Lost Drams escrita por Anieper


Capítulo 17
Capítulo 17




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Me levantei e corri para o banheiro para vomitar. Segurei meu cabelo com uma das mãos e tentei controlar meu enjoou, mas tudo o que tinha acontecido ontem veio à minha mente. Sabia que não deveria ter saído daquele jeito, mas tudo o que estava acontecendo nos últimos dias estavam sendo insuportável. Fingi que tinha uma vida perfeita e feliz. Fingi que não me machucava ficar o dia todo sozinha. Fingi que eu era uma pessoa forte. Estava cansada de fingi. Não sabia por quanto tempo ia aguentar isso. Essa não sou eu. Quando terminei de vomitar, me levantei e tomei banho. Me arrumei rapidamente e desci as escadas. Quando cheguei na cozinha, Rick estava parado no balcão com uma caneca na mão olhando para a porta da cozinha.

Entrei na cozinha sem falar nada e fui até o armário pegar minhas vitaminas. Tomei as que tinha que tomar e guardei. Podia senti os olhos dele em mim, mas não falei nada. Olhei para o fogão e o café que estava em cima da mesa. Só de olhar para aquilo dava vontade de vomitar.

— Não vai comer nada? – Rick perguntou quando eu estava saindo da cozinha.

— Estou sem fome. E enjoada. – falei sem olhar para ele. – Estou indo para a escola. Tenho que fazer algumas pesquisas para um trabalho.

Passei pela a sala e peguei minha mochila. Sair de casa e fui para a escola andando. Apesar de não ser tão perto, andar me fazia bem, e a médica tinha mandado fazer caminhadas. De um tempo para cá preferia ir andando já que assim eu podia pensar e não tinha pessoas falando de mim, fingindo que eu não estava presente. Assim que cheguei na escola fui para a biblioteca e me sentei na mesa mais distante de todas. Enquanto fazia anotações, podia senti os olhos da bibliotecária em mim. Tentava ignorar como sempre fazia com todos. Quando faltava dez minutos para a primeira aula, me levantei e fui para a sala.

As aulas se arrastaram. Como todos os dias escutei piadinhas, brincadeiras de mal gosto e tive que atura as pessoas falando de mim pelas costas. E como sempre mantive minha máscara. Eu voltei para a casa andando. Preferia uma caminha de meia hora do que ter que aguentar aquelas brincadeiras novamente. Assim que cheguei em casa, fui arrumar a bagunça que estava. Quando terminei, comecei a fazer meus trabalhos e as lições. Terminei seis horas. Guardei tudo e fui tomar banho. Como não tinha nada para fazer, fui assisti tv. Depois fui para o quarto e dormi. Apenas notei que não tinha comido nada o dia todo, na manhã seguinte.

E assim se passou mais duas semanas. Nessas semanas mal comia, estava mais fechada do que antes. Sempre me levantava mais cedo do que o normal e saia de casa antes do Rick descer. Não queria ter que ver ele, não queria ter que fingir. Na escola, comida na mesa afastada de todos, mas mesmo assim escutava as piadas e ainda tinha que aguentar as meninas falando com a própria barriga ou colocando alguma coisa de baixo da blusa para fingir que a barriga estava maior. Quando estava em casa não comia. Simplesmente não sentia fome. Estava mais cansada e não conseguia dormi. Passava horas deitada na cama olhando para cima. Um dia desse me peguei pensando em como podia acabar com aquilo. Pensando que se eu morresse, seria melhor. Mas pensava no meu bebê. Eu não teria coragem de fazer aquilo. De me matar se isso significa matar ele também.

Estava sentando na sala de espera da média e tentava não olhar para os casais felizes. Tentava não olhar para as mulheres com as amigas, ou acompanhante. Eu era a única que estava sozinha ali. A única que não tinha alguém como acompanhante. Suspirei e olhei para o livro que estava no meu colo. Estava nessa página a dias e não consegui me concentra. Na verdade, não conseguia me concentra em muita coisa ultimamente.

— Ally Grimes. – a média me chamou me tirando dos meus pensamentos. – Oi, Ally. Tudo bem?

— Oi. Sim. – respondei sem ânimo.

A médica me olhou antes de entrar na sala. Ela pediu para mim sentar e pegou minha ficha. Ela fez algumas anotações e pediu para mim me trocar. Quando voltei para a sala ela me pesou, mediu minha barriga e mandou eu ir me trocar novamente. Quando voltei ela estava séria.

— O que aconteceu com você desde que nos vimos pela a última vez? Eu quero a verdade.

— Eu não sei do que está falando. – disse confusa.

— Você perdeu peso. Está mais leve do que da última vez. Isso não é normal. Além disse estar mais pálida e desde que começou a passar comigo, você não sorrir. Eu quero saber o que está acontecendo.

— Estou tendo problema para comer. Meus enjoos estão fortes ainda. – eu olhava para minhas mãos. – Sempre que como vomito, isso quando encontro alguma coisa que não faz meu estomago embrulhar antes mesmo de comer.

— Eu quero falar com seu marido.

— O que? Por que? Falar com Rick? – perguntei assustada.

— Isso mesmo. Desde que começou a passar comigo você vem sozinha. Eu sei como uma gravidez na adolescência pode ser. Sei que muitas coisas mudam e que muitas vezes a mãe é abandonada. Ally, eu posso não ser psicóloga, mas sei que você está depressiva. Não posso lidar com isso sozinha. Você precisa me ajudar e eu tenho que falar com seu marido. Você não precisa passar por isso sozinha.

— Você não sabe do que está falando. Estou cansada de todos falarem de mim sem saber de nada. Ás vezes me arrependo de ter decidido continuar com essa gravidez. – me levantei peguei minha bolsa e sair.

 - Ally. Ally, espera. – escutei a médica chamando, mas não liguei. Apenas continuei andando.

Sai do consultório e comecei a correr. Não tinha um lugar certo, apenas queria ir para longe de tudo aquilo. Precisava ficar sozinha. Enquanto andava pensava para onde podia ir. Não queria ir para casa. Não queria ir para o parque e não queria ficar na rua. Eu queria apenas ir para um lugar onde eu pudesse me esquecer de tudo. Fiquei andando pelas ruas até que parei em uma ponte. Sem pensar muito, me sentei ali e fiquei olhando para a água do rio passando por ela. Essa ponte ficava afastada de tudo na cidade e dificilmente era usada. Encostei minha cabeça em uma viga e comecei a chorar. Enquanto estava ali, pensei em como seria fácil dá um fim em tudo. Bastava apenas pular. E estaria tudo acabado. Toda dor, todo sofrimento, todo ódio. Se me jogasse dali, estaria para sempre com meu bebê em um lugar melhor, onde ele não teria que passar pelas mesmas coisas que eu. Onde ele não seria odiado pelo pai. Onde ele não precisaria me ver sofrendo quando nascesse.

Passei a mão no rosto e comecei a balançar as pernas. Olhei para cima quando senti o primeiro pingo de chuva. Pensei em ir embora, mas estava tão cansada, que fiquei ali sentindo a água fria na minha pele. Ainda com a cabeça encostada na viga, com meus pensamentos longe. Me assustei com o trovão e notei que a chuva estava mais forte. Me levantei e corri para um lugar que tinha cobertura. Passei a mão no rosto tentando secar. Não daria para mim ir embora com a chuva desse jeito.

Peguei meu celular na bolsa e liguei para Rick. Diferente das outras vezes que eu tinha ligado para ele no começo do casamento, ele atendeu. Fox esforço para escutar, o barulho da chuva estava muito auto.

— Alô? – ele disse.

Eu podia escutar as conversas ao fundo. Ou ele estava na delegacia ou em algum bar. Não sabia se era hora do almoço. Ou se ele tinha parado por causa da chuva. A chuva estava cada vez mais forte e o som estava dificultando entender a ligação.

— Rick, é a Ally. – falei colocando a mão no ouvido tentando abafar o som da chuva.

— Ally? Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa? Onde está? Que barulho é esse?

— Estou bem, apenas queria saber se você pode vim me buscar. – falei e dei outro pulo quando trovejou novamente.

— Onde você está?

— Estou na ponte velha. Perto da entrada da floresta.

— O que está fazendo ai?

— Eu gosto de vim aqui para pensar. Estava olhando para a água quando começou a chover. Não dá para mim ir embora andando. Está chovendo muito forte.

— Ei, Rick, onde vai? – escutei uma voz feminina falar ao fundo. Reconheci na hora. Lori. – Acabamos de chegar.

— Preciso ir. Ally me ligou e...

— Não precisa vim. Pode continuar com sua amiguinha. Eu vou embora andando. – disse e sem pensa no que estava fazendo, joguei o celular na água.

Se me perguntarem por que fiz aquilo, não saberia responder. Talvez por querer que ele se sentisse preocupado, ou para que ele pensasse que me joguei na água e que tinha me matado por sua culpa. Para ver se assim ele notasse que eu poderia estar triste com tudo o que estava acontecendo. Não sei. Apenas joguei. Suspirei e me sentei no chão. Ele estava com ela. Enquanto eu ia no médico saber se o filho dele estava bem, ele estava com ela. O que eu esperava afinal? Ele não gostava de mim, apenas se casou comigo por culpa e por causa do meu pai. Me sentei no chão me sentindo derrotada.

— Por que? Por que você não acabar logo com isso? Me mata que é mais fácil. – falei e comecei a chorar mais. – Acaba com essa dor. Eu não aguento mais.

Me levantei e comecei a andar. Pensei em correr, mas a ponte estava escorregadia e eu podia cair. Assim que sair dela e fui para a estrada a chuva aumentou. Estava difícil de ver as coisas na minha frente, mas continuei andando. Depois de uns vinte minutos andando vi luzes vindo em minha direção. Pouco tempo depois Rick parou a viatura do meu lado.

— Entra no carro. – ele gritou para que eu pudesse escutar com o som da tempestade.

— Não. – gritei de volta.

— Ally, deixa de ser teimosa e entra no carro. Você vai acabar doente.

— Não precisa se preocupar, se ficar doente não precisa cuidar de mim.

— Se você ficar doente vai fazer mal para o bebê.

— Como se você ligasse para esse bebê. Sei o que você pensar. Seria melhor eu perdesse ele e assim você estaria livre. Assim poderia volta para Lori e não se sentiria culpado por ter me engravidado. Mas para mim chega. Cansei de ser a idiota da história. Estou cansada de ter que pagar por uma coisa que eu nem tenho culpa. Você me usou e agora eu tenho que ser culpada e agredida por isso. Para mim, chega.

— Do que você está falando? – ele parecia confuso. – Ally, entra no carro e vamos conversar. Saia já dessa chuva. Vai ficar doente. Deixe de ser teimosa.

— Não. – disse e voltei a andar.

Mal dei três passos e senti mãos fortes na minha cintura. Soltei um grito assustada e senti Rick me pegando no colo. O xinguei e comecei a bater em seu peito com força. Ele abriu a porta do passageiro e me sentou no banco.

— Nem pense em sair. Se tentar, vou te pegar de novo e vou te algemar no carro.

Ele fechou a porta e deu a volta no carro. Bufei e cruzei os braços com raiva. Ele entrou no carro e deu a volta. Eu olhei para fora e me recusei a falar qualquer coisa que fosse. Ele não podia fazer isso. Era abuso de autoridade. Eu não era um brinquedo que ele podia fazer o que quiser comigo. Quem ele pensava que era?

— O que aconteceu com o seu celular? – ele quebrou o silêncio.

— O joguei no rio.

— Por que?

— Eu não sei. Libertação, talvez. Raiva. Como é que eu vou sabe? Você tem ideia de como está meus hormônios? Uma hora eu quero te matar, na outra que te jogar de encontrou a parede e arrancar sua roupa.

— Eu quase tive um enfarto. Pensei que você tivesse caído.

 - Mas provável eu me jogar do que cair.

— O que?

— Qual é, Rick? Não é como se alguém fosse senti minha falta.

— Não é verdade. Você sabe disso.

— Claro. Todos iam senti minha falta como estão sentindo nesses últimos meses.

— Eu ia.

— Não é o que parece. – disse e sair do carro assim que ele parou na frente de casa.

Entrei e fui para o banheiro. Não me preocupei em pegar uma roupa, apenas queria esquentar meu corpo. Estava tão frio. Apenas quando sentia a água quente, notei como coloquei meu bebê em perigo. Poderia ter caído na ponte, posso ficar doente. Coloquei minhas mãos na barriga protetoramente. Nunca me perdoaria se alguma coisa acontecesse com meu filho. Ainda mais por minha culpa. Certo que tudo de ruim que estava acontecendo era minha culpa, mas meu bebê não tinha culpa. Passei a mão na pequena bolinha que começava a se forma na minha barriga e sorrir. Meu bebê finalmente estava se mostrando. Finalmente estava ficando real. Terminei meu banho e sair do banheiro. Assim que entrei no quarto vi Rick parado em pé na porta. Ela estava apenas de calça e uma toalha pendurada no pescoço. Ele o olhei de cima a baixo e desviei os olhos envergonhada. Ele se aproximou de mim lentamente. Me arrepie quando senti seus dedos gelados tocarem meu queixo e fazer com que eu olhasse para cima.

— O que eu fiz com você, hein? – ele perguntou mais para si mesmo do que para mim. – Como eu não vi antes o quão mal eu estava te fazendo? Como posso ser tão egoísta? Pensar apenas em mim e me esquecer de você?

Eu não disse nada, apenas olhava para ele. Rick se aproximou mais e deu um beijo em minha testa. Fechei meus olhos e prendi a respiração. Não sabia o que fazer. A última vez que ele esteve realmente perto de mim, foi no casamento. Meses atrás.

— Coloque uma roupa, vou passar uma água no corpo e vamos conversar. – ele disse fazendo com que eu abrisse os olhos. – Eu vou concerta isso. Não se preocupe. Eu vou fazer as coisas derem certo. Eu vou te fazer, feliz. Eu prometo.


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