Lost Drams escrita por Anieper


Capítulo 14
Capítulo 14




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No dia seguinte acordei com as meninas invadindo meu quarto. Elas estavam todas com várias sacolas e sorrindo loucamente. Me sentei na minha cama sonolenta. Elas falavam todas ao mesmo tempo e eu me sentia perdida. Vi que minha mãe estava no meio delas. Bocejei e senti um cheiro bem conhecido para mim. Era o perfume de Ester. Levantei da cama com um pulo e corri para o banheiro. Vomitei tudo o que tinha no estomago e dei descarga. Me levantei do chão e lavei a boca. Quando sair do banheiro, vi que meu quarto tinha sido tomado por maquiagens e roupas.

— A gente vai te arrumar. – Carla disse animada.

— Certo. Antes quero que todas tomem banho e tirem o perfume. Eu não consigo aguente esse cheiro. Vou tomar café e quando voltar, não quero ninguém com perfume aqui. – disse já saindo do quarto.

Desci as escadas e fui para a cozinha. Meu pai estava sentado na sua cadeira tomando seu café. Dei bom dia para ele que não respondeu e pequei uma coisa leve para comer. Depois que terminei, pedi licença e sair da cozinha indo direto para meu quarto. Assim que entrei vi que todas estavam com roupão. Até mesmo minha mãe. Rindo fui para o banheiro e tomei um banho também. Assim que sai as meninas começaram a me arrumar. Como o casamento estava marcado para o meio dia, não fizeram nada de muita chamativo, mas tenho que admiti que assim que me olhei no espelho senti vontade de chorar. Estava linda. Eu nunca desejei tanto que esse casamento fosse de verdade como agora. Sem nem perceber deixei uma lágrima descer, a sequei rapidamente.

— Estou linda. – falei me virando para as meninas.

— Está, filha. – minha mãe disse com os olhos cheios de lágrimas. – Bom, agora a gente que temos que nos arrumar.

Ela e as meninas começaram a se vesti, maquiar e pentear. Me virei novamente para o espelho e me olhei. Estava realmente linda. O vestido era simples, meus cabelos estavam soltos e com pequenos cachos. A maquiagem era leve e me deixava mais banca do que já sou, dando um ar pálido que combinou com o vestido.

— Está na hora. – Carla disse parando ao meu lado. – Você está linda, amiga.

— Obrigada. Você também. – falei sorrindo. – Vamos.

Descemos as escadas juntas. Meu pai já estava no carro, então entremos e seguimos para o restaurante no centro da cidade. Como conhecia o dono, minha mãe conseguiu alugar o restaurante e o casamento seria lá. Durante o caminho, batia impacientemente meus dedos na minha perna. Estava nervosa e não podia negar. Meu pai estacionou o carro e todos saíram, ficando apenas nos dois. Ele não tinha dito nada o caminho todo e nem sequer tinha olhado para mim.

— Está na hora. – Carla disse novamente abrindo a porta para mim. Ela me ajudou a sair e arrumou meu vestido. – Contem até trinta e podem entrar.

Ela se dirigiu a porta. Meu pai parou ao meu lado, mas ainda assim não disse nada. Minhas mãos tremiam e sentia que estava soando frio. Meu estomago rodou e fiquei enjoada. Minha vontade era de sair correndo dali. Era sair gritando toda a verdade e dizendo que não queria me casar, mas mesmo assim continuei parada. Me assustei quando meu pai pegou meu braço e entrelaçou com o dele e começou a andar. Andamos lentamente até o altar improvisado. Assim que meus olhos pousaram em Rick, o mundo pareceu parar. Ele estava lindo. Ali me vi pensando em quantas vezes tinha sonhado com isso e agora que estava realmente acontecendo, tudo o que eu queria era sair correndo dali. Correr o mais rápido que eu podia e me esconder de tudo e todos. Esquecer tudo o que tinha acontecido e ficar presa no meu mundo. Meu pai parou em frente ao Rick e estendeu minha mão para ele. Rick a pegou e sorriu para mim. Sem dizer nada, meu pai se afastou da gente. Rick e eu nos viramos para o juiz. O casamento foi apenas um borrão para mim. Não prestava atenção a nada, meus pensamentos estavam longes. Meus pensamentos estavam nas coisas que tinham acontecido e em como isso ia me mudar para sempre. Apenas voltei a mim, para falar aceito e repetir tudo o que o juiz mandou.

— E pelo poder investido em mim, eu vós declaro, marido e mulher. Pode beija a noiva. – ele disse fazendo com que os nossos poucos convidados batessem palmas.

Me virei para o Rick e ele segurou meu rosto delicadamente. Ele se aproximou de mim e quando senti sua respiração em meu rosto fechei os olhos. Rick me beijou suavemente. Do mesmo modo que tinha me beijado ontem. Passei meus braços pelo pescoço dele e ele abraçou minha cintura. Ele se separou de mim e sorriu. Um sorriso meio triste que me fez lembra que ele não queria esse casamento, que ele estava fazendo isso por culpa. Sorri forçadamente e me virei para a frente, tentando não chorar. Cumprimentamos as pessoas rapidamente minha mãe chorava tanto que nem conseguia falar. Ela apenas me abraçou e chorou em meu ombro. Meu pai abraçou Rick e apenas me deu um abraço frio e sem qualquer sentimento, antes de se afasta. Os pais de Rick me abraçaram e desejaram felicidades. John me tirou do chão com o seu abraçou, depois bagunçou a cabelo do irmão. As meninas me abraçaram todas de uma vez rindo e falando ao mesmo tempo. Elas me desejam felicidades e fizeram o mesmo com Rick que apenas riu e agradeceu. Fomos para a recepção que seria feita ali mesmo.  Rick e eu sentamos lado a lado mais não podíamos está mais longe um do outro. Mal falamos um com o outro. Eu tentava a todo custo manter o sorriso no rosto, mas o que eu realmente queria era chorar.

Passei algum tempo falando com minha mãe e Vitória. Elas estavam me dando algumas dicas sobre a vida de casada. Eu sorria e concordava apenas para mostra que estava prestando atenção no que elas estavam falando. Eu vi quando Rick e meu pai começaram a conversar. Meu pai sorria e falava animadamente com Rick. Eu não sabia o que eles estavam falando, mas tinha certeza que não era sobre mim. Eles olharam em nossa direção quando Carl se aproximou dele. Meu pai olhou para mim de cara fechada. Como se o fato de se lembra que eu estava aqui, ele ficou com raiva.

— Você está bem, querida? – Minha mãe perguntou me olhando preocupada.

— Estou. – falei e olhei para ela. – Apenas estou com calor. Acho que aqui está meio abafado.

 - Quer ir lá para fora? – Vitória perguntou me olhando calmamente.

— Não. Mas vou beber alguma coisa. Com licença.

Me afastei delas e fui para a mesa de bebidas. Peguei um suco e fui para o canto mais afastado. Bebi meu suco lentamente olhando para todos. Eles pareciam felizes, mais eu não. Eu não estava feliz. Me encostei na parede e fui escorregando até me sentar no chão. Eu queria chorar, mas não ia. Eu tinha que parecer uma pessoa feliz. Uma pessoa que estava se casando com a pessoa que ama. Encostei a cabeça nas pernas e fechei os olhos com força. Queria que tudo sumisse, mas isso não ia acontecer. Me assustei quando senti uma mão no meu ombro. Olhei para cima e vi Rick ajoelhado na minha frente me olhando preocupado.

— Você está bem? – ele perguntou estudando meu rosto.

— Vou ficar. – falei dando de ombros. – Apenas um pouco de dor de cabeça e meus pés estão doendo por causa desses sapatos.

— Quer ir embora?

— Temos que ficar até o fim. Minha mãe e as meninas tiveram muito trabalho com tudo isso. – disse pegando meu copo e bebendo o resto da minha bebida. – Estou bem.

— Vem. Vamos dá uma volta. – ele me ajudou a levantar.

Rick me deu um beijo na bochecha e pegou minha mão sorrindo. Rick me puxou para o meio da festa. Conversamos com alguns convidados. Depois almoçamos e por fim dançamos. Rick sorria mais abertamente e eu não sabia dizer se era um sorriso falso ou não. Depois fomos nos despedir de todos. As meninas falaram que iam passar lá em casa para irmos juntas para a escola. A família do Rick, preferiam ficar em um hotel. Já que queriam nos dá privacidade. Como eles tinham que voltar para a casa e eu estaria na escola, nos despedimos ali mesmo. Por fim, ficou apenas meus pais.

— Eu vou senti sua falta em casa. – minha mãe disse me abraçando com força. – Eu não quero ficar longe de você. – ela então olhou para Rick. – Eu nunca vou perdoar você por rouba minha filha de mim.

— Mãe. – falei olhando para ela. – Pare de drama. Não é como se eu fosse me mudar para o outro lado do mundo. A senhora vai amanhã lá em casa que eu sei. Então, pare de chorar.

— Certo. – ela falou e me apertou novamente. – Eu te amo, filha.

— Eu também te amo.

Me afastei dela e olhei para meu pai. Ele estava sério parado ao lado de Rick. Ele olhava para mim com raiva. Quando dei um passo em sua direção ele virou para o lado, virando o rosto para mim. Mordi os lábios para segurar a vontade de chorar e respirei fundo.

— Eu vou esperar no carro. – falei num fio de voz e me afastei saindo dali o mais rápido que podia.

Sair do restaurante e fui para a carro de Rick. Me encostei no carro e fiquei esperando. Rick chegou pouco tempo depois e abriu a porta do carro.

— Ally, sobre seu pai...

— Se ele não quer falar comigo, não vou obrigar ele a nada. É melhor assim. – falei cruzando os braços olhando para a frente. – Não vou fazer ele se senti pior do que ele já está sentindo. Se ele quer me tratar como se eu fosse nada, eu vou sair do caminho dele que será mais fácil.

— Ele está sendo um tolo. Você não fez nada de errado. – ele disse olhando para a frente.

— Apenas engravidei. – falei e olhei para minha barriga. – Ele não me perguntou nada sobre a gravidez. Nem como eu estava. Nem se estava tudo bem comigo e com o bebê. Nem se eu precisava de alguma coisa. Alguns dias atrás minha mãe falou sobre a minha próxima consulta e ele saiu da cozinha xingando.

— Ele vai mudar sua forma de pensar. – Rick disse estacionando na frente da casa dele. – Quando você menos esperar, ele vai estar como era antes.

— Meu pai nunca brigou comigo antes. Nunca. A única vez que ficou realmente com raiva de mim, foi quando eu acidentalmente acertei uma pedra no vidro da viatura. E nem mesmo me deixou de castigo. Apenas gritou por que ele me disse que não era para mim brincar perto do carro. E agora, ele nem olha para mim. E quando o faz, posso ver o ódio que ele sente por mim.

— Ele vai voltar ao normal.

Fiquei quieta. Sabia que não seria assim. Meu pai sempre foi muito teimoso. O fato de ter acontecido comigo a mesma coisa que aconteceu com ele e minha mãe, o devastou. Ele me odeia e acabou.

— Vamos entrar? – Rick disse quebrando o silêncio.

Concordei com a cabeça e sair do carro. Entramos na casa e ficamos nos olhando sem saber o que fazer. Rick passou a mão no cabelo e se afastou um pouco de mim.

— Quer tomar um banho? – ele perguntou nervosamente.

— Não. Apenas quero tirar esse vestido. Pode me ajudar? – perguntei ficando vermelha. – Não consigo soltar os botões.

— Claro.

Sem falar nada subimos para o quarto. Fui até o guarda-roupas e peguei uma roupa qualquer. Joguei a roupa na cama e passei meu cabelo para o lado. Fiquei de costas para Rick e senti ele solta os botões do meu vestido.

— Vou arrumar alguma coisa para comemos. – ele disse assim que soltou o último botão e saiu do quarto.

Me sentei na cama e olhei para o nada. Esse casamento seria pior do que eu imaginava. Rick estava tão infeliz com isso. Dava para ver isso. Ele era quase tão frio ao falar comigo, quanto meu pai. Sei que ele está tentando, mas isso não torna as coisas mais fáceis para mim. Nesse momento preciso de apoio. Não indiferença.

Decidi tomar banho. Estava sentindo meu corpo cansado e dolorido e eu não teria nada mais o que fazer mesmo. Fui para o banheiro e tomei um banho rápido.  Demorei um pouco para conseguir tirar todos os guapos do meu cabelo, mas quando conseguir o lavei e penteei. Depois coloquei o vestido de noiva em um saco protetor que minha mãe tinha deixado ali, para depois levar para lavar. Coloquei um vestido leve e desci as escadas. Rick estava na cozinha encostado no armário com os olhos fechados. Ele estava apenas com a camiseta e a calça.

— Eu fiz uma sopa leve. – ele disse sem abri os olhos quando entrei na cozinha. – Eu vou tomar meu banho.

Apenas o olhei enquanto ele se afastava. Depois me sentei. Eu não estava com fome. Na verdade, eu queria apenas me deitar e dormi. Fiquei alguns minutos olhando para o nada, até que me levantei e sair de casa. Eu nunca tinha ido para o quintal de trás da casa. Era grande e tinha uma bela árvore. Caminhei lentamente até lá e me sentei. Enquanto estava ali olhando para a grama tentava pensar nessa casa como minha. Afinal estava casada com Rick e agora ali seria a minha casa. Mas não conseguia ver desse jeito. Não sei por quanto tempo fiquei ali, até que Rick saiu e veio para perto de mim.

 - Pensei que tinha saído. Te chamei quando não te encontrei na cozinha e você não respondeu. – ele parou na minha frente e ficou me olhando.

— Apenas notei que nunca tinha vindo para cá. É bonito aqui. – respondi simplesmente. – Não escutei chamando.

— Tudo bem. Comeu?

— Não estou com fome agora. Acho que comi demais no almoço.

— Está enjoada?

— Não. Apenas sem fome. – disse olhando para o lado. – Pode comer se quiser. Devo ficar com fome mais tarde. Talvez lá para as oito ou nove horas.

— Sobre seu pai...

— Não. Eu já me acostumei. – falei olhando para ele. – Eu posso te pedir uma coisa?

— Sim.

— Não peça para meu pai vim aqui essa primeira semana. Eu preciso de um tempo longe dele. E precisar falar com ele, vai lá em... Vá na casa dele.

— Tudo bem.

— Eu vou deitar um pouco. Estou cansada. – me levantei e fui em direção a casa.

Eu subi as escadas e fui em direção ao quarto. Quando me deitei, parecia que tinha colocado o mundo em cima de mim. Todo meu corpo doía. Eu sabia que andar tanto com aquele sapato ia deixar meus pés doloridos, mas não imaginei que faria o mesmo com o resto do meu corpo. Suspirei e fechei os olhos. Em pouco tempo, estava dormindo.

Acordei algumas horas depois assustada ao senti alguém se deitar ao meu lado.

— Tudo bem? – escutei uma voz rouca perguntar.

Levei alguns segundos para reconhecer Rick. Suspirei e passei a mão no rosto.

— Sim. Apenas não sou acostumada a dividir a cama e me assustei. – passei a mão no rosto tentando afastar o sono. – Que horas são?

— Dez e meia. – ele disse se arrumando na cama. – Volte a dormi, amanhã será um dia cansativo.

— Certo. Boa noite, Rick.

Ao dizer isso me virei de costas para ele e fechei os olhos. Não conseguir dormi logo. Podia senti o calor do corpo dele perto do meu. Eu nunca pensei que minha primeira noite de casada seria assim. Rick estava o mais longe possível de mim. Sempre que me mexia, sentia o corpo dele tenso, como se tivesse medo. Como se a qualquer momento eu fosse ataca-lo. Não por quanto tempo fiquei ali com meus pensamentos, até que o sono levou a melhor de mim.


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