Loucuras de Ensino Médio escrita por Pedro Campos


Capítulo 2
Um Novo Hoje


Notas iniciais do capítulo

Enfim o primeiro capítulo dessa nova aventura do Pedro. Espero que gostem ;)



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Um ano sem ela.

Um longo e difícil ano sem Hope.

Sinceramente, por um breve instante eu realmente pensei que conseguiria passar por aquele ano sem ela.

Eu estava completamente enganado.

A verdade é que eu não consegui superar sua falta, mesmo um ano depois dela ter partido para Boston ainda era difícil não tê-la ao meu lado.

Meu segundo ano foi tão rápido que nem deu tempo para percebe-lo passar. Desse vez sem coma, é claro, passei nas matérias sem dificuldade, mas acabei me isolando mais do que pretendia. Hope havia sido minha saída do coma, sem ela eu estava totalmente perdido, como se eu ainda estivesse preso naquela cama de hospital. As vezes minha mente até me pregava algumas peças e me fazia pensar que Hope havia sido só mais um fruto do coma, assim como minha relação com a Yas, mas era só ver sua foto em meu celular que eu conseguia sentir que nada daquilo foi uma mentira.

...

Finalmente eu entraria no último ano do ensino médio. Em apenas um ano eu já estaria me preparando para começar a faculdade, mesmo sem ainda me sentir pronto para o início da vida adulta.

Esse ano eu mudei completamente minha vida. Fiz provas para diversos colégios e consegui uma vaga em um colégio semi-interno em outra cidade. Eu passaria a semana inteira no colégio e poderia voltar para casa nos finais de semana, mas eu não tinha nenhuma vontade de voltar para casa, meu teto que era para ser meu ponto de liberdade acabou virando uma maldição, olhar para ele era pedir para lembrar de Hope e de nossos momentos.

Largo minhas malas na porta do meu novo quarto, não era nada extravagante, duas camas, duas mesas, dois armários e uma janela. Ele era um pouco maior que meu último quarto e tinha um banheiro, era o suficiente para ficar nos momentos de descanso.

Alguém me cutuca no ombro e me viro.

– Olá? - Falei tentando identificar o novo individuo.

– Oi, sou Gustavo. - Falou garoto com um sorriso quase maior do que o rosto e estendendo sua mão para apertar a minha. Ele era ruivo, um dos primeiros ruivos naturais que eu vi na vida, tinha várias sardas no rosto e era um pouco menor do que eu. - Mas pode me chamar de Guto, aparentemente sou seu novo companheiro de quarto.

– Ah. - Digo ainda sem saber o que falar. Tiro minhas malas do caminho e aperto a mão dele. - Sou Pedro, mas pode me chamar de Pedro. Você é novo no colégio?

– Não, já estou aqui desde o primeiro ano. - Ele entrou no quarto e parou entre as duas camas. - Tem alguma preferencia sobre as camas?

– Não, pode ficar com qualquer uma. - Falei e ele escolheu a da direita, levei minhas coisas para a cama da esquerda. - É meu primeiro ano aqui.

– Imaginei, não lembro de tê-lo visto aqui antes. É uma pena que você seja novato.

– Uma pena?

– É, os veteranos não costumam pegar leve com os novatos aqui, e se você não faz sua fama logo, eles pegam no seu pé mesmo anos depois. - Ele falava como se tivesse experiência nisso, não pude deixar de sentir um pouco de pena dele. - Mas você parece ser um cara esperto, deve se virar bem.

– Olá vocês dois. - Uma voz me surpreendeu na porta, me viro para descobrir de que é a voz, era de um homem, talvez com menos de trinta anos, cabelos castanhos encaracolados e uma cara de quem foi arteiro quando mais jovem. - Sou o inspetor de vocês, Nicolas, estou responsável por vocês e os outros meninos desse corredor, aqui está os horários de vocês, Pedro.

– Eu. - Falei e peguei o papel na mão dele. Meus horários não eram ruins, até a hora do almoço eu teria as aulas normais, depois do almoço uma hora de descanso e voltaria para as aulas até quatro da tarde, depois disso eu poderia escolher as aulas extra curriculares que eu quisesse, ás 7 da noite seria o jantar e depois eu estava liberado até o toque de recolher ás 10 da noite.

– E Gustavo. - Falou o inspetor.

– Sou eu. - Guto foi até ele e pegou seu papel. Ele não pareceu muito feliz com seus horários, mas logo disfarçou.

– Qualquer coisa é só me chamar. - Falou Nicolas e saiu, provavelmente para outro quarto.

– Já sabe quais atividade vai fazer? - Perguntou Guto depois que me sentei em minha cama começando a arrumar minhas coisas.

– Eu me interessei pelas aulas de vela e as de sobrevivência e você?

– Xadrez e Cálculos.

– Você é um nerd?

– Pode-se dizer que sim. - Falou ele rindo. - Você não tem nada contra isso né?

– Claro que não. Será bom ter alguém para pedir ajuda. - Digo rindo também.

– Ufa, achei que teria outro valentão como colega de quarto.

– Esse termo ainda existe?

– No meu mundo sim cara. - Ele riu meio sem graça. - Vou dar uma andada pela escola, quer vir comigo?

– Não, obrigado, vou terminar de arrumar as minhas coisas, mas talvez eu te alcance depois.

– Ah tudo bem. - Ele deu um pequeno sorriso e saiu do quarto.

Me estico em minha cama e fico olhando para o céu pela janela. Eu estava realmente cansado, não havia dormido direito na noite anterior e nem na viagem de duas horas até o colégio. Meus olhos estavam quase se fechando quando ouvi a confusão se iniciando.

Corri até a janela e olhei para o pátio, uma forma viva ruiva estava sendo empurrada por dois garotos um pouco maiores do que ele.

– Guto. - Falei quando caiu a ficha.

Eu havia acabado de conhecer o cara, mas algo dentro de mim me fez correr para fora do quarto, descer as escadas em velocidade maior do que era seguro e pular os três degraus que levavam ao pátio já caindo em cima do primeiro agressor de Guto, o outro garoto nem teve tempo esboçar uma reação pois já estava sendo derrubado por uma outra pessoa. Prendi o garoto no chão e preparei um soco, mas parei antes de desferi-lo ao ver seu olhar assustado, quase ri com aquilo, desde quando eu era um valentão?

– Mexe com ele de novo e não vou parar - Falei para o garoto e o soltei, deixando-o se levantar e ele ficou cara a cara comigo.

– Você cometeu um grande erro cara. - Falou ele e saiu correndo com o amigo que estava com um olho roxo.

Me viro para Guto e vejo que ele estava sendo amparado por uma garota, provavelmente a autora do olho roxo do segundo agressor.

– Você está bem Guto? - Perguntou ela.

– Sim, graças a vocês dois. - Falou ele coçando a cabeça e rindo.

A garota então olhou para mim e eu tive uma sensação bem doida, talvez um dejavu. Ela era incrivelmente parecida com alguém que eu conhecia, mas estava muito lá no fundo da minha mente. Ela tinha o mesmo tamanho que Guto, cabelos castanhos escuros assim como seus olhos, seus olhos na verdade pareciam pequenas avelãs, sua pele era clara e brilhava um pouco, talvez pelo suor da luta. Ela sorriu e se aproximou de mim.

– Obrigada por ajudar meu irmão. - Seu sorriso era caloroso e ao mesmo tempo seu olhar era um tanto desconfiado. - Sou Aurora.


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Notas finais do capítulo

Ah, é tão bom escrever de novo *-*

Espero que tenham gostado e se gostaram não esqueçam de deixar seus comentários com críticas e sugestões.

Obrigadão



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