Lost Drams escrita por Anieper


Capítulo 11
Capítulo 11




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Estava sentada no chão do meu quarto com muitas roupas ao meu redor. Estava aproveitando para separar as roupas que eu já não usava mais para levar para a doação. Minha mãe tinha passado algumas horas ali me ajudando, mas teve que descer para fazer o jantar. Suspirei e olhei para o relógio. Eram cinco e meia. Tinha que me arrumar e ainda arrumar o quarto. Peguei umas caixas que minha mãe tinha deixado ali para mim e comecei a colocar as roupas dentro. Arrumei o máximo que conseguir e me levantei. Minhas costas e pernas estavam doendo, mas ignorei isso e fui tomar banho. Levei vinte minutos para me arrumar e ainda faltavam dez minutos para Rick chegar. Como ainda tinha roupas ali espalhada, comecei a arruar elas. Fechei a primeira e escrevi na tampa.

— Filha, Rick chegou. – escutei minha mãe gritando.

— Estou indo. – gritei de volta.

Peguei minha bolsa e sair do quarto. Quando cheguei na sala vi meu pai bebendo alguma coisa enquanto assistia televisão. Minha mãe estava em pé na porta da cozinha conversando com Rick.

— Boa noite. – falei chamando a atenção deles.

— Boa noite. – Rick respondeu enquanto meu pai fingia que eu não estava ali. – Vamos?

— Sim. – falei o seguindo para a porta.

— Você vai voltar hoje ou vai dormi na casa dele? – minha mãe perguntou.

— Ela vai volta para dormi em casa. – meu pai respondeu pela gente. – Eles ainda não se casaram.

— Vamos, Rick. – falei empurrando ele para a porta.

Saímos da casa dos meus pais e eu fechei a porta com força. Estava cansada da forma como meu pai estava me tratando. Fomos para o carro e Rick o colocou em movimento. Eu olhava para fora, tentando controlar minhas lágrimas. Eu não ia chorar.

— Tudo bem? – Rick perguntou me olhando quando paramos em um farol.

— Sim. Apenas, eu não entendo. Ele está te tratando normal, mas eu... Ele nem olha para mim. Quando fala é seco. Droga, ele nem deixou que eu comesse outra coisa hoje de manhã. Apenas por que se não estivesse gravida não ia enjoar da comida da minha mãe. Desde que contei, ele não fala comigo, mas com você... Eu sou assim tão ruim para ele me odiar?

— Ele não te odeia, Ally. Apenas não sabe como lidar com isso tudo. – Rick disse quando o farol ficou verde. – Dê um tempo para ele.

— Ele me odeia. – falei secando o rosto.

— Não odeia. – Rick disse, mas apenas voltei a olhar para a rua.

Quando chegamos à casa dele, saímos e Rick abriu a porta.

— Eu passei no mercado e comprei algumas coisas. Se importa se eu trocar de roupa antes de começamos?

— Não acha melhor tomar um banho? Meu pai sempre toma quando chega em casa. Eu posso começar a preparar as coisas. – disse colocando minha bolsa no sofá. – Posso mexer nas suas coisas?

— Claro. Se sinta em casa. Afinal, logo ela será mesmo. – ele disse indo em direção a escada.

Suspirei e caminhei em direção a cozinha. Fui até o armário e o abri. Ele estava cheio de comida. Quando Rick disse que tinha passado no mercado, pensei que tinha comprado apenas algumas coisas. Como não sabia do que ele gostava e estava com medo de vomitar, resolvi fazer um arroz branco e filé de frango. Com uma salada verde para acompanhar. Essa seria uma das poucos coisas que não me faria vomitar. Comecei a andar pela cozinha procurando tudo o que eu ia precisar. Encanto fazer as coisas cantava uma música qualquer baixinho. Já tinha colocado o arroz no fogo e estava terminando de corta o frango quando Rick apareceu novamente.

— Precisa de ajuda? – ele perguntou se encostando na mesa.

— Você pode lavar e corta a salada se quiser. – falei terminando com o frango. – Já acabei aqui, agora preciso apenas grelhar.

— Certo.

Trabalhamos em silêncio. Sentia os olhos de Rick em mim de tempos em tempos, mas não falava nada. Sabia que ele estava tão desconfortável quanto eu com essa história. Quando terminamos, Rick arrumou a mesa e nos sentamos.

— Eu sei que isso é estranho. – Rick disse quando viu que eu estava apenas olhando para minha comida. – Eu quero que saiba que pode me falar como se sente sobre tudo isso e pode me xingar à vontade. O grande culpado de tudo isso foi eu.

— Eu não acho isso. Eu que te ofereci aquela cerveja. – falei olhando para ele. – E quando eu descobri como me sinto com tudo isso, eu te falo, por que nem eu sei o que estou sentindo no momento. Tem horas que eu quero apenas me deitar na minha cama e chorar até não aguentar mais. Eu estou tentando ser forte, não quero que o bebê sinta nervosismo ou qualquer coisa assim. Então procuro não pensar muito em tudo isso.

— Eu deveria ter te pressionado para conversar comigo. – Rick disse olhando para seu prato. – Mas eu fui um covarde. Você é filha do meu chefe, é uma menina ainda e eu me aproveitei disso. Não vou te dizer que estava completamente em mim, naquele dia. Eu não estava, mas não estava tão bêbado quanto você. Eu deveria saber que aquilo era errado e parar, mas eu não conseguir. Eu quero participar dessa gravidez com você e quero está ao seu lado, mas preciso que saiba que eu nunca fui muito bem nesse assunto. Minha última namorada me traiu com meu melhor amigo, mas quero que as coisas deem certo para a gente. – ele pegou minha mão que estava em cima da mesa. – Sei que podemos fazer isso dá certo. Você aceita tentar comigo?

— Sim. Eu aceito. – falei depois de um tempo em silêncio. – Apenas tenho que me acostumar com tudo isso.

— Está sendo complicado, não?

— Muito.

Ficamos em silêncio apenas olhando para o nada.

— Ally, eu preciso te perguntar uma coisa. Se não quiser responder, eu entendo. Se me achar um monstro por perguntar isso e querer jogar seu prato na minha cara, fique à vontade. Mas eu realmente quero sabe isso.

— O que foi?

— Você era virgem? – ele perguntou fazendo com que eu arregalasse os olhos. – Antes que pensar que estou perguntando isso para te constranger ou usar como desculpa para tentar negar que o bebê seja meu. Como eu disse, eu vi o sangue no lençol. E se você não fosse virgem, aquilo queria dizer que eu a forcei e eu nunca vou me perdoar por isso.

— Eu... – por mais que eu tentasse falar, a voz não saia. – Eu...

— Me desculpa, não deveria ter perguntado isso.

— Eu era. – falei fechando os olhos. – Eu era virgem, Rick.

Nos dois ficamos em silêncio novamente. Como se o clima que já estiva tenso tivesse ficado dez veze pior. Abri meus olhos e vi Rick apertando no nariz com os dedos de olhos fechados. Uma coisa que notei que ele fazia sempre que estava pensando em muitas coisas de uma vez. Ele sempre fazia isso quando estava conversando com meu pai sobre os adolescentes problemáticos da cidade. Peguei com copo com suco de laranja e bebi um pouco nervosamente.

— Me desculpa. – ele disse me olhando finalmente. – Você merecia coisa melhor do que isso. Perde a virgindade por estar bêbada. As coisas terem acontecido como aconteceu... Eu sinto muito.

— Eu não te culpo. O que aconteceu, aconteceu. Não vou dizer que não sonhava com uma coisa um pouco mais romântica, mas não adianta ficar chorando pelo que passou. Posso apenas seguir em frente.

— Mesmo assim. Me sinto horrível.

— Não se sinta. Estou bem e você não me obrigou a nada. Sei que eu teria me deitado com você mesmo se não tivesse bêbada. – quando essas palavras saíram da minha boca, senti meus olhos se arregalarem. – Eu disse isso em voz alta?

— Disse.

— Droga. – falei sem olhar para ele. – Tem como esquecer que eu disse isso? Quer dizer, isso não é uma coisa que eu queria falar e muito menos que você deveria saber. Deve estar pensando que sou louca.

—  Você não me disse nada. – não estava olhando para ele, mas podia ouvi o riso na voz dele.

— Você disse que me chamou para jantar para nos conhecemos, que tal começamos por isso?

— Claro.

Rick e eu jantamos conversando sobre as coisas que gostávamos. Falamos sobre nossas infâncias, nossos amigos e o que fazíamos no tempo livre. Rick me contou sobre sua família e eu falei um pouco sobre meus avôs. Continuamos conversando enquanto lavávamos a louça e arrumávamos a cozinha.

— Acho que está na hora de voltar para casa. – falei quando vi que já era dez e meia. – Não quero brigar com meu pai.

— Certo. Vamos. – Rick disse se levantando.

Ele pegou as chaves do carro e eu minha bolsa. Saímos da casa dele e fomos para o carro. O caminho até minha casa foi silencioso. Quando ele parou na frente eu vi meu pai parado na frente da janela olhando para a rua.

— Quer que eu entre com você? – Rick questionou quando viu para aonde eu estava olhando.

— Não. Ele apenas vai me falar que pensou que eu fosse dormi na sua casa e que isso não são horas de uma moça de família chegar. – respondi olhando para meu pai. – Obrigada pela noite, Rick. Foi incrível.

— Eu que agradeço. – ele disse sorrindo. – Eu gostei de ter passado esse tempo com você.

— Certo. – me estiquei no banco e dei um beijo na bochecha dele, antes de sair do carro e correr para a porta de casa.

Abrir a porta e vi quando Rick começou a se afastar com o carro. Entre e assim que virei dei de cara com meu pai. Ele estava parado ao lado da janela de braços cruzados me olhando.

— Boa noite. – falei fechando a porta.

— Isso são horas?

— Eu não sabia que horas me queria em casa. – disse me virando para ficar novamente de frente para ele. – Rick e eu estávamos conversando sobre o casamento. Ele estava tentando me converse que essa era a melhor saída. Disse que não pode assumir o bebê por mim ser menor de idade e mais um monte de coisas sobre isso.

— Não sei para que isso. Vão se casar de qualquer jeito. Você tem que parar de ser uma menina mimada.

— Isso por que ele se importa comigo, não apenas para o que os outros vão pensar que nem o senhor. Desde que isso começou quantas vezes já me perguntou como estou me sentindo? Quando realmente olhou para mim? Eu sei que errei, sei que não isso que o senhor sonhou para mim, mas aconteceu. Eu fui burra e engravidei. Fim, acabou. Aconteceu e isso é uma coisa que o senhor não pode mudar.

— Tem razão. Não posso mudar. Eu olho para você e não reconheço minha filha. A menina que criei, a que nunca teria feito isso. Vejo uma estranha. Uma pessoa que não reconheço e que não suporto saber que tem o mesmo sangue que eu. Vejo apenas um problema. Uma vagabunda.

— Então, fique agradecido que em menos de duas semanas não serei mais problema seu. – falei segurando o choro.

Subi as escadas correndo e fui para meu quarto. Assim que fechei a porta deixei com que as lágrimas descessem. Sabia que ele me odiava. Tranquei a porta do quarto e fui até onde as caixas estavam. Voltei a arrumar minhas coisas. Eu sabia que quanto antes começasse a arrumar tudo, tinha menos chance de esqueci alguma coisa ali. Passei a noite acordada arrumando tudo o que tinha ali. Quando meu despertador tocou, já tinha colocado todas as roupas nas caixas e meu guarda-roupas estava vazio. Tinha apenas as roupas que usaria antes de me mudar para a casa de Rick.

— Ally? – Escutei minha mãe batendo na porta. – Já está acordada?

— Sim. O que foi? – falei fechando a última caixa.

— Vamos fazer seus exames hoje. Tanto os que você tem que fazer para o casamento, quanto os que o médico passou. Acho melhor fazemos tudo de uma vez.

— Certo. Vou me arrumar.

Suspirei e me levantei. Peguei minha roupa e fui para o banheiro. Tomei banho e me arrumei. Quando sair do quarto bati com meu pai. Murmurei um desculpa e desci as escadas. Minha mãe estava me esperando ao lado da porta. Durante todo o caminho, ela foi falando sobre o casamento e o vestido. Fiquei quieta. Não tinha muito o que falar. Depois de fazer todos os exames minha mãe me deixou na escola. Como tínhamos saído cedo, cheguei quando o último sinal toco. Arrumei minha mochila no ombro e corri para a sala. Sentei no meu lugar e peguei meu material. As meninas estava me olhando com curiosidade e um pouco de preocupação, mas eu não falei nada. Em todas as aulas, elas me perguntaram o que tinha acontecido, mas apenas disse que tinha passado a noite acordada. Depois disso elas não me perguntaram mais.

 Quando as aulas acabaram, fomos para minha casa onde elas me ajudaram a continuar arrumando as coisas. Apesar de ter arrumado as roupas, tinham outras coisas. Durante o tempo que passamos ali, contei para elas como tinha sido a noite. Tirando a discursão com meu pai. Elas não precisavam saber disso.

 


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