A Família Perfeita escrita por Cat Winter


Capítulo 4
Chegando Em Casa


Notas iniciais do capítulo

OI GENTE! Desculpa pela demora, eu sei que dessa vez demorou bastante, mas a volta as aulas está me deixando louca. Mal começou e eu já estou farta e quero que acabe... Mas não terei férias até Junho, então acho que por enquanto só vou ter que lidar com isso... Primeiro ano... É... Não sei se estou exatamente preparada pra isso mas o que eu posso fazer não é? Enfim... Quero agradecer pelos comentários do último capítulo e pela grande quantidade de favoritos. É muito importante que vocês comentem, eu preciso, e eu gosto de saber a opinião de vocês. Afinal, se vocês não comentam como eu posso saber se continuam gostando da fanfic e que ainda vale a pena continuar a escrever? Como uma sábia mulher uma vez disse: "Se seu público não gosta do que você faz, porque continuar fazendo?" Eu preciso saber que vocês gostam então COMENTEM! ♥ ♥ ♥ Sem mais demoras... Enjoy!



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Na manhã seguinte, bem cedo, Naruto apareceu na porta do hospital pronto para levar o filho e a enteada para Konoha. Cordial e sorridente como sempre. Boruto e Sarada já estavam a sua espera, vestidos, malas prontas, acompanhados de Sasuke, Hinata e Himawari e com expressões que indicavam exatamente o quanto eles não queria estar ali. Apesar do humor de Naruto - e suas piadas infames pelas quais era tão lembrado – fazer com que o clima ficasse mais leve, a despedida foi difícil.

Por mais que negasse com veemência, Boruto era parecido com seu pai, e não somente em aparência, tinha a cabeça dura de Naruto, e só desistiu de tentar fazer a mãe de ideia quando já estava dentro do carro. Prometeu que se comportaria, jurou por tudo no mundo de que dessa vez falava sério e que não a decepcionaria. Implorou por outra chance e algumas lágrimas chegaram a cair de seus olhos. Se Naruto não estivesse presente, talvez Hinata tivesse mesmo considerado a chance de deixar o filho sem sua punição. Ela tinha um coração fraco, especialmente quando se tratava de Bolt, e desde que ele nascera nunca tivera forças para negar muito ao menino. Esse era um tópico frequentemente presente nas discussões entre ela e Naruto quando ainda eram casados.

Hinata mimava o primogênito demais, e por vezes chegava a se esquecer da filha caçula, e essa era uma ocorrência que Naruto jamais conseguira compreender.

A morena se identificava com o filho. Pais divorciados, família destruída, pai distante, aparentemente ocupado com sua nova família, e uma irmã mais nova para cuidar. Ela tinha passado pela mesma coisa quando tinha sua idade. E por isso era praticamente a única pessoa que sabia como o menino se sentia, e sendo assim, podia confortá-lo. Aos dez anos, sua mãe, Hikari, desapareceu no mundo com seu tio, Hizashi, deixando para trás não somente ela e Hanabi, mas também Neji, filho dela e de Hizashi que tinham escondido durante todos esses anos.

Hiashi ficou arrasado, acolheu o sobrinho em sua casa, mas distanciou-se de todos. Amargurado sobre o ramo que sua vida estava tomando.

Entretanto, para a sorte de Boruto, Naruto não era como Hiashi, e Hinata sabia disso. Os motivos pelos quais se apaixonara pelo loiro ainda continuavam lá, mesmo depois do divórcio. Ele era gentil, altruísta e sua família estava sempre em primeiro lugar em sua lista de afazeres. Hinata sabia que Naruto dava o máximo de si para ser um bom pai, marido, amigo e trabalhador. Tudo ao mesmo tempo. Mas agora ele tinha quatro filhos, e não só dois, e estava ainda mais difícil equilibrar as coisas. Contudo, Naruto estava desesperado para se reconectar com o filho, e Hinata não tinha nenhuma intenção de ficar entre eles, principalmente agora que o Uzumaki mais velho tinha conseguido a desculpa perfeita para arrastar o garoto para sua casa - mesmo que temporariamente contra sua vontade.

Por isso, mesmo que as lágrimas já estivessem caindo de seus olhos antes mesmo do veículo partir, ela deixou que levassem seu menino para longe.

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Boruto estava irritado.

O automóvel laranja extremamente chamativo de seu pai continuava o mesmo. Apertado, quente, potencialmente desconfortável, e com aquele estúpido rádio que parecia ter acesso apenas a musicas do século passado. As estranhas manchas pertencentes ao estofado continuavam lá como da última vez. O circulo verde onde Himawari derramara sorvete de menta depois de um passeio no zoológico. Os pingos vermelhos perto da janela onde Boruto tinha deixado cair um pouco de sangue depois que Sarada quebrara seu dente com um soco enquanto brigavam sobre qual filme veriam no cinema. (Ela levou a disputa um pouco sério demais, mas era um dente de leite mesmo...) Toda a nostalgia estava incomodando-o, fazendo se lembrar dos velhos tempos, quando ainda era menino, e a vida ainda fazia sentido e fazendo-o questionar quando tudo tinha acabado? Em que momento ele havia se descuidado o suficiente para que as coisas chegassem a esse ponto?

Do seu lado, apertada por um cinto amarelo que marcava seu peito, Sarada conversava animadamente com Naruto sobre um assunto qualquer. Como a Uchiha conseguia se dar melhor com seu pai do que ele mesmo, Bolt jamais conseguiria entender.

Apoiou a cabeça no vidro e fechou os olhos. Em sua cabeça, a memória da conversa que tivera com sua mãe antes de sair passava como um filme em sua cabeça.

Eu sei que está sendo difícil deixar seus amigos para trás, Bolt. – Disse a mulher com um suspiro. Bolt bufou. Não era como se ele tivesse muitos outros amigos além de Sarada... – Mas isso é para o seu bem. Talvez com essa viagem você consiga se entender de vez com seus irmãos...

—Eles não são meus irmãos! – Exclamou o loiro com raiva aparente. Quando se tratava de Shinachiku e Hanami, Boruto e Sarada tinham comportamentos diferentes. Sarada estava acostumada com a presença de meios-irmãos em sua vida. Era do conhecimento tanto dela quanto o de sua mãe que Sasuke se envolvera com Sakura justamente para esquecer a falha de seu relacionamento anterior (A “História de amor” de seus pais pareceu ser extremamente desapontante para uma menininha de cinco anos, mas ela superou), e momento que soubera que Sasuke era seu pai, ela soube da existência de Daisuke e Sinon Uchiha, filhos dele e de sua ex-esposa, Karin. Sasuke fez questão de que eles se conhecessem e Sarada se deu surpreendentemente bem com eles. Por também serem frutos de um casal que não estava junto, Daisuke e Sinon entendiam a Uchiha caçula, e a aceitaram instantaneamente. Mas curiosamente, diferente dela, eles não pareciam se importar nem um pouco com a família estranha que possuíam.

Por essa razão, para ela não era difícil aceitar que por mais que não compartilhassem nada em comum, os outros filhos de sua mãe também tinham seu sangue. Claro, aceitar não significava que gostava de dizer isso por aí. Não renunciava o parentesco, se por acaso lhe questionassem, mas também não enchia o peito para falar que os pequenos tinham um pouco de seu DNA.

Boruto era mais radical. Não eram seus irmãos. E ponto final. Recusava-se a assumir qualquer tipo de fraternidade entre os filhos de seu pai e sua madrasta. Se perguntassem, ele negava. E continuaria negando. Por causa deles sua família fora destruída. E ele jamais os perdoaria por isso.

—Boruto... – Hinata parecia triste pela reação do filho.

—Não, Okaa-san, não são. Não me importo se temos alguns genes em comum. Você mesma me disse que família não é feita de sangue, que é feita pelas pessoas que se importam com você. Pra mim eles não passam de bastardos. – Gritou Bolt totalmente descontrolado. Hinata levou as mãos ao peito, completamente chocada. Os olhos arregalados e uma expressão de puro horror em sua face.

—Boruto! Jamais repita isso! Sabe o quanto abalaria seu pai ouvir isso de você? Ou os meninos? Ou até mesmo Sakura...

—E quem se importa com a Sakura, afinal? – A fala da Hyuuga for cortada pelo questionamento irritado do adolescente. O menino estava tão irado que nem sequer parou para pensar no quanto apanharia de Sarada se a amiga ouvisse aquilo. Era uma das poucas razões que impediam que Bolt fosse plenamente sincero com ela. Por vezes, em natais em que sua família passara separada, ele tivera vontade de ligar para a melhor amiga e reclamar com ela como qualquer garoto normal sobre o quanto detestava sua madrasta, e o quanto desejava que a bruxa simplesmente desaparecesse de sua vida. Todavia, esse tipo de confissão se tornava um pouco mais complicada se levasse em conta que a mulher em questão era mãe da garota. E que assim como ele, ela a amava incondicionalmente. – Talvez se ela nunca tivesse aparecido... – Ele não conseguiu completar a frase, mas não era preciso, Hinata sabia exatamente o que ele queria dizer.

Hinata suspirou. Não importava o que dissesse, sabia que palavras não convenceriam Boruto naquele momento. Ela sabia que ele estava magoado, mas não sabia exatamente por que. Adolescentes...

—Tente se dar bem com eles de qualquer maneira. Sei que quer se dar bem com seu pai. – Boruto levantou os olhos, pronto para retrucar. – Não adianta negar, uma mãe sempre sabe. – Disse ela. Ele retorceu o nariz, mas não retrucou. -E você não vai conseguir isso arranjando confusão com os filhos dele.

—Suponho que não... – Resmungou o loiro cruzando os braços.

—E pelo amor de Kami, Boruto Uzumaki, por favor, estou implorando a você que não entre em nenhuma disputa física com Shinachiku ou Hanami. Eles são mais novos que você, não dariam conta. - Pediu a Hyuuga segurando as mãos do menino com um olhar apelativo. Encarando aquelas perolas tão gentis quantos as safiras de sua irmã, ele soube que não podia negar nada àquela mulher.

—Tá certo, tá certo... –Assegurou o Uzumaki com um suspiro cansado. No fundo, a falta de confiança da mãe o machucou por dentro. Lógico que não tentaria nada contra eles. Podia não gostar muito das pestes, mas jamais tentaria bater neles. Porém, Boruto não podia culpá-la por desconfiar. Quantas promessas de não se meter em brigas já havia quebrado ao longo de seus anos vivendo com a mãe? Meia dúzia no mínimo.

—Está levando seus remédios? – Perguntou a morena. Ele assentiu."

—Ei, Bolt. – A voz de Sarada o tirou de seus devaneios. –Seu pai quer falar com você.

Boruto virou a cabeça e encarou o homem pelo retrovisor. Os olhos azuis se encontraram. Himawari e Naruto tinham os mesmo olhos. Boruto tinha puxado um pouco mais a mãe nesse sentido, e seu tom de azul era bem mais claro. Se o azul de Naruto era intenso e profundo como o mar, o dele era tênue e suave, como o céu. Ironicamente, os dois pareciam estar tão distantes quanto o oceano e as nuvens.

—Matriculei vocês em Konoha Gakuen. – Informou o mais velho. Boruto arregalou os olhos em choque, mas logo recuperou a compostura.

—É lá que...

—Sim, Bolt. É lá que Shinachiku e Hanami estudam. -Boruto tremeu. E logo depois sorriu de lado, balançando a cabeça.

—Dividimos a mesma casa e agora vamos ter que dividir a mesma escola? Por quê? Acha que não estamos tendo chances o suficiente para nos matarmos? - Questionou o menino, a voz afogada em sarcasmo.

— Não fale assim. - Disse Naruto com um suspiro cansado. O Uzumaki patriarca amava cada um de seus filhos incondicionalmente e o fato deles brigarem tanto o entristecia. -Conversei com eles, prometeram se dar bem com você. E tenho certeza de que sua mãe conversou contigo também. - Boruto bufou. -Pelo menos terá a chance de rever seus amigos. - Ele tentou soar animado. -Shikadai, Mitsuki, Inojin... Lembra-se deles?

Claro que se lembrava. Como poderia esquecer?Mitsuki fora seu primeiro amigo. Primeiro amigo garoto, pelo menos. O único com coragem de se aproximar do tímido novato. Mitsuki lhe ensinara várias coisas, entre elas, principalmente a tolerância. Filho de um casal homossexual, Boruto por vezes sentiu que Mitsuki se aproximara dele justamente por saber que ele também não vinha de uma família convencional. Shikadai era extremamente inteligente, e suas estratégias na hora de aprontarem eram essenciais. Eles costumavam debater bastante sobre os empregos de seus pais, já que tinham a mesma profissão. Inojin... Por mais que piadas sobre o tamanho de seu pênis e sorrisos falsos fossem cerca de 90% de sua personalidade, era uma boa pessoa, e no fundo, Boruto sentia certa falta da sinceridade do amigo.

Os únicos amigos verdadeiros que fizera em sua vida. Por mais que tivesse perdido contato com eles através dos anos, estava ansioso para dividirem a mesma classe novamente. Como nos velhos tempos... Por mais que fosse popular em Suna, suas relações com seus colegas não chegavam a ser íntimas. Ele tinha Kagami, mas também não mantinha muito contato com ele fora da sala de aula. E havia Kiara...

Kiara... Não tinha pensado nela desde o fiasco da festa de Saori. Vê-la naquele vestido tinha sido provavelmente o ponto mais alto de sua noite. Ela estava linda.

Boruto sabia que por conta de seu amor por cães e por seu uniforme sempre sujo de terra, Kiara era conhecida como "garota vira-lata". E poucos tinha coragem de se aproximar dela além dele, de Sarada e de seu irmão. Até mesmo Saori, dita prima da menina, a evitava como se fosse a própria praga.

E Bolt sentia pena. Não dela, afinal Kiara era simplesmente feliz demais com os amigos que possuía para se importar com aqueles que não gostavam dela. Sentia pena deles. Que estavam perdendo a chance de conhecer uma menina tão doce.

A viagem durou por mais alguns minutos até que Bolt finalmente se viu dentro de sua antiga cidade. Cheirava como sempre, mas tudo parecia diferente. A quantidade de prédios tinha praticamente dobrado, haviam outdoors espalhados por todos os lugares e a tecnologia parecia não ter fim. Apesar disso, as árvores continuavam a ser presentes e Bolt se sentiu feliz por isso.

—Onde vocês moram agora? - Perguntou Sarada.

—Quando me casei com Sakura nós nos mudamos para a antiga casa da família. - Explicou Naruto fazendo uma curva.

—A casa de vovó Kushina? - Indagou Boruto. Naruto confirmou com a cabeça. O menino abaixou a cabeça. Quando ele ainda morava em Konoha, sua família vivia em um apertado apartamento no centro da cidade. Depois do divórcio, Naruto saiu de casa e Hinata se mudou para Suna, deixando o lugar abandonando. Entretanto, apesar disso, várias memórias preciosas de sua infância estavam impregnadas naquele lugar e saber que ele agora estava nas mãos de outras pessoas o deixava desconfortável.

Por outro lado, era bom. Boruto sabia que não conseguiria suportar a sensação de viver na casa que um dia pertencera a sua família com outras pessoas. Seria doloroso demais e intensificaria ainda mais a sensação de que Naruto os havia substituído.

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Eles finamente chegaram a casa. Continuava a mesma. Era um pouco distante do centro, uma casa grande, estilo vitoriano, com dois andares e uma sacada. As paredes verdes eram cheias de galhos de cerejeira por toda sua superfície. As janelas brancas pareciam maiores e mais brilhantes do que nunca.

Com uma mochila nas costas e Sarada ao seu lado, Bolt invadiu a residência como se fosse a sua própria, sendo seguido por um Naruto cheio de malas em seus braços. Por dentro - se possível - a casa era ainda mais graciosa do que por fora. Não tinha a praticidade do complexo Hyuuga onde vivia com sua mãe.  Nem a elegância da mansão Uchiha. Mesmo assim, o local em questão não lhe parecia menos admirável em nenhum sentido. Era aconchegante. Cheirava a biscoitos de chocolate, e xampu infantil. Cheirava a lar. E o loiro mais novo não pôde evitar se sentir automaticamente agradável dentro daquele lugar.

—Tadaima. - Disse Naruto e a palavra, quase que como mágica, fez Sakura aparecer diante deles. Ela também estava a mesma. Os cabelos róseos estavam longos, batiam na cintura e faziam-na parecer mais jovem. Ela usava um vestido vermelho na altura dos joelhos e um avental branco.

—Okaeri, querido. - Disse a mulher dando um selinho no marido e logo depois virando sua atenção em direção à filha. - Sarada... Eu senti tanto a sua falta... - Sakura abraçou forte a menina. E então pareceu ver Boruto ali pela primeira vez.

—Boruto. Como vai? Espero que tenha gostado da viagem até aqui.

—Preferia estar em casa... - O loiro resmungou virando o rosto. Naruto fez uma careta para ele, mas Sakura não pareceu se importar.

—Onde estão Shinachiku e Hanami? - Questionou o homem da casa colocando as malas no chão.

—Estão lá em cima. - Explicou a rosada. - SHINA, NAMI DESÇAM AQUI JÁ! - Gritou a Sra. Uzumaki. Algo como um "Estamos indo" alto foi ouvido do andar de cima, e os gêmeos desceram em seguida. Shinachiku corria pelas escadas e Hanami escorregava pelo corrimão. Em certo ponto, ela perdeu o controle e acabou caindo por cima dele. Os dois rolaram pelo resto da escada e caíram por cima um do outro no chão.

Boruto esperou gritos e uma briga ali mesmo, era o que ele e Himawari teriam feito. Ou ele e Sarada. Porém, Shina e Nami gargalharam, como se não fosse nada demais. Sakura por outro lado, não achou engraçado.  Caminhou até os dois filhos e os prendeu pelas orelhas.

—ITAI! ITAI! OKAA-SAN! - Choramingou Hanami.

—Okaa-san, a orelha não! -Shina gemeu.

—Já disse que não devem descer as escadas assim! - Ralhou a matriarca. Os irmãos se entreolham e se desculparam com um suspiro.

—Gomen.

—Bolt e Sara chegaram. - Explicou Sakura. -Cumprimentem seus irmãos.

—Olá. - Shinachiku os saudou. Hanami acenou de leve. Bolt sabia que tanto quanto ele não queria estar ali, aqueles dois provavelmente também não o queriam em sua casa.

Fazia alguns anos que ele não via os gêmeos. Eles tinham crescido bastante.

Shinachiku tinha os cabelos louros dourados de Naruto, levemente rebeldes, mas nada que os milhões de pentes de Sakura não pudessem dar conta. A pele era levemente bronzeada, com dois risquinhos de cada lado do rosto. Os olhos esmeralda eram idênticos aos de Sakura, analíticos e inteligentes. Usava uma camisa vermelha por cima da blusa de manga longa amarela e uma bermuda jeans.

Hanami tinha herdado os cabelos róseos da mãe. Lisos, sedosos e presos em um rabo de cavalo alto. A pele era pálida. Seu rosto era delicado e bem desenhado, as bochechas fofas e rosadas, com um nariz pequeno e arrebitado. Hanami era um tanto maior que o irmão, e provavelmente mais forte também - ao menos se tivesse ganhado a super força da mãe... - os olhos azuis, travessos e desafiadores, eram cobertos por um par de óculos ovais prateados. Ela usava um macacão amarelo, uma blusa vermelha e uma meia calça branca. Havia um baid-aid em seu nariz, mesmo assim ela parecia uma boneca de porcelana, que quebraria se fosse derrubada. Mas Bolt sabia a verdade. A menina era uma verdadeira peste. Assim como Sarada, Hanami tinha recebido o intelecto de Sakura, que era uma mulher extremamente inteligente e talentosa. O problema é que o gênio da Haruno somado com a hiperatividade de Naruto tinha resultado numa combinação altamente explosiva nomeada de Hanami Uzumaki.

—Então... - O Uzumaki do meio quebrou o silêncio. - Onde vamos ficar? - Ele questionou encarando o pai.

—Boruto vai dividir o quarto com Shina, Sarada pega o quarto da Nami. - Explicou Naruto. Quatro vozes insatisfeitas foram ouvidas ao mesmo tempo.

—Eu me recuso a dividir o quarto com ela! - Exclamou Sarada cruzando os braços em pleno horror. A pequena Uchiha era espaçosa e sendo filha de um milionário, o conceito de "dividir" não estava exatamente claro para ela.

—Eu me recuso a recebê-la em minhas dependências! - Clamou a pequena rosada batendo o pé. Naruto riu de leve.

—Sakura-chan... Elas se parecem tanto com você! Hehe... - Comentou o loiro sorrindo abertamente. - Principalmente com os óculos.

Poucas pessoas sabiam que Sakura tinha usado óculos durante a adolescência. Com vinte e um anos, a Haruno se apressou em fazer uma cirurgia para retirar completamente sua miopia, contudo, seus genes tinham sido passados para as meninas.

—Elas parecem, não é mesmo? - A mulher riu, divertida, porém logo recuperou sua postura séria.  -Mocinhas, vocês vão compartilhar o quarto e vão se dar bem, caso contrário, as consequências serão severas, entendido?

Bolt foi capaz de ouvir Sara e Hanami engolirem em seco. Elas assentiram com as cabeças, derrotadas.

—Sim senhora. - Murmuraram em uníssono. Sakura sorriu.

—Ótimo. Hanami, ajude a sua irmã a levar as malas para o quarto, sim? - Sem mais reclamações, as garotas Haruno se retiraram. Boruto se sentiu aliviado por ter Hinata como sua mãe. Sakura era assustadora demais e provavelmente teria acabado com sua raça há anos caso ele fosse seu filho. Talvez aquilo explicasse o porquê de Shinachiku ser tão bem comportado para um Uzumaki.

A Sra. Uzumaki se virou em direção à eles.

—E vocês, meninos? Tem alguma reclamação a fazer? - Perguntou a mulher arqueando as sobrancelhas desafiadoramente.

—Acho que não é uma boa ideia. - Disse Shina com certo receio.

—Não vai dar certo. - Concordou Bolt.

—Não vão saber antes de tentar. -Cantarolou a mulher.

—Subam, garotos. O almoço vai ser servido em uma hora. - Naruto disse e os meninos obedeceram. Subindo as escadas devagar.

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O quarto de Shinachiku era grande para um menino de apenas dez anos. Era bem decorado. Paredes verdes, carpete branco e um beliche.

—Um beliche?- Perguntou Bolt.

—Eu dividia o quarto com Hanami até pouco tempo atrás. -Explicou Shina.

—E o que aconteceu?

—Ela acordou um dia pedindo por privacidade. Humpf... Garotas...

O Uzumaki mais velho riu de leve, ele tinha problemas parecidos com Himawari.

—Mas vocês ainda usam roupas combinando. - Provocou ele. As bochechas de Shina queimaram de leve. Depois disso, um silêncio desconfortável preencheu o local. Boruto sentiu os olhos verdes de Shina o encarando.

—Porque está aqui?

—O que quer dizer?

—Quero dizer que você nos odeia. -Explicou o loirinho em um tom amargo. -Então não vejo motivo para estar aqui. A não ser que... Tá bom, o que você fez?

Bolt estava irritado, mas manteve a pose.

—Não é da sua conta. -Grunhiu o mais velho. Shina sorriu vitorioso.

—Então você fez alguma coisa. E como castigo foi mandado pra cá. -Concluiu o menor com uma risadinha malvada. Boruto tremeu por dentro. Malditos fossem os genes de Sakura que haviam deixado o menino tão inteligente. -Quer dizer que nem mesmo a sua mãe aguentou suas brincadeiras, an? Você não percebe que esse seu comportamento só causa problemas para as pessoas ao seu redor?

Boruto bufou.

—Não vou levar lição de moral de você, menino prodígio. Você não sabe minhas razões, então sugiro que não vá julgando o que eu faço.

—Claro que eu sei. – Retrucou o menino. –Você acha que não recebe atenção suficiente.

—Eu não recebo atenção suficiente. – Confirmou o mais velho. - Pelo menos não do meu pai.

—É a coisa mais ridícula que já ouvi. –Retorquiu Shinachiku com uma careta.

—Como ele poderia me dar atenção se mora em Konoha, a quilômetros de distância?

—Ele pode viver em Konoha, o corpo pode estar em Konoha, mas a cabeça está sempre em Suna.

—O que isso deveria significar?

—Você não entende mesmo, Boruto? – Indagou o garotinho em descrença. – Você acha mesmo que eu sou o “garoto perfeição” porque eu quero? Eu sou um Uzumaki, caramba. Seria bom me meter em confusão de vez em quando... Mas eu não posso. Tenho que me manter na linha porque papai está sempre ocupado demais com os seus problemas, limpando sua barra com a polícia, conversando com seus professores... Ele está sempre tão concentrado em entender o porquê você não para de causar dor de cabeça que eu me sinto incapaz de fazer qualquer coisa!

—Sua irmã não parece ligar pra isso... – Bolt murmurou.

—Hanami é diferente. É um gênio do mal, nunca é pega. – Shina suspirou passando a mão pelos cabelos. – E agora que você está aqui, ele vai ligar ainda menos para mim. – Lamuriou-se o Uzumaki caçula. Shinachiku encarou Boruto. Foram longos sete segundo com aquelas orbes verdes cravadas em seu rosto e Bolt se sentiu desconfortável. –Não gosto de você. – Falou o menor com sinceridade. –Porque não volta pra casa da sua mãe? Ou ela se cansou de ter um miolo mole como você como filho?

Boruto sentiu a raiva subir e agarrou o garoto pelo colarinho.

—Ora seu pirralho maldito...

—O que foi? Não aguenta a verdade? – Provocou o loirinho com um sorrisinho petulante.

—Calado! Você não sabe com quem está se metendo. Eu não tenho paciência. Continue assim e quebro você em dois! – Avisou Bolt.

—Gostaria de ver você tentar!

A briga foi interrompida pela voz de Sakura vinda do andar de baixo.

—Meninos? Está tudo bem aí em cima?

Boruto largou a camisa do irmão. Nem percebeu que estavam gritando tão alto. O silêncio foi resposta suficiente para Sakura, que não tornou a se manifestar novamente. A porta do quarto estava aberta, e era possível ver o que acontecia no quarto das meninas do outro lado do corredor. Elas se encaravam violentamente, os olhos de ambas cheios de fúria e resentimento. A inimizade entre elas era quase palpável e era evidente que o que mais queriam naquele momento era pular no pescoço uma da outra. Porém, elas se mantinham em silêncio. Nenhuma palavra era dita. Apenas olhares. Faíscas que deixavam bem claro como se sentiam uma pela outra.

Boruto suspirou e encarou o menino a sua frente, as esmeraldas confusas pelo súbito fim do confronto. Por mais que quisesse amassar aquela carinha, sabia que essa não era a melhor solução. Brigar era justamente a última coisa que ele deveria fazer, afinal, o objetivo de sua mãe ao mandá-lo para lá fora o de endireitá-lo, e não fazer com que arranjasse ainda mais confusão. Se ela ficasse sabendo que ele andava tendo desavenças com os meios-irmãos tentaria mantê-lo ali por mais tempo do que o necessário e sinceramente, isso era exatamente o que queria evitar.

—Olha... – O Uzumaki mais velho começou seu discurso. - Eu sei que a gente não se gosta, mas se brigarmos, nós dois vamos perder. Precisamos fazer um acordo de guerra fria.

Shina arqueou a sobrancelha, curioso.

—De que jeito? – Ele perguntou.

—É só nos odiarmos em silêncio.

—Como as garotas fazem?

Bolt sorriu.

—Como as garotas fazem.

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Notas finais do capítulo

Hehehe O tamanho do capítulo compensou a demora né não? Quatro mil palavras não é pra qualquer um!

Mas enfim. O que vocês acharam da história da Hinata? Bem tristinha né? Eu precisava fazer o Neji meio-irmão dela de algum jeito e acabou nisso aí. E o Bolt chamando os irmãos de "bastardos"? Foi bem cruel da parte dele, mas perdoem o garoto, ele está magoado. Além disso, vou fazê-lo pagar por isso em breve. Vocês não tem a mínima noção das tragédias que estou planejando para eles ahsuhaushahuau eu sou meio psicopata em relação a isso, boto os personagens para sofrerem mesmo!
Ah gente... E a Sarada e a Hanami. Juntas. Num quarto. Garanto a vocês que a Nami é uma verdadeira praguinha, e Sarada não é muito melhor hehehehehe
"May-Sama, porque a Hanami usa óculos?" Bem, primeiro porque eu precisava de algo em comum entre ela e a Sarada, e segundo porque ela fica uma gracinha com eles.
E esses remédios do Bolt hein? Não me digam que vocês deixaram passar!
Preciso da opinião de vocês, vocês acham que eu devia colocar a Himawari na fic ou só a Sarada e o Bolt já tá bom? Quero respostas. Quero comentários! Até a próxima! Kiss Kiss Kiss



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