Real world escrita por Bi Styles


Capítulo 37
Capítulo 35- Narrado por Luke


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, mais um capítulo! E desta vez, narrado pelo mozão de todas as leitoras!! O que será que ele aprontará?



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—Ah cara, não tenho a mínima ideia do que aconteceu. Numa hora eu estava lá, todo excitado me pegando com a Abby, no outro eu estava totalmente broxado e sendo amedrontado pela Sophia. –expliquei para Nathan, que ouvia tudo parecendo meio distante. Estava na hora do almoço, e eu precisava da opinião sobre o que acontecera. Para isso, chamei-o para a quadra e, enquanto assistíamos o jogo de vôlei que acontecia, conversávamos.

Ele me olhou de soslaio, uma vez que estava muito concentrado, e disse:

—Você bebeu quantos “shots” de tequila?

—Não muito. Só aquelas com você.

—Bem, poderia ter algum tipo de droga nela.

—E por que só afetou a mim? Você também tomou da mesma garrafa que eu.

Nathan estava mais concentrado do que nunca. Sua paixão sempre foi o vôlei, mas ele era zagueiro do time de futebol da escola. segundo ele, era melhor com bola nos pés do que nas mãos.

Estalei os dedos na frente de seus olhos.

—Seria muito bom se você prestasse um pouco de atenção no que eu falo. –resmunguei.

—Cara, você viu aquele ataque? O Andrew pode ser um babaca, mas ele bloqueia bem demais! Olha aquilo! –ele disse e apontou freneticamente para Andrew. –Se eu fosse técnico do vôlei inglês, ficaria de olho nele. Muito promissor.

—Nathan. –repreendi e dei um soco forte em seu braço esquerdo.

—O que foi, LUCAS? –ele perguntou, irritado, enquanto esfregava seu braço.

—Se fosse pra conversar sozinho, eu usava drogas, caralho!

—E você quer que eu diga o quê? Que você está louco? Okay! VOCÊ ESTÁ LOUCO!

Bufei.

—Não é isso, idiota. –falei.

—Sabe o que é isso? Você gosta da Sophia, e talvez ter levado um pé na bunda, coisa que você nunca levou, tenha levado o resto do juízo que você tinha!

—Ah, você realmente acha que estou assim por causa de uma garota?

—Bem, não foi a bebida, você não usa drogas, então é o quê? Problemas mentais? –Nathan perguntou e revirou os olhos.

—Será que posso estar com algum problema mental? –perguntei e realmente fiquei preocupado.

—Ah, que merda, Luke! Deixa de encher o saco com essa besteira e me deixe assistir a partida. –ele falou e eu dei de ombros.

—Pois fique sozinho. Babaca. –falei e o deixei sozinho.

Quer saber? Se eu tivesse algum problema, eu ia descobrir agora.

...

—Ora, ora, ora. Nunca pensei que nos veríamos novamente, senhor Layght. –o psicólogo da escola falou, assim que entrei em sua sala.

Revirei os olhos.

—Só estou aqui porque preciso de ajuda. –falei e sentei na cadeira de frente á sua mesa.

—Todos vêm até aqui por isso. –ele disse, cinicamente, e sorriu. –Me diga o que te aflige.

Respirei fundo. Eu deveria realmente falar pra aquele homem sobre meus problemas novamente? Depois de tudo o que ele tinha feito comigo?

Antes de começar a falar, relembrei do meu passado com ele.

                              FLASH BACK ON

Era final de julho. Minha mãe tinha morrido fazia 1 mês e meio, e minha vida na escola não andava nada fácil. A cada canto escuro que eu via, imaginava o homem matando minha mãe. Além dos pesadelos frequentes, óbvio.

Meu pai, preocupado comigo (naquela época ainda não havia se transformado num babaca), marcou o psicólogo para mim, para ver se eu tinha criado uma espécie de distúrbio.

Na primeira vez que eu vi o Dr. Padleck, foi em seu consultório. Ele me avaliou da cabeça aos pés e disse:

—Pode ir agora, senhor Layght. Daqui eu assumo.

Ele me assustava. E muito. Mas eu queria ser corajoso. Não deixava transparecer minha angústia por estar ali.

—Então, pequeno Lucas, o que está acontecendo? –perguntara de modo amigável.

—Eu... eu... tenho medo do escuro. –respondi, e ele me sentou em uma cadeira.

—Você, um homem, com medo da escuridão? Por quê?

—Eu vejo minha mãe sendo morta todos os dias quando fecho os olhos. Ultimamente, tento não dormir mais.

—Isso é muito fraco da sua parte. Sabe disso, não sabe?

—Minha irmã, Lauren, disse que é normal. Falou que eu sou forte demais por ter aguentado tudo isso e não ter desmoronado.

—Sua irmã mentiu pra você.

—Ela não...

—Preste atenção no que eu vou te dizer: você vai perder esse medo do escuro. Nem que eu tenha que te trancar aqui dentro, na completa escuridão. Está me ouvindo?

Engoli em seco.

—Não quero ficar sozinho. –falei, a voz falhando.

O Dr. Padleck me olhou, com nojo em seu olhar e apenas disse:

—Irei chamar seu pai aqui, agora. Nossa sessão acabou aqui.

Então, ele chamou meu pai e falou:

—Vou começar uma terapia intensiva com seu filho. O caso é mais grave do que eu pensei.

—Como será essa terapia?

—Tenho um quarto pronto para isso neste prédio. Amanhã pode trazê-lo que iremos cuidar bem dele.

Meu pai sorriu pra mim e disse:

—Tá vendo filho? Você vai ficar bem.

Eu sorri, mas sabia que coisa boa não viria daquele médico horrível.

E foi no dia seguinte que eu constatei que estava certo. Depois de meu pai me deixar no consultório, o médico disse que ele poderia ir embora e voltar 3 horas depois, já que a terapia era bastante lenta. Meu pai, iludido pelo médico, me deixou lá.

O Dr. Padleck me guiou por três lances de escada, até chegar a um corredor que dava acesso a uma porta, feita de ferro e que continha apenas uma pequena abertura na frente.

Ele abriu a porta e falou:

—Pode entrar, pequeno Lucas, não tenha medo.

Apesar de lá dentro estar muito escuro, entrei. Esperei o Dr. Padleck entrar atrás, mas ele trancou a porta, me deixando na completa escuridão.

—Doutor Padleck, me tire daqui! Eu estou com medo! –gritei, mas nenhuma resposta veio.

Comecei a chorar e a gritar para que alguém me tirasse dali. Eu estava com muito, muito medo. Não parava de passar imagens horríveis na minha cabeça: minha mãe gritando, o homem com olhos assustadores, minha mãe morta.

Passei cerca de 3 horas e meia ali dentro, com sede, fome, frio e acima de tudo: medo. Assim que o doutor abriu a porta, saí correndo em disparada para fora do consultório. Ninguém me impediu. Parecia que todos haviam ouvido meus gritos, mas ninguém me ajudara.

Corri até o mais longe possível dali. Parei no parque perto da escola e sentei em um banco, e comecei a chorar.

Foi apenas de noite que meu pai me encontrou lá.

Ele não acreditou quando eu disse o que acontecera, e me colocou de castigo por “mentir”. Mas nunca mais me levou àquele psicólogo.

                           FLASH BACK OFF

Agora ali estava eu, cara a cara com aquele psicólogo de araque. Ele só piorou meu medo do escuro, meus pesadelos.

Suspirei e me levantei da cadeira.

—Foi um erro eu ter vindo aqui. –falei e fui até a porta.

—Espere, Lucas. –ele falou. Não me virei. –Me perdoe pelo passado. Depois daquele dia, minha vida nunca mais foi a mesma. As minhas atendentes se demitiram, meus outros funcionários também. Eu tratava assim de adultos, mas nunca tinham visto isso com uma criança. Minha vida profissional se tornou um lixo. Até eu ser contratado para aqui.

Me virei e olhei no fundo de seus olhos.

—Desde aquele dia, minha vida nunca mais foi a mesma também. Os pesadelos continuaram, e envolviam você, além da minha mãe. Meu pai parou de acreditar em mim, dizendo que eu era um mentiroso. Ele se afastou de mim e da minha irmã. Não foi totalmente sua culpa, mas você teve uma parcela. E se tem uma coisa de que não preciso mais, é de sua ajuda.

Antes dele falar mais alguma coisa, saí de lá.

Iria procurar outro profissional pra me ajudar. Olhei no meu relógio de pulso e vi que faltavam poucos minutos para o horário do almoço acabar. As galerias já estavam ficando cheias.

Como tinha aula de geografia agora, fui até meu armário pegar meu livro.

Chegando lá, meu coração deu um salto. Lá estava Sophia, concentrada em seu armário procurando algo e provavelmente não encontrava.

Seus cabelos estavam soltos, e haviam mais cachos que o normal. Um sorriso bobo me escapou dos lábios, pensando em como era bom passar a mão em seus cabelos e beijar a boca dela.

Nesse momento, ela fechou o armário e seu olhar se direcionou até o meu. Seus olhos estavam inchados, como se ela tivesse chorado o dia todo. Era culpa minha, disso eu tinha certeza. Eu era um idiota por fazê-la chorar. Era um completo, um grande idiota. Ela merecia bons caras, não babaca como eu.

Ela passou por mim sem nem dizer um oi. E isso machucou.

—Sophia... –minha voz chamou ela, antes que eu pudesse me conter.

Mas ela não olhou pra trás. E isso machucou mais ainda.

Okay. Talvez Nathan estivesse certo. Talvez o fora que Sophia me deu tenha me deixado louco. Talvez eu realmente goste dela mais do que eu pensava. E isso iria me ferrar completamente. Droga.

Eu tinha que consegui-la de volta. Eu sentia falta dela. Sentia falta de seu abraço, do seu cheiro. Eu queria vê-la sorrindo novamente pra mim, falando com sua voz doce. Eu tinha certeza de que ninguém mais iria me fazer feliz a não ser ela. Tinha tirado minha dúvida ontem.

Nunca havia sentido isso por nenhuma garota, e agora que estava sentindo, não sabia o que fazer. Só sei que eu a queria para mim, de um jeito que nunca a quis antes. Houve uma época que eu descobri que estava apaixonado por ela e disse que faria de tudo para tê-la para mim. E eu a tive. E a perdi.

Não sei como, mas eu iria trazê-la de volta pra mim novamente. E, desta vez, não iria deixa-la escapar nunca mais. Nunca. 

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

Ai ai, as #Luphia shippers piram! É muito amor, não é?
Comentem o que acharam do capítulo, acompanhem se gostaram da história, favoritem e recomendem! Obrigada ♥



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