Juliet estava em seu camarim arrumando suas coisas para voltar para casa, arrumar a mala, e ajeitar as coisas para poder ir até o reino de Liberty. A garota estava eufórica, se sentia orgulhosa pelo trabalho bem executado naquela noite, apesar de ter acontecido alguns imprevistos, além de um pequeno acidente com o garçom e as taças de vinho.

Dentro da mente dela, ainda não havia caído a ficha, não esperava ter uma oportunidade dessas, pelo menos não tão cedo. Já que sempre foi uma menina atrapalhada, tinha seu talento para cozinha, mas por pouco não botava fogo em sua casa ou quebrava utensílios de cozinha.

Assim que terminou de arrumar suas coisas, Juliet pegou sua mala e saiu do quarto, iria encontrar com a mãe que já estava esperando do lado de fora do castelo, se despedindo do príncipe de Charles.

— Muito obrigado por hoje, Senhorita Juliet.  – Edward agradeceu sincero. – Foi uma bela festa, graças a você.

— Muito obrigada! – Juliet agradeceu sem graça, mas confiante, sabia que a festa tinha sido um sucesso, caso contrário não teria recebido tal convite.

— Agora precisamos ir, vossa alteza... Temos muito o preparar, para Juliet ir para Liberty. Tenha uma boa noite.

— Boa noite. – Edward respondeu sorrindo. – Boa sorte, Senhorita Juliet. – Enquanto se despedia, o príncipe beijava a mão da jovem chef e depois fez o mesmo com a mãe de Juliet.

Não demorou muito depois que elas foram embora no carro mais do que luxuoso da família Winter. Kenji encontrou com o príncipe Edward entrando no castelo.

— Você viu a minha irmã? Ela não está no castelo! – o tom de preocupação estava nítido em seu tom de voz.

O coração de Edward congelou naquele momento.

— A última vez que eu a vi, ela estava no quarto deitada.

E mais uma vez Kenji e Edward foram até o quarto onde Harume foi vista pela última vez.

— Ela deixou as sandálias... – Kenji pegou o calçado e ficou encarando. – Ela não pode ter ido muito longe. Harume deixou tudo aqui, seu celular, sua bolsa...

— Calma, talvez ela apenas tenha ido tomar um ar em algum lugar, ela dava uma sumida de vez em quando, quando era mais nova.

— Não, a Harume tava me falando hoje que não queria mais cantar, viver daquele jeito, aprisionado... Ela deve ter fugido. Mas ela não tem para onde ir...

Edward ficou pensando, realmente Harume sempre teve uma vida privada de todas as coisas que uma criança poderia ter, não que ele tivesse uma vida livre, mas ao menos tinha liberdade para tomar decisões do que queria fazer da sua vida, a família do príncipe achava importante dar este espaço para o jovem, era um modo de fazer suas escolhas e de amadurecer.

Mas realmente ela não teria para onde ir, entretanto não poderia ter ido para muito longe, sem nada em mãos e ainda descalça.

— Eu vou procurá-la pela cidade. Kenji, ela não deve ter ido muito longe, talvez ela tenha voltado para casa antes.

Layla e Hatori foram embora mais cedo, tinham coisas a resolver sobre o casamento da filha, e até foi autorizado Harume e Kenji passarem a noite do castelo de Charles, foi ideia do próprio Edward, para que a garota pudesse descansar um pouco mais.

Kenji foi procurar pela irmã, também aos arredores da cidade, mas sabia que Harume era boa de se esconder. Já que fazia isso com muita frequência quando era criança.

.*.*.*.

Juliet e Sophia conversavam no carro. A mãe mostrava-se orgulhosa pelo desempenho de sua filha no lugar de Luiza, a verdade era que o acidente de Luiza não fora exatamente um acidente. A irmã mais velha queria que a caçula tivesse uma oportunidade de mostrar o talento que tinha e que poderia dar conta de um evento daquele porte. Então ela mesma forjou um machucado, aliás, tinha se machucado, mas não era nada tão grave. E a própria Luiza fez questão que Juliet cuidasse de tudo.

— Amanhã cedo você já vai embarcar! Está tudo certo! Seu irmão já deixou tudo ajeitado para você poder ir, por isso ele também não pôde vir.

— Mas como? Eu recebi o convite agora pouco! – Juliet indagou, aquela informação não parecia ter sentido.

— Bem, é que a família Alford ja tinha entrado em contato comigo hoje pela manhã, querendo os nossos serviços, eles pediram pela Luiza, mas ela já está no castelo de Charles, então eu falei de você.  – Sophia dizia calmamente, tentando lembrar de como as coisas aconteceram durante o dia. – E eu disse que hoje você estaria no comando do jantar hoje, e eles decidiram que se gostassem de você, iriam te chamar. Então Franz preferiu deixar tudo certinho.

— Entendi... Obrigada mãe, por confiar em mim! – lágrimas de felicidade brotaram dos olhos de Juliet.

A ruiva tinha uma vida regrada e teve que abdicar de muitas coisas, mas naquele momento, ela se sentia tão feliz que fez tudo valer a pena. Achou que devia agradecer aos seus irmãos quando chegassem em casa e também a Harume por ter emprestado o vestido, que aliás, Juliet pretendia devolver.

Em menos de uma hora as duas estavam em casa, ambas cansadas, mas felizes. Sophia estava radiante, sabia que Juliet tinha talento, mas não sabia o quão longe ela poderia ir, ainda mais nervosa do jeito que a filha era, com medo de errar.

Juliet foi correndo para o quarto da irmã, onde ela estava deitada, esperando para ver a mais nova. Ela já imaginava a cara de felicidade de Juliet, quando Sophia ligou, falando que a família Alford havia amado os pratos e a organização do jantar.

— Parabéns! Sabia que ia conseguir! – Luiza levantou no ímpeto da cama, e abraçou a outra.

— Cuidado! E seu machucado? A mãe disse que você caiu! – e por impulso tateou a irmã, procurando por ferimentos,  mas a única coisa que achou, foi um pequeno curativo no braço.

— Fica tranquila eu to bem, foi só um... arranhãozinho. – Luiza riu, relaxada.

— Mas... Mas... – Juliet lembrou-se que a mãe dizia que Luiza havia se machucado feio no jantar e não teria a menor condição de comandar a cozinha.

— É... Eu menti para mãe, ela me levou no hospital, achando que eu tinha quebrado o braço. – a irmã mais velha deu um sorriso traquina. – Amanhã eu já volto pro castelo de Charles.

A ruiva estava aliviada pelo machucado não ter sido nada sério, mas um pouco brava por ter sido enganada.

— Agora vai... Você ainda tem que arrumar sua mala, que pelo que sei, seu voo é às oito horas da manhã.

— O que? – Juliet sabia que teria que ir no dia seguinte, mas não achava que era logo pela manhã, ela já estava prevendo que não ia dormir naquela noite.

— Eu te ajudo a arrumar suas coisas, vamos! – Luiza foi acompanhando Juliet até o quarto dela.

Elas ficaram arrumando as malas até às quatro horas da manhã, era muita coisa que ela tinha que levar, era quase como se tivesse de mudança. Luiza já estava pregando de sono, e dali a algumas horas já teria de estar no castelo de Charles.

Enquanto Juliet ainda estava pilhada, sem acreditar para onde estava indo.

.*.*.*.

Harume estava sentada em cima de uma árvore; era uma grande árvore que ficava apenas há alguns quilômetros do castelo de Charles; os pés estavam imundos e um pouco machucados já que ela foi andando até lá e não estava calçando nada.  Achava que ali era um lugar perfeito para ficar naquela noite, queria ficar longe da família, longe dos olhos de sua mãe. Depois daquele anúncio repentino do casamento, sabia que Layla não tinha escrúpulos para conseguir fama e status, então decidiu que não iria voltar para casa, não tinha para onde ir, muito menos dinheiro para se virar, mas ela ia dar um jeito. Porém não ia permitir ser controlada daquela maneira, casando-se com um alguém que nem falava direito.

Lágrimas escorriam, como as coisas tomaram aquele rumo? Kenji sabia? Provavelmente não, senão ele teria contado, queria encontrá-lo, mas sabia que se fizesse isso, nada adiantaria ter fugido. Enquanto estava perdida nos pensamentos, sentiu alguém tocar sua perna.

— Finalmente eu te achei.

Continua...