Predestination - A Escolha do Sangue escrita por Sâmya Goulart, Amanda Lima


Capítulo 2
17 anos depois - Liv


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!!



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   Sentei-me na beirada da cama ainda ofegante e um tanto atordoada, esta havia sido a terceira vez na semana que eu sonhava com a mesma coisa, ou melhor com a mesma pessoa. Um garoto com um ar sério e postura sólida, de cabelos escuros como a noite com cachos que cobriam boa parte de sua testa e olhos que eram tão verdes que pareciam esmeraldas, proferia uma mesma série de palavras:

"A criança predestinada acordará

E assim voltará ao lar

Com a espada enfeitiçada irá

Com o amado e o odiado acabar."

   Eram sempre as mesmas palavras, assemelhava-se a algum tipo de profecia. Isso acontecia quase todas as noites desde que vovô e eu nos mudamos para Silverwoods, após desadormecer do estado de bela adormecida em que me encontrava, ou seja, depois de despertar do coma.

— Calma, vai dar tudo certo. É só seu primeiro dia de aula numa escola nova, não é grande coisa, ninguém precisa saber que você é estranha. — pelo menos não no primeiro dia — Tente parecer legal.

Fui até meu armário na esperança de achar algo legal e que me fizesse parecer legal. Vesti uns jeans, uma camisa xadrez e calcei meus tênis. Eu não esperava que algum garoto olhasse para mim e pensasse: uau, que gata, mas acho que servia para o primeiro dia de aula. Procurei arrumar meu cabelo da melhor maneira possível, já que ele parecia ter vida própria. Tentei fazer um coque, mas estava um à zero para sua rebeldia, por fim deixei que caísse em cascata fazendo meu cabelo dourado contrastar com a camisa xadrez vermelha, peguei minha bolsa e lembrei-me de uma coisa importante: meu colar, que não era nenhuma jóia preciosa  nem nada, mas que usava desde sempre, parecia parte de mim, pois nunca saía sem ele. O pingente era um semi-círculo preto com duas linhas prateadas no meio. Depois de pegá-lo desci para o café.

— Bom dia querida, dormiu bem? — perguntou meu avô sem tirar os olhos de seu jornal. Acho que somos bem parecidos, temos o mesmo queixo. Somos praticamente da mesma altura apesar de ele me ganhar por uns três centímetros — nada que uns alongamentos não resolvam — ele tem cabelos grisalhos e olhos cansados, cor de âmbar, como os meus.

— Se com "bem" o senhor quis dizer "acordar no meio do mesmo sonho pela terceira vez na semana" então sim, dormi muito bem. — falei bufando.

— Querida, se você quiser pode ficar mais uns dias em casa.

— Não vovô, obrigada, acho que ir pra escola vai me ajudar a esquecer isso e me concentrar em outras coisas. — ele assentiu com a cabeça. Levantei-me e peguei uma maçã.

— Amo você. — disse deixando a cozinha.

— Também amo você, querida. — escutei-o dizer enquanto passava pelo corredor.

 

* * * * * 

 

      Olhei para a folha que a Srta. Clark me dera onde estava rabiscado o número do meu armário, que parecia se esconder de mim. Parei no corredor e suspirei exasperada, olhando para cada armário na esperança que um deles fosse o meu.

—Precisa de ajuda? — disse uma voz animada ao meu lado. Dei um salto quando um garoto puxou a folha de minha mão. Era alto e de um bronzeado natural, com cabelos louros levemente bagunçados e tinha olhos de um grafite tão intenso como a lua em seu apogeu.

—Droga! —falei. —Você me assustou.—ele me olhou, um sorriso malicioso estampado em seus lábios carnudos.

—Desculpe, não foi minha intenção. Sou Lucca Rayden, por sinal. —sorri imaginando a mais bela das luas cheias em seus olhos.

— Olívia White. Sou nova aqui.

—Olha, eu não queria dizer nada, mas bem que eu notei. —falou sarcasticamente sem deixar de sorrir. Voltou-se para a folha que roubara de minha mão.

—Ah 312. Somos vizinhos de armário! —exclamou ele. Eu o conhecia há menos de cinco minutos e já gostava dele.

—Vem, temos aula de Inglês agora. —ele me deu às costas, que eram largas como as de um nadador, e saiu caminhando pelo corredor.

—Você vem? — indagou. Percebi que estava paralisada, com os pés parecendo presos ao chão, observando como seu andar contraia os músculos por debaixo da camisa, endireitei-me e comecei a andar ao seu lado como se já fôssemos amigos.

—Então...—disse ele, sorrindo para mim— Você sempre morou em Silverwoods?

—Não, eu morava com meus avós, mas quando minha avó morreu, meu avô ficou muito triste e disse que tudo na casa em que morávamos lembrava ela, então viemos para cá.— Ele não precisava saber que tentei roubar o lugar da Aurora.

—Saquei. Eu cresci aqui. Minha casa fica tipo a uns dois quarteirões daqui, você pode passar lá um dia desses se quiser.—ele disse sorrindo maliciosamente. Tive a séria impressão de que ele não estava me convidando para estudar.

—É...Hum...—gaguejei, nervosa com o convite. As pessoas não costumavam flertar comigo assim descaradamente.

—Chegamos. — disse ele, parando em frente a uma porta, interrompendo minhas fracassadas tentativas de formular uma resposta.

—É...Obrigada pela ajuda. —olhei-o, sentindo minhas bochechas corarem lembrando do que ele havia sugerido antes.

—Amigos servem para isso. —disse ele dando ênfase a palavra "amigos". Entramos na sala, sentamos lado à lado e conversamos por um tempo até nos voltarmos para a professora que tinha um sotaque britânico fingido.

 

* * * * *

 

     Depois da aula, Lucca foi para outra sala enquanto me dirigia para o armário. Estava guardando meus livros de Inglês, quando subitamente uma garota surgiu ao meu lado, me assustando.

—Por que todos estão me assustando hoje? —perguntei lembrando do susto que Lucca me dera mais cedo.

—Oi, novata.— disse ela ignorando totalmente minha pergunta.

— Meu nome é Harley. — as pessoas aqui são bem... receptivas, pensei.

—Sou Liv. —falei sorrindo timidamente. Ela começou a falar sobre a escola.

—Ah, você vai se amarrar na escola, temos uma banda que além de fazer um som maneiro, só tem gatinho — até que era fácil conversar com ela. Meu primeiro dia e já tinha conhecido pessoas legais. Parei de escutar o que ela falava assim que avistei um rosto conhecido no fim do corredor. Era ele. Só podia ser ele. Nunca me esqueceria daqueles olhos esmeralda. Não, não podia ser ele. Era uma alucinação. Uma pessoa parecida. Voltei à realidade tentando prestar atenção no que Harley falava.

—E tem as líderes de torcida, que são metidas a patricinhas mas quando não tem ninguém olhando se entopem de hambúrgueres. — dizia ela quando olhei sobre seu ombro e o vi se aproximando. Ele parou ao lado dela. Entrei em pânico.

—Ah esse é o Nick, meu ex-namorado. —disse ela fazendo careta, que ele devolveu mostrando a língua.

—É Nicholas, na verdade. —disse me encarando, encarei-o de volta e tive certeza. Era ele.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e se sim, por favor, favoritem, comentem e recomendem!!



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