Cyberpunk escrita por Einhasad


Capítulo 1
Prólogo




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Blizzard City, ano X317.

Desde que você se foi, as coisas por aqui tem estado cada vez mais difíceis.

Os soldados ainda não conseguiram encontrar nenhuma cidade que tenha sobrevivido ao Apocalipse. Ainda somos os únicos. Espero que você esteja com mais sorte.

O filho do Imperador Kurt assumirá o cargo amanhã, dando continuidade a Dinastia Scylar. Tudo está um caos, por aqui. Os habitantes da Baixa Blizzard estão miseráveis e passam fome. O crime, a violência e as drogas já atingem até mesmo os nobres.

Ouvi dizer que os androides da última geração estão se rebelando. Mas nós, da Média Blizzard, não sabemos de muita coisa. Os androides da geração antiga, abandonados na região Baixa, tem agido de forma bem estranha. Talvez a inteligência artificial tenha um prazo de validade.

Sobre nós... O aniversário do Gus foi ontem. Ele ainda quer ser como você: um engenheiro. Encontramos alguma sucata pelas ruas ontem e entregamos a ele. Parece que quer montar um robô que supere até mesmo a Guarda Cyber Imperial.

E eu continuo sendo uma filha teimosa. Nossa mãe... ela não está bem, pai. Antes conseguíamos controlar a febre, mas agora... os remédios estão caros. Não temos como pagar por eles. E os impostos aumentam em questão de horas.

Ouvi dizer que fora da cidade, nas regiões desconhecidas, existe uma tribo de refugiados. São pessoas, robôs e androides que estão construindo uma nova sociedade. Um lugar onde cuidam um do outro. Como nos velhos tempo, antes do cataclismo. Estamos nos planejando para chegar até lá. É nossa única chance.

Eu espero que você volte logo. Estamos preocupados.

Com amor,

Leah

***

Eu nunca esperei que meu pai fosse ler aquela carta, deixada sobre a mesa de nossa antiga casa antes que fossemos embora, em busca de esperança para nossa mãe, vítima de um vírus de nossa era, chamado de Sigma, e até então fatal.

Meu pai contava histórias sobre os povos antigos para mim e para meu irmão, Gus. Dizia que os homens do passado acreditavam em um futuro de paz, segurança e luz. Que os robôs fariam tudo por nós. Que não existiria miséria, e que todos seriam felizes. Eu não sei ao certo em qual ponto da linha temporal as coisas deram errado, mas sei como é hoje.

Vivemos em uma era em que humanos, robôs e androides coexistem e, até há algum tempo, viviam em harmonia. Mas, misteriosamente, a inteligência artificial até então utilizada nos robôs e androides se aperfeiçoou. Passaram a ter controle sobre si próprios, e não demorou até que alguns começassem a se rebelar contra o povo. Outros continuaram fiéis aos homens e, com isso, uma guerra explodiu. Passamos a chamar os robôs e androides rebeldes de Erros.

Há cerca de um ano, os Erros começaram a construir máquinas e outros robôs, com gigantesca perfeição. A guerra tornou-se um massacre. Todas as cidades foram destruídas e os refugiados aglomeraram-se aqui, em Blizzard City, a única sobrevivente conhecida até então e governada pela família Scylar.

Não sabemos muito sobre eles. O imperador, Kurt, faleceu há alguns dias sem explicações. O filho, conhecido como Diggle, tomará seu lugar em breve. Tudo o que eu sei é que é graças a eles que Blizzard está apodrecendo. Oportunistas, têm aumentado os impostos e endurecendo as leis, tratando até mesmo os crimes mais banais, como roubar alimentos, com pena de morte.

Sobre a estrutura.. ah! Essa é a minha parte favorita.

Em Blizzard City, somos divididos em três regiões: Baixa Blizzard, Média Blizzard e Alta Blizzard.

A Baixa, como o próprio nome diz, é a região mais abaixo da cidade, e também a maior. Escura e suja, é ali onde encontramos a maior parte da miséria. É também berço dos maiores criminosos da cidade e local onde robôs e androides velhos e sem uso se aglomeram, como sucata. A guarda imperial está sempre andando por suas ruas. Há quem diga que seja questão de segurança, mas estão errados. São corruptos, oportunistas e mentirosos, e tornam os pobres cada vez mais miseráveis, obrigando-os a pagar subornos.

A Média, região localizada entre a Alta e a Baixa, é onde estão maior parte dos trabalhadores e também onde vivo. Aqui estão os engenheiros, médicos, mecânicos e todos que sustentam a cidade. Os robôs que aqui vivem são nossos ajudantes. Juntos, trabalhamos para a manutenção da cidade. Não somos tão miseráveis quanto a Baixa, mas, da mesma forma, somos sujeitos a corrupção da Guarda Imperial e, nos últimos dias, temos sentido o gosto da fome e da doença, reflexos do recente aumento das taxas impostas pela Alta Blizzard.

E, como já podem imaginar, a Alta Blizzard é onde residem os nobres. Aqueles que, por algum motivo irritante, são considerados como divindades. São os administradores da cidade e diversos bajuladores da família real. Vivem na parte mais alta de Blizzard, em prédios imensos, cheios de luxo e com segurança máxima. Um mundo a parte de onde todo o restante vive. Não temos muito conhecimento sobre como é a Alta Blizzard, já que apenas os habitantes de lá podem sair e entrar quando quiserem. Não podemos nos misturar e, caso aconteça, pagamos com sangue.

Esse é o mundo do futuro, o qual as pessoas do passado tanto almejavam alcançar. Um mundo repleto de miséria, guerra e fome. Um mundo onde uma parcela imensa da sociedade precisa satisfazer aos anseios de uma pequena parte. Um mundo com medo e que está a todo tempo em alerta. Esse é o mundo em que vivemos. E é esse o mundo que iremos enfrentar. Até o fim.

Até o fim.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do prólogo. Creio que tenha ficado meio massante, já que foi um capítulo só de narração, mas o fiz para apresentar o cenário onde tudo vai acontecer. Se tiverem gostado, por favor, me deem um feedback para que eu possa continuar. Quero muito contar essa história para vocês! =^-^=



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