The Woods escrita por The Wanderer


Capítulo 31
A Ponte


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, eu sei que estive sumida (de novo), mas estava atolada de matéria para estudar e agora estou finalmente de férias.
Nesse meio tempo eu continuei escrevendo e esse capitulo acabou ficando muito grande. Enfim, encarem isso como um pedido de desculpas hahahaha.
Aproveitem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/672339/chapter/31

Entrei na cabana depois da Avery. Ela anunciou nossa chegada em seu jeito nada discreto, abrindo a porta abruptamente. Um cheiro maravilhoso vinha da cozinha e minha barriga roncou, eu estava faminta.

— Seth quando é que a comida fica pronta hein? — Disse dando voz a meus pensamentos.

— Já está pronta srta. Esfomeada.

— Ah mas também estou com fome. — Replicou Cat em minha defesa.

— Quem põe a mesa e quem lava a louça? — Seth quis saber.

— Eu ponho a mesa, onde estão os pratos e talheres? — Me candidatei rapidamente antes que alguém o fizesse na minha frente. Afinal, ninguém gosta de lavar a louça e não queria sobrar com essa tarefa.

— Naquele armário do canto ali em baixo. — Seth apontou com o pé enquanto se ocupava de mexer alguma coisa na panela.

— Tá bom então, eu lavo a louça. — Alex se manifestou.

Andei até o armário e comecei a pegar a quantidade certa de talheres e pratos mas não sem antes notar Avery sorrindo disfarçadamente com a ideia de não ter sobrado com nenhuma tarefa. Ela que pensa.

— Avery, já que não tem nada pra você fazer, você podia passar as roupas né? Com certeza elas já estão secas. — Provoquei.

Vi seu sorriso murchar na hora e dar lugar a uma expressão do tipo “ah você não fez isso” que me fez gelar por dentro e quase deixar um prato cair.

— Nossa, mas que ideia sensacional Lucy. — Replicou Seth que estava de costas para ela e, portanto, imune ao seu olhar cortante.

Acho que foi exatamente por isso que ele estava com tanta coragem assim em responder ela.

— Tá. — Ela respondeu a contragosto.

Comemos a comida que Seth havia preparado (que por acaso estava deliciosa, como todos nos pudemos constatar) e logo em seguida Avery foi passar as roupas e pude ir enfim tomar banho. Assim que terminei meu banho, coloquei um pijama qualquer que eu tinha pegado da pilha de roupas passadas e estava indo dormir, quando Alex me avisou que no dia seguinte por volta das 6:30 da manhã, começaríamos a treinar.

Ah serio? 6:30 da manhã? Tá de sacanagem né?

Fiz uma careta mas concordei, não queria começar a causar desavenças tão cedo.

~’’~

Ele acordou sobressaltado na manhã seguinte com a garota ruiva ao seu lado e um lençol emaranhado os cobrindo parcialmente. Rapidamente, lembranças da noite passada invadiram sua mente em forma de cenas soltas e desconexas e ele não fazia a menor ideia de como se sentir em ralação a elas. Não sabia se deveria se sentir culpado ou deveria estar feliz.

Mas ele havia sonhado com Lucy outra vez. Como em todas as noites passadas. Pensou em o quanto isso era errado, já que no exato momento, tinha outra garota ao seu lado.

Decidiu se levantar e se vestir. Pensou rapidamente na possibilidade de sair antes que ela acordasse e mesmo que ele soubesse que isso provavelmente a deixaria chateada, ele não descartou a ideia completamente.

Enquanto decidia, saiu do quarto e foi para a sala. Andou metade do caminho até a porta, era só andar aquela pequena distância e ele estaria porta afora. Balançou a cabeça rapidamente reprimindo a ideia. Sentou-se no sofá não sabendo o que fazer em seguida. Olhou para o corredor, na direção do quarto de Elinor, mas seus pensamentos não se ligavam a ela. Porque seu pensamento ficava constantemente voltando a Lucy.

Então ele se levantou, andou até a porta, abriu-a e saiu da pequena casa.

Percebeu que, por fim, não se importava em magoá-la.

~’’~

Acordei com Avery abrindo a janela do quarto onde eu e Cat dormimos. Fiquei instantaneamente cega e me virei para o outro lado cobrindo minha cabeça com o edredom. Ouvi Cat grunhindo em algum lugar do quarto.

— Bom diaaa!! — Avery quase cantarolou em seu tom de voz super alegre.

Grunhi em resposta. Pensei em fazer uma piada que talvez fosse de mal gosto relacionando a alegria dela com o fato de ela ter dormido no mesmo quarto que Seth, mas ainda temia pela minha vida.

— Já são seis horas e Seth está fazendo o café da manhã, sugiro que vocês se levantem agora porque se der seis e cinco e vocês duas não tiverem levantado, eu vou jogar água gelada NAS DUAS.

Tive certeza de ver ela sorrindo com todos os dentes mesmo estando debaixo da coberta com os olhos fechados. Ouvi uns passos e soube que ela havia saído do quarto. Levantei-me porque sabia que a ameaça dela era tudo menos falsa e logo mais ela estaria voltando com dois baldes de agua gelada. Fui até a cama de Cat e a sacudi até que ela abrisse os olhos e me olhasse com raiva.

— Você sabe que ela tava falando sério né?

— Mhmm — Foi tudo o que ela disse antes de fechar os olhos novamente.

— Então tá enquanto você decide se quer tomar banho na cama ou no banheiro, eu vou na frente.

Sai do quarto para o banheiro para fazer minha higiene básica e enquanto escovava os dentes ouvi um grito agudo e um barulho de agua. Sabia o que tinha acontecido antes mesmo de sair do banheiro com a escova de dentes na boca.

Me deparei com uma Avery sorridente com um balde na mão e uma Cat possessa com os cabelos, rosto e a blusa do pijama encharcados. Quase engasguei com a pasta de dente tentando desesperadamente não rir.

Depois de tudo feito, todos estavam prontos na porta da cabana as 6:30 exatamente. Avery carregava a bolsa branca com nossas armas. Alex abriu a porta e fez um gesto para que todos saíssem.

— Então tá, o treino de hoje vai ser bem simples, pois é só o primeiro dia. — Começou ele.

— Vamos dividir vocês de acordo com os treinamentos específicos, isso significa que você Lucy, vem comigo e Cat e Seth vão com Alex. — Avery terminou.

— Aham, só uma pequena ressalva. — Seth deu um passo a frente. — Eu já tenho treinamento.

— Então você não aprendeu nada, porque você luta bem mal. — Respondeu Avery.

Ah não, lá vamos nós.

Seth fechou a cara e tomou fôlego pra responder e eu, notando que isso ficaria feio, o interrompi antes que ele pudesse terminar a ação.

— Galera, a gente podia ir andando né?

Todos do grupo me olharam com olhares curiosos.

— Só ta mega ansiosa porque é seu primeiro dia. — Provocou Seth.

— Não, ô bestão, é que aposto que não vai demorar muito para começar a chover. — Apontei para o céu e todos do grupo olharam na direção na qual eu apontava.

Nuvens carregadas cor cinza chumbo pairavam acima de nós, ameaçando desmoronar a qualquer minuto.

— É, ela tem razão. — Concordou Cat.

— Ok, ok, então vamos logo.

Alex e Avery foram na frente adentrando a floresta e discutindo baixinho algo sobre nosso treinamento. Cat, Seth e eu seguimos atrás em silêncio, muito absortos na própria floresta para tentar puxar algum assunto. Acontece que aquele pedaço da floresta era completamente fascinante. As árvores eram próximas umas das outras, mas não sufocantemente próximas, havia espaço de sobra para caminhar no meio delas, seus troncos eram enormes e todas tinham muitos galhos. Suas copas eram tão altas quanto volumosas e fragmentos de luz passavam entre as folhas formando pincéis luminosos no espaço entre as árvores. Era quase mágico.

Logo as árvores começaram a ficar mais espaçadas e por fim, deram lugar a uma campina perto de um despenhadeiro. Devíamos estar em cima ou em algum ponto alto de uma montanha porque lá longe eu podia ver que ela tinha o fim em um despenhadeiro.

— Genial, porque a gente não treina perto de um despenhadeiro, o que pode dar errado não é mesmo? — Disse irônica.

Avery largou a bolsa de armas no chão, a abriu e simplesmente pegou meu arco e uma flecha e disparou em direção ao despenhadeiro. A borda dele estava bem longe mas eu pude ver quando a flecha atingiu o nada, no limite do despenhadeiro, desencadeando um brilho azul no ar onde ela colidido.

— Que... — Cat havia sido mais rápida que eu.

— Serio que vocês acharam que a gente viria treinar na beira do despenhadeiro, assim, de boa? — Avery perguntou levantando uma sobrancelha.

— Mas o que foi isso? — Finalmente consegui dizer alguma coisa.

— Um campo de energia. — Alex respondeu.

— Aham... claro...

— Alguns anjos conseguem ter total controle sobre sua energia interna e a utilizam a seu favor. — Respondeu Avery notando que eu estava perdida. — Como Alex.

Ele abaixou a cabeça em concordância, porém pude perceber que ficou um pouco sem graça. Provavelmente não gostava de ser o centro das atenções.

— Ah... sim... — Ainda não havia compreendido totalmente, mas insistir nisso seria perda de tempo.

— Então vamos começar logo pra não perder tempo e acho que ninguém quer ficar encharcado né? — Alex fez um gesto impaciente com as mãos.

Avery, que ainda segurava meu arco, pegou a aljava que continha as flechas e começou a andar na direção oposta ao grupo rumo a um grande e relativamente isolado pedaço do descampado. Fez sinal para que eu a seguisse. Assim que alcançamos nosso destino, ela me explicou o que faríamos hoje.

— Então, eu queria começar treinando sua mira, ok?

— Você que manda.

Ela sorriu e me entregou o arco e a aljava. Pegou uma longa capa branca da bolsa e a vestiu. A capa cobria seu corpo inteiro, ia até os pés e tinha um capuz, que cobriu metade de seu rosto quando ela o colocou. Então Avery andou vários metros a minha frente, parou e abriu os braços. Só então pude perceber que a capa também tinha mangas.

Soube, então, que se tratando dela, alguma ideia completamente insana estava por vir.

— Eu quero que você tente me acertar. — Gritou.

Olhei de relance para o outro grupo que estava bem longe agora, eles deviam ter se afastado ainda mais desde quando nós saímos. Se algum deles visse essa cena agora, não entenderia nada. Me perguntei se eles surtariam caso eu atirasse nela ou se nem conseguiriam ver.

— Nós não temos o dia inteiro Lucy. — Avery gritou novamente fazendo com que eu voltasse minha atenção para ela.

— Avery eu não vou... — Não consegui terminar a frase pois ela me interrompeu.

— Anda logo! — Gritou um pouco mais alto, levemente impaciente.

— Você ficou doida?

— Se você não atirar logo, eu é que vou atirar uma faca em você. — Agora ela estava definitivamente impaciente.

— T-tá bom... — Hesitei.

Levantei o arco e desajeitadamente encaixei uma flecha nele. Puxei a corda do arco e me concentrei ao máximo para acertar a posição do arco e depois para mirar nela. Minhas mãos suavam frio, eu estava muito nervosa. Prendi a respiração e tive a sensação de que todo o ar a minha volta tinha congelado. Soltei a corda e ouvi o rápido zunido da flecha cortando o ar. Expirei pesadamente ao mesmo tempo que abaixei o arco. A flecha passou a centímetros de sua cabeça, não sabia se ficava frustrada ou aliviada.

Avery não mexeu um músculo.

— De novo! — Ela gritou.

Doida.

Repeti o processo, dessa vez mais segura de mim. Soltei a flecha e Avery desviou tão rápido que nem consegui acompanhar, mas tinha quase certeza de que minha flecha a teria acertado se ela tivesse ficado parada.

— Você acha que seus alvos vão estar parados? Você tem que prever meus movimentos.

DOIDA.

— Cê ta me zoando né? — gritei impacientemente.

— Não, anda logo que a gente não tem o dia todo.

Os próximos longos minutos se arrastaram em uma sequência interminável de consecutivos erros.

— Eu sei que você consegue fazer melhor que isso Lucy!

— Não consigo não, invenção sua isso.

— Você só está desmotivada, vamos, tente de novo!

Ergui o arco pelo que parecia a milésima vez e peguei a penúltima flecha da aljava. Logo mais teria que ir recolhê-las pelo campo. Quase como se fossem flores. Quase.

De repente ouvi um zumbido passando ao lado do meu ouvido esquerdo. Assustei, abaixei o arco e só então percebi que Avery havia jogado uma faca na minha direção.

— QUAL É A PORRA DO SEU PROBLEMA? — Gritei a plenos pulmões.

— Só estou te motivando, talvez eu consiga te acertar antes que você consiga me acertar.

Ah não, ela só podia estar tirando com a minha cara. Eu ia acertar e ia ser agora.

Calculei rapidamente quais poderiam ser seus próximos movimentos e tracei um plano. Ergui novamente o arco, puxando a corda com segurança. Mirei minha flecha rente ao lado direito de sua cabeça e atirei. Antes mesmo de piscar, puxei rapidamente a última flecha e atirei compulsivamente, sem nem ao menos mirar, no que eu esperava ser poucos centímetros a esquerda de onde eu havia mirado anteriormente. Ela desviou da primeira flecha exatamente como eu havia imaginado, fazendo assim, com que fosse atingida pela segunda.

Assim que a flecha a atingiu, um trovão irrompeu do céu. Levei um susto enorme com a sincronia bizarra. Corri até Avery mas quando cheguei, ela já estava tirando a capa, completamente incólume, com uma expressão levemente animada.

— Mas... — Apontei pra ela, confusa.

Ela franziu o cenho por um instante depois entendeu o que eu estava perguntando.

— Ué por que você acha que eu coloquei essa capa? — Ela riu. — Ela é toda trabalhada em umas substancias que faz com ela seja impenetrável por esse tipo de material da sua flecha.

— Ata. — Concordei apenas.

Cada vez as coisas pareciam ficar mais estranhas e confusas.

— Ótimo desempenho hoje Lucy, sabia que conseguiria. — Ela disse sorridente.

Sorri de volta e agradeci.

— Melhor irmos andando antes que chova né?

Começamos a andar de volta na direção de onde viemos, tínhamos combinado de ir chamar o grupo do Alex, mas todos eles já nos esperavam no ponto onde nos separamos.

—Todos aqui? Ótimo, vamos logo antes que chova. — Alex falou.

Assim que ele terminou a frase os primeiros pingos de chuva começaram a cair.

— Que ótimo. — Disse Seth ironicamente.

Adentramos a floresta e a chuva engrossou consideravelmente.

— É seguro andarmos embaixo das árvores no meio de uma tempestade? — Perguntou Cat?

— Não podemos chamar isso de “ tempestade” — Respondeu Seth.

Como se em resposta a ele, ouvimos um trovão ameaçadoramente alto.

— Tá, ok, talvez podemos.

— Não é, mas não temos outra saída a não ser andar logo. — Alex respondeu a pergunta anterior de Cat.

Nos apressamos mas não demorou muito até a chuva aumentar e todos nós estarmos encharcados até os ossos. Outro trovão aterrorizante caiu próximo demais de nós

— Vamos todos morrer antes de chegar a cabana. — A voz de Cat vacilava de medo.

Andei até ela, a abracei e tentei dizer coisas acolhedoras que as pessoas normalmente dizem, como “ vamos ficar bem, calma”, mas eu nunca fui boa nisso, então eu não estava realmente ajudando.

— Eu sei de uma ponte que corta o caminho seguindo ali pela direita, se seguirmos por ela, nós praticamente chegaremos a porta da cabana. — Sugeriu Alex.

Ele estava apontando para uma trilha que eu não teria visto nunca se ninguém me dissesse que ela existia. Não conseguia enxergar muito da trilha através da chuva, só alguns galhos caídos por cima de um caminho enlameado que seguia para a escuridão.

— Isso, boa ideia! — Cat se adiantou, um pouco desesperada.

— Não sei não Alex... — Avery contestou.

— Avery, eu sei que você adora contradizer todo mundo, mas agora não ta? — Seth disse irritado. — Quero dizer, olha pra Cat... seria muito melhor se conseguíssemos chegar na cabana o quanto antes.

— Tá, que seja, não ta mais aqui quem falou. — Ela virou a cara e andou alguns passos para mais longe dele.

Seth com certeza a havia magoado, mas ela era orgulhosa demais para deixar mostrar. No entanto, eu notei.

— Todos de acordo? — Alex perguntou e olhou para mim.

Apenas acenei com a cabeça, não sabia muito bem o que pensar sobre isso, mas para o bem da Cat, Seth estava certo.

—Então vamos.

Alex guiou o grupo através da trilha traiçoeira enlameada cheia de galhos. Algumas plantas rasteiras enroscaram no tornozelo e pareciam mãos me puxando para dentro da lama. Enfim chegamos a tal ponte de que Alex estava falando. O único problema era que ela era tão longa que, somando com a tempestade, eu não conseguia ver o final dela. Ela também parecia frágil. Talvez até demais.

— Vamos ter que passar um de cada vez. — Disse Alex. — Seth é melhor você ir primeiro para esperar por Cat do outro lado.

— Tudo bem, mas como faço para avisar que cheguei?

Alex, então, tirou uma longa, longa corda da mochila branca e entregou uma ponta para Seth.

— Segure esta ponta da corda que eu vou segurar a outra, ande o caminho todo com ela e quando chegar do outro lado, é só soltar.

— Da por toda extensão da ponte?

— Ela nem é tão longa assim, a chuva é que está dificultando ver o outro lado.

— Tudo bem.

Dizendo isso, Seth pegou a ponta da corda e foi. Alguns minutos de pura ansiedade depois, a corda se soltou e Alex puxou-a de volta.

— Agora vai a Cat.

— Você vai ficar bem, confia em mim. — Tentei acalmá-la.

Ela fechou os olhos e respirou fundo. Em seguida, pegou a corda e seguiu pela ponte. Aconteceu o mesmo que com Seth e respirei aliviada.

Alex sugeriu que eu fosse a próxima, mas insisti em passar Avery na frente, ela mesma não argumentou muito e repetiu o mesmo procedimento dos outros.

— Agora é sua vez Lucy.

Olhei nervosa para ele. A verdade era que eu não queria atravessar aquela ponte. Algo em não ver o outro lado dela me aterrorizava monstruosamente.

— Vai você primeiro, eu juro que fico bem.

— Não posso deixar isso.

— Alex, pelo amor de deus, vai primeiro, eu só to reunindo coragem.

Ele olhou para mim e soltou uma espécie de suspiro irritado.

— Ta bem, mas se você demorar muito eu vou voltar.

— Tudo bem.

Segurei a ponta da corda enquanto assistia Alex desaparecer em meio a chuva em cima da ponte. Pouco tempo depois a corda se soltou.

Era isso. Eu tinha que ir agora.

Me segurei no apoio da ponte como se estivesse segurando minha própria vida. Trazia a corda enrolada na outra mão e estava apertando-a tanto que sentia que ela poderia rasgar minha mão. Fechei os olhos por alguns segundos e tornei a abri-los. Eu tinha que ir.

 Comecei a andar lentamente pelas tábuas da ponte e arrisquei olhar para baixo. Não consegui ver nada, só um denso nevoeiro devido a chuva. Andei mais um pouco, a visibilidade parecia piorar a cada passo e tudo o que eu mais queria era enxergar o grupo. Minha respiração estava presa em meus pulmões e eu podia ouvir meu coração batendo. Depois de alguns minutos que mais pareciam séculos, estimei que deveria estar mais ou menos na metade da ponte quando ouvi um barulho alto e assustador. Dessa vez não eram trovões.

Parei de andar e poucos segundos depois o barulho voltou, como se estivesse dando continuidade ao último. Dessa vez a ponte balançou e pendeu para o lado esquerdo. Me agarrei rapidamente ao apoio do lado direito e minhas mãos quase que instantaneamente começaram a suar frio. Eu estava profundamente aterrorizada. Ouvi o barulho uma terceira vez, mais alto que todas as outras e agora, eu pude identificar com clareza de onde ele vinha.

 A ponte estava quebrando na base.

 Então, tudo aconteceu em milésimos de segundos. A ponte cedeu por completo e eu me vi caindo, ainda me segurando a ponte, direto para morte. Meu estômago parecia ter congelado e grudado nas minhas costas e meus gritos só não superavam o som do meu sangue correndo aos meus ouvidos. Eu nem sabia mais quanto a meu coração.

A ponte bateu em algum lugar do outro lado do despenhadeiro, milagrosamente bem acima de onde eu estava, impedindo assim, com que eu me chocasse contra ele. Mas com o impacto eu soltei da ponte e recomecei a cair vertiginosamente no abismo sem fim. A última coisa que me lembro foi de ver minhas mãos desesperadamente tentando agarrar o nevoeiro e este se tornando rapidamente negro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

TAN TAN TAAAAAAAN.
Comentem o que acharam aí, muito obrigada e até o próximo capitulo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Woods" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.