Chiquititas - Innocence escrita por Geovanna Danforth


Capítulo 2
Festa


Notas iniciais do capítulo

Aqui vai mais um...



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Nós almoçamos depois, todos juntos; dona Carlota na cabeceira e Suelen do outro lado em sua direção, meninas de um lado e meninos do outro, Suely almoçou no escritório porque estava atolada de trabalho e Soraya almoçou no seu quarto como uma verdadeira garota rebelde chateada com a mãe. A noite chegou e a festa também.

CH

— Você está linda! _ disse Renata ao invadir nosso quarto, eu e Adriana já estávamos prontas e Renata veio para irmos juntas. _ Parece uma modelo...

— Desde quando você entende de moda Renata? _ perguntou Adriana que estava sentada no beliche.

— Desde sempre! _ respondeu jogando os cabelos para o lado. _ Agora vamos! Já vai começar a festa.

Todas estávamos ansiosas, eu me olhei no espelho e gostei do que vi, meu cabelo estava solto e minha franja comportada e o vestido combinava com minha pele. Olhei para as meninas na porta e vi que também estavam bonitas, Adriana estava fofinha e rosada e Renata parecia misteriosa com os cabelos negros soltos.

Passei pela porta e elas me seguiram, descemos as escadas e fomos para piscina pelo corredor, vimos Rangel e Maíze, pareciam estar brigando mas depois eles pararam e nos encararam; Maíze me analisou dos pés à cabeça e eu fiz o mesmo, ela estava meio bonitinha mas eu tinha que confessar que ela era meio gordinha... Já Rangel me olhou bem nos olhos.

Nós continuamos nosso trajeto e encontramos os meninos na piscina dando gargalhadas, eles estavam com camisas de bolinhas e uma calça social, Adriana foi falar com Railsom e eu e Renata ficamos como estátuas, percebi que ela estava observando a decoração, por todo o lado haviam balões e bexigas, na parede havia uma faixa enorme com letras, embaralhadas para mim, e embaixo dela havia uma mesa enorme repleta de docinhos e salgadinhos e um monte de coisas coloridas.

Observei rapidamente e do nada os meus olhos encontraram os dele... os olhos de Tiago. Meu coração quase saiu pela minha boca, Tiago estava perfeito aquela noite e como eu não sabia dançar direito eu não quis nem chegar perto dele, mas isso seria quase impossível; Adriana iria ficar com Railsom, e Renata adorava Antônio porque ele a fazia sair do chão, e eu não gostaria que aquela garota ridícula ficasse com Tiago então me aproximei dele.

Depois ficamos todos juntos conversando, principalmente sobre comida, até que eu percebi os outros chegarem, dona Carlota e as meninas. Depois de uma correria dona Carlota começou a falar num microfone ligado a uma caixinha de som que havia ali.

— Boa noite crianças, estamos reunidos aqui para comemorar a chegada dos novatos_ sorriu ela para nós_ e pra começar a noite, gostaria que cada um viesse aqui e contasse um pouco sobre a sua história, ok? _ balançamos as cabeças e meu coração disparou.

Eu sempre ouvia falar que em outros orfanatos, as diretoras chamavam as crianças para uma sala, uma de cada vez talvez, e mandavam contar tudo sobre a sua vida, talvez fosse para saber como ela havia chegado até ali; mas eu nunca havia pensado que isso iria acontecer numa festa! Não queria contar a minha história, ela era horrível! Iria estragar a festa!

Por um instinto próprio do meu corpo eu fugi. Eu já estava acostumada a fazer isso. Fugir.

Corri escada acima e me tranquei no banheiro das meninas. E chorei.

Depois de um tempo, ouvi batidas na porta.

Droga! Eu sabia que eles perceberiam que eu não estava mais na festa, mas não sabia que ia ser tão rápido...

— Laurinha? Você está aí? Abra a porta por favor querida...

— Eu quero ficar sozinha... _ resmunguei entre soluços.

— Mas eu estou sozinha aqui. Não há mais ninguém, abra a porta pra mim...

Fiquei em silêncio.

Se eu não abrisse a porta agora, os outros iriam aparecer e ficar enchendo o meu saco, então decidi ir até a porta, segurei a maçaneta e pensei de novo, eu era boa nesse negócio de pensar duas vezes mas por fim, girei a chave e dei de cara com dona Carlota, estava com uma cara horrível de preocupação me fazendo lembrar de tia Rita.

— Oh querida... _ falou ela me puxando para um abraço. Fiquei sem reação, dona Carlota devia estra meio birutinha, nada havia acontecido comigo, eu só tinha me trancado no banheiro; um coisa que já havia feito várias vezes... No meu antigo orfanato, quando isso acontecia, a tia Rita apenas me deixava sozinha para pensar, ela sabia dos meus problemas, é, havia esse pequeno detalhe, dona Carlota não sabia dos meus problemas.

— Querida, fiquei tão preocupada com você! Você está bem? _ Ela se agachou para me olhar nos olhos mas eu apenas a encarei, sabia que meus olhos estavam vermelhos. _ Por favor, me diga que vai voltar pra festa...

— Só se a senhora me prometer que não vai me chamar pra falar.

Dona Carlota arqueou as sobrancelhas.

— Você tem vergonha?

Eu desviei o olhar e murmurei.

— Não.

— Mas então, porque você...

Lágrimas começaram a nascer em meus olhos... mas que droga! Porque eu tinha que chorar?

— Oh não querida, _ falou ela ressentida_ eu não vou chamar você, mas me prometa que vai voltar. _ ela me olhou nos olhos e eu balancei a cabeça positivamente. _ Ótimo! Porém, tem uma coisinha que... _ eu a encarei e ela pigarreou_ depois nós vamos ter uma conversa.

Eu não tinha outra escolha, era melhor dona Carlota saber da minha história do que o orfanato inteiro...

— Tudo bem dona Carlota.

— Que bom! Agora vamos. _ Ela me pegou pela mão e me levou pelas escadas, depois falou. _ Ah, e não precisa me chamar de dona Carlota, _ levantei a cabeça para olhar para ela _ isso soa tão adulto... _ ela olhou para mim. _ Pode me chamar do jeito que quiser, mas não de uma maneira depravada ok?

Concordei com a cabeça e decide que a chamaria de “tia”, assim como chamava Tia Rita. Não sei como, mas senti a presença de Tia Rita ali, não sei se era o fantasma dela, só sei que seu amor e carinho pareciam tocar meus pelos, estavam vindo de algum lugar, e eu estranhei a hipótese de estarem vindo de tia Carlota direto para mim.

CH

A festa continuou e todos tiveram suas oportunidades, Tiago contou o que eu já sabia, que seus pais haviam morrido num acidente de carro e só ele sobreviveu, Railsom falou que sua família tinha um grande envolvimento com drogas e sua avó o livrou de mais pesadelos, e Antônio que só foi criado pela mãe ainda teve o desgosto de vê-la fugindo com um homem, o deixando sozinho. O final das histórias eram sempre os mesmos, fomos salvos por tia Rita desde quando entramos nos seu orfanato.

Eu fiquei bem quietinha num canto e tia Carlota fingiu que não me viu, depois de todo mundo ter falado tia Carlota falou mais algumas coisas bonitas e colocou alguns vídeos num aparelho que refletia na parede, o vídeo mostrava um ambiente de festa onde pessoas estavam dançando em pares com uma música dos anos 80, era legal e até engraçado, fazia eu me lembrar de algumas danças doidas que nós dançávamos no antigo orfanato, depois que nos empanturramos de docinhos e bolos tia Carlota nos convidou para dançar, ou pelo menos tentar; antes de eu decidir se ia dançar ou não Tiago me puxou pela mão me fazendo escorregar, mas até que conseguimos nos equilibrar e quando percebi, já estava rodopiando.

Meus cabelos voavam enquanto eu girava e acertaram a cara de Tiago algumas vezes, nossas mãos estavam seguras e firmes impedindo um movimento errado e isso me deu mais segurança enquanto eu me soltava cada vez mais no ritmo.

Observei que ao meu redor outros também dançavam, Adriana dava gritinhos enquanto rodopiava nas mãos de Railsom, não conseguia estender como ele a aguentava tanto, já Antônio faltava carregar Renata que parecia um bebê perto dele.

Não vi Maíze, até que vi um vulto andando em nossa direção, era alguém que passava pelos outros e chegava mais perto.

Era Maíze, até me assustei mas não tanto quanto Tiago que acabou perdendo o controle enquanto me fazia girar, dei um escorão em Maíze sem querer e quando dei por mim ela estava dentro da piscina, escorreguei e quase caí também mas Tiago me segurou.

Soraya surgiu do nada atordoada por causa do barulho na água e arquejou quando viu Maíze.

— Oh! Maíze!

Estendeu a mão para ela e a puxou. Maíze saiu de lá com uma cara... Me olhou com raiva mas também com vergonha, se abrigou em Soraya que parecia uma mãe preocupada.

Suely deu uma toalha para Soraya que cobriu Maíze saindo com ela silenciosamente, depois a festa voltou ao normal, mas não para mim; senti que já tinha estragado tudo...

A festa acabou um pouco tarde, mas mesmo morta de sono quis ajudar Tia Carlota com a bagunça, porém ela falou que só íamos arrumar de manhã e eu fui me jogando pelas escadas até o quarto, Adriana dormiu na cama de cima e eu dormi com a mesma roupa na cama de baixo.


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