Monster escrita por Strawaltz


Capítulo 2
Capítulo 2: Adolescência e Percepção.


Notas iniciais do capítulo

Hmm, esse capítulo realmente não me agradou, além de ter várias coisas sem sentido. Acho que em comparação com o primeiro, esse saiu uma grande porcaria. O escrevi com muita presa e estava sem imaginação nenhuma; me parece muito... enfeitado? Depois vou tentar reescrevê-lo.



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Capítulo 2: Adolescência – Percepção.

 

Mais 8 anos depois...

 

            “As duas e trinta e sete da manhã, pequenos gritos podem ser ouvidos vindo do segundo quarto à direita; o lugar onde o pequeno Henry, de apenas seis anos, dorme. O garoto se esperneia violentamente na cama, tentando com toda sua vontade fugir daqueles que o perseguem em seus mais assombrosos pesadelos. Sente um líquido quente escorrer por suas pernas e molhar toda sua cama, ele então  acorda, ofegante. Olhando para o que fizera, sente-se mal por saber que será punido no dia seguinte. Levanta-se, então, para buscar um pano velho  e colocá-lo por cima de seus lençóis.

            Desce sonolento, degrau por degrau, cambaleando durante todo o percurso. Entra na cozinha e então no galpão, onde — não achando o pano — pega uma de suas blusas novas que seu pai o fazia usar para limpar os móveis e o chão. Troca seu samba-canção por uma das calças — agora inúteis — que ali estavam, e sobe novamente as escadas. Vai a passos silenciosos, tentando com todo cuidado não acordar seus pais. Mesmo assim, as tabuas velhas rangem sob seus pés; cada rangida fazendo o rosto do pobre Henry se contorcer como se pequenas agulhas penetrassem seus dedos e calcanhares.

            Chegando ao topo das escadas e indo em direção a seu quarto, o pequenino para no meio do corredor quando ouve  um grito agonizante vindo do quarto de seus pais. A luz acesa cria sombras aterradoras para o garotinho, deixando-o completamente paralisado. Ouve então outro grito, desta vez mais alto. Reúne toda a coragem que possui em seu pequeno corpo e vai, a passos lentos, em direção ao quarto no centro do corredor. Com a porta semi-aberta impedindo sua visão, ele deixa seus pequenos dedos percorrerem a fria madeira enquanto a empurra para dentro. Ele vê, então, aquilo que ajudará sua vida a tornar-se mais insuportável.

            Na cama de casal que permanece no meio do quarto, está seu senhor com as mãos ao redor do pescoço da gentil e doce Hannah. Toda a força que o homem possui, está agora concentrada em suas mãos; os nós nas mesmas se tornando absurdamente brancos. As veias em sua testa se destacam enquanto gotas de suor descem por seu antes angelical rosto. Embaixo dele, a face da jovem mulher torna-se cada vez mais rubra, como se todo o sangue de seu corpo estivesse se concentrando em apenas um lugar. Ela também soa enquanto, com toda a força que lhe resta, finca suas unhas nas mãos fortes de seu marido. Debate-se também, com a esperança de se salvar. Seus olhos saem do rosto de seu marido para descansarem no pequeno corpo que permanece parado junto à porta. Com todo o fôlego que consegue inspirar, grita incessantemente ao seu desalmado filho por socorro. “Mas qual a reação do pobre e infeliz Henry?”, você se pergunta. Tudo que faz — e lembrasse muito bem disso — ao ver a mãe ali, chorando desesperadamente por ajuda, com uma das mãos estendidas em sua direção, é lançar-lhe um olhar inexpressivo, enquanto assiste sua possível morte pelas mãos de seu próprio pai. Ela grita, chora e se esperneia por ajuda; Henry está atônito, sem expressão alguma em seu rosto; não sente nada. Mas então, os gritos cessam de repente. Ele acorda de seu transe e vê, nos olhos profundos de sua mãe, a vida começar a se esvair de seu pequeno e frágil corpo. De sua boca, os únicos barulhos que escapam agora são aqueles de engasgo. Olha para a face de seu pai e tudo o que vê ali é ódio. Não entende, de jeito algum, porque sua mãe parara de gritar tão de repente. Algo está errado, isso ele sabe.

            Ao ver aquela última lágrima escorrer pelo olho direito de sua mãe, Henry faz a única coisa que pode para ajudá-la: ele grita. Enche seus pequeninos pulmões com o máximo de ar que consegue e grita. Não grita pela vida de sua mãe, mas sim porque é o certo a se fazer. Seu pai, assustado com o repentino grito agudo que invadiu o lugar, torna-se uma verdadeira besta; larga o corpo quase sem vida de Hannah e avança em direção ao menino.

            Nessa noite, Henry leva a pior surra de sua noite. É a primeira vez que seu pai lhe quebra um dos ossos. E, mesmo ele tendo salvado sua vida, Hannah não faz absolutamente nada para ajudá-lo; ela apenas fica ali, chorando e contorcendo-se até cair no sono.”

            “Henry...” ele ouve alguém o chamar, mas tudo o que consegue ver é a única e completa escuridão que vem o perseguindo há anos em seus sonhos.

            “Henry.” Novamente, ele escuta ela chamar. Ele estende sua mão, tentando alcançar a voz.

            “Hmmm...” O garoto responde em pequenos e incompreensíveis murmúrios.

            “HENRY!” Aquilo grita repentinamente em seu ouvido. Ele abre seus olhos lentamente, tentando focalizar sua visão. Percebe então, seu professor parado em sua frente, seu rosto a apenas alguns centímetros do seu. O mesmo olha fixamente para a mancha vermelha no rosto do garoto, deixada ali pelo braço que o mesmo usava como descanso.

            Henry olha ao redor, notando todos os seus colegas de classe o encarando com expressões variando entre diversão e repulsa; nada que ele não visse todos os dias. Notando que sua mão segura fortemente à blusa de seu professor, ele a retrai para si.

            “Henry, você deve prestar atenção durante a aula, e não gritar enquanto dorme. Já conversamos sobre isso.” O homem olhava com desconsideração para o jovem a sua frente. Pensava e julgava o garoto com egoísmo. Um dos grandes problemas da humanidade; oh, sim. Em meio a tanta falsidade e egoísmo, aqueles que se dizem puros não são nada além de grandes mentirosos.

            “Sim, senhor. Desculpe-me, não acontecerá novamente.” Ele disse, sabendo que mentia. Mesmo após tantos anos, não conseguia dormir durante a noite; não com as luzes apagadas. Os barulhos não lhe importavam mais.

            Cruzou seus agora longos braços e apoiou sua cabeça sobre eles, ouvindo a explicação de seu professor, mas não a escutando realmente. Pensa sobre o sonho que acaba de ter, levando sua mente a vagar em lugares que nunca antes quisera voltar. A dor que sentiu ao ter um dos pulsos quebrados; como seu senhor bateu fortemente com a frigideira em seu rosto mais tarde naquele dia; o castigo que teve de enfrentar sozinho... lembra-se bem de quando o senhor o sentou em frente a uma árvore e usou uma corda de apenas um metro para prender um daqueles vira-latas da vizinhança na sua direção. Passara seis horas ali, espremendo-se contra a parede que cercava seu quintal. Pobre garoto, ficara traumatizado desde então.

            Com dezesseis anos agora, entende tudo o que acontece em sua casa. Como sua mãe é vítima de estupro matrimonial diariamente; como nenhum deles queria seu nascimento e, o mais importante, porque não conseguia ser como os outros jovens. Desde cedo, não recebera o devido amor e carinho e, como crescera em um ambiente hostil, possuía agora vários problemas emocionais. Não sabia como deveria se sentir em relação às coisas. Tentando esquecer tudo o que acontecia dentro de sua cabeça, ele se empenhava em tudo aquilo que fazia; queria dar o máximo de si para compensar aquilo que não podia conquistar.

            Se junta sempre com alguns de seus colegas de escola e ri; ri de qualquer inutilidade que for; qualquer coisa que o deixe esquecer seus pensamentos e problemas. Porque seu mundo girava em torno dos problemas, e não de si mesmo. Queria saídas, pois não agüentava mais perguntas e faltas de respostas. Tão cedo, só uma palavra corria pela mente do pobre jovem. Mas isso era algo proibido, pois era um dos maiores pecados que ele poderia cometer além de ter nascido, como sua própria mãe havia lhe dito. Enquanto ri com seus colegas, lágrimas deixam seus olhos, e em meio a tanta diversão, ninguém jamais suspeita que aquelas lágrimas sejam na verdade os lamentos de uma alma há tanto tempo perdida. Por isso, é sempre rotulado como idiota, quando na verdade tenta libertar-se da escuridão de seus pensamentos. Não se importa, desde que isso o ajude a sentir-se vivo por alguns segundos, estendendo sua vida por mais algumas semanas.

            Porque nada realmente importa, agora.

 

            Está sozinho.

 

            Sempre esteve.

 

 

            O irritante sinal perfura os tímpanos de Henry, avisando o final do último período. Ele levanta-se pesadamente de seu lugar, pega seus pertences e segue saindo da sala de aula. Apesar de ter alguns colegas mais íntimos, Henry ainda não possui amigos de verdade; as pessoas não se aproximam dele. Tornara-se um garoto franzino, pálido e com profundas olheiras sob seus olhos; aparentava estar sempre cansado e andava sempre a passos largos e rápidos. Quanto menos demorasse a sair dali, melhor. Passava seu dia vagando pelas ruas da cidade, voltando para casa somente na hora do jantar, já que precisava fazê-lo.

            Na escola, graças a sua aparência e quietude, era sempre uma vítima dos mais fortes e corajosos. Enganados estão aqueles que pensam que o pobre e antes inocente Henry se defenderia; ele apenas se deixa apanhar. Doía? Claro. Ele se importava? Não. Afinal, era sempre a mesma coisa, fosse na escola ou em casa.

            Os hematomas, como em sua infância, cobriam grande parte de seu corpo, agora. Questionado sobre isso, sempre dizia que os conseguira fazendo alguma idiotice. Todos acreditavam em suas palavras. Quem duvidaria de uma pessoa tão exemplar? Ele sempre encontrava forças dentro de si para sorrir e contar mentiras; era o que fazia de melhor. Mentir.

            O ser humano é o mais miserável de todas as espécies.

 

            Por quê?

 

            Porque temos razão e sensibilidade contra nós.

 

            “Felizes são aqueles que não conheceram as dores de ter sentimentos”.

 

            Isso é algo que Henry veemente discordaria, pois é o maior deles que ele gostaria de conhecer.

 

            Pergunta-se agora qual deles é, e eu te respondo:

 

            Amor.

 

            Em todos os seus dezesseis anos de vida, amor foi o único sentimento que Henry nunca sentiu, sendo assim o único que ele não pode expressar. Não ama sua família; o que sente é um sentimento errôneo de falsa conveniência.

            Passa pelas portas duplas de sua escola e caminha no sol quente de verão em direção a lugar nenhum. Este sendo o lugar onde ele mais se sente feliz;

            Lugar nenhum.


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Notas finais do capítulo

Eu avisei lol



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