Counting Stars escrita por BlueBoxInSpace


Capítulo 6
Capítulo 6




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  Depois que o vídeo acabou eu não tive muito tempo para conversar com o Doutor sobre aquilo, porque Anne disse que precisávamos começar o quanto antes.
     - Bom, o que nós vamos fazer, de início, é simples: vamos cuidar dar crianças.
     - E depois? - pergunto.
     - Depois nós precisamos ver se os idosos precisam de alguma coisa e por hoje é só. Pelo menos para o nosso grupo.
     - Como assim?
     - É que nós mulheres nos dividimos em dois grupos. Um dia um grupo cuida das crianças e dos idosos e o outro cuida das coisas como lavar e passar. Depois nós trocamos.
     - Ah.
     Ela me leva para um playground improvisado, que me lembrava um pouco o da TARDIS.
     Quando entramos várias crianças correm em nossa direção gritando e pulando.
     - Tia Anne, olha! - uma garotinha de cabelo castanho curto aponta para a próprio boca que faltava um dente.
     - Parabéns, Jo! Seu primeiro deite de leite!
    - E a fada do dente ainda me deixou algumas moedinhas!
    - Isso é demais! Agora vá brincar como seus amigo, OK?
    - Eles parecem gostar muito de você - digo.
    - É, eu não sei porque...
    - É sério?
    Ela ri.
    - Eles me dizem isso todos os dias!
    Rio também.
    Nós ficamos ali por várias horas, vendo e ajudando as crianças a brincar, correr, desenhar, comer e, quando necessário, cuidar dos seus machucados ao caírem.
    Quando deu 18:00 horas nós levamos as crianças para seus pais e cada uma de nós mulheres recebemos um papel com o nome de um idoso que nós seríamos responsáveis. O meu era um velho comandante da marinha chamado Bruce Salmers, que estava no quarto 16.
    Quando entro a primeira coisa que percebo é a música. Com certeza aquela música era da Terra, eu só não consegui saber qual era, provavelmente uma do futuro.
    Bruce estava deitado na cama com os olhos fechados e um sorriso no rosto.
    - Hã... senhor Salmers? - chamo.
    Ele abre os olhos e me encara sem desfazer o sorriso do seu rosto.
    - Oh, a senhorita deve ser a novata, não é? Clara Oswald se me lembro bem...
    - Isso mesmo, senhor - sorrio de volta.
    - Ah por favor, me poupe dessa coisa de "senhor", eu cansei de ser chamado assim, me chame só de Bruce - ele pareceu irritado, mas depois relaxou - Desculpe a grosseria.
    - Não, está tudo bem, sen... Bruce.
    - Assim é bem melhor!
    - Humm... você precisa de alguma coisa, Bruce?
    - Se eu preciso? Sim, sim preciso. 
    - Tudo bem. Do que você precisa. 
    - De alguém para me fazer companhia.
    - Para?
    - Para eu não morrer sozinho.
    Entro em um pânico interno.
    - C-como assim morrer?
    - Este é o ciclo final de um Senhor do Tempo, querida, tenho certeza de que sabe como é, afinal de contas, o seu amigo também é um, não é? 
    Fico pálida. 
    - Mas como...
    - Eu reconheceria um Senhor do Tempo de longe. Também sei que ELE é o Predador dos Daleks não é? Já ouvi várias histórias sobre o Doutor.
    Eu estava completamente sem reação. Como ele podia saber de tanta coisa?
    - Mas se você é um Senhor do Tempo, porque dizer que era da marinha? 
    - Disfarce. Se eu dissesse qual a minha raça original com certeza coisas ruins iriam acontecer. Por isto o seu amigo está mentindo.
    Fico horrorizada.
    - Mas se você é um Senhor do Tempo... como você pode estar morrendo?
    - As minhas regenerações acabaram, minha querida, todas elas.
   Ele tosse alto.
   - Bem... a minha hora está chegando. Pode abrir aquela gaveta e pegar um pergaminho e lê-lo para mim?
    Faço o que ele pede e me sento na beirada de sua cama. Ao fazer isso ele imediatamente toma a minha mão livre na sua e a segura firme. Abro o pergaminho e começo a ler:
    "O tempo está sempre correndo, mas o seu, infelizmente, já parou. Está na hora de se reencontrar com amigos, parentes e amores que se foram e serem felizes no paraíso. O seu relógio está mudando e é hora de voltar para o um. Feche os olhos e se entregue ao sono infinito e que todos os santos e Deuses de Gallifrey ilumine o seu caminho. Adeus, bravo guerreiro, e boa noite para sempre."
    Olho novamente para Bruce e vejo que seus olhos estavam fechados. Sinto a sua mão fraquejar e soltar a minha bem no momento do seu último suspiro.
    Encaro o corpo sem vida do velho Senhor do Tempo. Se eu não estivesse ali ele morreria sozinho, sem amigos ou família e fico me perguntando aconteceria o mesmo com o Doutor.
    Balanço a cabeça afastando aquele pensamento horrível. 
    Alguns minutos depois seu corpo começa a brilhar em dourado e um clarão me deixa atordoada por uns segundos. Quando minha visão volta ao normal vejo que o corpo dele havia desaparecido. Fico olhando com os olhos arregalados, por um breve momento, o lugar onde estava um corpo à 5 segundos atrás. 
    Desligo a música, vou até a porta e saio. Eu não tinha muito mais a se fazer ali.
    Ouço alguém gritar. Provavelmente foram no quarto de Bruce e não o viram lá.
    - SALMERS SUMIU! - alguém grita e eu confirmo minha teoria. 
    Uma gritaria começou e eu simplesmente ignoro caminhando de volta para o meu quarto.
    Quando chego me jogo na cama e tento organizar meus pensamentos sobre o que houve.
    Ouço a porta ranger e o Doutor entra.
    - Clara! Como foi seu dia? - ele pergunta.
    Não respondo. Me levanto e corro em sua direção, envolvedo-o em um forte abraço. Meus pensamentos voltam à como poderia ser o final do Doutor, sozinho, e começo a chorar.
    Ele se afasta de mim e segura meu rosto com as duas mãos. 
    - Ei, olhe para mim - levanto o olhar para seus olhos verdes - Oque houve?
    Tento contar a ele oque aconteceu, mas eu não consigo, as lágrimas não deixavam.
    Então ele simplesmente se inclina sobre mim e me beija.
    Não foi um beijo apaixonado, como eu esperava que fosse, foi mais um beijo terno, calmo e relaxante.
    Olho para ele confusa.
    - Porque você fez isso?
    - Não interessa, Agora me conte oque houve - a calma dele me assustava.
    Conto a ele tudo oque aconteceu com Bruce e a expressão dele era indecifrável. Era uma mistura de horror, surpresa e arrependimento.
    - Um Senhor do Tempo? Aqui? Você tem certeza?
    - Eu sei oque eu vi e ouvi.
    - Esse dia não pode melhorar...
    - Porque?
    - Eles querem conversar comigo. Acho que já sabem que eu sou o Predador.
    - E você vai?
    - Eu tenho outra opção?
    - Nós podemos ir embora
    - Sem a TARDIS fica difícil...
    - Tudo bem e se...
    - Não. Olha eu vou, vai ficar tudo bem, não precisa se preocupar, eu vou voltar - ele sorri.
     - Tudo bem
     Eu não parecia confiante sobre aquilo. Com certeza algo ia dar errado. E ele também sabia disso.
    Sinceramente, eu não sei como eu consegui dormir tão bem naquela noite.


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