entre a segunda e a terceira aula que ele e sua gangue agiram. Um sequestro básico era fácil para eles, eu já até me acostumei com o saco que colocavam para prender-me respiração, enquanto me afogavam nas águas nojentas do sanitário. Onde estava meu amigo? Não faço a menor ideia. Cinco eternos minutos, até o sinal tocou novamente. Levei um soco na barriga e quando eles fugiram percebi que roubaram meu dinheiro e meu celular. Já não saiam mais lagrimas dos meus olhos.

Sai do banheiro no momento exato em que Touka Sorano passava pelo corredor. Os cabelos lisos e negros flutuavam na minha imaginação fértil, uma única mecha azul escura ficava no lado esquerdo do cabelo, seus olhos eram cinzas e sem vida, naquela garota havia tudo de misterioso. Apenas possuía um único e crucial problema, era namorada de Sosuke Keith. Essa era meu medo, acho que tenho medo de ama-la, acho que tenho medo de saber que não me ama, ela nem sabia que eu existia.

As horas seguintes foram a mesma coisa das primeiras aulas, um pouco mais intensas e mais fáceis de esquecer. Logo eu já estava na porta da universidade, caminhando em passos lentos para casa. Hiden apareceu na saída.

-Que tédio. - disse ele.

-É porque não é você que quer se suicidar. -

-Eu conheço você, não passaria um dia sem ver a Touka, muito menos a eternidade. -

-Realmente para mim tanto faz, na visão dela eu serei um fantasma vivo ou morto. –

-Talvez hoje seja diferente, é só falar com ela. –

-Sosuke realmente me mataria, ótimo amigo você é Hiden. – falei ironicamente.

Atravessamos a ponte, e nos separamos. O caminha para minha casa era meio solitário, passei por tanta coisa que é bem melhor mesmo ir sozinho. Um cala frio gelou meu corpo, como hoje de manhã. Olhei para casa ao meu lado, o numero nela estava meio deteriorado, mas pude ver que o numero era 680. Intrigante sempre que passava por aquela casa sentia o maldito cala frio, como se tivesse uma presença oculta parada em frente a casa.

Ignorei meu pensamento e fui para casa. Minha mãe me aguardava atentamente com o remédio antidepressivo numa mão, e um copo de café na outra. Mesmo com todo esforço, minha mãe as vezes não parecia minha mãe, em certos momentos ela me esquecia, trabalhava vinte e quatro horas no final de semana me deixava em casa trancado como um animal de estimação. Meu pai um dia disse que ela morreria de tanto trabalhar, começo acreditar nisso.

Subi para o quarto, tomei o remédio e fiquei ali, parado, olhando para o teto. Pensei em tudo o que via, e perguntei a mim mesmo: O que Kira faria em uma situação como essa? Provavelmente mataria a todos, talvez eu possa fazer isso, talvez não.

Já era noite quando eu recebi a mensagem, a luz do computador era verde, e indicava uma mensagem de texto. Curioso, abri rapidamente e vi que era uma mensagem de Touka.

“Haise! Preciso de sua ajuda! Agora!”

-O que é isso?- falei comigo mesmo.

“O que? Do que está falando?”

“Não tenho tempo para explicar, venha aqui agora!”

“Tudo bem calma, eu vou, mas onde você está?”

“Venha para casa Haise. A casa de número 680”

Não podia ser coincidência, mas era Touka. Eu teria coragem de sair de casa as 22:00 pela garota que amo? A resposta é sim.

Arrumei-me rápido, desci as escadas levemente para não acordar a mãe, abria a porta e sai. Como ela parecia meio agitada, foi bem melhor correr. Cheguei a casa de número 680 em cerca de três minutos. Não havia ninguém enfrente a ela, como sempre o cala frio retornou, olhei direito para casa e percebi que todas as janelas estavam seladas, e em grande parte da casa saiam pequenos arbustos, era uma casa de horrores, olhei discretamente para a porta da frente, e percebi que ela estava aberta, não muito aberta, mas estava sim...

-Eu soube que você gosta da minha namorada, não é Sasaki. - Olhei para trás e lá estava Sosuke. – Vocês dariam um bom casal.- ele riu.

-Porque está aqui? O que aconteceu com Touka?!-

-Deveria perguntar isso a ela. - ele apontou para esquerda, lá estava Touka.

-O que está acontecendo?!- Perguntei já com medo.

-Seu idiota, não percebeu?- Olhei ao redor, a gangue de Sosuke acabara de aparecer.

-Não precisa ficar com medo, só vamos te mostrar porque você não deve amar a pessoa errada. - Anunciou Sosuke, Touka ria freneticamente como uma louca que acabara de fugir do asilo.

Keith me deu um soco no rosto, seus capangas me batiam sem nem piedade, eu não conseguia definir qual parte do meu corpo doía mais, Touka olhava para mim como se eu fosse um pedaço de carne.

Eu não sei o tempo exato da cena, minha cabeça se concentrava na dor, sangue caia do meu nariz. Touka disse:

-Bom, já que você é um fantasma não vai se importar se passar com seus amigos na sua casa imaginaria. – Todos eles me seguraram pelos braços e com facilidade me jogaram dentro da casa empoeirada.

Ainda me pergunto como eles trancaram a maldita porta? Bati nela e gritei freneticamente na esperança de existir bondade no coração de Touka, mas parece que eles já tinham ido embora. Estranho como Sosuke sabia do meu sentimento por Touka? Eu só havia contado para...

-Haise?- A voz de Hiden me assustou.

-Hiden, me tire daqui!- Gritei para mostrar que estava com medo. –Espera, porque está aqui?-

-Digamos que eu sabia o que ia acontecer. -

-Rápido seu idiota, me tira daqui!-

-Infelizmente não posso... -

-Porque não pode Hiden-

-Você é esperto Haise. Sabe exatamente o que está acontecendo, mas é você é muito bom e nega a si mesmo. –

-Não me interessa! Me tire agora!-

Do que ele está falando?

-Ligue os pontos Haise. Quem sabia sobre o seu amor por Touka? Quem sabia que você faria de tudo para a garota se lembrar de você? Quem era o segundo fantasma desta historia?-

-Você- Raciocinei rapidamente.

-Exato. - Senti o ombro dele se apoiando na porta. - Curioso, sempre quis saber o que tinha nessa casa, quais mistérios ela guardava. Mas parece que você é que vai descobrir isso por mim. - Eu não podia vê-lo, mas acho que aquelas palavras lhe trouxeram prazer.

Ouvi seus passos leves sumindo, e então silencio. Não um silencio comum, e sim aquele tipo de silencio amedrontador quando você descobre que só existe apenas uma pessoa no mundo que ama você, e essa pessoa é sua mãe.

A casa era extremamente escura, meu celular me dava a luz, mas fora isso não servia para nada, no lugar onde eu estava não possuía sinal. Já era meia noite e minha única opção de sobrevivência era não dormir. Eu já havia tentado de tudo para derrubar a porta mas nada adiantava, então tive que observar o em que ia passar a noite.

A porta ligava a um corredor grande mas não muito largo, a esquerda do corredor tinha a sala e a cozinha alem de dois quartos e dois banheiros (em um quarto possuía uma cama de casal, supus que fosse dos pais da família, provavelmente o outro quarto era do filho deles). Ao lado da mesa de jantar tinha uma janela grande, mas completamente selada. Olhei o interior da geladeira, nela tinha uma caixa de leite estragado, um pedaço enorme de queijo cheio de vermes e meia dúzia de iogurte (não pareciam bons, porque a coloração era amarelada). Todas as comidas que a casa do terror possuía eram feitas de leite, minha única fraqueza no mundo, desvantagens de ter intolerância a lactose.

No lado direito do corredor tinha uma escada, talvez mais um quarto em cima. No final do corredor parecia ser o quintal, uma porta de vidro me separava do terror no lado de fora, era inútil procurar saídas no quintal porque a porta também estava selada. Já estava quase sem opções então subi a escada.

Lá era um quarto, nada de muito especial, a não ser a escrivaninha e os milhares de livros em cima dela. O antigo dono do quarto deve ter sido uma pessoa realmente inteligente. Cheguei mais perto e procurei por uma possível chave. Olhei em todas as gavetas, e realmente tinha algo estranho nelas. Em todas as gavetas haviam livros e caderno infestados de anotações esquisitas, e uma estranha folha com uma centena de nomes digitados, a maioria riscados de caneta azul, porém não havia nada na gaveta inferior esquerda, estava completamente vazia. Outra coisa estranha era que a gaveta não abria totalmente, algum mecanismo atrás da gaveta a impedia. Me perguntei porque o mecanismo ainda funcionava, pelo estado da escrivaninha, a coisa atrás da gaveta já devia ter quebrado.

Puxei a gaveta com força, na esperança de que a chave estava travando-a. Em vez disso, o que eu prevenia aconteceu, o mecanismo no interior quebrou e consegui abrir completamente a gaveta. Primeiro, ainda não havia nada na gaveta, segundo, me assustei e muito com aconteceu em seguida.

A base da gaveta misteriosa subiu, era como se o mecanismo estivesse pressionando a base falsa da gaveta, escondendo algo. Retirei a base falsa, e vi o que estava escondido: um caderno. Literalmente um caderno preto, porque diabos uma pessoa esconderia com tanta precaução um caderno, se bem que não foi “tanta” precaução. Foi meio obviu que tinha algo na única gaveta vazia, a não ser que outra pessoa tenha escondido. Toquei no caderno. Nada aconteceu... Pensei cedo demais

“Há, Há, Há, Há, Há!”- uma risada intensa soou por todo lugar, gelou até o ultimo dos meus cabelos. E ela não parava, eu nunca tinha sentido tanto medo na minha vida.

Quando finalmente a risada parou já era um pouco tarde. Uma forma sombria e grande aparecia aos poucos na minha frente, não tinha para onde eu correr, o ser estava bloqueando a porta do quarto e janela de trás estava completamente selada (Grande novidade!). O pânico tomou conta do meu corpo e então o ser materializou-se por completo.

-Olá humano. - Ele parecia uma deformação humanoide com olhos vermelhos e asas de corvo, estava vestido de um tipo de roupa negro, era difícil de ver no escuro.

Gritei, gritei o máximo possível até minha voz acabar. Gritei por medo, gritei por esperança, gritei por ódio, enquanto o ser apenas me olhava e ria como se eu fosse o estranho no quarto.

-Não precisa ter medo, não sou um fantasma. – Sua cabeça pendeu para o lado, e fez o mesmo sorriso psicótico.

-Socorro!- Gritei mais um pouco por medo, e derrubei o caderno no chão.

-Você acha mesmo que eles vão sair de suas casas para visitar essa casa?- Ele riu novamente. –Os humanos são dotados de medo, nunca arriscariam suas vidas se sabem que vão perdê-las. É isso que os torna tão interessantes.

-Para de falar! Socorro, alguém me ajude!- Dei as costas a ele, e bati freneticamente na janela fechada com tabuas de madeira.

-É triste não é? Ser esquecido. –falou, eu olhei nos olhos, as pupilas eram totalmente vermelhas, ele me olhava como se pudesse ver minha morte. –Parece que atrai sua atenção humano.

-O que é você?-

-Eu sou um shinigami. E você deveria cuidar melhor das suas coisas. –Ele apontou para o caderno preto no chão.

-Shinigami?!- Eu suava gelado e minha respiração era ofegante. –Eu vou morrer?.

-Vocês sempre perguntam isso. –Ele riu. –Eu estou aqui por causa do Death Note que você jogou no chão.

Olhei para o caderno, na sua capa estava mesmo escrito “Death Note”.

-Por que Caderno da Morte?-

-O que você acha que Kira fez para se tornar um deus?- Surpreso, eu simplesmente peguei o caderno do chão.

-Como esse caderno pode matar alguém, shinigami?-

-Por favor, me chame de Ryuuku. Deveria ler a primeira regra dele. - Ele riu.

“O humano que tiver seu nome escrito no Death Note morrerá.”

-Interessante não é?- disse Ryuuku

-É impossível!-

-Quer testar os conhecimentos de um deus da morte?- Ele riu como se tivesse pensado em algo. –Que tal fazermos um jogo, humano?

-Meu nome é Haise, Haise Sasaki. -

-Você escreve o nome de alguém neste caderno, se o humano cujo nome você escreveu morrer, então o caderno será seu, e poderá fazer o que quiser com ele. Porém se ele não morrer, eu escrevo seu nome neste caderno, e você morre sabendo que ele funciona.

Do que esse bicho está falando, que jogo doentio é esse?! Mas ainda assim era tentador...

-Se eu escrever o nome de uma pessoa e ela morrer... Isso me torna um assassino?

-Vai depender do seu ponto de vista. Há, Há, Há, Há , Há, Há!

Não posso matar alguém, não posso fazer, deve ser tudo da minha cabeça. Eu só tenho que acordar, ou não. Eu poderia viver em paz nesse novo mundo, eu poderia morrer em paz se todas as pessoas ao meu redor morressem? Mas não todas, só as que mais merecem, apenas aquelas pessoas que não são pessoas. Não sou o único machucado neste mundo, e todos merecem justiça, e todos merecem paz e todos merecem morte. Mas se eu ia matar alguém tinha que ser a pessoa certa. Levantei a mão para o shinigami e ele me entregou sua caneta, rindo sem parar. Abri o caderno em sua primeira pagina estranhamente as folhas do Death Note tinham cheiro de livros novos, aquele cheiro viciante e contraditória. Acho que eu não pensei em mais nada só naquele nome, aquele que provou que todos têm um lado Kira. Seu nome apenas escorregou em minhas mãos, e caiu no manto da morte.

Hiden Demegawa


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