The Woods escrita por The Wanderer


Capítulo 29
Refúgio.


Notas iniciais do capítulo

Oi oi gente, finalmente, capítulo novo!! hahahaha
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/672339/chapter/29

Enquanto Seth terminava de sair do lago, eu e Avery fomos de encontro com os outros. Alex observou o menino que saía do lago e olhou para mim que o respondi com um simples aceno do tipo “longa história, explico depois” no qual ele respondeu dando de ombros. Começamos a andar mais adentro da floresta, onde ela ficava mais densa e só alguns poucos raios de sol chegavam. Estava ficando quente, mas a floresta era úmida então eu, Avery e Seth, continuamos com nossas roupas molhadas e eu estava começando a sentir que ia sufocar. Para piorar, agora parecia que estávamos andando há horas, mas eu sabia que não devia ter se passado nem meia hora.

Quando decidi que pediria a Avery para darmos uma parada para descansar, ela nos avisou que tínhamos chegado. Me deparei com uma árvore enorme com o tronco anormalmente retorcido e o casco quase negro. Se bem que todas as árvores dessa região da floresta tinham o casco quase negro, só notei isso depois de um tempinho.

— É aqui?

— Sim.

— Mas ué...

Não havia nenhuma porta, nem nada que desse passagem a lugar algum. Aquilo parecia exatamente o que era: uma árvore gigantesca com o tronco mais esquisito que eu já vi na vida.

— Quem abre? — Avery perguntou a Alex.

— Pode fazer as honras, acho que você é melhor nisso. — Respondeu Alex.

Eu não tinha certeza se ele sabia aonde iriamos, porque eu não fazia a menor ideia. Cat também não parecia saber de nada, visto que ela não falou nada desde o lago e só observava tudo.

— Tudo bem então. — Avery se virou para nós como um guia em uma excursão. — Eu vou abrir o portal e eu preciso que todos vocês passem primeiro, eu tenho que ser a última a entrar para manter o portal aberto, quando vocês chegarem do outro lado, FIQUEM PARADOS, senão nós provavelmente vamos nos perder. Entendido?

Todos nós assentimos obedientes, ninguém queria atiçar ainda mais a raiva de Avery.

— Ok então quem passa primeiro? — Perguntou Seth.

— Quem fez a pergunta, muito obrigada por se candidatar, pessoa teimosa.

Dito isso, ela se virou de costas para nós de maneira que ficasse de frente para a grande árvore. Posicionou uma de suas mãos no tronco, embaixo de onde havia uma grande torção esquisita. Parecia mais que aquela árvore havia pegado fogo a muito tempo atrás.

Passaram-se alguns segundos de puro silêncio, onde todo mundo aguardava, olhava para ela e prendia a respiração. Então um brilho bem fraco emanou de dentro do tronco da árvore, emoldurando uma porta e em seguida, uma espécie de maçaneta apareceu na lateral da porta. Avery a abriu e dentro dela havia uma luz branca se projetando para fora, direto em nossos olhos. Achei por um segundo que eu tinha ficado cega.

— Anda logo criatura, você disse que iria primeiro. — Ela disse se dirigindo ao Seth.

— Falei na...

Avery empurrou Seth (que para sua infelicidade, estava perto dela) com sua mão livre, porta adentro. Suprimi uma risada.

— Próximo!

Alex deu um passo a frente, ligeiramente hesitante. Respirou fundo, andou até a porta e a atravessou. Sobrou eu e Cat. Achei melhor que ela fosse primeiro visto que ela parecia estar bem receosa.

— Ok Cat, vai primeiro, tá tudo bem, é só um portal.

Cat olhou pra mim com o pânico estampado em sua cara.

— Eu vou até a porta com você, ok? Daí é só você atravessar, super simples.

Peguei a mão dela e comecei a andar com ela em direção a porta cuidadosamente, quando chegamos nela, soltei sua mão devagar e fiz um sinal para que ela atravessasse, mas ela tinha congelado no lugar com um olhar de puro desespero.

— Meninas, eu vou precisar que vocês andem logo, não queremos chamar atenção de nenhum babaca das trevas por aqui.

Eu tinha que pensar em alguma coisa rápido e então tive uma ideia.

— Cat? Caaaaaat! — Chacoalhei ela um pouco para que finalmente olhasse para mim.

Peguei a mão dela novamente.

— Preciso que feche os olhos, confie em mim.

Não vi nenhum sinal em seu rosto ou nenhuma mudança de expressão que me indicasse que ela havia compreendido o que eu havia dito, mas lentamente ela fechou os olhos. Segurei firme sua mão, dei um passo a frente e me joguei no portal puxando ela junto comigo.

Instantaneamente, tudo ficou branco e o chão desapareceu, estávamos flutuando. Havíamos entrado na luz branca que observávamos a 5 segundos atrás, só que ela estava mais intensa, mais brilhante, mais forte, mais tudo. Em questão de milésimos a luz ficou tão brilhante que tive que proteger meus olhos com meu braço que estava livre e então, senti que meus pés atingiram um chão. Tropecei e caí ainda segurando a mão de Cat. Olhei para ela, para verificar se estava bem, mas minha visão estava voltando aos poucos, de modo que não conseguia enxerga-la completamente, mas ela parecia bem.

Me levantei, soltei sua mão e olhei ao meu redor. Minha visão se recuperava ao passo que eu tentava descobrir onde estávamos. Avistei os outros parados ao nosso lado com suas visões aparentemente já normais, acenando para nós.

Avery literalmente surgiu atrás de nós, aterrissando elegantemente, fazendo com que eu me sentisse mais desajeitada que a Bela do Crepúsculo. Ela se virou de frente para a árvore do qual havíamos saído, que era bem semelhante a qual nós havíamos entrado, fechou a porta e posicionou uma de suas mãos em cima dela. Rapidamente o tronco da árvore voltou completamente ao normal, como se nunca tivesse existido uma porta ali.

Percebi que a minha visão já tinha voltado 100% ao normal e me voltei para Cat que parecia mais tranquila agora.

— Cat, tudo bem com você?

— Aham. — Ela assentiu e abriu um fraco sorriso.

— Muito bem crianças. — Ouvi Avery falar atrás de mim. — Estão todos os pimpolhos aqui?

— Siiim doid... digo, tia! — Seth respondeu frisando o “tia”.

Avery apenas lançou um olhar perfurante para ele, que por sua vez, se encolheu um pouquinho.

 — Ok, o plano é o seguinte. — Alex começou a falar. Eu nem sabia que ele fazia parte da criação do plano. — Eu tenho um amigo que mora nessa cidade adorável, ele tem uma cabana afastada da civilização daqui, na beira do lago e ele concordou em nos deixar ficar nela.

Nossa, mas que conveniente, não?

Olhei desconfiada, essa história estava meio mal contada.

— Ok, ele sabe quem somos, porque estamos aqui e trabalha com a gente, ele mora aqui justamente para caso alguém precise vir se esconder.

— Obrigada. — Disse um pouco ironicamente.

— Ótimo, já que ta tudo explicado, podemos ir andando logo? Esse negócio de abrir portal cansa. — Avery disse.

— Também, essa mochila deve estar pesada, quer que eu a carregue? — Seth ofereceu.

— Não preciso da sua ajuda Seth, preciso que você pare de me encher o saco.

— Ui. — Não aguentei ficar quieta.

Seth me olhou de esguelha com um olhar semelhante ao que Avery havia lançado a ele mais cedo. Mas eu apenas ri.

— Sabe, uma hora dessas eu vou parar de ser tão legal com você, Avery.

— Uh nossa, até escorreu uma lágrima agora.

Dessa vez Cat riu junto comigo. Isso era bom, significava que ela estava menos tensa.

Andamos o resto do caminho em silêncio e chegamos a cabana pelo que eu achava ser por volta das 9h da manhã. Eu já estava faminta naquela altura.

— Mais alguém tá com fome? — Não era possível só eu estar com fome.

— Ah certo, comida... — Avery murmurou e saiu procurando alguma coisa na pequena cozinha rústica.

A cozinha era bem simples, tinha uma geladeira, um fogão, uma pia, um micro-ondas, um pequeno armário e uma despensa. A única divisão dela com a sala de estar era um pequeno balcão.

— Certo, então... quem aqui cozinha melhor? — Perguntou Avery enquanto colocava uma panela em cima do fogão.

— Eu. — Seth se levantou e foi para cozinha.

— Você ta tirando com a minha cara.

— E você ta duvidando dos meus dotes culinários. — Ele colocou as mãos nos quadris levemente irritado. — Vem cá, eu tô me oferecendo pra cozinhar e você ta reclamando mesmo?

Não achei que viveria para ver o dia em que Avery perderia uma discussão para Seth.

— Ah que bom então que ta tudo resolvido né? — Levantei-me prevendo uma briga. — Muito obrigada por se candidatar Seth, se a comida dependesse de mim, estaríamos bem ferrados.

Ele apenas sorriu torto e eu tentei não desmaiar ali mesmo.

Olhei ao redor da cabana distraidamente e avistei um relógio na parede da cozinha, seu horário marcava 15:30. Não é possível, esse relógio deve estar errado.

— O relógio da cozinha está certo?

Alex o avaliou por alguns instantes. Depois meneou a cabeça, estreitou os olhos e contou alguma coisa nos dedos. Ele estava fazendo contas. Então disse:

— Sim, está.

Senti meu estômago gelar, mas mantive a compostura.

Estávamos em outro país.

Não queria pensar demais naquilo ou ia acabar ficando louca. Mudei o rumo da conversa.

— Outra coisa que eu queria saber... roupas? — Precisava urgentemente de um banho.

— Temos várias roupas de diversos tamanhos guardadas nessa cabana.

— Ahn... guardadas desde quando? — Não que eu fosse alérgica a mofo nem nada, mas a essa altura, já devia ter uma colônia inteira de mofo morando naquelas roupas.

— Não se preocupe, quando avisei a ele de que nós viriamos, pedi para que ele lavasse as roupas fazendo um grande favor. — Disse Alex.

E só então eu me toquei de que não fazia ideia ainda de onde estávamos e nem como eles avisaram esse cara de que nós viriamos para cá.

— Mas elas ainda devem estar secando...

Droga... eu só queria um banho.

— Beleza, então vou dar uma volta. — Anunciei.

Por um milésimo de segundo, pude ver o pânico surgindo no olhar de Avery e Alex, mas tão rápido quanto surgiu, foi embora e Avery disse:

— Ok, mas não demore muito e nem vá muito longe, por favor.

— Tudo bem mãe. —Virei-me para a porta e revirei os olhos.

Eu não fazia ideia ainda de onde estávamos, mas pelos menos podia dar uma olhada em volta, na paisagem. Já havia percebido que essa cidade estava cercada por montanhas, inclusive, ela se situava no pé de uma delas. Também havia um gigantesco lago no qual a cidade margeava. Imaginei que eles deveriam pescar bastante aqui. O céu trazia algumas nuvens, mas o sol brilhava desimpedido. Ainda assim estava frio, devia estar fazendo uns 6°C.

Andava novamente pela floresta perto de onde havíamos saído do portal e de repente tive a estranha sensação de estar sendo observada. Olhei ao redor procurando alguém, mas não vi ninguém, então presumi que deveria ser só paranoia minha. Continuei andando tentando reprimir a estranha, porém insistente, sensação de ter alguém me perseguindo. Que péssima hora para não estar com arma nenhuma.

Ouvi o barulho de um galho se quebrando e rapidamente peguei a primeira pedra que vi pelo chão, era melhor que nada. Instantes que se seguiram de puro silêncio ficaram congelados em algum lugar entre o ar e meu pânico. Ouvi novamente um barulho, dessa vez, um farfalhar de folhas e percebi que vinha de trás de mim. Virei-me o mais rápido que pude apertando a pedra com força em minha mão já me preparando para arremessa-la, quando vejo um lampejo de cabelos pretos em meio as folhas dos galhos mais baixos da árvore na minha frente. Avery deu a volta na árvore de forma que pude vê-la completamente. Ela olhou alternadamente de mim para a pedra que eu ainda segurava e só então me lembrei de soltar a pedra.

— Sério? Uma pedra? — Ela arqueou uma sobrancelha.

— Sim, uma pedra, talvez mais eficiente que as minhas unhas.

Avery riu.

— Ficamos preocupados, você estava demorando pra voltar, então eu decidi vir atrás de você. — Ela se explicou.

Reprimi a vontade de gritar “EU NÃO SOU DE PORCELANA” e apenas assenti.

­— Ótimo, agora, se pudermos ir, o Seth já acabou de cozinhar e eu tô morrendo de fome. — Ela indicou o caminho em sua frente e tomou a dianteira rumo a cabana.

Então subitamente lembrei de uma coisa.

— Ahn... Avery?

— Sim?

— Onde estamos exatamente?

— Bem... — Virou levemente o rosto para o lado ainda andando e fez um gesto dramático indicando a floresta ao nosso redor. — Estamos em Hallstatt, na Áustria.

~’’~

— POR QUE? — O homem gritou impaciente.

— Não era o momento certo. — O outro respondeu brevemente.

— Como não? Era o momento perfeito.

O mais forte deles se virou irritado para aquele que o indagava. Os dois usavam mantos negros com capuzes que cobriam seus rostos.

— Momento perfeito se você quisesse ser pego em plena luz do dia, você acha que elas estão sozinhas aqui? Você é muito burro mesmo. — Disse entre dentes.

O outro recuou alguns passos e ergueu as duas mãos com um gesto de rendição.

— Tudo bem, só acho que estamos perdendo tempo Max.

— Sou eu que decido isso Josh, agora cale a boca.

— Como queira.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então é isso gente, comentem se vcs gostaram e também se não gostaram hahahaha
Até o próximo capítulo :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Woods" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.