Finn não sabia muito bem o que estava se passando, mas podia se sentir uma forte dor em seu ombro e suas costas. Tentou levantar-se, mas havia algo, ou melhor, alguém sobre si.

Poe estava dormindo calmamente na cadeira, apoiando apenas seus braços e sua cabeça sobre o canto da cama de Finn. Naquele momento o ex-stormtrooper tentou imaginar há quanto tempo ele estava ali.

Finn se apoiou nos cotovelos e se pôs sentado, fazendo com que a cabeça do piloto calmamente deslizasse mais para a beirada da cama. Ao conseguir ajeitar-se, pôs a mão direita sobre o cabelo castanho de Dameron, tentando acordá-lo da maneira mais sutil possível.

Poe resmungou algo, mas assim que abriu os olhos não demorou nem um segundo a mais para abraçar o jovem que até então estava inconsciente. Parecia o primeiro abraço deles, só que com muito mais alivio por ver que Finn estava bem.

— Vou chamar os médicos. Não saia daí! – ordenou o mais velho, que após se separar do abraço saiu literalmente correndo à procura de algum médico ou de um dos enfermeiros.

Finn estava bem, mas precisaria ficar algum tempo sobre observação médica. Com certeza acabaria ficando sobre observação de Poe de qualquer jeito, mas havia alguns momentos em que o piloto precisava resolver coisas no hangar e quem fazia companhia ao jovem era BB-8.

— Ele deve estar aqui comigo há algum tempo, não é? — ele perguntou deitando-se de lado virando-se para o droid, que bipou um pouco confuso enquanto inclinava sua cabeça para o lado, ainda tentando entender sobre o que Finn estava falando.— Estou falando o Poe. – Finn  deitou de barriga pra cima, encarando o teto. — Ele é meu amigo mais especial, sabe? Mas depois que nos reencontramos, fiquei pensando coisas estranhas a respeito dele. Coisas que eu não acho que deveriam estar ali. Até agora estou me perguntando se esses sentimentos são ou não um problema, entende? - BB-8 bipava freneticamente como se quissesse dizer algo, fazendo com que o rapaz o fitasse e arqueasse uma das sobrancelhas.— Você parece entender o que estou dizendo, mas eu sinceramente não entendo nada desses seus bipes malucos. – ele revirou os olhos.

— Voltei. – Poe apareceu com um sorriso nos lábios e uma bolsa de lado após atravessar a porta, sentando-se em uma cadeira ao lado da cama de Finn.— É bom te ver assim... acordado.

— É bom te ver também. – um silêncio amigável reinou por alguns segundos até que Finn lembrou-se de perguntar sobre a amiga.— E a Rey? Onde ela está?!

— Ela saiu à procura de Luke Skywalker. Acha que talvez ele tenha algumas respostas para ela, além de poder treiná-la.

— Entendo. Ela já está fora há muito tempo?

— Já fazem alguns meses, para lhe ser sincero. – ele coçou a nuca, ainda com um sorriso.— Trouxe uma coisa pra você. – ele se inclinou um pouco e vasculhou algumas coisas na bolsa, puxando de lá uma jaqueta.— Toma. Estava um pouco rasgada, mas eu pedi ajuda de alguns amigos para poder costurar.

Finn encarou a jaqueta, tomando-a em suas mãos pouco depois. Era como um símbolo de amizade deles e o fato de Poe ter consertado significava que era algo importante para ele também.

— Obrigado. – o moreno sorriu e a vestiu.— Está do mesmo jeito em que a peguei.

— Ela já não estava cem por cento quando eu te dei. – ambos riram.— Ela realmente fica bem em você. – Poe deu um sorrisinho de canto e Finn desviou o olhar, claramente envergonhado.

*

— Eu estou nervoso, BB-8! Muito, muito nervoso! – Finn dizia, sentado a beira da porta do hangar. Como o local ficava completamente escuro durante a noite, dava para observar várias estrelas.— Isso pode ser considerado um encontro?- ele perguntou ao droid, coçando a bochecha esquerda como um ato de puro nervosismo. BB-8 bipou para confirmar que aquilo, sim, era um encontro.

O piloto havia combinado às nove da noite, mas já passava das nove e meia e o único ser a aparecer por ali fora BB-8. O rapaz olhava as estrelas que de fato iluminavam todo o céu e ficava se perguntando o que aquilo significava para Poe.

— Talvez ele só queira me mostrar a beleza da vista à noite depois de tanto tempo em que estive inconsciente. Não é como se precisasse ter algo a mais nisso, né? - ele deu um sorriso torto para BB-8, que girou sua pequena cabeça.— Não me deixe ainda mais nervoso!

— Heey! – Poe chegou me mansinho, tocando-lhe o ombro, fazendo com que desse um pequeno pulo de susto.— Calma. Sou só eu. – ele se ajeitou ao lado de Finn em uma distancia considerável, sentando-se na beira do grande portão.— Trouxe alguma coisa para comer caso esteja com fome.

— Obrigado. – Finn disse, sem jeito. O silêncio pairou sobre eles por alguns segundos, até que o ex-stormtrooper resolveu tirar sua dúvida.— Não me leve a mal, Poe, mas isso é algum tipo de encontro?

— Hm? - O piloto olhou para Finn um pouco surpreso, pois não esperava que ele fosse ser tão sincero. Mas logo sua expressão surpresa fora substituída por uma feição alegre.— Interprete como quiser. – ele dizia com seu habitual sorriso— Mas acho que não costumam levar droids para encontros. – apontou para BB-8, que bipou como se tivesse se chateado com aquilo.

— Isso significa que eu posso interpretar como um encontro? - o moreno o fitou por alguns instantes.

— Se você não achar que é um problema. – dito isso, Finn se aproximou do piloto, sentando-se lado a lado o mais próximo possível que podia deste.

— Talvez não seja um problema afinal.

— Tem razão... – Poe passou a mão em volta da cintura de Finn e ambos observaram as estrelas.— talvez não seja. – ele fez um polegar positivo para BB-8 pelas costas de Finn e o pequeno droid respondeu rapidamente com o seu isqueiro. Os três passaram a noite observando as estrelas, tentando se distrair do que se passava no resto da galáxia.