Real world escrita por Bi Styles


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oi oi gente! Essa vai ser uma história daquelas ein...
Espero que realmente gostem e não desanimem nesse capítulo, porque é o primeiro capítulo e tals.
hihihi



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O barulho do despertador me acordou do sonho. Levantei a cabeça tão rapidamente que bati a cabeça na cama de cima da minha beliche. Pietro, meu irmão mais velho, murmurou alguma coisa e se remexeu na cama de cima.

Levantei da cama e esfreguei meus olhos, tentando afastar o sono. Hoje seria meu primeiro dia do último ano do ensino médio.

Me espreguicei e me estiquei para olhar pro meu irmão na cama de cima.

-Hey! –falei. –Não vai querer se atrasar para o primeiro dia na faculdade, ou vai?

Ele resmungou algo e disse:

-Tá, mais 5 minutos.

-Okay, senhor dorminhoco. –respondi e fui para o banheiro.

Meus cabelos estavam tão ridículos que tive vontade de vomitar. Meus fios, que geralmente são ondulados, estavam todos embaraçados, formando uma espécie de ninho na minha cabeça.

Tranquei a porta do banheiro e tratei de tomar um bom banho.

...

Enquanto meu irmão tomava banho, eu tinha o quarto só para mim. Penteei meus cabelos, organizando meus fios castanho avermelhados em um coque e vesti meu uniforme.

As escolas daqui, de Londres, geralmente usam o mesmo uniforme: blazer, saia, blusa e gravata. Claro que mudavam as cores. O da minha escola consistia em um blazer com a saia e gravata pretos e blusa branca. O sapato poderia ser qualquer um, portanto sempre optava pelo meu bom e velho All Star.

Como nunca curti nenhum tipo de maquiagem, apenas passei gloss labial e desci para tomar café da manhã.

Sabe o que é ter uma grande quantidade de pessoas morando com você? Não sabe? Pois eu sei.

Desde que meu querido pai, que tinha sérios problemas com a bebida, foi embora, eu e minha família morávamos com meus avós. Fora o Pietro, eu também tinha dois irmãos mais novos: Lydia e Juan. Eles eram 3 anos mais novos que eu e, quando meu pai foi embora, eles ainda estavam na barriga da minha mãe. E sim, eles eram gêmeos.

Estava muito barulho na cozinha, como sempre. Minha mãe e minha avó preparavam a merenda. Meus outros irmãos ainda não haviam descido, então podia escolher meu lugar á mesa a vontade.

Escolhi um lugar qualquer na mesa. Minha mãe colocou um prato com torradas e outro com panquecas na mesa. Minha avó pôs uma garrafa de café e uma caixa de leite. E, depois que meus irmãos chegaram, pudemos comer.

Minha mãe, como sempre, era a que mais falava, em todas as refeições. E, logo hoje, ela não iria ficar calada.

-Sophia. –ela falou. Olhei para ela. –Não quero receber nenhuma reclamação sua este ano, está me ouvindo?

-Sim, mãe. –respondi, tomando um gole de meu café.

-Pietro, se eu souber que você anda matando aula para ir ficar com aquelas putinhas, você vai se ver comigo. –ela se direcionou para meu irmão.

-Elas não são putas.

-E vocês dois. –ela apontou o garfo na direção dos gêmeos. –Juan, espero que não tire nenhuma nota vermelha e Lydia... Bem, continue do mesmo jeito de sempre.

Eles assentiram e a refeição continuou sem nenhuma interrupção da minha mãe.

...

Acho que deveria ter alguma lei para punir alguém muito chato do seu lado no ônibus. Por que aquele idiota do Rafael tinha de me abandonar logo hoje?

Só faltava poucos minutos para chegar na escola, mas foram os minutos mais demorados da minha vida. O garoto que se sentou do meu lado não parava de falar sobre futebol e videogame comigo. Tudo bem essa parte, não é? Vocês não viram a pior parte! A cada vez que ele falava, ele gesticulava, fazendo com que um cheio nem um pouco agradável saísse de suas axilas. Eu estava querendo vomitar.

Então, graças a Deus, eu avistei a escola. Nunca senti tanto alívio ao ver a instituição como hoje. Antes de eu sair do ônibus, o menino que passou o caminho todo me tirando o juízo me entregou um papel e disse: Me liga.

Eu apenas franzi a testa e, no primeiro cesto de lixo que encontrei, joguei o papel fora.

Não me julguem! Eu nunca saí com ninguém, nunca beijei ninguém. Não queria ter esperado todo este tempo para ficar com qualquer um.

Ao entrar no corredor da escola, já fui caminhando para pegar meus horários na parede de avisos. Eu precisava achar meus amigos. Precisava que eles me dissessem que estariam em, pelo menos, uma aula comigo.

Antes de encontra-los, fui até o meu armário e coloquei algumas coisas dentro dele, para que minha bolsa não pesasse tanto. Ao fechar a porta do meu armário, me deparei com a criatura mais horrenda da face da terra. Lucas, ou para os mais íntimos, o que não era o meu caso, Luke. Sabe aqueles jogadores de futebol americano que sempre namoram as patricinhas da escola nos filmes? Troque o futebol americano pelo futebol normal e PÁH: você imaginou Lucas Layght. Ele olhou para mim e revirou os olhos. É, esse ano eu teria um bom vizinho de armário. Já que o lado direito do armário já estava comprometido, rezei para que o lado esquerdo tivesse uma pessoa digna de minha presença.

Encostei na porta do meu armário e esperei alguém conhecido passar. Não demorou muito para eu avistar Rafael. Ele veio ao meu encontro e disse:

-Oi.

-Por que não veio no ônibus hoje? –questionei, cruzando meus braços.

-Minha mãe comprou um carro, lembra? Agora ela vai vir me deixar todos os dias. –ele deu de ombros. –Vai ter que vir sozinha agora.

-Depois de todo esse tempo você vai me abandonar? Sério?

-Desculpa, Soph. –ele falou e sorriu. –Teve sorte nos seus vizinhos de armário?

-Deste lado, é o Lucas. Do outro não sei.

Ele riu.

-Lucas cabelo de chiclete?

-Shhhhhhhhh! –coloquei meu dedo indicador na boca, pedindo silêncio. –Todo mundo já esqueceu isso. Cale a boca.

-Tudo bem então. Ao lado do meu armário tem duas lindas garotas: Pâmela e Sarah. Este ano fui sortudo.

-Bom pra você. –suspirei. –Já pegou seu horário?

-Já. –ele puxou um papel de dentro da bolsa. Peguei o meu e comparamos.

-Só vamos ter uma aula juntos. –suspirei novamente.

-Veja pelo lado bom, é aula de biologia.

-E?

-O professor não é muito durão. Vamos poder passar a aula conversando e ele não falará nada.

O sinal tocou.

-É, nos vemos depois. –falei e ajustei minha bolsa de lado.

-Beem depois. –ele piscou e saiu.

Olhei no meu horário e vi que seria aula de matemática. Fui caminhando até a sala 10-B. Quando entrei, vi que tinha chegado um pouquinho tarde, já que todas as cadeiras estavam desocupadas, exceto uma. Caminhei até ela e sentei, abrindo minha bolsa para pegar o livro de matemática.

Meu estojo caiu no chão e me abaixei para pegar, na mesma hora que um menino fez o mesmo. Minha cabeça bateu acidentalmente na dele e eu falei, apressada:

-Desculpa, desculpa. Não foi minha intenção...

-Não tem problema. –ele piscou seus olhos pretos e entregou o estojo pra mim.

-Obrigada. –agradeci.

-De nada. –ele respondeu e sorriu.

Aquele menino era o que a gente chamava de “um pão”! Sua fileira de dentes era extremamente perfeita e seus olhos eram tão brilhantes que demorei um tempo até desviar os olhos de lá.

Então o professor entrou e todo o encanto se quebrou.

-Bom dia alunos. –ele saudou. –Antes de começar a aula, vou fazer a chamada e espero que ninguém tenha faltado. Este ano a escola está com uma nova regra, e essa tal regra impõe um limite de vezes que você poderá faltar. Se algum de vocês faltar mais de 20 vezes, não poderá concluir o ensino médio este ano. Entenderam? –ele perguntou e pairou um silêncio. –Vou considerar isso como um sim.

Ele pegou uma prancheta e começou a chamar os nomes. Como meu nome era com a letra S, tive que esperar muito tempo para ele me chamar.

-Anne, August, Aaron, Bianca, Beatrice. –ele chamou. –Caroline, Christopher, Camilla, David, Edward, Eleonour, Elise...

E foi chamando, até que chamou um nome que fisgou minha atenção: Lucas. Procurei e vi ele sentado á algumas cadeiras na minha frente. Sério isso, vida? Passar o ano inteiro na mesma sala de matemática que Lucas e sendo vizinha de armário? Isso só pode ser brincadeira. Aquele garoto me odeia, e deixou isso bem claro á alguns anos atrás. Por isso que nós nunca nos falamos.

Ia tudo muito bem, até que este ano tudo resolveu nos aproximar. Que pena que, isso é totalmente desnecessário, por que eu NUNCA vou voltar a falar com ele. A não ser que seja questão de escola.

Estava tão absorta em pensamentos que não ouvi meu nome ser chamado, até que ouvi o professor falar, com a voz irritada:

-Sophia. –foi mais como um aviso.

-Presente. –falei e baixei a cabeça.

Ele continuou a chamada e vi que o menino que me ajudou mais cedo me olhava, com um sorriso bobo nos lábios.

-Seu nome é Sophia? –perguntou, sussurrando.

-Algum problema com o nome Sophia? –perguntei de volta, no mesmo tom.

-Não é que... É um nome bonito para uma garota bonita. –ele respondeu e eu baixei a cabeça, soltando um sorriso envergonhado.

Eu era do tipo de garota que se envergonha por praticamente tudo, já que... erm.... Eu nunca tive um relacionamento. Na verdade, nunca beijei nem me apaixonei por ninguém. Isso por que eu nunca tive um tempo para isso. Geralmente tinha que ficar com minha avó ou com meus irmãos mais novos, já que eu era a mais responsável da casa.

Eu tinha de ficar todas as noites com minha avó, já que minha mãe trabalhava em turno integral no hospital, como enfermeira, e Pietro sempre saía para trabalhar á noite, me deixando com a difícil tarefa de cuidar dos gêmeos e da vovó. Desde que meu avô morreu, á uns 5 anos atrás, eu tinha que cuidar dela, para que ela não se sentisse sozinha. Sim, eu poderia simplesmente dizer a minha mãe que precisava ter uma vida social, mas eu nunca quis fazer isso. Minha avó nos acolheu quando ninguém mais fez isso, e eu teria de agradecer de alguma forma.

Sempre tinham garotos interessados em mim, mas nunca dei muita bola pra isso. Por que eu não me interessava em nenhum. O Rafa disse que eu ia ficar para a titia, mas eu não me importava com isso. Além do mais, minha mãe mal deixava eu sair de casa. Ela sempre dizia que era para me proteger do mundo, mas algum dia o mundo ia bater á minha porta e eu não saberia como lidar com ele.

Mas não pensem que eu não saia de casa. Geralmente saía com meus irmãos e/ou meus amigos, o Rafa e a Nina. Fora eles, eu não saía.

Suspirei e esperei até que tocasse para o outro horário.

...

Eu já estava na aula de português quando o sinal tocou, indicando a hora do almoço. Minha escola era particular e de tempo integral. Continha o horário do almoço e um recreio de 1 hora.

Eu fui para a imensa fila para pegar o almoço, já imaginando os pratos incríveis que estavam lá. Como disse, a escola era particular, portanto, tudo era incrível por lá.

Quando chegou minha vez de colocar o almoço, vi que era macarronada com almôndegas e tinham três tipos de suco: uva, laranja e morango. Escolhi o de uva, que era meu preferido.

Saí da fila com os olhos percorrendo todo o refeitório. Foi quando uma mãozinha se ergueu em uma das mesas, indicando onde Nina e Rafa estavam sentados. Tinha 4 cadeiras, e eu me sentei na do lado do Rafa.

-Soube que tem um ótimo vizinho de armário. –Nina soltou, abafando o riso.

-Sério que vocês só sabem falar sobre isso? –esbravejei. –Troquem o disco, por favor.

-Tudo bem. –se rendeu o Rafa, jogando as mãos para cima. –Só queria esclarecer que Lucas cabelo de chiclete será seu vizinho de armário.

-E vizinho de aulas também. –retruquei.

-O quê? –perguntou Nina. –Aulas também?

-As de matemática e português sim. –revirei os olhos. –Mas enfim, só é eu ficar quietinha no meu canto, e ele ficar no dele. Assim não terá confusão.

-Todos estes anos colocavam vocês separados, porque não este ano? –indagou Nina, com seus olhos castanhos me fitando.

-Deve ser porque sabem que nós já somos quase adultos. Qual é Nina, nós dois temos 17 anos, não vamos entrar em encrenca por causa de algo que ocorreu á 5 anos atrás.

-Okay. –ela se rendeu também. –Tem algum gatinho na sua sala? –ela perguntou, já mudando de assunto.

-Sim e, a propósito, ele me chamou de linda. –falei e senti minhas bochechas esquentarem.

-AWWWWNNNNN. –exclamou Nina.

-Nina, baixe o tom por favor. –censurei minha amiga.

-Quem é? Me mostre!! –ela pediu.

Olhei ao redor e não o encontrei.

-Ele não está aqui. –falei e fiz um muxoxo.

-Tomara que não seja um babaca. –sussurrou Rafa, remexendo em seu prato de macarronada.

-Também espero por isso. –sussurrei de volta.

...

O sinal tinha tocado para a aula de biologia. Pedi para o Rafa guardar meu lugar do lado dele na sala, e fui correndo para o banheiro. Eu tinha 5 minutos até que o professor entrasse em sala, então tinha de ser rápida.

Fiz minhas necessidades rapidamente e quando abri a porta da saída do banheiro, esbarrei na criatura mais chata e ridícula que havia no mundo. Quer dizer, a segunda.

-Acho melhor ver por onde anda, Sophia. –falou Britney, naquela vozinha irritante dela.

-Desculpe, mas estou atrasada. –resmunguei e tentei passar, mas ela impediu.

-Espero que esteja preparada para o último ano, querida. –falou, dando um sorriso cheio de dentes perfeitos.

-Estou mais preparada do que imagina. Agora, se me der licença, não posso me atrasar...

-Ah claro, sempre a certinha, não é? –ela fez um beicinho. –O papai ficaria muito bravo se recebesse reclamação da filhinha não é? Isto é, se tivesse pai.

Senti as lágrimas começarem a pinicar meus olhos.

-Eu não preciso dele. –falei, com a voz embargada.

-Claro que não. Você irá aprender a beber sozinha. –ela falou e quando eu ia passar do lado dela, ela colocou o pé, no qual eu tropecei e caí no chão. Ela deu uma risadinha e entrou no banheiro, me deixando no chão chorando e me sentindo humilhada.

Me levantei e saí pelo corredor, tentando enxugar as lágrimas que teimavam á cair.

Dobrei em um corredor, para ir na sala do diretor, já que eu tinha me atrasado, e esbarrei em uma pessoa. AH NÃO, POR FAVOR NÃO.

Então eu vi que era o menino bonito da aula de matemática.

-Desculpe –sussurrei, tentando enxugar as lágrimas dos meus olhos.

-Você está bem? –perguntou, franzindo a testa em preocupação

-Acho que sim. –respondi fungando.

-Por que está chorando?

-Digamos que uma patricinha medíocre fez isso comigo. Mas deixa pra lá. –funguei. –Vou para a sala do diretor.

-Dizer o que ela fez com você?

-Não. –ri de sarcasmo. –Ninguém nunca faria nada com ela. Vou para a sala do diretor porque estou atrasada e preciso pegar permissão para entrar na sala de aula.

-Tem castigo para quem se atrasa?

-Tem sim. –respondi, cabisbaixa. Minha mãe iria me matar.

-Então vamos juntos para lá. –ele falou e sorriu.

-É, vamos. –falei e seguimos para a sala do diretor.

Sabe, até que esse ano pode ser diferente do que eu pensei. E o diferente que eu digo é que, um tal de um menino o qual eu ainda não sabia o nome, poderia ganhar meu coração fácil. Isso poderia ser ruim? Poderia. Poderia ser maravilhoso? Poderia. E eu espero que, das opções listadas, a última seja mais provável.

Como disse Rafa, espero que ele não seja um babaca.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Comentem o que acharam! Favoritem, acompanhem para ver os capítulos novos e MUITO OBRIGADA POR LEREM ♥