Mostrei todos os pontos interessantes e chatos. Todos ótimos lugares e os péssimos. Clint era de perguntar e muito. Não que isso me incomodasse, na verdade incomodava mesmo, quem eu vou querer enganar. Teve horas que quis parar e esgana-lo, ele não calava a boca nem por um minuto, mas não poderia mata-lo na frente de todos e eu já perdi as oportunidades mesmo.

— Aqui é realmente um lugar belo, só perde pra Los Angeles – diz tentando me irritar. "Vai conseguir passarinho" penso rápido -
        - Americanos – debocho realmente irritada. Que desaforo! Só metade de Moscou já é mais bonita que os USA inteiro, mas deixo-o tirando a ondinha dele. -

— Estou brincando – se rende com as mãos pra cima –
        - Eu também – murmuro mais pra mim mesma do que pra ele, ao lembrar do que havia pensando – Ou não – dou de ombros –
         - Você ta fal... -
       - Nada, pensamentos meus – o corto porque sabia que daria trabalho explicar e ele não precisa saber que penso nele, digo, sobre meus pensamentos, affs não acredito que pensei nisso -
        - O que te prende aqui Natasha? Digo, é um lugar lindo, mas pelo que faz não vele a pena – pela primeira vez que havíamos passeado ele fica serio. Ai vem coisa -
         - Eu sei, mas eu vivo pra isso. É o que eu sei fazer – digo seria –
         - Natalia, você tem uma escolha. Preciso saber se vai até o fim. Sabe que nada du... -
        - dura para sempre – terminamos a frase e ele me olha estranho –
      - Meu pai costumava dizer isso para mim. Depois do acidente que aconteceu com eles vi que todos os meus pensamentos eram bobos, de criança, e o que ele dizia era verdade. Aprendi da pior maneira – essa era uma das poucas lembranças que eu tinha do meu pai. Na verdade era uma voz porque não me lembro de sua imagem, umas das coisas que a maldita KGB fez. Apagou minha memória pra não me lembrar de nada do meu passado. Eu já sentia vontade de chorar, porém aguentei firme. Não ia fazer isso na frente dele.
        - Sinto muito, sei o que é perde algo – fala cabisbaixo-
       - O que você perdeu? – pergunto curiosa. Talvez eu não vá gostar da resposta porque sei o que vou ouvir, assim como ele deve saber o que eu perdi e a historia dele se parece com o que eu passei, tirando o fato da lavagem cerebral. -
      - Tudo – me olha intensamente e sinto uma vontade inexplicável de abraça ló e dizer que ficaríamos bem, todavia eu não o conheço, ele não me conhece e só estamos tentando fazer uma loucura. -
      - Não vou te dizer que tudo vai ficar bem porque é tarde de mais e bom, não ia adiantar mesmo – respondo ríspida até demais. -
       - Esta tudo bem. Já cansei de ouvir essa mesma frase, acredite – dá de ombros e se senta num banco que avistamos vazio. Faço o mesmo. -
       - Touché – debocho e lá está nos dois rindo de novo – Eu quero. Eu vou até o fim com essa escolha. Se eu tiver que morrer, morro livre. Além do mais eu já perdi tudo mesmo – falo decidida. Quero que ele veja que não vou voltar atrás. -
        - Então vamos se ferrar juntos – debocha e se acaba de rir. Eu o acompanho -
          - Pra isso que serve os... -
        - Agentes que perderam tudo? – pergunta debochado. Ele distorceu a frase original, entretanto não faria sentido se ele tivesse dito amigos mesmo. E na verdade eu nem sei porque disse essa frase louca. Nunca tive amigos e se tive foi na época em que eu nem sabia o que era KGB. Bons tempos! A quem eu quero enganar, qualquer coisa é melhor que a KGB, então melhor tempo!
          - Agentes que perderam tudo – termino com um sorriso de lado –