Loucuras de Ensino Médio escrita por Pedro Campos


Capítulo 3
O Grande Primeiro Dia


Notas iniciais do capítulo

Galera, vim trazer o novo capítulo para vocês, espero que gostem :D



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— Mas ela não se parece muito com você. - Falei para Guto que estava usando o banheiro e eu me encontrava deitado em minha cama. - Sabe, você é uma laranja ambulante e ela é morena.

— Nós não gostamos de falar muito sobre isso. - Respondeu ele e eu me calei, provavelmente eu estava ultrapassando algum limite imaginário. Mas ele continuou a falar. - Na verdade Aurora que detesta falar sobre isso, eu só sinto medo dela.

— Eu também sentiria. - Falei rindo.

Depois de nos apresentarmos Aurora voltou para a ala feminina e me deixou cuidando de seu irmão. Graças a nossa rapidez ele não foi ferido pelos dois garotos.

— Mas afinal, quem eram aqueles dois? - Perguntei quando Guto saiu do banheiro.

— Michael e Leonardo. São os irmãos mais idiotas desse colégio, digamos que é por causa dos dois que eu não tive paz durante os últimos dois anos. - Guto se sentou em sua cama, já era tarde, o toque de recolher já havia sido imposto. Durante o dia ficamos só arrumando as coisas e evitamos sair do quarto, afinal, eu já tinha entrado em confusões demais para meu primeiro dia de aula. - Alias, muito obrigado de novo por mais cedo.

— Eu já disse, não precisa agradecer. Aposto que você faria o mesmo por mim.

— Não faria não.

— Eu sei que não. - Falei rindo e ele riu junto.

...

Oficialmente meu primeiro dia de aula.

Exatas durante a manhã e humanas pela tarde, que dia horrível, até ai pelo menos. No final do dia a aula que eu mais esperava, vela.

Eu nunca tive um interesse muito grande em esportes aquáticos, mas como eu estava em um estado de fazer coisas novas até cansar, resolvi dar uma chance para as aulas de vela e acabou que fiquei ansioso o dia inteiro para a aula, vai me entender.

Para minha surpresa, Aurora estava na minha classe, tanto nas aulas comuns como na de vela, no inicio da aula ela me cumprimentou com um aceno, mas não se aproximou ou tentou algum outro contato depois, não que eu esperasse isso claro.

A primeira aula de vela foi só para aprender o nome de todas as peças e como fazer alguns nós que garantiriam uma vela estável e bem presa ao barco. Por incrível que pareça consegui gravar todos os nomes, e estava gostando daquilo. A aula acontecia em um galpão com vários barcos a vela desmontados como se esperassem uma criança gigante chegar e monta-los.

Ao final da aula levei um susto quando terminei de guardar minhas peças e dei de cara com Aurora me encarando com aqueles grandes olhos castanhos.

— Ahm... - Foi o máximo que consegui dizer nos primeiros segundos até me recuperar do choque. - Oi?

— Olá. - Falou ela como se fosse uma velha amiga, o que me deixou ainda mais sem jeito. - Pedro né?

— Isso aí. - Respondi. – Eu queria agradecer pelo que fez pelo meu irmão ontem. - Falou ela com um sorriso gentil, algo em minha mente ameaçou aparecer, mas parece que a memória se perdeu de novo. - Foi muito legal da sua parte.

— Ah, não foi nada, eu não podia ver ele apanhar para aqueles dois e não fazer nada.

— Bem, parece que você pensa diferente de quase todos aqui então.

— Isso é bom né?

— Veremos. - Falou ela com aquele olhar desconfiado de novo. Um silêncio se instalou enquanto ela ficava me encarando, como se estivesse tentando ler minha mente e descobrir meus objetivos, pelo visto ela não encontrou nada, pois deu de ombros. - Nos vemos por ai então.

— Nos vemos por ai. - Falei e ela se virou saindo do galpão de barcos. Só depois que ela sumiu de vista que voltei a respirar.

Mas claro, minhas surpresas ainda não estavam para acabar.

Na porta do galpão Michael e Leonardo me esperavam com caras de poucos amigos, na verdade com caras bem feias e o que Guto dizia ser Leonardo estava mais feio ainda com o olho roxo dado a ele por Aurora. Os dois eram loiros e tinham a minha altura, mas com músculos,

Então é isso, vou brigar no segundo dia de aula também, esse ano está parecendo um grande ringue de lutas clandestinas, não digo isso como se eu não gostasse de brigar, na verdade a maior parte da minha vida eu passei brigando, mas desde Naty eu tinha largado esse estilo de vida e ainda não estava pronto para retornar a ele.

— E então novato, está pronto para apanhar? - Perguntou Michael.

— Olha, pronto eu sempre estou, me pergunto se você está pronto. - Falei com um sorriso desafiador, mesmo me mijando um pouco.

— Olha ele é um dos espertinhos. - Falou Leonardo como se não conseguisse proferir uma frase mais inteligente. - Vamos acabar com ele mano.

— Isso mesmo. - Continuou Michael.

— Podem vir. - Enquanto falava observava o local procurando alguma passagem para o lado de fora, além da porta da frente. Havia uma porta, que levava para uma sala, porém segundo o professor aquela porta ficava fechada e só quem tinha sua chave era o diretor, mas em cima da porta tinha uma pequena janela, se eu conseguisse...

Os dois já estavam quase em cima de mim quando disparei, passei entre alguns barcos os deixando mais para trás, já que os dois toda hora se atrapalhavam ao tentarem passar juntos por duas partes de barco. Quando alcancei a porta agradeci ao Pedro criança por sempre ter pulado muros e me atribuído a habilidade especial de pular para lugares altos. Consegui me segurar na pequena janelinha e erguer meu corpo até sua altura, olhei para os irmãos e dei um sorrisinho para eles, não abusei muito da sorte e passei logo pela janela caindo na sala fechada.

Não tinha muita coisa na sala, na verdade, não tinha muita coisa que eu poderia ver já que a sala estava muito escura e a única luz vinha da janela pela qual eu entrei. Tudo que eu podia ver eram dois galões e o casco de um barco, então meus olhos se acostumaram com a escuridão e pude ver melhor. Dentro do casco havia algo metálico que tomava quase todo o barco, era algo estranho de se ver já que os barcos a vela eram movidos somente pelo vento. As batidas na porta me trouxeram de volta a realidade, os dois irmãos estavam tentando entrar. Comecei a procurar outra saída quando enfim encontrei outra fonte de luz, havia outra janela, porém fechada, que levava talvez para o lado de fora. Corri até a janela e tentei abri-la, estava emperrada, puxei com toda a força que tinha até que ela começou a se mexer e por fim abriu totalmente. Pulei e para minha felicidade estava do lado de fora do galpão, fechei rapidamente a janela rapidamente correndo logo em seguida em direção aos dormitórios, aquela tinha sido por pouco.
 


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Notas finais do capítulo

Espero muito que tenham gostado. Tentarei manter esse cronograma de postar todas as quartas.



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