—Hoje o dia está lindo, não está? –ouvi alguém falando enquanto sentava-se ao meu lado. Desgrudei os olhos de meu livro e olhei para a pessoa que estava me infortunando.

—Eu vim para a biblioteca para ter um pouco de sossego e nem aqui as pessoas me deixam em paz. –eu disse, e voltei a ler meu livro, sabendo que Luke iria tentar continuar a conversa.

—Você pode ter um pouco de sossego no meu quarto. –ele disse, e eu revirei os olhos.

—Vou ter que recusar. –eu disse ironicamente.

—Vamos lá, Annabeth... –ele disse, encostando sua mão direita em minhas pernas. –Você parecia bem sossegada no meu quarto aquele dia...

—Aquele dia não é hoje, e hoje eu estou me sentindo sossegada aqui na biblioteca lendo meu livro e ouvindo o silêncio. –respondi.

—E eu me sentiria mais sossegado se ficasse ouvindo você gemer meu nome. –ele disse, levando suas mãos mais para cima em minha perna.

Segurei sua mão e a tirei dali sem ter nenhum cuidado. Fechei meu livro e o coloquei em cima da mesinha que havia ao lado do sofá da biblioteca, e virei para Luke.

—É o seguinte: isso... –eu disse, referindo-me a nós dois. –Não pode e nem vai mais acontecer, ok?

Ele fez uma cara de surpresa, e deu um sorriso safado. Ele estava levando aquilo na brincadeira e eu estava começando a ficar irritada, então encarei ele com uma cara de enterro até o mesmo entender que eu não estava brincando e parar de sorrir.

—O que te fez ter esse pensamento? –ele me perguntou sério.

Eu pensei em várias formas de responder essa pergunta. Motivo um: Luke tem um colega de quarto muito mais lindo e gostoso do que ele, e eu preferia não ficar transando com ele enquanto Nick estava no quarto. Motivo dois: Ele tinha sido apenas uma distração para aliviar minha raiva de Percy. Motivo três: Luke namorava minha antiga melhor amiga. Sim, namorava minha antiga amiga. Eu não devia ter que me preocupar com isso, já que acontecia no passado, mas eu ainda tinha esperanças de que Thalia voltasse a falar comigo. Eu já tinha transado com Luke antes, porém não sabia que ele e Thalia estavam dando um tempo. Ver olhar no rosto de Thalia quando eu mencionei Luke foi aterrorizante, eu nunca pensei que fosse a ver daquele jeito por causa de um garoto. Eu pisei na bola uma vez, mas não iria fazer a mesma coisa novamente.

—O que me fez ter esse pensamente? Hm... –eu disse, enrolando ele. –Você é egoísta na hora do sexo. –inventei.

—O que? –ele perguntou enquanto eu levantava e pegava o meu livro. –Eu sou egoísta? O que isso significa?

—É o que é, meu amor. –eu disse, enquanto caminhava até a prateleira de onde tinha pegado o livro.

—Desisto de você. –ele disse rindo. –Adeus, Anns.

—Já foi tarde! –eu disse um pouco mais alto enquanto ele se afastava, mas fui repreendida pela bibliotecária, que me pediu rigorosamente por silêncio.

Quando eu estava saindo da biblioteca, meu celular vibrou várias vezes, avisando a chegada de novas mensagens. Desbloqueei e li uma por uma, que vieram de pessoas diferentes.

“Você viu o que escreveram sobre você? –reyna xx”

“miga pelo amor de deus entra no site do jornal da escola. –pipes”

“desculpa. –numero desconhecido”

Haviam outras mensagens, mas não me incomodei em abri-las. Fui ver a foto de perfil do numero desconhecido que havia me mandando mensagem, mas não aparecia o rosto da pessoa. Salvei o contato como “someone” para ligar depois e descobrir quem era.  Só então que eu resolvi abrir o site do jornal da escola, que até então eu nem sabia que existia. Achando o site, a tela inicial continha apenas dois espaços: um de colocar o login da matrícula e outro de colocar a senha. Eu não fazia ideia de qual era a minha senha, muito menos o numero da minha matrícula.

Voltei para as mensagens e digitei para Reyna.

“Eu não tenho um login, SOS”

A resposta de Reyna veio em menos de 10 segundos.

“Tente suas inicias e o número de seu quarto. Sua senha provavelmente é a mesma do site da escola”

Fiz o que Reyna sugeriu.

Login: AGC232

*Senha: summer09

Quando apertei enter, o site foi diretamente redirecionado para a página inicial do jornal e, de imediato, vi o que tanto falaram para eu ver.

E desejei não ter visto

Era uma foto minha enorme. Uma foto que eu sei exatamente quando e onde foi tirada, mas não fazia ideia de por quem tinha sido capturada. Meu mundo simplesmente desabou assim que eu li a manchete em negrito:

Confirmado: a nossa nova Queridinha não é quem diz ser.

A foto mostrava eu, com uma roupa quase que inexistente, sentada em um sofá vermelho de um Clube Strip, com dois caras, um em cada lado, encostando em minhas pernas. Ao fundo dava para ver um enorme cartaz, com a mesma foto que havia aparecido em folheto na minha bolsa alguns dias antes, e nele dizia: a loira mais queridinha de Vancouver. Era apenas isso, mas para mim era muito. Eu havia sido exposta. Cliquei na foto e fui redirecionada para a matéria da manchete.

Confirmado: a nossa nova Queridinha não é quem diz ser.

E também não somos os primeiros a apelidar ela de Queridinha, como podemos ver. Annabeth Grey Chase, filha da mulher mais rica da America do Norte, que fugiu de casa e sumiu durante um ano inteiro, deu as caras na nossa querida MWHS nessa volta do recesso e eu, como um bom pesquisador, não pude deixar de vasculhar a internet inteira para descobrir onde que Annabeth esteve nesse ano inteiro. Thalia Grace já havia dito em uma festa que a loira estava em Vancouver durante o ano perdido, e que ficou sozinha e sem o dinheiro de sua mãe para a ajudar. Então, como ela sobreviveu esse ano inteiro sem dinheiro?

Eu descobri e vim contar para vocês. Annabeth Chase usou seu corpinho gostoso e suas curvas abundantes para ganhar dinheiro. Sim! É isso mesmo que você leu! Agora, não temos informações suficientes para saber se a garota era apenas uma Stripper ou se realmente vendia seu “amor” para outros homens. Bom, esse é o tanto de informações que eu tenho para falar para vocês hoje, mas fiquem ligados nas próximas postagens que iremos atualizar vocês no caso da loira não tão santinha assim.

Fiquem fora de perigo.

Chxlise.

Quando terminei de ler, nem ao menos percebi que estava aos prantos. Eu queria saber quem tinha me exposto desse jeito. Queria saber como essa pessoa descobriu de mim. Queria saber quem era e queria isso fora da internet agora.

Saí correndo da biblioteca e fui direto para o meu dormitório. Mesmo estando correndo e não prestando atenção nas pessoas em minha volta, eu podia perceber o olhar delas queimando em minhas costas.

Isso não podia estar acontecendo. O que eu mais temia que acontecesse estava de fato acontecendo e não havia nada que eu pudesse fazer para impedir as pessoas de lerem.

Quando finalmente cheguei em meu dormitório, encontre Rachel caminhando aflita de um lado para o outro. Nossos olhares se cruzaram e, aleatóriamente, nos puxamos para um abraço. Eu estava chorando muito e Rachel acariciava-me como se eu fosse uma criança.

—Desculpa por ter sido uma vaca com você... –eu disse no meio de algumas fungadas.

—Está tudo bem, não foi por mal. –ela respondeu, enquanto tentava sentar na cama sem soltar do meu abraço.

—Sim foi... Você é uma pessoa tão legal e... e... –tentei falar, mas meus soluços me impediam.

—Shhhhh. –ela disse, ainda acariciando meus cabelos.

No momento, ela estava sentada em sua cama e eu estava deitada com a cabeça em seu colo. As únicas pessoas no mundo que já haviam me visto desse jeito foram Zoe e Thalia, e elas eram minhas melhores amigas. Agradeci mentalmente por ter Rachel em minha vida, pois mesmo que fingisse que não gostava da garota, ela era a pessoa mais próxima de uma amiga que eu tinha nessa escola.

—É uma merda que isso tenha vindo de gente que você conhece, né. –ela tentou começar um assunto, mas eu não fazia ideia do que ela estava falando.

—O que? –eu perguntei.

—Chxlise. –ela disse. –É um grupo anônimo do Jornal da escola, mas todo mundo sabe conhece um ou dois integrantes. Eles tem autorização da diretoria para postar quaisquer tipos de informações lá, mesmo se infringir a privacidade do coleguinha ao lado. A direção assinou um contrato rígido com eles, mas como a diretoria não entra no site, os termos do contrato nem sempre são cumpridos.

—Porra. –eu disse. –Mas o que você quis dizer com “gente que eu conheço”? –perguntei inocentemente.

—Danielly. —Ela disse, e eu sentei-me na cama.

—Quem? –perguntei, mas depois associei os nomes. –Drew?

—Sim. –disse.

—Vadia.—eu disse, e peguei meu celular, limpando as lágrimas que já não mais escorriam pelo meu rosto.

Abri as mensagens e escrevi para Reyna.

“Temos uma vadia para derrubar hoje”

Como sempre, a resposta veio de imediato. Reyna, quando não estava com algum garoto, estava sempre ao celular.

“Falando desse jeito você me conquista. Devo chamar Drew?”

Pensei muito bem antes de responder. Ela e Drew eram amigas antes mesmo de eu chegar na escola, então ela talvez ela ficaria com Drew. Mas, por outro lado, Reyna não fazia nada além de me obedecer, e eu não duvidava que ela seria capaz de meter pressão em sua melhor amiga para satisfazer sua “Queen B”. Resolvi responder ela honestamente.

“Não. Drew é a vadia. Me encontre ao lado do pavilhão da piscina e chame Drew. PS: se você contar algo para ela, considere-se uma vadia também.”

Bloqueei meu celular e levantei-me da cama.

—Obrigado por isso, Rachs. Eu realmente estava precisando. –eu disse. –E desculpa novamente.

—Que isso. –ela disse rindo. –Estarei aqui sempre quando precisar, querendo ou não.

Beijei a testa dela e fui ao banheiro lavar meu rosto.

Minha cara estava péssima e minha maquiagem escorrida. Eu nunca ficava sem maquiagem mas, dessa vez, resolvi ‘ir para a guerra’ de cara lavada. Removi todos os resquícios de maquiagem que havia no meu rosto e sai do banheiro em direção ao closet; Rachel não estava mais no quarto.

Peguei uma calça preta de cós alto que estava rasgada nos joelhos, uma blusa preta e branca listrada e solta e um corta vento verde musgo. Coloquei meus coturnos e prendi meu cabelo. Assim que terminei de me arrumar, peguei meu celular e as chaves do quarto.

O dia realmente estava lindo, como Luke disse. Eu apenas não tinha percebido. E estava prestes a ficar mais lindo ainda.

Hoje eu iria derrubar mais uma vadia da Meriwheter.