As crônicas de Runa escrita por Jonathas Eugenio, Headache


Capítulo 7
Eu me chamo Katarina




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—“Certo...- Haruna quebrou o silêncio, olhou ao redor perdida. -Aparentemente...” - Os olhos vasculhavam todo o ambiente, viu que tinha poucas casas e uma forma de conseguirem passar a viver ali seria conseguir uma própria.  

—“Uma casa na arvore é a melhor solução agora. ”- Luma a olhou, depois para o redor, e deu de ombros concordando com a ideia, sempre quiseram uma casa na arvore e agora seria um momento perfeito para colocarem em prática.

—“Certo, então? Quem vai fazer o que? ”- A ruiva perguntou, se esticando, ergueu os braços para o alto soltando um gemido baixo e longo, enquanto a outra colocou a mão no queixo analisando as arvores em volta, depois para trás onde elas tinham entrado, girou nos calcanhares andando para a saída da floresta, analisou outras arvores ali por perto, e depois olhou para as casas mais abaixo.

—“Eu e você vamos ver se tem alguma loja por aqui, bar ou algo parecido, precisamos ver primeiro essas coisas e depois organizaremos melhor a ideia da casa na arvore. “- A outra apenas fez um som em concordância e logo ambas estavam indo para caminhos diferentes, Haruna iria ficar com as casas mais de cima e perguntar aos moradores locais enquanto a outra iria ficar com as outras mais perto do cais.

Luma bateu os nós dos dedos na porta de madeira, trocou o pé de apoio e olhou para o morro acima, sua amiga parecia estar feliz falando com uma senhora, que argumentava e apontava para cima onde estava a clareira. As pessoas fervilhavam de onde tinham saído e se espalhavam, outras comentavam sobre um festival possível, outras começavam a amizade e as vozes se misturavam enquanto uma multidão pequena parecia organizar as coisas loucamente, pondo toalhas no chão outras varrendo e em sua maioria parecia bem energética, algumas falavam sobre construção de uma cidade naquela ilha.

Luma escutou a porta se abrindo e se virou. A porta agora estava entreaberta e da pequena abertura espiava uma menina, devia ter uns dezessete anos, tinha a pele meio amarela queimada, olhos Âmbar com pontos violeta e em meio a uma cabeleira Castanha clara, elas se encararam brevemente, então Luma desviou rápido.

—“Pois não? ”- O tom de voz dela era meio automático, como se fosse normal bater alguém lá.

—“Oi, é... ”- As palavras fugiram, conforme olhava o interior, antes de novamente olhar ela – “Sabe onde posso conseguir material para construir uma casa na arvore? Ou que dê para ficar durante essa noite? Eu e minha amiga acabamos de chegar...”- Coçou a nuca e deixou os braços caírem moles ao lado do corpo, a menina a olhou um pouco mais antes de abrir a porta, que agora estava aberta por completo.

—“Sua sorte, aqui temos...”- Ela falou, com uma fileira de dentes brancos e retos, um sorriso meigo. Os olhos estavam suaves. –“Pai! ” – Chamou enquanto deu um giro. Luma cruzou os braços, enquanto aguardava, viu a outra lhe dar um sorriso de canto-“ Eu me chamo Katarina” – Estendeu a mão.

Haruna esperou a mulher fechar a porta antes de soltar um suspiro cansado, esfregou as pálpebras com o indicador e polegar, respirou fundo. Tinha chegado já ao meio do morro e a única recomendação foi para onde a outra tinha ido.

Seguiu para onde talvez a outra teria ido, sabia onde conseguir bons materiais de cozinha, mas era o melhor que tinha, além de agulhas.

Viu uma cabeleira vermelha pela janela e se dirigiu até lá, assim que parou na porta, a cabeleira se revelou como Luma e então ela a chamou, logo estavam juntas novamente.

—“Teve algum avanço? ”- a outra concordou.

—“Aparentemente essa menina, Katarina, disse que tinha como nós ficarmos aqui. ”- Ela falou, ao citar a menina a outra sorriu, um homem estava de braços cruzados e a aparência forte dele passava a imagem de perigoso.

—“Kat, elas não podem ficar aqui! ”- “opa! ” -O pensamento cruzou Haruna, a menina que tinha cabelos castanhos claro se manifestou.

—“Pai, você mesmo disse que queria um dinheiro extra, e elas são mulheres, não vejo nenhum problema, você mesmo disse que se fosse um homem seria errado para pôr no mesmo quarto que eu! ”- Ele enrubesceu, a bochecha corou em um tom vermelho, o castanho dele combinava com o cabelo e olhos.

—“Ok! Você pode estar certa, mas uma delas tem que dormir no chão! ”- Ele bufou conforme batia o pé no chão, a menina sorriu e concordou, a mulher de cabelos roxos encarou a ruiva.

—“Eu durmo no chão sem problemas. ”- Ela deu de ombros, aparentemente a menina pareceu ficar surpresa, mas Haruna apenas concordou, Luma sorriu discretamente com o canto da boca.

O ambiente em que Luma e Haruna estavam era de certa forma bem simples, um bar com o piso de madeira

A comida era servida em grandes bandejas conforme as garçonetes vinham em ondas, a fumaça fina junto ao cheiro era sentida pelos presentes.

Luma estava sentada entre Haruna e Katarina enquanto o pai dela – identificado atualmente como Franklyn. Na ponta do tapete tinha um menino estranhamente de cabelo branco como a neve e ao lado dele um outro se destacava pelo simples fato de estar explosivamente feliz enquanto a resposta era meio séria em contrapartida, era uma atmosfera completamente contraditória, mas que combinava. Para Haruna as coisas estavam andando muito bem diga de passagem.

“Os olhos se estreitaram um pouco enquanto me encarou, observei os olhos âmbar, com os pontos roxos em contraste, observei os pontos de cobre e os de vermelho em fúria. Observei tudo isso com menos de quatro segundos antes de desviar os olhos sentindo o rosto pegar fogo, isso estava me deixando nervosa, senti o nervosismo e sem querer deixei uma leve descarga viajar pelo meu corpo. “

Haruna observou a amiga, depois o prato a frente.

“Parece que foi ontem que comi algo tão gostoso como isso! ” – “ Sorri enquanto bati o pé no chão de leve, tamborilei os dedos pela coxa coberta pelo vestido, o tecido por si era macio na ponta dos dedos. ” -  “Adorei ele! Ainda bem que Franklyn deixou a gente ficar lá, cobrou duas moedas, mas está até barato, estou pensando seriamente em comprar os materiais ali. ”  – “Desvio os olhos para o homem que estava sentado duas pessoas depois de mim, ele não parecia alguém assim tão carrancudo como queria parecer ou amedrontador. ” – “Ah não ser que considerarmos que Katarina é alguém que gosta de expressar sua opinião, confrontar o pai dela pareceu que ela tem bastante coragem e ela estranhamente está parecendo gostar de Luma” -  “Olhei para o lado discreta, minha amiga parecia estar completamente deslocada, podia ver isso, ou envergonhada pelo tom das bochechas enquanto a outra parecia apenas...Bem? ”

“Revirei os olhos passando pela multidão, vi o menino de cabelos branco parecendo naquele momento e as duas do meu lado, desviei novamente os olhos conforme passava pelo mar de cabelos e rostos desconhecidos e então olhei para cima, a lua coberta pelas nuvens negras. ”

A lua estava alta no céu, brilhante e circulada pelas estrelas que estavam igualmente brilhantes.

Pela janela se podia ver o mar, o som das ondas se quebrando era aconchegante. Haruna estava retirando as botas e as pondo do lado da cama, a casa era pequena, a sala era diferente, como um exemplo os acentos eram organizados de um modo que estivesse em reunião e com de uma forma que estivesse para negociações.

A mulher se deitou puxando a coberta para cima do corpo, estava fresco e agradável, viu a silhueta de Luma pela janela, estava sentada no parapeito. Fechou os olhos logo dormindo, sentindo o cansaço do barco a rodear completamente.

“ Olhava as estrelas, escutei passos logo atrás e me virei, Katarina estava ali, sem falar me afastei um pouco dando espaço para a outra, ela se sentou também no parapeito, apenas ficamos em silêncio, vendo as estrelas piscando, a lua com um brilho incrível ser coberto por nuvens que passavam por ali. Olhei para trás, as duas sombras atrás discretas, continuei olhando. ”

—“Luma? ”- “Olhei a fonte, agora naquele momento, os olhos pareciam ter um brilho apesar da falta de luz, desviei para fora vendo várias barracas armadas com muitas pessoas deitadas espalhadas outras bêbadas e incapacitadas de sequer conseguirem um local apropriado para dormir. Acho que a dança fez todos desmaiarem, Haruna me puxou para a dança conforme eu e ela errávamos e logo quando aprendemos tivemos que trocar, acabei esbarrando com aquele menino feliz que ficava perto do descolorido e fiquei feliz por ter me deixado, até pegar os olhos âmbar e desejar morrer. ”

—“Sim? ” – “Ela mordeu os lábios, olhou o céu meio perdida, depois para mim e depois de mim, a parede. ”

—“Devo ter bebido demais...”- “O comentário fez sentido, abriu e fechou a boca tentando falar, depois revirou os olhos irritada e bufou, estendi a mão e a toquei. Foi o suficiente para ela, se acalmou e me olhou, depois murmurou algo como bêbada. ”

—“Venha, você está bêbada. ”- A ruiva murmurou puxando lentamente a outra pela manga da blusa, Katarina tinha um sorriso um pouco mais fácil deslizando pelos lábios que estavam entre abertos com um risinho leve pairando por ali.

—‘Deixa eu dormir com você? ”- A voz se embolou, mas paralisou Luma completamente, ela primeiro conseguiu se estabilizar antes de se virar e negar, recebeu um olhar piedoso da outra suplicante mas desviou e a puxou para a cama dela a deitando e a cobrindo. Se virou para o colchão no chão e se deitou o mais confortável que o silêncio estranho permitia. Escutou o corpo se movendo na cama ao lado dela e logo Katarina surgiu, os olhos âmbar brilhando leves no escuro, ela apoiou a mão na bochecha e olhou para a ruiva ainda com os olhos pedindo silenciosamente.

—“Já disse que não. ”- Se virou de costas cortando o contato, tentou fechar os olhos e dormir, mas o corpo dela estava completamente aceso, conseguia sentir os músculos tensos.

A cama rangeu quando a outra menina se levantou e depois Luma sentiu o corpo ao lado dela, a deixando mais tensa que antes.

—“Luma? ”- E a ruiva se virou, o coração iniciando lentamente a corrida louca dele.

—“Certo, pode. ” – Os olhos da menina brilharam, ela mordeu o lábio inferior e no desespero pegou os travesseiros – “mas primeiro, aqui! ”- Começou a fazer um muro de travesseiro como última esperança de proteger ela mesma, Katarina não pareceu muito feliz com a ação. E então o silêncio se seguiu, tenso e quase palpável, logo a castanha se moveu impaciente se apoiou no braço se sentando um pouco na cama improvisada, o som chamou a outra menina que agora a olhava calmamente por fora, mas pior que uma tempestade por dentro.

A castanha olhou bem nos olhos da outra, antes de lentamente se aproximar, lentamente como um felino que caça sua presa, derrubando a parede de travesseiros e junto dele toda a pequena segurança que a ruiva tentava manter, a respiração estava funda e exalava baixo tentando ainda ter um pouco de compostura, e então Katarina apoiou a cabeça debaixo do queixo da ruiva, suspirou contente e relaxou.

—“Katarina...”- Alertou, e então se virou para o outro lado afastando a menina no processo, que bufou irritada e se deslocou para o campo de visão da outra.

—“Eu. Quero. Dormir. Com. Você. ” – As ênfases foram acompanhadas com cutucadas que deixaram a outra em pânico e com vontade de correr. Ela tentou desviar os olhos mas para onde olhava suas respostas eram um borrão de âmbar que a seguia, suspirou derrotada e concordou, afastou o corpo para conseguir mais espaço.

—“Certo. ”-

—“Então venha. ”- Olhou confusa a outra que se levantava e se sentava na cama, hesitou, mas logo foi puxada com força para cima e logo estava sentada na cama, se deitou na beirada procurando o menor contato físico possível e mais espaço na cama estreita, logo foi surpreendida pela mão de Katarina que agarrou uma das próprias dela e a pôs na cintura e se apertou contra ela.

Respirou fundo sentindo o cheiro de Luma que ainda estava tensa, conseguia sentir isso pelos braços completamente rígidos, riu de leve e colocou a mão na coluna fazendo movimentos circulares. Isso lentamente provou funcionar para relaxar a outra. Lentamente as batidas do coração de Luma aceleravam conforme o movimento continuava.

—“hm...”- Resmungou enquanto sentia o corpo relaxar, com o braço direito apertou um pouco mais a menina contra si, Katarina feliz se acomodou debaixo do queixo da outra e usou o braço esquerdo da mesma como travesseiro, se encaixando perfeitamente e em harmonia, Luma dobrou o braço de apoio à cabeça e começou a massagear sonolenta a cabeça da castanha.

E elas pairaram entre o sono e a realidade até sem perceber terem dormido.

“ Acordei e o sol nem sequer tinha nascido, abri um olho pesado e vi em minha frente Katarina, ela estava muito bem acomodada em mim, senti o cheiro dos cabelos dela que para constar são realmente cheirosos. Tentei me desvencilhar dela sem a acordar o que provou ser inútil quando ela abriu os olhos sonolentos, âmbar me recebeu com aquelas manchas roxas parecendo me queimar por dentro, me sentei na cama conforme ela protestava com resmungos e então me apoiei na parede. “

“ Não sei o que me forçou a fazer isso, mas a puxei para mim, a apoiando em mim conforme ela ainda estava quase dormindo. A respiração lenta e calma no pescoço me arrepiou um pouco na pele sensível, ela me abraçou igual uma arvore e então talvez tenha voltado a dormir enquanto estava apoiada no meu pescoço. Senti o coração acelerado no peito martelando, mordi o lábio inferior conforme pensava no que mais eu poderia fazer para me salvar disso. Ela resmungou algo, de repente tive plena consciência de que ela estava acordada, ficou reta se afastando de mim, analisou bem meu rosto, apoiou os dedos na mandíbula. ”

—“Você sabe...”- “Começou, e então o ritmo da respiração mudou, sentia tudo ao redor, estava sensível demais, os olhos dela estavam brilhantes demais, o roxo e âmbar parecia mais intenso do que as outras vezes, ela entre abriu a boca com um sorriso fino mostrando brevemente os dentes. ” – “Se eu me aproximar agora, o que aconteceria? ”- “Ela tinha aquele tom divertido na voz, e se aproximou um pouco mais, mas parou ao encostar a testa na minha, o divertimento nos olhos, mas com um toque de medo. ”

—“Você...uh...”- “O pensamento fugiu, e então o sorriso dela ampliou, ela olhou com expectativa para mim. Ergui uma mão para a nuca dela, a outra deixei na cintura, e essa foi todo o incentivo que ela recebeu para fechar a distância e sentir o choque percorrer meu corpo e o dela pelo modo como tremeu sob o toque mais firme da nuca. ”


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