Eu tive que ficar no hospital em observação. Rick deve que ir trabalhar, mais disse que ia vim mais tarde ver como eu estava. Eu não tinha nada para fazer, por isso fiquei assistindo televisão. Eu estava quase dormindo quando escutei a porta se abrindo. Pensei que fosse uma das enfermeiras, mas quando olhei para a porta, vi que era meu pai. Fiquei surpresa por terem deixado ele entrar novamente no hospital depois dele ter batido no Rick. Ele estava fardado e mexia nervosamente na arma. Ele se aproximou da cama e se sentou ao meu lado. Não falamos nada por um tempo, apenas ficamos nos olhando.

— Rick foi falar comigo. – meu pai disse quebrando o silêncio. – Depois que me acalmei, ficou mais fácil entender e bom, eu não estou tão nervoso. Ele me falou que vocês estavam com medo da minha reação. Afinal, ele é mais velho que você e você temia que eu me recusasse a permitir no namora. Disse que vocês nunca pensaram que uma gravidez pudesse acontecer já que não se protegeram apenas uma vez. Isso não justifica nada, mas acho que fica mais fácil de entender por que o policial que eu mais confiava, dormiu com minha filha e a engravidou. Sei que você deve estar com medo. Quando sua mãe me disse que estava gravida quando namorávamos, eu também fique com medo. Eu não vou dizer que estou feliz com isso, mas pelo menos você dormiu com Rick e ele vai assumir o que fez. Não vai te deixar sozinha e vai se casar com você.

— O que?

— Vocês vão se casar. Ele vai assumir o bebê e você. Sua mãe e ele estão agora mesmo no cartório preparando tudo.

— Não. Eu não vou me casar. Pai, eu tenho apenas quinze anos. Não vou me casar por que estou gravida.

— Vai. Você tem apenas quinze anos como mesmo disse. E não vai ter esse bebê solteira.

— Pai, eu não tenho maturidade para evitar uma gravidez, vou ter para manter um casamento? – perguntei cruzando os braços. – Eu não quero me casar.

— Deixe de ser mimada. Vai se casar e pronto.

— Para que? Para ter um casamento igual ao do senhor? Você e mamãe apenas se casaram sem amor e por causa de uma gravidez. Vocês estão mais para melhores amigos do que para um casal. Eu não quero me casar apenas para ter um pai para meu bebê. Rick, vai assumir o bebê. Quando ele nascer vou encontrar um emprego e vou deixar as coisas assim.

— Ally, você ainda é menor de idade. – meu pai disse se levantando. – Você e Rick vão se casar e não estamos discutindo isso.

Ele saiu e me deixou sozinha. Passei a mão pelo cabelo e suspirei. Como posso me casar sem amor? Rick nem sequer gosta de mim. Passei o dia sozinha. Ás vezes, alguma enfermeira entrava e olhava para mim e para meu soro antes de sair novamente.

— Boa tarde. – um médico disse entrando no quadro. – Como se sente?

— Bem. – respondi olhando para minhas mãos. – Quando vou poder ir para casa?

— Assim que seus pais chegarem. Já liguei para eles e eles estão a caminho. – ele se sentou ao meu lado. – Temos muita coisa que conversar. Bom, primeiro, você vai ter que marca uma consulta com um obstetra. Segundo, sua pressão está um pouco mais baixa do que o normal e terá que controlar isso. Você tem que evitar passar por fortes emoções. Terceiro, vou te dá uma lista de coisas para comer até passar com o médico, apenas para ver se sua pressão volta ao normal. E quarto, nada de sexo por esses dias. – fiquei vermelha nessa hora. – Não estou proibindo, mas pelo menos até passar no obstetra e ele fazer todos os exames necessários.

— Tudo bem. – falei sem olhar para ele.

— Vou passar algumas vitaminas. Se senti qualquer coisa volte para cá. Mas você e o bebê estão bem. Tem alguma pergunta?

— Não.

— Então, até mais.

Ele se levantou e saiu do quarto me deixando sozinha. Em menos de dez minutos minha mãe abriu a porta. Ela estava com uma pequena bolsa e parecia mais calma do que hoje de manhã.

— Oi, querida. – ela disse sorrindo para mim. – Eu trouxe roupas.

— Oi, mãe. – falei me arrumando na cama. – Já posso ir?

— Sim. Seu pai está assinando os papeis e vai esperar a gente no carro. Ele disse que também ia conversar com o médico. Saber o que temos que fazer agora. Venha eu te ajudo. – ela disse me ajudando a levantar.

Uma enfermeira entrou no quarto e tirou meu acesso. Eu fui para o banheiro e me troquei. Quando minha mãe e eu saímos do quarto, vi meu pai esperando a gente no fim do corredor conversando com o médico que me atendeu. Juntas, fomos até onde eles estavam.

— Vamos. – minha mãe disse chamando a atenção deles.

Meu pai olhou para mim e depois de se despedir do médico foi em direção a saída. O caminho até em casa foi feito em silêncio. Minha mãe estava mexendo no celular e meu pai não tirava os olhos da estrada. Eu olhava para fora tentando entender o que estava acontecendo. Sabei que meu pai não ia mudar de ideia sobre o casamento, sabia que Rick também não. Pelo pouco que conversamos desde que nos conhecemos sei que ele preservava isso. O fato dele ter tirado minha virgindade e ainda ter me engravidado, o deixava se sentindo o pior homem do mundo. Quando chegamos em casa, fui para meu quarto. Depois de tomar um banho bem relaxante, descia as escadas e fui para a cozinha. Minha mãe estava preparando o jantar e cantava baixinho. Me sentei na mesa e fiquei olhando para ela.

— O papai vai trabalhar hoje à noite? – perguntei chamando a atenção dela.

— Não. Ele foi compra suas vitaminas. – ela respondeu me olhando. – Amanhã vamos ao mercado compra as coisas que o médico receitou e vou marca o médico. – Concordei com a cabeça e não disse nada. – E também vamos com você para a escola. Vamos contar sobre sua gravidez na secretaria. Sei que isso pode ser assustador, mas temos que falar para o diretor.

— Certo. – falei olhando para minhas mãos. – Quer ajuda?

— Claro.

Me levantei e fui lavar as mãos. Estava cortando as batatas quando escutei a porta se abrindo e as vozes do meu pai e do Rick. Minha mãe olhou para mim tentando ver o que eu faria, mas apenas continuei cortando as batatas.

— Camila, Ally ainda está lá em cima? – meu pai perguntou se aproximando da cozinha.

— Estou aqui, pai. – falei pegando outra batata.

— Que bom, temos muito o que conversar. – ele disse colocando duas sacolas em cima do balcão. Rick olhou para mim e acenou com a cabeça. – Sua mãe falou sobre o casamento? Que já marcamos e está tudo certo para o grande dia?

— Eu já disse que não vou me casar. – falei começando a descascar a batata. – Não acho que isso vai resolver nada. Já estou gravida e no momento que falarmos que vou me casar todos vão saber que estou gravida.

— Ally, sei que esse não é o melhor motivo para casarmos, mas é o melhor. – Rick disse fazendo com que eu me virasse para ele com a faca na mão.

— Para que? Para que você fique com sua consciência limpa? O fato de casarmos não a vai mudar nada. Estou gravida, perdi minha virgindade com você e vou ter um bebê. Você não acha que já vou ter que aguentar um monte de comentários sem me casar apenas por que estou gravida? E se me casar com você vão falar que dei o golpe perfeito. Se você assumir o bebê, para mim já está de bom tamanho.

— Eu não me importo com isso. – Rick disse se aproximando de mim. – Sei que não vai ser fácil. Mas vamos dá um jeito nisto juntos. Sei que pode parecer careta e errado casarmos apenas por que você está gravida, mas é o melhor por hora.

Olhei para minha mãe esperando que ela me ajudasse, mas vi que ela estava do lado deles. Ninguém estava ao meu lado. Certo, meus pais não sabiam a verdade, mas mesmo assim isso me deixava com uma raiva sobre humana.

— Não é como se eu pudesse escolher, não é mesmo? Quando vai ser?

— Em duas semanas. – minha mãe respondeu.

— Certo.

Joguei a faca em cima da mesa e sair da cozinha. Subi as escadas correndo e fui para meu quarto me jogando na cama depois de bater à porta com toda minha força.

Fiquei alguns minutos naquela posição até que escutei a porta sendo aberta. Minha vontade era mandar quem entrou ir para o inferno e me deixar sozinha. Queria ficar ali com minha tristeza. E com minha raiva sozinha, mas como deveria imaginar nem isso eu poderia fazer. Sabia que era o Rick pelo modo de andar. Conhecia os passos dos meus pais. Ele se aproximou da cama e se sentou ao meu lado.

— Eu sei que você está com raiva. Mas temos que conversar. – Rick disse calmamente.

— Não tenho nada para falar.

— Ally, estou fazendo o que é certo. Não é perfeito, mas é o que posso fazer.

Me sentei e olhou para ele.

— Casar sem amor nunca é certo, Rick. Não importa os motivos, nem as razões. Você assumir o bebê já está de bom tamanho. Não precisa me assumir. Posso muito bem cuidar do bebê sozinha, posso arrumar um emprego de meio expediente. Parar de estudar por um ano. Vou dá um jeito. Mas casar apenas por que estou gravida. Isso é errado.

— Eu vou assumir você e o bebê. Fim de papo. Somos amigos e vamos dá um jeito nisso.

— Meus pais também são amigos. Na verdade, eles são mais amigos do que um casal e posso te garanti que eles não são felizes assim. – me levantei da cama e fui para a janela. – Meu pai me disse no hospital que sou menor de idade e que não posso opinar. Ele está certo. Vocês querem esse casamento, certo. Vamos ter um casamento. Mas nada vai me impendi de pedir o divórcio assim que atingir a maior idade.

— Se essa for sua vontade, atenderei. – ele disse calmamente.

— O que vamos fazer? Vamos simplesmente falar que estou gravida e que vamos nos casar? Assim do nada? Não vamos ter uma história para explicar por que estamos juntos.

— Não. Eu terminei com a Lori a quatro meses. Podemos falar que estamos namorando há uns três meses. Eu disse para seus pais que nos encontramos depois que acabei com ela e passando várias horas conversando, até que nos beijamos. Depois começamos a namora. Já que você disse que na festa, falei que dormimos juntos e depois brigamos e você veio para casa sozinha. Assim explicamos por que vim um monte de vezes na sua casa naquele dia.

— Certo. Eu confirmo a história caso alguém me pergunte. Agora, agradeceria se você me deixasse descansar. Estou com sono.

Rick concordou com a cabeça e saiu do quarto fechando a porta. Assim que escutei a porta sendo fechada me sentei no chão e encostei minha cabeça na parede. Por que eu tinha que ter ido naquela festa?