Cold as Stone escrita por BloodMoon


Capítulo 7
Mergulhada em lembranças


Notas iniciais do capítulo

Nossa quase 3 meses? Sinto muito mesmo



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A pequena observava com certa empolgação seu pai se arrumar para deixa-la na escola, a euforia era tanta que nada tirava o largo sorriso de seu rosto, nem mesmo o fato de seu pai ser péssimo arrumando seu uniforme. A razão para tanta animação era o fato daquela ser a primeira vez que ela iria tocar na frente de várias pessoas. Apesar de muito nova ela já sabia tocar com destreza violino, are uma cena de certo cômica, a garota de apenas 7 anos e toda sua pequenez segurar o violino, ainda grande para ela.

– Papai, você vai mesmo me ver tocar? – ela perguntava pela décimas vez e seu pai em todas as vezes achava graça do nervosismo da filha.
– É claro que eu irei minha pequena, não perderia isso por nada. – Ele beijou a testa da filha e o seu sorriso pareceu apenas aumentar

É uma pena as coisas não saírem como esperamos...

Naquela noite, já no palco ela procurou por ele sem sucesso, mas quando a porta se abriu mais uma vez ela não conseguiu conter o sorriso no rosto. O que não durou muito tempo, ela logo notou algo errado na maneira com que ele andava, meio cambaleante e com uma expressão estranha no rosto. Assim que ele a viu já com o violino em mãos pronta para começar a tocar caminhou apressadamente até o palco impedindo o começo da apresentação

– O que você está fazendo aqui Hazel? - Ele gritava de forma arrastada fazendo a garota e as outras crianças se assustarem, ele subiu no pequeno palco, pegou a pequena pelo braço com força e a arrastou para fora do local, a professora ainda tentou conversar mas ele estava bêbado demais e nada o convenceria.

A pobre garota chorava desesperada com a situação, em sua cabecinha aquilo não fazia nenhum sentido mas aquilo marcou mais do que ela esperava, principalmente a marca roxa que ficara em seu braço por algumas semanas. O que se tornou comum ao longo dos anos quando o homem chegava em casa bêbado.

Por alguma razão ela não sentia raiva do pai, mas sim dela própria, culpava-se pelo que acontecera não só naquele dia, mas por sua mãe ter a deixado para trás, e por muito tempo ela não tivera coragem de chegar perto de um instrumento.

*****
– Eu acho que não consigo! – Apenas um minuto para as cortinas se abrirem e Alyssa arregalou os olhos absorvendo minhas palavras, mas uma expressão de raiva surgiu em seu rosto e me preparei para um sermão
– Hazel Jones, você é a pessoa mais confiante de si que eu já vi na minha vida, então, não ouse permitir que umas centenas de pessoas te façam parecer uma criancinha insegura entendeu?
– Mas... – Eu queria dizer que eu era sim essa criança insegura, escondida dentro dessa enorme armadura, queria poder gritar para todo mundo que eu não era nada disso, mas ela me interrompeu antes que eu pudesse discordar
– Não tem "MAS", você vai pegar esse violino e vai tocar da mesma maneira que você fazia nos ensaios, vai tocar como se fosse apenas você nessa sala e mais ninguém – Sua expressão se suavizou e ela colocou sua mão sobre a minha – E eu estarei aqui o tempo todo com você, não há o que temer – Ela sorriu de formar reconfortante e meus medos se esvaíram, e uma súbita animação cresceu dentro de mim, eu sorri confiante para ela, inspirei puxando junto toda força que possuía. E então as cortinas se abriram. Era hora do show

*****

Se eu me concentrasse um pouco ainda poderia sentir todo o meu corpo vibrar ao som dos instrumentos que estavam ao meu redor na noite passada, cada um deles em perfeita harmonia. As coisas ainda não se encaixavam em minha cabeça, que eu realmente havia feito aquilo, não pelo fato em si, mas pelo meu passado.

Antes do concerto as lembranças me atingiram em cheio, a ponto de achar impossível tocar.

O violino nunca fora meu instrumento favorito, porém fora o meu primeiro instrumento. Agora imagine uma criança de aproximadamente 7 anos, sem uma mãe e com um pai preso ao álcool e sem nenhum outro parente, que encontrou na música um refúgio para o turbilhão que sua vida estava se tornando. Foi então que descobri o meu amor pela música e fatalmente o fato de ser um prodígio musical, porém os meus ânimos duraram pouco mais de 6 meses.

Aquela era umas das razões de nunca ter deixado postarem nossos vídeos, eu sabia que era egoísmo da minha parte mas ainda não estava preparada para isso. Essa era uma parte ainda tão complicada do meu passado que eu não conseguia tocar, essa entre milhares que ninguém conhece.

– Olá!
– Ah, oi Izaac! - Disse tentando não soar rude, mas foi uma tentativa falha
– A professora Elena pediu para lhe avisar que aula foi transferida para hoje, por que a sala estará ocupada amanhã
– Ok! sem problema
– Ah Hazel, você foi muito bem na noite de ontem - Ele disse um pouco hesitante
– Obrigada! - Dei um sorriso involuntário e ele respondeu da mesma forma e, por alguns segundos nós ficamos nos encarando e talvez, mas só talvez, se nos fosse permitido, ficaríamos daquela maneira por toda uma vida
– Tirem uma foto, dura mais - Alyssa brotou ao nosso lado, assustando-nos e nos deixando sem graça, olhei de relance para ele e percebi seu rosto ficar um pouco vermelho assim como o meu, olhei para Aly com reprovação ela simplesmente deu de ombros.
– Como vai Izzy? - ela deu um abraço bem apertado no garoto fazendo todos nós rirmos
– Estou legal Alice, imagino que esteja nas nuvens hã?
– Ora por que estaria? - ela disse se fazendo de desentendida, mas seu largo sorriso a entregou
– Acha que não vi um olheiro conversando com você? Você parecia radiante perto dele, o que ele lhe disse?
– Ele apenas me parabenizou pelo ótimo trabalho e me perguntou se eu não estaria interessada em participar do programa de música da Universidade de Nova Iorque - ela disse como se estivesse comentando sobre o que comera no café da manhã
– NÃO BRINCA? - Izaac gritou tão alto que acreditava ser possível ouvir do outro lado da cidade, em seguida ele a agarrou pela cintura e a levantou no ar fazendo ela rir, além de todos que estavam por perto olharem a cena, me senti um pouco deslocada ali e sai a procura da minha sala

– HAZEL, ESPERA! - parei aonde estava e esperei os outros dois se aproximarem
– Está tudo bem?
– É claro, por que não estaria? - Franzi o cenho
– Não sei, você parece um pouco cabisbaixa
– Deve ser apenas impressão sua, eu apenas não dormi direito essa noite! - Bem isso não deixava de ser verdade, eu realmente ainda estava um pouco eufórica quando me deitei mas não diria para eles que essa não era a única razão, a verdade era estava mergulhada em lembranças do meu passado, o que me impedira de dormir.
– Hum... Bom, eu tenho que ir para minha aula agora. Vejo vocês mais tarde!
– Ok - Eu Izaac respondemos juntos e começamos a rir
– Temos aula juntos agora não é mesmo? - Concordei e fizemos o caminho até a sala juntos
– Então... Por que Alice?
– Eu tinha apenas 6 anos e ela 5 quando nos conhecemos, quando ela disse seu nome, achei ter ouvido Alice e não se engane com aquele rostinho, ele esconde um leão enfurecido, naquele dia achei que ira apanhar daquela garotinha que mal chegava em meu ombro - Isso me fez soltar uma gargalhada, ele era realmente bem alto e não duvidava que fosse diferente quando mais novo, o que me fez imaginar Alyssa também mais nova em bem menor enfrentando o garoto grandalhão que acabara de conhecer - Ela ainda teve que repetir seu nome duas vezes para que eu finalmente acertasse e no final nos tornamos melhores amigos - Ele estava com um sorriso bobo no rosto provavelmente um filme passando por sua cabeça.
– Vocês já fi...
– Por favor não cogite uma coisa dessas
– Desculpe eu pensei que...
– Você tem irmão Hazel?
– Não
– Ah... Enfim, imagine que tivesse um, você ficaria com ele?
– É claro que não, isso é nojento - Disse e fiz uma careta
– É exatamente assim que a gente se sente
– Entendi - Nós entramos na sala e o professor entrou logo atrás, iniciando a aula de história

****

Finalmente a última aula chegara ao fim e me encaminhei rapidamente para a sala de música onde acontece as aulas da professora Elena, enquanto caminhava pelos corredores um conhecido blues começou a tocar e por alguns segundos fiquei curtindo a batida, até me dar conta de que na verdade era o meu celular tocando. Olhei para a tela e um número desconhecido aparecia na mesma, dei de ombros e atendi

– Alô
– Olá docinho... senti sua falta! - Uma voz rouca surgiu do outro lado da linha fazendo todo o meu corpo estremecer. Eu não conseguia me mexer, meu corpo simplesmente não respondia aos comando do meu cérebro.

Mal eu sabia que aquele era apenas a faísca e que o inferno estava a caminho.


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Notas finais do capítulo

Heheh que final em...
Agora falando sério, eu to com umas ideias bem legais para os próximos capítulos, mas apartir de agora só vou postar quando tiverem no mínimo 2 comentários, então já sabem se quiserem saber o que vai acontecer daqui pra frente, vocês terão que falar alguma coisa. Até o próximo!



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