Real world escrita por Bi Styles


Capítulo 46
Capítulo 43


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Nem demorei para postar outro, hein? Espero que se preparem, por que esse capítulo é cheio de revelações...!
Espero que gostem!



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Luke me deixou em casa no horário normal e eu entrei, com o coração acelerado. Meu medo era de que alguém da escola tivesse ligado e eu já estivesse em grandes apuros.

Assim que pus meus pés dentro de casa, vi meus 3 irmãos sentados e todos me encararam. Senti um frio na espinha, meu medo ficou mais intenso.

—O que foi? -perguntei.

—O papai está aqui. -Pietro disse. -Está conversando com a mamãe lá em cima.

—Já faz meia hora. -Lydia disse.

—Vai ver eles se resolveram de outra forma. -Juan disse maliciosamente, e Lydia o encarou.

—Eca. -ela falou.

—Não quero nem imaginar essa cena. -Pietro disse e fez cara de nojo.

—E cadê a vovó? -perguntei.

—Lá em cima, dormindo. O que é um bom sinal. Significa que não estão gritando um com o outro. -Pietro disse. -Lydia, bem que você poderia ir lá e ouvir um pouco a convers...

—Não será necessário, Pietro. -a voz da minha mãe ecoou. Ela estava descendo as escadas, com meu pai atrás. Ela estava chorando, ao julgar pelos olhos vermelhos.

—Ah, então agora vão parar com o mistério e conversar conosco? Até por que, fomos nós que queríamos conversar com nosso pai. Aí do nada você decide entrar na conversa também? -Pietro disse, com um misto de raiva e nojo na voz.

—Iremos conversar sim. Mas antes, gostaríamos de conversar a sós com Sophia. -ela pede.

—Não. Chega de segredos. O que vocês têm a falar para mim, pode falar na frente de todos. -falei.

—Tem certeza? -meu pai dirigiu um olhar sério para mim.

—Absoluta. -respondi, com convicção.

Minha mãe o encara, e ele dá de ombros. Os dois se sentam no sofá e meu pai começa.

—Antes de eu ir embora, nós éramos uma família feliz.

—Feliz entre aspas, não é? -Pietro o interrompeu.

—Sem interrupções, por favor. -minha mãe pediu. Pietro fez cara de emburrado.

—Continuando... Éramos uma família feliz. Estávamos bem financeiramente, a família estava crescendo devido á sua mãe estar esperando os gêmeos e tal. Um dia, no entanto, essa felicidade nos foi tirada. Estávamos no parque, nós quatro. Me lembro como se fosse ontem, Sophia correndo e gritando na neve e Pietro olhando de longe, como se tivesse com medo. Então, de repente, vi um homem encapuzado puxando sua mãe para um canto da praça. Fui atrás, afinal não iria deixar um homem maltratar sua mãe. Fui até lá e sua mãe pediu que eu fosse embora, mas não dei ouvidos. Pedi para que o homem se retirasse, antes que eu ligasse para a polícia. Ele se retirou, mas antes disse: "Isso ainda não acabou". Depois perguntei a sua mãe quem era aquele homem, mas ela apenas correu para se certificar de que vocês dois estavam bem. Ela perguntou o que iríamos fazer, e eu não conseguia entender aquela pergunta. Então perguntei mais uma vez quem era o homem. E ela me disse. Era Frank.

—Quem é Frank? -perguntei.

—Um homem que eu namorei há muito tempo. Só que eu terminei com ele quando descobri seu envolvimento em tráfico de armas.

—Nossa, parece que a senhora não tem mesmo bom gosto para homens, não é? -Pietro alfinetou.

Encarei Pietro e fiz um gesto para ele ficar calado. Ele cruzou braços e ficou sério.

—Então depois quando eu já estava casada com seu pai e você tinha acabado de nascer... -ela disse se referindo a Pietro. -Ele voltou e disse que estava mudado. Que iria abrir uma empresa de confecção de roupas e que precisava de nossa ajuda. Eu e seu pai topamos na hora, por que seu pai estava desempregado e só meu dinheiro não estava dando muito certo. Então formamos uma sociedade, nós, Frank e a família Laught.

—A família de Luke? -perguntei, surpresa.

 -Sim. -meu pai confirmou. Não sabia como ele sabia quem era Luke, porém deixei passar. -Continue. -ele pediu para a minha mãe.

—Então, depois de alguns meses, nós recebemos muito dinheiro. E nunca nem tínhamos visto a empresa. Seu pai ficou desconfiado, em ter investido e recebido um grande lucro em pouquíssimo tempo. Então investigamos e descobrimos que o dinheiro que estávamos investindo estava sendo utilizado para tráfico de armas, e estas estavam sendo revendidas no mercado negro. Ficamos assustados e então decidimos ir falar com Frank, pedindo uma explicação.

—Ele nos ameaçou, alegando que se fôssemos avisar a alguém sobre isso, ele nos mataria. O que nos restava era continuar na empresa. -meu pai continuou. -E ficamos, até o dia do parque. Sua mãe disse que ele havia ameaçado e que deveríamos ir falar com ele na sede da empresa o quanto antes. Se não ele mataria vocês dois.

—Mas por quê? -perguntei. -Vocês não tinham saído da empresa...

—Durante o tempo que a gente ficou na empresa, ele me ameaçou algumas vezes. E tive que fazer algumas coisas... Que ele descobriu depois e fez isso.

—Então fomos até a empresa, e ele disse que iria nos dar uma proposta. Ele nos deixaria em paz, caso eu fosse embora e realizasse o trabalho sujo dele em outros países. Não poderia manter contato algum com vocês e nunca mais voltar. Caso contrário, ele mataria vocês dois e sua mãe. Claro que eu aceitei na hora. Não poderia deixar vocês morrerem assim. Então fui embora. Passei cerca de 10 anos fazendo o trabalho sujo dele, quando consegui forjar minha morte e me ver livre. Porém ainda não poderia voltar. Só agora, quando foi confirmada a morte dele, pude retornar com segurança. -meu pai concluiu. 

—Ele poderia estar blefando. Não teria coragem de matar nós. -Pietro disse e revirou os olhos.

—Também pensei nisso, mas não poderia arriscar. Depois de um tempo lá fora, trabalhando, soube que ele tinha assassinado a mulher do senhor Laught por causa que ele descobrira a verdade e saíra da sociedade. Não assassinou seu filho, Luke, por que não deu tempo. -meu pai falou.

Senti um calafrio na espinha. A mãe de Luke havia sido assassinada por causa disso? Meu Deus.

—Mas peraí, o que foi que você fez que ele ficou putasso? -Pietro perguntou á minha mãe e eu senti outro calafrio. Estava sentindo que não era nada bom.

—Eu tive que dormir algumas vezes com ele. E nesse tempo acabei ficando grávida... -a voz da minha mãe falhou. -De você, Sophia.

Fiquei tonta de repente. Não acreditava naquilo que eu acabara de ouvir.

—É mentira. -falei.

—É a verdade, Sophia. Frank é seu pai. -meu outro pai disse.

Meus olhos se encheram de água instintivamente.

—Não... -falei e comecei a chorar. Nessa hora, Pietro correu e me abraçou.

—Isso não a faz menos nossa irmã. -disse.

—Nunca dissemos o contrário. -meu pai interviu.

Minha cabeça girava. Eu era filha de um bandido, de um assassino. Mas como isso nunca passara na minha cabeça antes? Olhando para cada um dos meus irmãos, era fácil saber que eu não era nada como eles. Eles todos tinham cabelos negros e olhos azuis, já eu ruiva dos olhos verdes. Eu não me encaixava ali, porém nunca havia me perguntado o por quê.

—Foi minha culpa você ter ido embora. -falei, soluçando. -Se eu não tivesse nascido, ele não teria descoberto nada e...

—Não fique se culpando. O melhor é que ele está morto e não pode mais nos importunar. Nunca mais. -meu pai disse.

—Eu... -o abraço de Pietro ficou mais forte.

—Não diga nada. -ele sussurrou. -Não diga nada. -senti ele engolindo em seco.

Fechei os olhos com força, para me impedir de ver o olhar de todos sobre mim, certamente olhares de pena. O que me passava na cabeça era somente que meu lugar não era ali, não com aquela família. Meus irmãos não eram bem meus irmãos, meu pai que tanto odiei não era meu pai. Eu era filha de um desgraçado, e tinha sido fruto de uma ameaça á vida do meu irmão. E outra, a mãe de Luke havia sido morta por causa do meu verdadeiro pai. Como poderia conviver com isso? Sabendo que meu pai havia destruído tantas famílias?

—Eu sou filha de um bandido?! -soltei, sem conseguir mais me segurar. Me soltei do abraço de Pietro e encarei minha mãe. -Você poderia ter me abortado, sei lá! O sangue que corre em minhas veias é de um traficante, que destruiu a família de vocês e a de Luke! Quantas outras ele não destruiu?!

—Sophia, abortar não é tão fácil quanto você pensa. Você saberá disso no momento em que for mãe. -minha mãe disse.

—Soph, não diga "família de vocês". Você ainda é minha irmã. Por favor, não diga que não é mais. -Lydia disse, com o rosto vermelho de chorar.

—Nunca fui sua irmã de verdade, Lydia. -falei e senti um nó formar na garganta ao ver a cara que ela fez. Ela apenas balançou a cabeça e correu para seu quarto.

—Sophia, não seja tão dura com sua irmã. Ela está machucada com toda essa história. -meu pai disse.

—Se ela está, imagine eu, que acabo de descobrir que sou filha de um filho da puta que acabou com várias famílias! Pelo amor de Deus! -grito, sem conseguir me conter.

—Juan, fique com Lydia. -Pietro pede e meu irmão mais novo obedece. -Vamos dar uma volta, Soph?

—Não, não quero dar uma volta. Quero sumir. Quero... -minha voz falhou de vez, e Pietro me puxou para um abraço, me levando em direção á porta.

Ele fechou a porta atrás de si e me guiou até a cadeira da varanda.

—Respire fundo. -pediu, e ficou me encarando, como se tivesse pena.

—Não me olhe assim. Está me fazendo ficar pior. -pedi e ele sorriu.

—Você quer que eu te olhe como? Estou preocupado com você, Soph. -ele disse e pegou minha mão. -Você sempre foi tão forte. Não sei o que está havendo para te derrubar tão fácil.

—Isso não é algo fraco, Pietro. Se ponha no meu lugar.

—Alguns meses atrás você teria ficado impassível. Não teria mexido um músculo. Talvez, á alguns meses atrás, os papéis estariam invertidos agora.

—Eu estou mais sensível.

—Percebi. Mas foi por causa de Luke? Ele fez alguma coisa?

 -Não. Foi algo que eu não te contei.

—O quê?! Você não me contou?!

—Foi algo que eu não me senti confortável para contar. -falei e olhei para os meus pés.

—Lembra que a gente tinha feito uma promessa, há alguns anos atrás, de nunca mentir ou esconder algo um do outro?

—Lembro. Mas a gente nunca cumpriu a risca.

—Eu sim. Pelo menos na maior parte do tempo. -ele disse e pegou meu queixo, fazendo com que eu o encarasse. -O que houve?

Então eu contei. Contei a história daquela maldita noite na balada, daquele maldito homem por cima de mim. Contei o que eu estava sentindo depois do ocorrido, o fato de Luke estar sempre me ajudando e eu ser grata a ele.

—Não acredito que escondeu isso de mim, Soph. -ele falou e passou as mãos no cabelo. -Eu poderia ter te ajudado.

—Acho que ninguém além Luke poderia ter me ajudado naquele dia. Mas passou, estou bem.

—Não, não está. Pelo o que você está me dizendo, parece que você está com uma espécie de estress pós traumático. Ou crise de pânico.

—Não, Pietro. Eu estou bem.

—Sophia, me deixe cuidar de você. Deixe de ser cabeça dura.

—Sabia que não deveria ter te contado.

—Pare com isso. Você está agindo como uma criança.

—Olhe o monte de coisa que está acontecendo comigo! Veja se não estou agindo da forma correta!

—Não está. Vou levar você para um psicólogo. Você precisa de ajuda profissional. Se for realmente crise de pânico, é necessário um tratamento bem intenso.

—Eu não estou doente, caramba! -falei. -Deve ser a personalidade do meu pai me afetando.

—Você não tem a personalidade dele.

 -Como sabe, se você nunca o conheceu?

—Mas eu conheço você. E sei que você tem mais da nossa mãe do que qualquer um de nós.

—Então espero que eu nunca transe com um traficante.

—Ela fez isso para salvar minha vida. -ele falou e me encarou, os olhos frios.

—Eu não falei isso dessa forma... Ela não precisava ter me tido.

—Você está sendo egoísta. Está pensando em si mesma.

—Talvez pela primeira vez eu não esteja pensando somente em mim. Se eu não tivesse nascido, você e os gêmeos teriam crescido com um pai, e ele não precisaria ter feito todas aquelas coisas.

—Mas aí nossos pais estariam presos a uma empresa de tráfico. O que você acha pior?

—Eu quero sumir. -falei e coloquei as mãos no rosto. -Estou me sentindo vazia por dentro.

—É normal, depois disso tudo.

—Não sei como você está aguentando tudo tão bem.

—Eu estou assim para te apoiar. Mas não pense que também estou chateado com tudo isso. Minha mãe foi praticamente abusada para me salvar. E eu tenho sido um babaca com ela.

—Acho que cada um tem sua participação nessa desgraça. -falei e sorri fraco.

—Certamente. E acho que você deveria ir falar com Lydia. Ela não mereceu aquilo.

—Eu sei. É que tá tudo uma bagunça dentro da minha cabeça.

—Mas não precisava ter dito aquilo. Você é nossa irmã. Nunca deixou de ser.

—Mas é como se eu não fosse...

—Acho que o que importa são os nossos sentimentos. Lembra do que eu te disse ontem? Você é minha irmãzinha. A menininha que eu vi crescer e se tornar esse mulherão, e que é bem mais forte do que eu.

—Era bem mais forte, você quis dizer.

—Na verdade, você ter aguentado tudo isso sem me dizer já foi uma grande demonstração de força. -ele falou e me abraçou. -E agora vamos subir e falar com os gêmeos. Vamos ter uma conversa de irmãos.

—Não sei se é uma boa hora... -falei e suspirei. 

—Na verdade, é uma ótima hora. Nós temos que ficar unidos agora, Sophia. 

—E se desculpas não adiantar? -perguntei.

—Desculpas talvez não, mas amor sim. -ele disse e me puxou.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Comentem o que acharam!!