Real world escrita por Bi Styles


Capítulo 20
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Sei que demorei muito para postar, mas é que não estou tendo muito tempo.
MAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAS, para melhorar (ou piorar) a minha situação, tenho uma novidade: VOU FAZER UMA NOVA FIC UHUUUUUUUUU! Não sei quando vou começar a postar ela, mas já tenho nome e sinopse! (UHU). Quando for postar, aviso a vcs.
Agora podem ler ^^



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Assim que Rafa me viu, suas sobrancelhas se arquearam.

—E você disse que não iam fazer nada demais... -ele comentou, mas quando me viu chorar, ele correu e me abraçou.

Eu comecei a soluçar e ele passou as mãos no meu cabelo.

—Calma... O que foi?

Balancei a cabeça, negando.

—Vamos para o meu quarto. Não quero ser interrompido por 5 crianças enxeridas.

Assenti e ele me levou até seu quarto. Eu já tinha me esquecido que Rafa tinha 5 irmãos morando com ele. Se eu soubesse, não teria ido chorar ali.

Rafa trancou a porta e sentou-se ao meu lado, na cama dele. Cama que eu já havia dormido tantas e tantas vezes.

—Me conte Soph, o que aconteceu? -ele disse me olhando com aqueles olhos azul mar.

—Eu quase... quase... -solucei. -Quase...

—Quase o quê?

—Quase... -solucei novamente. -Quase fui estuprada.

—O QUÊ? -ele pulou da cama, assombrado.

Contei para ele tudo o que aconteceu, parando de vez em quando para secar minhas lágrimas.

Doía muito ter que falar tudo aquilo em voz alta. Tornava muito mais real.

Ao fim do relato, ele sentou-se ao meu lado novamente.

—Vai ser a primeira vez que eu vou dizer isso, mas graças a Deus que Luke chegou lá.

Assenti.

—Mas você deveria ter ido para o hospital. Ou para a delegacia. Aquele imbecil deveria ir preso.

Neguei com a cabeça.

—Sophia, isso que aquele cara fez foi inadmissível! Eu, no lugar de Luke, teria matado ele. Imbecis.

—Luke poderia ser preso, Rafa. Deixa quieto.

—E quanto a esses arranhões? Sua perna está sangrando também...

—Já sofri coisa pior.

—Mas e seu psicológico? Como tá?

Pressionei os lábios e tentei me controlar.

Eu não iria dizer que na minha cabeça tudo estava um caos e que eu queria morrer. Não, claro que não diria.

Ele suspirou.

—Vou pegar a maleta de primeiros socorros no quarto do Matthew. Volto já. -informou e saiu.

Não demorou muito tempo para ele voltar, com uma maleta branca nas mãos.

Ele se ajoelhou perante mim e retirou um algodão da maleta. Depois, um tubo com algo dentro.

—Você deveria ter ido na delegacia. Esse homem não deveria ficar solto por aí. -ele falou enquanto molhava o algodão com o líquido do tubo.

—Eu não quero que ninguém saiba. Nem minha mãe, nem Pietro, nem ninguém.

—Por quê?

—Porque não. Rafa, você não sabe o quanto estou me sentindo suja...

—Mesmo assim Sophia...Você deveria deixar eu contar para a Nina, ela pode te ajudar. Você sabe que a tia dela foi estuprada ano passado e...

—Não pode contar para a Nina de jeito nenhum.

—Da última vez que eu escondi algo dela, deu merda.

—Não tô nem aí. Não quero que ninguém, absolutamente ninguém, saiba do que ocorreu.

Ele assentiu e senti meus ferimentos arderem.

—O que você tá passando aí? -perguntei.

—Vinagre. Tem que desinfetar primeiro. -ele explicou.

—Mas arde! -reclamei.

—Melhor esse pequeno ardor do que uma infecção. Você disse que se cortou em algo num beco. Vai saber quais bactérias tinham lá!

Assenti.

—E onde estão seus pais? -perguntei.

—Foram jantar. Eles sempre saem aos sábados. -Rafa sorriu.

Então lembrei de uma coisa.

—Droga! Tenho que ligar para a minha mãe! -exclamei.

Ele entregou minha bolsa, que eu nem lembrava que existia, e eu tirei meu celular de lá. Desbloqueei a tela dele e vi 5 mensagens de Brian.

“Hey, estou quase chegando. Me espere dentro da boate.” —enviada por Brian ás 20:45.

“Cadê você?”—enviada por Brian ás 20:55.

“Helôu kkkk, você está aí?” -enviada por Brian ás 21:10.

“Desculpa se eu atrase, Sophia. Foi mal, muito mal. Só que eu posso explicar.” -enviada por Brian ás 21:15.

“Você tá com raiva?” -enviada por Brian ás 21:25.

Meus olhos se encheram de lágrimas. Estava tão cansada de chorar. Droga.

—O que foi? -Rafa falou e colocou esparadrapo na minha perna.

Lhe entreguei meu celular e ele leu a mensagem rapidamente.

—Ele é um babaca. Se você não der uma bela respostada nele, eu darei uma na segunda. E vai ser pior. Bem pior. -ele avisou.

—Eu vou responder. Mas antes vou ligar para minha mãe.

Disquei o número dela.

                        LIGAÇÃO ON

—Sophia, não vai vir para casa hoje não? —mal atendi e minha mãe já estava lá, com sua voz imponente.

—Mãe, eu vou dormir hoje aqui no Rafa. Tudo bem?

—Por quê?

—Por que não deu tempo concluir o trabalho. Ligue para o Pietro e diga para ele vir me pegar amanhã depois das 9.

—Tá. Mas só dessa vez, ein? Não quero você dormindo direto na casa dos outros.

—Okay mãe. Beijos, te amo.

               LIGAÇÃO OFF

Percebi que Rafa tinha saído do quarto. Aproveitei para mandar uma mensagem para Brian. Respirei fundo e nem precisei pensar muito para responder.

“Olha Brian, você me deixou esperando por mais de 1 hora e meia. É natural se atrasar, até por que, creio eu, que você se atrasou por algum motivo. Mas, e se toda vez que a gente decidir se encontrar ter algum motivo? Não posso ter uma pessoa assim para mim, Brian. E você prometeu que chegaria em 10 minutos. E eu te esperei por mais de 1 hora. Então desculpe (quer dizer, desculpa nada), mas não precisamos mais tentar. Sabemos que não dá certo. Fim.”

Meus dedos tremiam quando eu enviei.

Quando bloqueei a tela do celular, Rafa apareceu com duas xícaras. Pelo cheiro, era chá de camomila.

—Ligou para ela? -ele perguntou, me entregando uma xícara.

—Sim. E aproveitei e mandei uma mensagem para o Brian.

Ele pegou o celular e viu a mensagem. Sorriu e disse:

—Essa é a minha garota. Estou orgulhoso de você. 

—Segunda feira ele vai querer falar comigo, tenho certeza.

—E você vai dizer a mesma coisa. Simples assim.

Tomei um gole do chá e perguntei:

—E você, tem alguma roupa para mim?

—Você não tinha trazido uma roupa para trocar?

—Sim, mas ficou dentro do carro da mamãe. -suspirei.

—Vou ver alguma roupa da mamãe. Volto já.

Enquanto ele foi pegar uma roupa, me levantei e fui até o banheiro do quarto dele. O meu estado era realmente deplorável. Meus olhos estavam inchados e meus cabelos desgrenhados. Minha blusa estava rasgada e meu sutiã estava um pouco sujo.

Joguei minha saia longe e joguei o resto que sobrou da minha blusa no lixo. Ela tinha sido tão cara...

Rafa chegou e me entregou uma camisola fininha da mãe dele.

E sim, ele me viu apenas de calcinha e sutiã, mas ele já me viu tantas vezes assim que nem me importei.

Coloquei o vestido e me joguei na cama dele. Ele se deitou logo em seguida e ficamos ambos deitados olhando para o teto.

—Eu ainda acho que você devia denunciar... -ele começou, mas logo eu cortei.

—Dá pra parar de falar sobre isso? -pedi.

—E você quer falar sobre o quê? -ele me encarou. -Sobre o fato de seu pior inimigo ter te salvado de algo que poderia ter sido muito pior?

—Para de falar, caramba!

—Você pelo menos agradeceu?

—Claro. -revirei os olhos.

—Vocês se beijaram?

—Rafael, eu acho que não estou com clima pra beijar ninguém.

—Mas eu tô começando a gostar do Luke, sabia? Ele é um babaca, mas te salvou.

—Isso não apaga o que ele fez no passado.

—É, mais começa a passar um corretivo nisso tudo. Me lembro de antes de ele ter falado aquelas merdas pra você, você dizia estar apaixonad...

—CALA SUA BOQUINHA! -exclamei e tapei sua boca com minha mão.

Ele começou a lamber ela.

—Eca Rafa! -reclamei e limpei a mão na camiseta dele.

—Não adianta o que você diga, você já gostou de Lucas Layght. Fim.

—Eu era uma criança, Rafa!

—Ah, mas eu lembro muito bem das cartinhas que você fazia pra ele, mas não tinha coragem de entregar! -ele disse e riu.

—Esse meu “amor” por ele acabou há muito tempo.

—Quem sabe esse amor não pode renascer?

—Renascer o caramba. Eu nunca vou olhar para Lucas de um outro jeito.

—Se você diz... -ele falou e eu me virei para tentar dormir.

Ele, como bom amigo, me cobriu com o cobertor.

Peguei no sono quase instantaneamente, e tive pesadelos envolvendo aquele cara do rosto e voz tão horripilantes.

No pesadelo, porém, ele conseguia realizar o estupro. E dóia, como dóia. Desta vez não tinha Luke, não tinha ninguém para me salvar.

Acordei em um sobressalto e vi que estava suada, devido ao intenso medo. Tive vontade de chorar, mas me segurei. Chorar de novo não.

Comecei a tremer, e pensei que seria frio, já que a janela do quarto estava aberta e aquele vestidinho era muito fininho, não esquentava quase nada.

Procurei por um casaco ou algo parecido, mas não sabia onde o Rafa guardava essas coisas.

Foi então que eu vi uma jaqueta de couro em cima do criado mudo.

Peguei-a e me deitei novamente.

Comecei a cheirá-la. O cheiro era realmente muito bom. Eu cheiraria a noite inteira, se possível.

Aquele cheiro me tranquilizou, fazendo com que eu sorrisse.

Aquele era o cheiro do meu ex inimigo. Do meu herói.

...

—Pietro está aqui, acorda! -Rafa me sacudiu.

Abri os olhos instantaneamente.

—São que horas? -perguntei alarmada. Quanto tempo eu dormi?

—Relaxa, ainda são 8 horas. -ele franziu a testa. -E essa jaqueta?

—É do Luke. -respondi.

Ele me olhou desconfiado.

—E por que você tava dormindo agarrado com ela?

—Eu estava com frio. Esse vestidinho não esquenta nada.

—Ah sim. E desde quando você chama Luke de Luke?

Joguei um travesseiro nele, que gargalhou.

—Tô sentindo cheiro de amor no arr... -cantarolou.

Caminhei até ele e disse, com o dedo indicador em seu peito.

—É mais fácil você ficar com a Nina do que eu com Luke. Fim de papo.

Ele ficou totalmente sem graça, mas eu não falei mais nenhuma piadinha. Tudo o que eu queria era um banho.

Tomei uma ducha não muito demorada, pois Pietro era bastante apressado.

Coloquei a roupa que havia usado na noite anterior (pois Pietro me deu a bolsa que estava dentro do carro) e fui para a cozinha da casa de Rafa.

Ao adentrar nela, vi que estava lotada.

Todos os seus 7 irmãos estavam lá, inclusive os mais velhos que estavam na faculdade em Liverpool.

A família de Rafa era realmente muito grande. Começava com os seus irmãos Andrew e Mary, com 23 e 22 anos respectivamente. Eles costumavam nos vigiar quando éramos crianças (eu gostava muito de bater no Rafa) e eu gosto bastante deles.

Depois vinha o Rafa (e não preciso dizer nada sobre ele).

Logo após vinha Anne com 13 anos (Lydia era muito amiga dela), Louise com 10, Leonard com 9 e Lucian com 8. Por último, o caçula/pestinha da família: Matthew com 6 anos.

Tia Sarah (que era como eu chamava a mãe do Rafa, pois minha mãe não tinha irmãos) tinha a idade da minha mãe: 40 anos. As duas sempre foram muito amigas e quando ela engravidou do primeiro filho, aos 17 anos, minha mãe a apoiou bastante. Isso só fez crescer a amizade entre as duas. Minha mãe disse que foi uma época bastante difícil, mas o Tio Mark (pai do Rafa) assumiu a criança com muito gosto e ainda se casou com a Tia Sarah. Eles se amam muito, e deve ser por isso que criaram os filhos tão bem.

Digamos que os pais do Rafa não são tão ricos. A mãe dele trabalha como atendente de uma perfumaria e o pai como segurança de shopping. É exatamente por isso que a casa deles é tão pequena para tanta gente. E ainda tinham algumas contas que atrasavam...

Foi exatamente por isso que os pais do Rafa (e minha família também) ficou tão feliz por conseguirmos uma bolsa de estudos em uma das melhores escolas de Londres. Todos ficaram muito orgulhosos.

—Bom dia! -saudei e um coro de vozes me saudou de volta.

Sentei na mesa junto de todos e começamos a comer. Era um verdadeiro banquete.

—Nossa, não precisava fazer tudo isso para mim! -Pietro ironizou e todos riram. Com exceção de Mary.

—Todos os domingos são assim, já que eu e Andrew sempre viemos. -ela respondeu sem olhar para meu irmão.

Era assim desde uns 3 anos atrás, quando Mary e Pietro inventaram de namorar. Todo mundo sabia que não ia dar certo, não só pelos 4 anos de diferença de idade, mas também porque Mary era conhecida por dar fora em garotos mais rápido do que trocava de calcinha. Esse “namoro” não durou um mês. Alegou que meu irmão era “novo demais”.

Porém, agora que Pietro cresceu, e está MEGAGOSTOSO, ela se arrepende e fica de “cu doce”. Ah, me poupe.

—E aí Pietro, namorando muito? -perguntou Andrew, numa tentativa de irritar mais ainda a irmã.

—Até demais. -respondi no lugar dele.

—Sabiam que ele tá namorando a Lauren, irmã do Lucas cabelo de chiclete? -Rafa se intrometeu, com seu jeito tagarela. -E sabiam que a Sophia tá namorando o próprio Lucas?

Tia Sarah arregalou os olhos e disse:

—Sério? Pensava que você odiava ele.

—É mentira do Rafa, tia. -falei e ele ia falando algo, mas eu chutei sua perna. Ele calou-se abruptamente.

Continuamos a comer, e apenas falamos sobre coisas de importância.

Por um momento, até esqueci tudo o que aconteceu na noite anterior.

...

Ainda passamos muito tempo lá. Conversamos muito com a Mary e Andrew e contamos até algumas histórias. Estava ficando cada vez mais difícil eu vê-los, apesar de estarem lá todos os domingos.

Pietro só quis ir embora depois das 10 e meia. Minha mãe iria nos matar, mas enfim.

Mal entramos no carro e Pietro começou a fazer um monte de perguntas:

—E aí, foi bom? Brian foi rude com você? Ele tentou algo? A comida estava boa? Ele bebeu álcool?

—Hey, calminha. Uma de cada vez.

Respirei fundo. Como diria para ele que: O encontro não havia ocorrido, que eu tinha passado a noite inteira olhando Luke tocar em cima de um palco todo suado e havia adorado, que eu havia saído da boate e quase sido estuprada, que Luke me salvou, falou um monte de coisas bonitas e depois me deixou no a?

Não tinha como eu dizer isso. E também, não tinha como eu contar a história de uma forma que deixasse o Brian em uma situação melhor. Na melhor das hipóteses, meu irmão iria querer matar ele.

Então respondi:

—Foi ótimo. -e sorri forçado.

Continua... 

 

 


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Notas finais do capítulo

Para dar a vocês um pequeno gostinho da minha nova fic, vou dizer o nome dela: Predestinado. EITAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA.
Espero que tenham gostado do capítulo.
beijos e até a próxima!



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