POV RENESMEE CULLEN

Eu não aguentava mais chorar e ficar depremida. Não havia um porquê. O Jacob apenas me abandonou e já faz três dias que não o vejo... Desde a nossa discussão. Porém, não posso dizer que estive sozinha, pois, nesse tempo, Alec ajudou-me a enfrentar tudo isso. Ofereceu-se para irmos caçar juntos, para passearmos no Shopping, para estudarmos! Contudo, eu recusei todas as propostas, pois queria ficar apenas quieta no meu canto.

Agora, eu e Alec estávamos deitados sob a grama do quintal, enquanto toda a minha família jogava baisebol, devido ao clima propício à chuva.

- Eu acho melhor você se animar, Ness. - Alec murmurou, virando-se de frente para mim. Apoiou a cabeça sobre um cotovelo e ficou ali, encarando-me.

Fitei-o de soslaio e vi um sorriso triste em seu rosto. Imitei a sua posição e o encarei.

- Por que você está triste? - Perguntei preocupada. Minha testa enrugou-se como em sinal de dúvida, enquanto ele alisou a minha bochecha delicadamente.

- Apenas porque você está triste. - Ele respondeu. Que fofo! Pela primeira vez desde que deixara Jake, sorri de verdade.

- Não fique triste por minha causa... Assim, sentirei-me culpada. - Sussurei encabulada, sentindo o sangue ferver em minhas bochechas, aonde ele permanecia alisando. Mas por que eu corei?

Um sentimento irreconhecível preencheu o meu ser e reconheci uma ponta de felicidade. Um sorriso formou-se no rosto de Alec, então ele me abraçou. Senti-me protegida em seus braços gélidos, diferentes daquele menino.

- Eu só ficarei feliz caso veja você rindo e bem alegria! - Disse Alec, como se fosse o meu tio Emmett, com algumas covinhas enquanto sorria. Percebi o quão claro era o seu sorriso e, diferentes dos meus pais, tios ou avós, os seus olhos possuiam um brilho especial, como se me chamassem em direção a eles. Sem perceber, me aproximei lentamente dele, fitando intensamente os seus olhos. Ele retribuia o olhar e aproximou-se no mesmo ritmo que eu, de mim.

Nossos narizes se tocaram, causando uma corrente elétrica pelo meu corpo, porém não quebrei a nossa ligação pelo olhar. Nossos lábios tocaram-se levemente e senti uma frenesi me tomar, pedindo para sentir o gosto de seus lábios. Porém, repentinamente, ele afastou-se de mim. Ele virou de costas e não me deixou ver a sua expressão.

Enrubreci de vergonha e fitei os meus pés. Sentia a culpa me dominar... Estaria Jacob certo de ter acabado comigo? Abanei a cabeça negativamente e fitei, cautelosamente, Alec.

- Desculpe-me. - Sussurei. - Eu agi por impulso e... - Quando eu ia finalizar a frase, ele correu rapidamente até mim, como em um piscar de olhos, e pôs um dedo sobre a minha boca, impedindo-me de falar.

- Eu não deveria ter ousado tal ato. Perdoe-me. Porém, acho que você já está melhor, não? - Ele perguntou com um sorriso torto e malicioso ao mesmo tempo no rosto.

Acenti com a cabeça, enquanto mexia as minhas mãos descontroladamente, em sinal de encabulação.

- Quer ir ao Parque que abriu na cidade? Ouvi Jane falar muito sobre ele... E acho que ela não nos perdoaria de irmos sem ela, porém inventaremos uma desculpa. O que acha? - Perguntou eufórico. Acho que ele estava feliz com a ideia de passearmos juntos, mesmo eu achando um pouco egoíta eu pensar isso. Dei um sorriso mínimo e estendi a mão pra ele.

- Vamos? - Perguntei.

- Sério que irá mesmo? Nossa, finalmente esquecerá o cachorro de tripé. - Alec falou um pouco incrédulo. Lhe lancei um olhar pouco amigável e ele pediu desculpas.

Entramos na garagem sem informarmos ninguém e pegamos o carro que mais encantara Alec: um Audi TT preto, que era de meu pai. Sabia que Edward não ficaria nada feliz com a nossa fugida em seu carro, porém eu não queria me estressar a toa.

O caminho foi silêncioso, enquanto eu apenas encarava a paisagem através do video fumê. Senti Alec pousar uma mão próxima a minha cocha, enquanto dirigia com a outra. O fitei confusa e ele apenas se concentrava em dirigir, mesmo com seus reflexos incríveis. Parecia combater uma dívida interna, como se estivesse na dúvida da atitude que tomaria. Repentinamente, retirou a mão que estava próxima a minha pele e a colocou sobre o volante. Comprimiu as mãos no mesmo, como se estivesse com raiva de algo ou de si próprio. Dei de ombros tentando não entender ele e continuei a mirar a paisagem.

Percebi uma movimentação estranha entre as árvores e notei algo cor de areia passar rapidamente. Era Seth! Suspirei aliviada de não ser ele e, quando percebi, havíamos chegado em nosso destino: o Parque de Diversões.

Alec, atensiosamente, abriu a porta para mim. Murmurei um agradecimento e senti o vento esvoaçar os meus cabelos.

- Nossa, mas que gata! - Alguém murmurou.

- Ui, o piteu está fresquinho. - Outro disse.

- Ual, acho que gamei. - Falou.

- Cara, isso foi muito gay. - Alguém retrucou.

Fitei de onde vinham os sons e vi alguns meninos me encarando. Corei envergonhada e um pouco enojada por tal atitude deles. Como ousavam me olhar assim?

Como se fosse reflexo, Alec pegou a minha mão e um baixo grunhido ecoou de sua garganta. O olhei surpreso e ele sussurou em meu ouvido:

- Estou apenas te protegendo desses possíveis pensamentos pecaminosos. É melhor pensarem que você tem dono.

Não pude deixar de notar um tom triste em sua voz, como se não gostasse da nossa situação atual. Balancei a cabeça negativamente, tentando entender o porque do meu subconsciente procurar sempre uma explicação que tivesse a ver com um sentimento a mais.

- O que foi? Por que a felicidade se esvaiu do seu corpo? - Ele perguntou brincalhão, fazendo uma cara de dor estranha. Logo depois ele riu e tratou de explicar. - Sou o Jasper, entendeu? - Balancei a cabeça negativamente, novamente. - Ah, deixa para lá. Em que brinquedo tu queres ir?

Olhei em volta para conferir como era o parque. Percebi que era inacreditavelmente grande e eu nem sabia que aquele terreno extenso existia em Forks. Reparei na alegria alheia, todos risonhos ou gritando nos brinquedos. Decidi ir em um brinquedo onde todos sorriam próximos à saída e andavam de mãos dadas alegres.

- Eu quer ir àquele brinquedo. - Eu falei apontando sorridente. Alec sorriu ao me ver feliz e fitou o brinquedo. Engoliu seco como se estivesse apreensivo e o encarei confusa.

- O que houve? - Perguntei. Ele apenas me fitou com um olhar estranho e me puxou pela mão em direção ao brinquedo.

- Nada. Vamos logo. - Murmurou.

Pagamos pelo ticket e entramos no brinquedo que era uma caverna com um lago no meio dela. Haviam várias xícaras que levavam as pessoas para um passeio pelo rio. Sorri e vi a felicidade dos homens e das mulheres naquele beinquedo.

- Vocês são o casal? - Uma menina baixinha e com feições indígenas nos perguntou, apontando para Alec e eu. Acenti com a cabeça e ele apertou a minha mão fortemente. Foi só então que percebi que ele segurava a minha mão em sinal de segurança. Senti o meu corpo estremecer levemente e tentei disfarçar com um ataque de tosse, porém fracassei.

- Nessie, você não precisava ter fingido esse ataque. Você está com frio, por isso tremeu? - Perguntou. Claro! O frio faria eu tremer... Não um ataque idiota de tosse! Aff, como eu sou burra!

Sentamos em uma xícara rodatória, onde cabia apenas duas pessoa e acabei por estranhar.

- Por que será que é apenas para duas pessoas? E por que apenas os homens e as mulheres sentam juntos? Eu só vi uma vez dois homens até agora. - Resmunguei, sentindo o brinquedo começar a andar. Giramos lentamente pelo curso do rio, que, para mim, era inexistente até aquele momento.

- Talvez seja porque é o Tunel do Amor. E acho que esse casal era homossexual. - Alec falou sério, fitando as mãos pálidas. O olhei assustada e só então percebi o porquê de tanta felicidade.. Claro, todo mundo estava apaixonado e por isso andavam no brinquedo sorridentes! Podia até ser um meio de reconciliação!

- Sério? Só agora que está me caindo a ficha. - Murmurei e ele riu diante da expressão que eu usei. Dei um sorriso torto e percebi a conexão entre os nossos olhares. Virei o meu tronco em sua direção, e ele fez o mesmo, enquanto o brinquedo continuava a andar.

Ele arrumou uma mecha rebelde de meu cabelo encaracolado e a pôs atrás de minha orelha. Dei um risinho nervoso e, em resposta, ele apenas acariciou o meu rosto delicadamente. O toque de sua mão gélida e pálida era reconfortante. Uma sensação maravilhoso apoderou-se de meu ser e cerrei os olhos a fim de prolongar aquela sensação.

- Acho que eu não deveria me aproveitar de você quando se está tão frágil. - Ouvi a voz dele ecoar por aquela caverna sombria, mas que ele parecia iluminá-la. Entreabri os olhos e encontrei sua face a centímetros da minha.

Não pude dar uma resposta em troca, pois logo em seguida uma mensagem de uma voz programada ecoou: "Atenção, se você está neste local agora, beije o (a) seu (sua) parceiro (a) agora! A foto que tiraremos é de fácil obtensão. Apenas procure a Central do Parque. Obrigada."

Fiquei um pouco estática com aquela situação e ouvi uma contagem regressiva a partir do três para iniciar-se o beijo. Vivi uma dúvida interna comigo mesma, afinal, estaria dando razão ao Jacob caso beijasse Alec. Porém, o Túnel do Amor, e alguns sentimentos conturbados, diziando-me para fazê-lo... E assim Alec o fez.

Ainda atordoada, senti lábios macios chocarem-se aos meus ferozmente. Minha boca estava entreaberta de surpresa e sua língua logo adentrou-a. Seu braços cercaram a minha cintura, enquanto sua língua movia-se sob a minha, porém eu não correspondia.

Só então que eu me dei conta do que estava fazendo. Foi algo um pouco automático, porém correspondia o beijo com fevor, enquanto minha mãos movimentavam-se, como que por vida própria, indo em direção ao cabelo dele. Uma dança melodiosa se formara em nosso beijo e, então, nos separamos ofegantes.

O flash já havia sido tirado e logo vi a saída do brinquedo, por onde uma luz externa adentrava. Não tive coragem de encarar Alec, aliás, o que ele deveria estar pensando sobre mim? Que sou uma qualquer? Que sou vulgar? Que esqueci o Jacob? Porque, afinal, eu não havia esquecido-o. Eu nem sabia por quem o meu coração batia mais forte, pois, eu precisava admitir, que eu estava me apaixonando por Alec. Esse beijo comprovou todos os meus sentimentos guardados no meu íntimo. Senti uma fraqueza nas pernas - ainda bem que eu estava sentada -, além de borboletas em meu estômago. Porém, com Jacob, eu sentia que ele me completava, mas não tinha toda essa reação, mesmo com uma grande conexão. Com Alec, eu sentia-me confortável, como se eu esquecesse os meus problemas. Com certeza, eu estava apaixonada por ele. Mas por quem o meu coração batia mais forte?

(...)

Já passara-se três dias desde aquele dia infeliz. O dia em que eu terminei com quem eu mais amava e tive a infeliz ideia de "conquistar geral". Acabei colocando em prática a ideia, porém, tive a infelicidade de contar aos meus irmãos-lobos antes. Foi um pouco embaraçoso os comentários que eles fizeram, como o de Paul, que deu vontade de trucidá-lo.

- Eu acho que o Jacob cansou de mulher e está inventando desculpa pra correr atrás de homem. - Lembro-me que dissera, movimentando a mão em gestos femininos e batendo de forma repetitiva os cílios.

Dei-lhe um soco na cara, porém mal adiantou, afinal, ele tem resistência de um lobo.

Agora, eu estava na casa dos Clearwater, com uma roupa velha que eu usava no tempo que gostava da Bella. Estava vestindo, uma blusa preta colada, uma calça jeans qualquer murrada, e uma jaqueta de couro preta. Desde que eu conheci a Renesmee, quando criança, nunca mais usei essas roupas, porém agora seria diferente.

- Jake, quer apostar uma corrida até a praia. - Seth perguntou, enuqanto jogávamos um jogo infantil, mas legal, de video-game.

- Cara, eu estou morrendo de fome. Não vou conseguir correr assim. Você teria uma comidinha aqui? Nossa, lembrando da comida da Sue a minha barriga até rouncou. - Falei, sobrepondo uma mão sob o meu estômago. Eu estava um pouco mais alegre e não naquele depressão novamente. Eu fiquei com pensamentos positivos a respeito do meu plano e, por isso, já estava brincalhão e risonho novamente.

- Meu, tu só pensas em comida! Ou na Renesmee! Porém acho que você já a esqueceu, não? - Seth falou brincalhão, mas isso me entristeceu.

- Você sabe que o imprinting é inesquecível e eu ainda sinto pela perda. Só que estou positivo com os meus planos. - Resmunguei, enquanto jogava o controle remoto do video-game sobre o sofá e sentava-me em uma poltrona afastada.

- Jake! Não sabia que você estava aqui! - Leah falou animada, entrando na casa após um passeio de praia, aparentemente. Pois estava vestindo uma blusa branca que estava molhada e demonstrava o seu biquini. - Cansou de ser babá dos Cullen? - Brincou com uma cara irônica. Eu sabia que ela iria estragar a frase de algum jeito. Claro, ela é a Leah e não pode deixar ninguém feliz.

- Não, eu apenas estou dando um tempo por lá... Sabe, descontrair. - Murmurei, cerrando os olhos e tentando pensar em que a Renesmee estava fazendo agora... Porém Leah tirou-me dos meus devaneios, sentando-se ao meu lado, em cima do encosto da cadeira.

- Então você acabou tudo com a pirralha? - Ela perguntou sedutoramente, inclianando o seu corpo em minha direção.

- LEAH, PARA DE "PU...RIA" AQUI DENTRO DE CASA! NOSSA, EU NÃO MEREÇO ISSO. - Seth gritou pesaroso, enquanto escondia a cabeça nas próprias mãos.

Levantei-me, dando conta do que estava acontecendo. Sussurei uma despedida educado e saí às pressas pela porta, não esperando outra resposta em troca.

Corri em direção à minha casa, a fim de que eu me alimentasse e descançasse um pouco. Chegando lá, encontrei o meu pai com Charlie ao seu lado na sala.

- Oi, Jake! - Charlie disse animado. - Há quanto tempo, rapaz!

Levantou-se e fez um cumprimento de mãos comigo.

- Muito tempo mesmo! - Respondi.

- Notícias dos Cullen? Sabe, Bella nunca mais foi me visitar. - Murmurou triste.

- Eu não vou lá há uns dias, mas que eu saiba está tudo bem, Charlie. - O tranqüilizei.

- Como assim não vai mais lá? - Charlie perguntou com um sorriso enrugado no rosto. - Você praticamente morava naquela casa!

- O que eu posso dizer? As coisas mudaram... - Resmunguei dando de ombros, enquanto ia até a cozinha para pegar alguma coisa para comer.

Realmente, desde o meu namorado com Renesmee, as coisas haviam ficado pouco amenas. Desde inúmeros insultos de Rosalie até rosnados infundíveis de Edward.

- Ah, filho! Quase esqueci! - Murmurou o meu pai, entrando na cozinha pequena com a cadeira de rodas.

- A idade já está pegando, pai? - Brinquei, preparando um sanduíche saudável.

- Claro que não. É que você recebeu essa carta aqui. Deixaram sob a porta hoje cedo. - Ele falou e me entregou um envelope.

Sentei-me na cadeira e abri-o. Meus olhos passaram pelo objeto, incrédulos. Como?

- Não. - Entoei como um sussuro, porém que fosse mais um grito.

Em minhas mãos, estava o objeto que causou uma dor profunda em meu peito. Era uma foto de Renesmee e Alec se beijando avidamente em algum tipo de brinquedo no Parque de Port Angeles.

Com os olhos marejados, decidi ir até lá e tirar essa história a limpo! Alec Denali verá quem é o verdadeiro Jacob Black!

POV JACOB BLACK