Chiquititas - Innocence escrita por Geovanna Danforth


Capítulo 1
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Notas iniciais do capítulo

Ser órfã é uma coisa muito ruim, agora ter várias mães é pior ainda.
Alguém deve se perguntar: Mas por quê? Ter várias mães é ótimo!
Não, eu respondo. Não quando todas, todas elas, são tiradas de você.



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A manhã estava linda aquele dia, o sol fazendo meus cabelos loiríssimos brilharem e refletindo em meus olhos verde-esmeralda, fazendo também minha pele branca ficar vermelha... Me lembrava bem daquele dia, talvez seja porque eu o havia observado bem...

Uma mulher por nome Carlota ia comigo dentro do carro junto com o motorista, ela estava me levando pra uma “nova casa” e eu não estava gostando nem um pouco; já havia tido uma, não só uma na verdade; mas o pior de tudo era que eu estava sozinha, sem ninguém.

Paramos em frente a uma casa, observei bem e vi que era uma mansão, não dava pra distinguir a cor, talvez um creme ou branco. Um homem negro abriu a porta e Carlota murmurou:

_ Esse é o Carlos.

Eu balancei a cabeça, confirmando.

E entramos.

Do lado de fora era enorme mas parecia pequeno, acho que porque ali havia muitos cômodos, o primeiro que eu entrei foi a sala, super sala... tinha dois sofás, um hacker com uma tevê enorme e do lado direito um extenso corredor, do lado esquerdo uma escada que levava para o segundo andar.

_ Seja bem vinda! _ falou Carlota_ Como é mesmo o seu nome?

_La-laura_ gaguejei.

_Hum, pois então Laura...

_ Mas prefiro Laurinha. _ a interrompi.

_ Tudo bem, pois então Laurinha, vou levá-la para o seu quarto, lá você vai arrumar suas coisas e depois minha filha Soraya vai mostrar a casa pra você.

Ela começou a subir as escadas e eu a segui mas estava com algumas dúvidas...

_ A senhora tem filhos?

_ Sim, na verdade tenho filhas_ respondeu ela sorrindo_ tenho 3 filhas.

_ Nossa..._ murmurei.

Subimos as escadas e fomos por um corredor que ficava na mesma direção do outro abaixo de nós, passamos por uma porta e na segunda nós paramos, Carlota abriu a porta e nós entramos, e o que vi agradou meus olhos.

Eu vi um beliche do lado direito do quarto e ao lado dele uma penteadeira, do outro lado havia um guarda roupa e uma janela com uma vista magnífica, a cor das paredes era de um laranja bem fraquinho.

_ Bom Laurinha, esse vai ser o seu quarto.

Arquejei.

_ Nossa... eu nem acredito, obrigada dona Carlota, eu...

_ Você tem permissão pra me chamar de Carlota, ok?

_ Tudo bem... _ eu sorri.

Nos sentamos na cama de baixo do beliche e eu fiquei analisando o quarto até que percebi que ela me olhava.

_ E então querida, porque não me fala um pouco sobre você? _ eu franzi a testa_ me fale um pouco sobre a sua vida...

_ Minha vida...? _ murmurei, e as imagens perturbadoras vieram à minha mente...

Uma mulher deixando um bebê na porta de uma casa.

Outra mulher o acolhendo com alegria.

Lágrimas caindo de meus olhos enquanto um garoto me dizia para não gritar enquanto minha mãe era agredida por um homem.

E a triste lembrança dela me deixando num lugar desconhecido com uma mulher de óculos, me prometendo que voltaria logo.

Também, a imagem de duas garotinhas curiosas me olhando, aquelas que seriam as minhas futuras amigas, me olhavam inseguras, me vendo chorar no colo da mulher de óculos quando descobri que minha “mãe” não voltaria nunca mais...

As imagens continuaram e a última foi a de alguns dias atrás, quando uma mulher mandou eu e meus amigos arrumarmos nossas coisas pois iríamos embora do orfanato, ela dizia que tia Rita (a mulher de óculos) não iria mais voltar pois tinha sofrido um acidente e estava morrendo. Me lembro do rosto de minhas amigas que pareciam não entender nada enquanto eu gritava: “Ela não morreu! Será que vocês não percebem que eles estão nos enganando?!”

Dona Carlota ainda esperava por uma resposta mas então me viu murmurar com lágrimas nos olhos.

_ Não queira saber...

Ela ficou muda por um momento, mas depois falou baixinho:

_ Ah querida, me desculpe, mas é que não sei nada sobre você... _ ela fez uma pausa_ Vamos tentar conversar outra hora... Pode ficar arrumando suas coisas nas gavetas enquanto eu vou buscar as outras crianças.

_ Outras crianças? _ as lágrimas cessaram.

_ Sim, são cinco que ainda vem, na verdade um já está aqui mas ainda faltam os outros.

Eu concordei e quando ela saiu meus olhos brilharam...

Me despertei e voltei a arrumar o quarto e percebi que haviam duas portas no guarda roupa, quatro gavetas na penteadeira e duas camas no quarto, ou seja, eu teria companhia. Estava ansiosa, arrumei minhas roupas nas gavetas e fiquei olhando pela janela, cansei dali e acabei ouvindo algumas vozes no corredor, fui em direção a porta e quando a abri quase paralisei.

Cabelos ondulados e longos, pele branca e um sorriso glorioso: Adriana.

Ela estava bem na minha frente, foi difícil perceber que eu não estava sonhando mas então, vi dona Carlota ao lado dela.

_ Laurinha! _ ela exclamou sorrindo e me abraçou. Eu sorri junto com ela.

_ Adriana... _ sussurrei e fechei os olhos, depois que ela me soltou começou a explorar o quarto, eu olhei para dona Carlota e ela sorriu pra mim sabendo que eu tinha um milhão de perguntas pra fazer a ela.

_ Fiquem a vontade, eu vou resolver umas coisas e depois volto pra conversarmos.

Ela saiu e eu fechei a porta alegre pois ela responderia as minhas perguntas, mas o sorriso sumiu quando eu me dei conta de que eu deveria responder as perguntas dela...

Fiquei conversando com Adriana enquanto arrumávamos o quarto e ela me disse que dona Carlota havia sido muito legal com ela, porém, eu suspeitei.

_ É sério Laurinha! Eu disse pra ela que a minha mãe morreu depois de uma cirurgia nos olhos e o papai me abandonou com a vovó, mas quando ela morreu tiveram que me levar para o orfanato da tia Rita, _ Adriana já estava sem seu sorriso glorioso e percebi que ela estava ficando triste _ mas a tia Carlota me disse que pelo menos eu tenho algumas lembranças da minha família, diferente de outras crianças que infelizmente... _ Adriana continuou a tagarelar e eu me dei conta de que dona Carlota não era tão burra quanto parecia, ela sabia de algo importante, por isso falou aquilo para Adriana, ela estava se referindo a mim! Fiquei chocada. _ o que foi Laurinha? _ perguntou Adriana por fim _ O que aconteceu?

Eu me sentei na cama de baixo e Adriana se sentou ao meu lado.

_ Você já conversou com ela?

Balancei a cabeça.

_ Não.

_ Mas não precisa ficar triste, ela vai ajudar você, vai nos ajudar... _ eu fiquei calada_ você sabe disso, não esqueça... _ ela passou o braço por meus ombros e encostou a cabeça na minha _ vamos ficar bem... _ então ela mostrou os dois dedos pra mim, o indicador e o médio, me fazendo lembrar do nosso juramento, um juramento inventado numa noite barulhenta.

CH

Tínhamos brincado a manhã inteira e quase arrumamos bronca com a tia Rita, quando entramos no imenso quarto repleto de beliches só faltamos explodir de tanto rir. Até que conseguimos parar.

_ Será que ela vai brigar? _ perguntou Adriana.

_ Tomara que não... _ eu falei.

_ Isso se você não contar né... _ retrucou nossa outra amiga Renata.

_ Mas por que eu falaria?

_ Ah Laurinha... você conta tudo pra tia Rita!

_ Tudo não... só os problemas...

_ E isso é o quê?

_ Ei meninas! _ falou Adriana quase gritando_ vamos jurar que ninguém vai falar e pronto.

_ Tudo bem_ eu falei _ eu juro que não vou falar nada.

Esperamos Renata mas ela falou outra coisa.

_ Jurar assim não vai adiantar... Temos que jurar por alguma coisa...

_ Pelo quê?

_ Sei lá, as pessoas juram por muitas coisas...

­_ Vamos jurar pela Maria Chiquinha! _ falou Adriana.

_ Hã?

_ Maria Chiquinha? _ disse eu.

_ É... a gente só usa Maria Chiquinha aqui. _ disse ela pegando nas duas xuxinhas, uma de cada lado da cabeça.

_ Mas... _ eu comecei a pensar_ Maria... não tem nada a ver com a gente e Chiquinha... _ elas ficaram esperando_ a Chiquinha do Chaves é bem maior que a gente.

Elas me olharam e depois Renata disse:

_ É, ela é bem grande... e nós somos tão gititas...

_ Hã? _ eu falei.

_ O que é gitita? _ perguntou Adriana se aproximando dela.

_ Gitita? _ disse Renata_ Vocês não sabem? _ E olhou para nós. _ Meus pais me chamavam de gitita porque eu era pequena demais, a menor da turma... sinto falta deles me chamado assim...

Renata falava de seu passado com mais raiva do que tristeza, seus pais foram mortos num incêndio e ela conseguiu escapar mas seus irmãos mais velhos não quiseram ficar com ela, por isso ela estava ali com a gente; ela ficava com raiva por saber que eles poderiam cuidar dela, mesmo assim a abandonaram.

_ Hum... _ murmurou Adriana.

Eu fiquei quieta mas depois tive uma ideia.

_ Já sei! _ falei alto estalando os dedos_ Que tal juntarmos as palavras?

Elas ficaram confusas mas continuei.

_ As palavras Chiquinha e Gititas. Nós usamos Maria Chiquinha e somos gititas, então podemos ser chamadas de... Chiquititas!

Elas não falaram nada mas depois, de olhos arregalados e com um sorriso no rosto fizeram que sim com a cabeça; então criamos nosso juramento.

O juramento de Chiquititas era quando colocávamos os dois dedos juntinhos, um por cima do da outra, jurando alguma coisa... que não podia ser revogada.

CH

Coloquei os meus dois dedos sobre os dela e murmurei.

_ Vamos fazer de tudo pra ficar bem. Juramento de Chiquititas.

Depois nós repetimos juntas:

_ Chiquititas. _ e nos olhamos nos olhos, naquele momento as palavras de encorajamento de Adriana me fizeram pensar que tudo ia ficar bem mesmo, mas esse “bem” estava muito longe de acontecer...

Saímos do quarto e eu percebi que depois dele haviam outros espaços também, íamos voltar para a sala mas dona Carlota surgiu no corredor, ela e ele... Seus cabelos estavam arrumados com um topete formal engraçadinho, sua pele bronzeada estava bem limpa e ele cheirava a sabonete, estava com uma camisa meio laranja e uma calça comprida, um sorriso se abriu em seu rosto quando ele viu meus olhos arregalados e demos um pulo de susto perante o grito de Adriana:

_ Tiago! _ e foi até ele lhe dando um abraço desengonçado _ Faz tanto tempo que não vejo você!

Ele riu.

_ Faz só um dia Adriana... _ e olhou para mim _ Laurinha... que bom que você está aqui. _ Veio até mim com os braços abertos e eu o recebi num abraço forte.

_ Tiago... _ murmurei sentindo seu cheiro de garoto travesso.

Tiago havia me ensinado que mesmo em momentos difíceis a vida poderia ser legal com a gente, o que acabou acontecendo quando cheguei no orfanato de tia Rita e conheci meus melhores amigos e o garoto que eu gostava...

Despertei.

Me afastei dele e voltei a falar normalmente.

_ Como você veio parar aqui?

_ Eu é que pergunto pra você! _ disse ele rindo.

_ Acho que vamos precisar de alguns esclarecimentos... _ falou dona Carlota.

Descemos as escadas atrás de dona Carlota e quando chegamos a sala observei alguns rostos conhecidos, Antônio, Railsom e Renata; uma garota bochechuda e cheia de sarnas na pele branca estava perto de um menino bem moreno e bonito, mas nem tanto quanto Tiago...

Quando desci, fui logo em direção a Renata e Adriana me acompanhou dando uns gritinhos enquanto nos abraçávamos, depois falei com Antônio, o gordinho da turma e com Railsom que era a paixão secreta de Adriana e um grande amigo meu.

Dona Carlota nos levou até o terceiro andar, um que estava acima do andar do quarto meu e de Adriana, subimos por uma escada estreita no corredor do nosso quarto que eu não tinha percebido antes, um atrás do outro bastante ansiosos, seguimos até uma sala pequena que tinha uma janela onde dava pra ver a frente do orfanato, depois dona Carlota pediu silêncio e começou a falar:

_ Minhas crianças, agora gostaria de apresentar a vocês algumas pessoas que são importantes no nosso orfanato; essa é minha filha Suelen, ela é a coordenadora do orfanato e minha segunda voz aqui _ uma mulher morena de cabelos parecidos com o de Renata se aproximou, ela tinha muitas espinhas no rosto e sorria para nós_ essa aqui é Suely_ outra morena apareceu mas seus cabelos não eram lisos e sim, bem cacheados, ela era mais bonita. _ A Suely também me ajuda por aqui, ela é nossa secretária.

Quando Suely saiu outra jovem apareceu, ela tinha cabelos curtos e lisos como os da dona Carlota, era bem branquinha e usava um batom rosa, devia ter uns 17 anos mas parecia uma criança por estar usando um vestido de bolinhas... ela sorriu para nós e nos analisou lentamente até que seus olhos pousaram em mim, me arrepiei dos pés à cabeça; eles eram assustadores...

_ Essa é Soraya, _ falou dona Carlota_ ela vai apresentar a casa à vocês e vai dar qualquer informação que precisarem.

Fiquei desconfiada mas ainda ouvi o que dona Carlota estava dizendo, ela falou que nós iríamos ter uma professora particular e iríamos estudar naquela sala mesmo, fiquei animada porque queria muito aprender a ler.

Eu ainda tinha muitas perguntas para fazer à dona Carlota mas ela teve que sair e deixou Soraya encarregada de nos mostrar a casa, voltamos até a sala no primeiro andar até que Soraya falou:

_ Então, gostaria de saber o nome de vocês... você! _ falou ela apontando para Renata_ Como é o seu nome indiazinha? _ estranhei aquilo, apesar dos cabelos de Renata e sua franja reta não queria dizer que ela era índia. Soraya se aproximou dela mas Renata não perdeu a pose.

_ Renata. _ falou ela com o nariz arrebitado.

_ Hum... nome bonito, e você? _ perguntou para Antônio.

_ Antônio. _ respondeu ele tímido.

E assim ela continuou, perguntando pra cada um, só tirou os olhos de Tiago quando me olhou, dos pés à cabeça, seus olhos não eram castanhos nem claros, eram negros e pareciam querer perfurar os meus, fiquei hipnotizada e quase tremendo, aqueles olhos pareciam um buraco de trevas infinito...

_ Como é o seu nome?

_ Laurinha.

_ Laurinha? Nunca vi um nome assim...

_ O nome dela é Laura_ falou Adriana_ mas a gente chama ela de Laurinha...

_ Ninguém chamou você pra conversa. _ disse Soraya virando-se para encarar Adriana, fazendo ela estremecer _ portanto, bico fechado.

_ Não fala assim com ela. _ rangi entredentes.

_ E você também. _ falou ela pra mim_ Vamos ensinar muitas coisas para vocês aqui, _ e começou a andar de um lado pro outro da sala_ e uma delas é o respeito. Por isso, aprendam que comigo o respeito é essencial. _ ela parou e se virou para nos olhar _ Entenderam? _ balançamos as cabeças positivamente. _ Muito bem. Ah sim! _ disse ela estalando os dedos_ Ainda vou apresentar a vocês essas duas crianças maravilhosas, Maíze e Rangel, venham aqui por favor. _ E os dois desconhecidos apareceram, a garota estava com uma roupa toda lilás e parecia uma adolescente. _ Eles já moram aqui a algum tempo, por isso merecem o respeito de vocês também.

Soraya beijou a cabeça de Maíze e depois os dois se juntaram a nós.

_ Agora, vamos conhecer a casa.

Seguimos Soraya, ela desfilava na nossa frente como se isso a fizesse ficar mais bonita.

Fomos pelo corredor principal e Soraya nos mostrou os quartos que ficavam a esquerda.

_ Esse é o meu quarto, mas a Carlota dorme aqui também, e se vocês puderem convençam ela a sair daqui. _ Eu não sei porque mas Soraya falou isso olhando pra mim; a porta seguinte era a do quarto de Suelen e Suely e a outra era a do escritório, depois seguimos para uma área bem grande onde tinha uma piscina e alguns chuveiros ao fundo perto de outra porta que dava para o quintal, o espaço ali parecia ser mais alto mas então fui perceber que não tinha forro.

_ Aqui nós fazemos alguma comemorações, fora disso: ninguém na piscina.

Voltamos para a sala e subimos as escadas em direção ao segundo andar, Soraya nos mostrou o quarto de cada um, o primeiro do corredor era de Maíze e Renata, Renata ficou boquiaberta. Na segunda porta, onde era o meu quarto Soraya falou:

_ Esse aqui vai ser o quarto de Adriana e da Loirinha...

_ Laurinha. _ murmurei.

_ Que seja! _ disse ela não dando a mínima, seguiu em frente e nos mostrou o banheiro feminino e a sala de jantar com uma mesa retangular e várias cadeiras, seguimos depois pela escada estreita em direção ao terceiro andar, lá haviam o banheiro masculino, o quarto de Tiago e Railsom, e o de Antônio e Rangel. Também tinha a cozinha com um cheiro muito bom e uma mulher chamada Maria, nossa cozinheira.

_ Bom, _ falou Soraya analisando as unhas_ espero que tenham gostado e...

_ Soraya! _ alguém gritou no corredor, era Suelen que vinha ofegante.

_ O que é? _ disse Soraya levantando uma das sobrancelhas.

_ Temos alguns avisos... para as crianças..._ falou Suelen olhando vários papéis que tinha nas mãos.

_ Siga em frente...

_ Olá meninos, vim avisar que hoje teremos uma comemoração aqui, uma festa baseada nas festas dos anos 80, por isso as meninas vem comigo para nós vermos os vestidos, ok?

Ficamos super animadas e seguimos Suelen, percebi Soraya atrás de nós e Suelen também, que parou e se virou.

_ Você. Volte e fique com os meninos.

_ Eu?!

_ Você mesma...

Soraya bufou.

_ Agora Soraya.

Ela voltou revirando os olhos enquanto nós íamos para a sala saltitantes.

Descemos as escadas e eu vi várias roupas no sofá, dona Carlota estava analisando cada uma das peças até que percebeu nossa presença.

_ Meninas! _ disse com um sorriso no rosto _ Trouxe as roupas de vocês! Essa noite vai ser espetacular...

Ficamos uma ao lado da outra enquanto dona Carlota distribuía os vestidos.

_ Esse vermelho é pra você Renata, combina com seus cabelos, _ o vestido que dona Carlota estava dando era o mesmo modelo dos outros, só mudava a cor, e possuía na parte de baixo uma estampa cheia de bolinhas fazendo parecer uma saia rodada. _ esse rosa é para Adriana, e o lilás é para Maíze...

_ Ah tia... eu queria o rosa... _ resmungou ela.

_ Mas você gosta de lilás, tanto que está toda de lilás hoje.

_ Por isso mesmo tia! Eu vou ficar com a mesma cor o dia inteiro! _ falou Maíze como uma bebê chorona.

Dona Carlota a encarou e ela ficou quieta.

_ E você Laurinha, _ dona Carlota me deu um vestido amarelo, de uma cor um pouco mais forte que meus cabelos_ vai ficar com esse aqui. _ dona Carlota sorriu pra mim. _ Ok, podem ir para os seus quartos e depois vamos chamar vocês para nós almoçarmos.

E nós fomos.

Observei Renata que estava contente, já havia mudado de ideia em relação a Maíze só porque ela tinha maquiagens, Adriana foi para o quarto comigo e ficou olhando pela janela enquanto eu estava sentada na cama, pensando; até que Adriana se virou para mim.

_ Não fica preocupada Laurinha, a Renata só está interessada nas maquiagens dela...

_ E nas roupas...

_ Isso mesmo...

Continuei séria.

_ Ei, _ ela falou_ vai ficar tudo bem...

Olhei pra ela e dei um sorriso amarelo.

_ A festa de hoje vai ser demais não é? _ falou ela entusiasmada.

_ É... a única festa que eu fui até agora não tinha essas roupas chiques, a gente dançava, brincava, comia e se molhava... _ eu sorri com vontade.

_ Por isso a tia Rita proibiu de colocarem a mangueira no salão!

E rimos novamente, mas paramos.

Eu não queria me lembrar dela, não agora. Não queria lembrar de tia Rita.

Eu e Adriana nos olhamos e lutamos contra as lágrimas que queriam surgir em nossos olhos...


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