"Como se você sentisse pelo menos um terço do que eu sinto por você." essas palavras de Harry iam e viam a cada minuto.

E se talvez eu realmente sentisse algo que fosse muito mais que um terço por ele?

Por que eu achava  que um terço parecia tão pouco para definir o que eu estava sentindo naquele momento? 

Harry estava ali parado na minha frente e dizia que o que sentia por mim era real. Porém ainda tinha o Thomas, e eu tinha certeza de que o que eu sentia por ele também era real.

E ainda tinha a possibilidade de eu sentir algo que parecia muito mais do que real pelo Harry.

Eu estava pilhada. Estava confusa. Eu precisava tirar tudo aquilo da minha cabeça pelo menos por alguns segundos.

Por isso quando Harry estava pronto para desfazer o abraço, eu o segurei e o beijei.

Pude ver seus olhos se arregalarem antes de se fecharem após perceber o que eu fiz.

Ele tentou recuar um pouco o rosto confuso:

"Aster, acho melhor nós não..." e então eu juntei nossos lábios novamente.

Naquele momento eu entendi cada sentimento dele sobre estarmos juntos, pois eu estava sentindo tudo aquilo. Sentindo como se fosse apenas eu e ele ali.

Uma de suas mãos foi para a minha cintura nos mantendo colados. Eu duvidava que conseguiria ficar em pé com as minhas pernas moles como estavam.  A sua outra mão foi no meu rosto, acariciando-o e eu levei as minhas aos seus cabelos macios.

Seus lábios se encaixavam perfeitamente nos meus e apesar da situação ser nova, era como se eu soubesse como beijá-lo há anos.

Meu coração quase saía do meu corpo e eu poderia jurar que naquele momento éramos um.

Ele prendeu meu lábio inferior entre seus dentes, mordendo levemente  e me deu um selinho demorado antes de se afastar.

Harry fechou os olhos e suspirou fundo:

"É doloroso ficar perto de você." ele me olhou enquanto passava a mão em minha bochecha.

"Por favor, não se torne mais um que foi embora." eu o abracei e ele me apertou entre seus braços.

Agora que tinha aparecido a possibilidade de Harry se afastar de mim, eu estava arrasada.

Harry era mais importante para mim do que eu imaginava, mas ainda tinha coisas bagunçadas na minha mente.

Como o Thomas agindo diferente comigo. Eu o amava, mas às vezes era como se só fosse eu na relação, como se não fosse recíproco.

E ali estava eu, abraçando e com medo de perder o garoto inconveniente que ligava o som alto de madrugada só para atrapalhar meu sono, o mesmo garoto que tinha acabado de se declarar para mim. Um garoto por quem eu claramente sentia algo, mas não sabia definir o que, só sabia que era algo bom. Muito bom. Um garoto que preferia se afastar para não ultrapassar a linha da amizade que eu havia imposto.

Talvez Alice estivesse certa. Talvez Tom não valesse tanto a pena e eu estaria apenas me guardando para alguém que não estava nem aí.

Ou talvez fosse muito precipitado afirmar a conclusão de que eu estava apaixonada pelo Harry.

"Eu não vou a lugar algum, se você não quiser." sua voz me deixava tão absorta que se ele me pedisse em casamento eu tinha certeza que mais da metade do meu ser aceitaria.

Apesar de ser uma sensação eufórica, a outra parte, a parte mais racional não gostava disso. Era perigoso, repentino, não planejado e eu odiava não planejar algo.

Já a parte impulsiva, a qual nunca tinha aparecido antes de Harry, estava tomando altas proporções rapidamente.

"Você sabe que não é tão simples assim, certo?" eu apontei para nós dois. "Digo, isso entre nós."

Harry assentiu com a cabeça.

"Eu preciso saber se isso é real. Preciso saber o que eu sinto, o que você sente, se não é uma coisa de momento e..."

"Eu sei o que eu sinto, o que eu estou sentindo e sei que não é uma coisa de momento. Pelo menos não para mim. Pode parecer mentira, mas eu não faço o tipo que sai por aí se declarando enquanto não tenho certeza do que eu sinto. Eu tenho certeza dos meus sentimentos." ele sorriu consequentemente me fazendo sorrir fraco.

"Eu costumava ter certeza também." eu abaixei meu olhar e ele pôs a mão no meu queixo levantando-o para que eu o olhasse nos olhos, então ele me beijou novamente.

Esse foi um beijo menos desesperado, mas muito mais intenso do que os outros. Meu coração batia tão rápido que eu tinha vergonha com a possibilidade de Harry ouvi-lo. Eu parecia uma pré-adolescente descobrindo os efeitos da puberdade. Parecia aquelas cenas dos livros que eu tanto imaginava. Parecia que eu estava tendo meu primeiro beijo.

Harry era sempre o primeiro a lembrar que precisávamos de oxigênio para viver e se afastava.

"Eu sei que você tem muitas coisas para resolver e compreender, mas tudo que eu preciso é que você saiba que o que eu sinto por você não chega nem perto de ter uma definição plausível e enquanto eu souber que você tem certeza que eu estou aqui, eu sei que valerá a pena te esperar."

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"Mas que droga!" Harry falou quando achamos a Scarlet naquele estacionamento enorme.

Alguém naquela feira lotada e gigante havia estacionado um TR4 atrás da kombi, nos impossibilitando de sair da vaga.

"O que vamos fazer agora? Será que ninguém sabe de quem é esse carro?"eu perguntei tentando achar o possível dono.

"Ai me desculpem, eu só vim buscar a minha irmã." Uma garota de óculos escuro, que mais parecia uma modelo, apareceu com uma miniatura dela segurando a sua mão. 

"Não, tudo bem. Ainda bem que você apareceu logo." eu disse enquanto Harry já estava prestes a entrar na Scarlet.

"Harry? Harry Styles?" ela tirou os óculos, franzindo a testa e ele se virou para encará-la, com uma expressão confusa. "Não lembra de mim? Sienna Bowman.

Ele pareceu se lembrar e Sienna foi cumprimentá-lo com dois beijos na bochecha.

"Sua namorada?" ela me cumprimentou da mesma forma.

Olhamos um para o outro e Harry disse:

"Não, ela é minha meia-irmã."

Aquilo me incomodou mais do que deveria apesar de ser apenas a verdade. Não tínhamos nenhum compromisso, mas ele poderia ter dito que éramos amigos. Meio-irmãos era quase dizer "Sem chance de termos algo um com o outro."

Eu apenas forcei um sorriso e disse afirmando com a cabeça:

"É, eu tenho um namorado."

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