Sekai no Sozokujin: Herdeiros de um mundo -revisão escrita por SabstoHoku, FrancieleUchihaHyuuga


Capítulo 19
Emblema partido, família em perigo!


Notas iniciais do capítulo

OIEEE SEUS LINDOS! Desculpem pelo atraso (que dessa vez foi de um dia só, viu?) do capítulo, é que estávamos com uns problemas...De novo!
Enfim, espero que gostem!
PS: Só queria avisar que, a partir dos próximos capítulos, chegamos no meio da PRIMEIRA TEMPORADA. Depois do encerramento desta fic, teremos sua continuação! Então se lembrem disso, meus amores ♥
PS2: Domingo tem cap. novo, continuação desse!!



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—SURPRESA!! -Foi o primeira coisa que Boruto ouviu. O menino abriu os olhos e se sentou num pulo, assustado, já pegando a kunai que guardava debaixo do colchão para caso de emergência. O desespero, porém, foi em vão. O menino riu de si mesmo, enquanto baixava a kunai e encarava a mãe, que ria dele, enquanto estava no meio do quarto com dois pratos de torta nas mãos.

—Que barulheira é essa? -O loiro ouviu Hokuto resmungar debaixo de sua coberta, sonolenta. Mas antes que alguém pudesse responder, a menina se sentou na cama, um sorriso no rosto, os olhos azuis brilhantes passando pelo quarto e detendo-se na mãe.-Hoje é nosso aniversário, não é?!

—É sim, maninha. -Confirmou Boruto, dando um grande sorriso para a irmã.

—Eu nem acredito! -Sakura entregou os pratos com torta para os filhos, com eles ainda sentados na cama, abraçando fortemente os dois. -Vocês já tem 13 anos! Parece que foi ontem que você estavam aprendendo a andar. Sempre serão meu bebês! -Ela apertou as bochechas dos filhos, uma em cada mão.

—Sabemos, mãe. -O loiro respondeu, já comendo seu pedaço de torta. Seu aniversário.

"E mais uma vez...ele não está aqui".

Sentiu o sangue esquentar. É claro que Naruto não estaria em casa. Boruto sequer sabia se o pai ainda se lembrava quando era o aniversário dos filhos, quanto mais aparecer de surpresa nessa data.

O menino fechou a cara e olhou para baixo, encarando sua torta. É claro que ele não estaria ali por eles naquele ano. Provavelmente, não estaria em qualquer outro ano, assim como não estivera nos últimos 5.

"Pai idiota."

Se fosse apenas por si mesmo, Boruto manteria a cara amarrada pelo resto do dia, e assim havia decidido. Porém, quando olhou para o lado, enxergou na expressão de Hokuto uma resposta contrária de sua decisão. A gêmea tinha um olhar alegre, e sorria instantaneamente a cada garfada que dava na torta de morango. Estava verdadeiramente feliz e animada, exalava alegria de uma forma contagiante.

"Se quer proteger ela, deixe-a de fora de seus ressentimentos. Hokuto tem suas próprias coisas pra se preocupar."

Decidiu fazer das palavras da amiga as suas. Hoje, nada e nem ninguém, sequer Naruto, muito menos o próprio Boruro, iriam estragar o dia da irmã. Ninguém tocaria na preciosidade que era a felicidade daquela rosada irritante. Fez uma promessa silenciosa a si mesmo de que, naquele dia, protegeria aquele sorriso com toda a sua alma, se necessário. Não deixaria que nada, absolutamente nada, abalasse as estruturas de sua irmãzinha.

Hoje, se fosse por ele, Hokuto seria mais feliz do que jamais fora. Teria o dia mais perfeito possível. Porém, para ser perfeito, ele precisaria do pai. Não, ele não, ela. Se Naruto não queria estar ali por Boruto, então que estivesse por Hokuto.

—Então, o que querem fazer nesse dia especial? Tirando a festa de vocês, claro. - os pensamentos do Uzumaki foram interrompidos pela pergunta da rosada mais velha. Boruto sequer havia pensado sobre o que queria de aniversário.

— Então Hoku, o que vamos fazer? - perguntou ele, abrindo um sorriso ao ver a sua gêmea terminando a torta.

—O que você quiser. -Respondeu ela, simples.

—Não, o aniversário não é só meu. -Ele cruzou os braços, se fazendo de indignado.

Mas também é seu.

—Eu escolhi ano passado! Agora é sua vez. -O menino pôs as mãos atrás da cabeça e sorriu. Sakura olhou para ele, espantada. Às vezes, era insana sua semelhança com o pai.

—Okay, Sir.Boruto. -O comentário fez com que a família risse junta. Momentos raros por conta das agendas sempre cheias de Naruto e Sakura. -Hm...Deixa eu pensar!

—Só não me enche a casa de flores, eu te imploro!!! -Ele fez uma falsa expressão sofrida, fazendo-a rir e logo depois cruzar os braços, nervosa.
—Sabe que eu não faria isso. -Ela mostrou a língua à ele.

—Quem vai saber. - o garoto riu.

— Vamos fazer um enorme café da manhã! - diz Hokuto com um enorme sorriso e Sakura ri.

— Bom, então é só vocês descerem, pois eu pensei antes dos dois! -Sakura ainda era Sakura, mesmo tendo se passado tantos anos, e seu eu interior exclamou um “Shannaro!!!” de vitória assim que percebeu ter acertado o desejo dos filhos.

Os gêmeos bateram palmas, felizes, enquanto pulavam das camas e iam correndo até a porta.

—Nananinanão, voltem agora! -Sakura foi até a porta, pegando os filhos pelas orelhas. - Não pensem que só porquê é o aniversário de vocês que eu vou deixar fazerem qualquer coisa. Podem ir escovar os dentes, mocinhos!

—Tá, mãe. -Resmungaram eles, dando meia volta e indo em direção ao banheiro.

—Isso mesmo! -Sakura riu. -Depois desçam pro café. Tem dangō de feijão doce!

—Aeee! -Os gêmeos comemoraram, saindo de dentro do banheiro, as bocas cheias de pasta de dente, as escovas de dente em mãos. Sakura riu. Depois, trataria de contar ao marido sobre aquela cena inusitada e engraçada.

—Agora terminem de escovar esses dentes, estarei esperando lá embaixo! -A mulher desceu as escadas.

—Okay, mãe! -Boruto respondeu, baixinho. Olhou para a irmã ao seu lado, que estava lavando o rosto, e sorriu.

—Termina aí, tampinha. -Pediu ele. - Não quero perder meu dangō por sua causa! Você sabe que a mamãe come tudo quando a gente se atrasa!

Hokuto deu uma risada alta e mostrou a língua para o irmão mais uma vez.
Boruto prometeu-se novamente que iria proteger aquele sorriso.Sua irmã sempre sorriria. Não só mais naquele dia, mas por todo o sempre.
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A casa dos Uzumakis estava cheirando a doces, Sakura estava ajeitando os últimos balões na parede enquanto os donos da festa estavam se arrumando.

Boruto estava vestindo uma calça jeans preta, uma blusa azul, tinha colocado o blazer cinza que sua mãe havia escolhido, e estava terminado de arrumar seu colar no pescoço enquanto ia em direção ao quarto de Hokuto. O loiro raramente ia lá e, para estranhamento de todos, Hokuto também não, a não ser que precisasse se arrumar para algum evento ou algo do gênero, sendo que a maior parte de seus objetos ficava guardada lá, incluindo a maioria de suas roupas. Apesar do quarto ser declaradamente dela desde o nascimento a menina quase nunca dormia lá, já que desde sempre teve medo de fantasmas, e dizia se sentir mais segura ao dormir no mesmo quarto que o irmão, e assim fez. O hábito havia se tornado tão frequente ao longo dos anos que o quarto de Boruto já poderia ser oficializado como sendo da irmã também, já que atualmente já havia uma cama para a menina e decorações na parede ao lado desta. O loiro não se sentia incomodado, a rosada era uma companhia acolhedora e conhecida, e não existiam reclamações a se fazer sobre ela.

Quando entrou no quarto se deparou com a irmã vestida em um vestido rosa claro, sem mangas, que ia até os joelhos. Pequenos detalhes brilhantes cobriam o busto da roupa, que era justo, e começava na cor branca, porém terminava em um rosa extremamente claro. Havia um fita de um tecido fino passando por sua cintura, e abaixo dela o vestido se tornava solto e rodado, além de fazer uma nova transição de rosa para branco, tendo os mesmos detalhes brilhantes um pouco acima da barra. Os cabelos rosas estavam mal presos com o que Boruto descobriu ser uma caneta, o que revelou ao loiro o fato de que ela não estava totalmente pronta. As unhas da menina encontravam-se pintadas de um azul bebê, combinando estranhamente com a camiseta do irmão, e ela calçava uma sandália branca, baixa e simples. Não usava maquiagem, apenas o que parecia um batom extremamente claro.

— Olha a Hokuto usando rosa. - Zombou o menino.

— Eu achei bonito, tá? Seu chato. -Diz a Uzumaki se virando para o irmão.

— Ficou até bonitinho.

Até bonitinho?

— Isso mesmo.Até bonitinho. Poderia trocar.Quem sabe uma bata? - O loiro dá uma risada alta, e é respondido por um tapa na cabeça.

—Não me fale que ficou até bonitinho! A Himi estava simplesmente linda no aniversário dela! Qual é o problema de eu estar bonita também? -Ela cruza os braços, com raiva.

—O problema não é você não estar bonita… -Ele murmura. Uzumaki Boruto admitindo ter ciúmes da irmã? NUNCA!

—Fala mais alto! -Ordena a menina.

—Eu não falei nada!

—Falou sim!

—Não falei não!

—Falou!

—Não falei!

—FALOU!

—EU MORRO MAS NÃO ADMITO!

—ENTÃO DEIXA QUE EU TE MATO, BAKA!

Boruto pensou que a irmã possivelmente teria realmente ido para cima dele para cumprir com o que havia dito, não fosse pela risada alta e conhecida de um homem.

—Pa... -Boruto perdeu a fala. Olhou para o batente da porta,onde Naruto se encontrava encostado.Tinha uma expressão cansada, porém feliz. A capa de *Nanadaime Hokage caia por seus ombros, porém ele estava sem o típico chapéu que o acompanhava em suas reuniões. -Papai?

—Oi! Não acharam que eu iria perder o aniversário de treze anos de vocês, não é? -O Hokage sorriu. Porém, diante da cara perplexas dos filhos, vacilou por um instante. -Estão bem?

—Sim. -Os gêmeos responderam prontamente, como mini-soldados. Tanto Boruto quanto Hokuto haviam tentado parar com aquele velho hábito, porém era impossível: Toda vez que estavam nervosos ou desconfiados, agiam em conjunto em uma espécie de "modo automático".

"Mas é claro que ele não sabe disso. Como poderia?"

O menino desviou os olhos do pai por um instante, voltando-os para a irmã. Precisava se lembrar constantemente que era por ela que ele faria aquele dia tão feliz. Caso contrário, provavelmente teria gritado poucas e boas ali mesmo para o pai, uma vez que este tivera a coragem de falar "Não acharam que eu iria perder o aniversário de vocês", tendo consciência de ter perdido consecutivamente outros cinco daqueles.

"Hipócrita."

O loiro mais novo sorriu forçadamente, enquanto a irmã o observava. Provavelmente esperava ter que conter algum tipo de discussão ou tensão entre os dois, então fez uma cara surpresa ao ver o sorriso do irmão.

—Ei, o que foi, viram um fantasma? -Sakura surgiu na porta, sorrindo. Virou o marido para si com rapidez, e puxou-o para um beijo apaixonado. Boruto não se lembrava qual era a última vez que a mãe parecera feliz daquela maneira, e perguntou-se também como o pai podia negar algo tão essencial para ela, sua esposa: Ser amada.

—Hm...-O menino coçou a parte de trás da cabeça, envergonhando. A rosada mais nova parecia olhar para baixo, corada. O loiro sabia que a mãe estava com saudades do Hokage, porém já estava começando a achar aquele beijo duradouro até demais. -Ei...Vocês não acham estar passando um pouquinho dos limites do tempo, não?

—É...Q-quer dizer... -Hokuto parecia engasgar. Boruto sorriu de canto com a pequena demonstração de vergonha da irmã. Na verdade, não sabia se ela estava corada apenas por ver os pais daquele jeito ou por imaginar-se assim com seu futuro marido. Não gostou da última opção.

—Hm? -Sakura fez um barulho questionador, abrindo os olhos e aparentemente redescobrindo a presença das crianças. Tratou de se separar do marido, enquanto este olhava para ela com olhos arregalados. -Nos desculpem por isso. -Declarou, olhando para o outro lado, agora também corada. Naruto também coçou a parte de trás da cabeça, as bochechas levemente vermelhas, um sorriso sem graça cobrindo-lhe a face.

—Sa-Sakura-chan… -O loiro fechou os olhos novamente, rindo.

“-chan? “ Boruto perguntou-se se já havia ouvido o pai chamar a mãe daquela forma carinhosa, que mais parecia uma lembrança de quando eram jovens. Concluiu, então, que possivelmente já, mas numa infância agora remota, da qual ele não se lembrava direito. Deu de ombros. Afinal, o que isso importava agora?

—Deixei de ser a Sakura-chan a muito tempo, querido. -Ela depositou mais um beijo, agora na bochecha do marido, rápido e descontraído. Então, virou-se para os filhos -Quem quer me ajudar a preparar a mesa com os doces?

—Eu! -Os gêmeos declararam, animados, descendo a escada na direção da cozinha, sem nem mesmo esperar a mãe. A rosada mais velha riu ao ouvir a briga dos filhos, agora lá em baixo, em relação a quem carregaria a bandeja de jujubas até a mesa.

—Obrigado por vir, Naruto. -Ela virou-se para o Hokage, suavizando sua expressão, os olhos esmeraldinos refletindo carinho. -Acho bom que você saiba o quanto seus filhos sentem a sua falta.

—Me desculpe por nunca estar aqui. -Ele abraçou a esposa de forma carinhosa e protetora, da mesma forma que a havia abraçado em seu casamento, ou no pedido de namoro um pouco após a guerra, em meio a uma missão. -Mas, você sabe, o trabalho de Hokage ocupa demais do meu tempo e…

—Eu sei. -Ela o interrompeu, simples. -Sei que faz isso por nós. Só não...Não estrague o dia deles.

A médica se afastou, parando no topo da escada. Então, lançou ao loiro um olhar triste, fazendo-o desviar os olhos e fitar o chão com um ar melancólico e arrependido.

—Se vocês estragarem a nossa cozinha eu juro que tomo as armas ninjas dos dois! - Ralhou a rosada, virando-se novamente para o marido e dando um pequeno sorriso divertido, e depois descendo a escada.-E vocês sabem o que as armas de um ninjas são, não é?

—Parte dele, mãe! -Ouviu-se as crianças responderem.

—Exatamente! -Naruto continuava fitando o chão enquanto ouvia a voz da esposa se afastando aos poucos, assim como o som dos saltos ressoando na madeira da escada. Mesmo apenas tecnicamente estando ali, era impossível não sentir-se culpado.

E sabia que havia possibilidades de, a partir daquele dia, se sentir cada vez mais culpado.

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Já estava tudo preparado para receber os convidados, Naruto e Sakura estavam terminando algumas coisas na cozinha enquanto Boruto estava jogado no sofá com uma Hokuto furiosa na sua frente.

—Bolt, sente direito! -pronunciou a rosada, encarando com firmeza o irmão que estava literalmente jogado no sofá. Uma de suas pernas encontravam-se em cima do acolchoado do móvel, enquanto outra estava esticada em direção ao chão, e as duas mãos estavam esticadas acima da cabeça, largadas de qualquer maneira.

—Não. -Respondeu o loiro, testando a paciência da menina. Boruto ainda era o filho de Naruto, afinal, e tirar com a cara da irmã mesmo que minimamente praticamente fazia parte de sua natureza.

—Não quero que os nossos amigos cheguem e você esteja sentado assim.Se é que você está sentado, não é? Agora arrume essa sua postura!

—Hoku, deixa de ser chata... -O menino respondeu, preguiçoso. Sinceramente, sua posição estava tão confortável que pedir para sair dali poderia ser considerado um crime, no mundo do Uzumaki. -Quatro-olhos.

—O QUE VOCÊ DISSE??? -gritou a garota, brava -VOU TE MATAR, SEU IDIOTA!!

—Não é mentira, é? Você usa óculos, não usa? -O menino virou a cabeça na direção da irmã.

—Uso.. -Admitiu a rosada.

—Mais alto!

—Uso, mas não costumo levar nas missões! O que que tem?

— Então é quatro-olhos sim! -Concluiu ele, satisfeito.

—EU VOU TE MATAR, SEM DÚVIDAS. -Ela esticou as duas mãos na direção dele, como se estivesse prestes a estragula-lo. Por coincidência (ou não), nesse momento Sasuke entrou na casa sem quaisquer rodeios, juntamente com Hitomi e Hinata.

—Oi, Hokuto.Boruto. -Ele cumprimentou, simples.

—Oi, tio Sasuke. -Responderam os gêmeos, instantaneamente. Sasuke não pareceu se importar com a posição em que eles estavam, tendo em vista o fato de que Hokuto estava com as mãos a aproximadamente dois centímetros do pescoço do irmão.

—A Sakura está?

—Hã...Sim. -Boruto respondeu, confuso.

—Hm. -Nesse instante, Naruto apareceu na porta da cozinha,as mãos totalmente sujas de chocolate por estar fazendo brigadeiros.

—Sasuke! -Exclamou ele, dando um sorriso.

—O que faz aqui, Usuratonkachi? -O Uchiha falou, aparentemente desconfiado.

—É a minha casa, não é? -O Hokage olhou em volta, como que para conferir se era mesmo sua própria casa.

—Mas nós acabamos de… -O moreno é cortado pelo ex companheiro de time.

—Acho que temos muito papo pra colocar em dia. Me espere só lavar as mãos. -Então, antes que Boruto se desse conta, o modo Hokage do pai voltou a ativar-se. Sasuke deu de ombros e esperou até que Naruto voltasse da cozinha, agora com as mãos limpas, e o levasse até seu escritório particular, um dos cômodos que ele mais usava quando ficava em casa.

—Deixa que eu te ajudo, Sakura. -Hinata ofereceu-se, entrando na cozinha para ajudar a amiga.

—E vocês, tão fazendo o que? -Hitomi questionou. Estava vestida com um vestido inteiramente roxo que ia até os joelhos, com uma presilha combinando, prendendo parte de sua franja. Porém, Boruto não prestou atenção na amiga, pois encarava a irmã com medo, já que esta ainda estava com as mãos perigosamente posicionadas para atacar e estrangular “alguém”. Em sua mente, Hokuto havia passado de “extremamente adorável irmã” para “assustadora no nível Genjutsu do tio Sasuke” em segundos.

—Okay…-Estranhou a morena. -Nossa, Hokuto, é você mesmo?

—Acho que agora é mais provável que seja o demônio. -Comentou Boruto, ainda absorto em sua imagem mental da irmã estrangulando-o com toda sua força.

—DEPOIS VOCÊ NÃO QUER QUE EU DIGA QUE VOCÊ MERECE A MORTE! -Esbravejou Hokuto, agora realmente estrangulando o irmão, tentando afrouxar o aperto o suficiente apenas para não mata-lo.

—Hi..Hito...Hitomi! -Tentou gritar o menino para a amiga que, particularmente, se dobrava de rir da cena que presenciava.

—Hina, você pode verificar o que as crianças estão fazendo, por favor? -A voz de Sakura ecoa, vinda da cozinha. Então, a cabeça e parte do pescoço de Hinata aparecem na entrada da cozinha, os cabelos caindo para o lado. A princesa do Byakugan, assim que vê a cena, abre a boca num “O” perfeito, prestes a chamar a amiga. Os chunnins, porém, foram mais rápidos: Hokuto largou Boruto como num raio, sentando-se no sofá, enquanto Hitomi parou de rir e voou para o assento ao lado da Uzumaki. As duas meninas viraram para Hinata, que observava tudo, pasma, e acenaram, enquanto Boruto ainda tentava se recuperar de sua quase morte por enforcamento.

—Nossa… Não achei… Que aquela força do genjutsu… -O garoto fazia pausas constantes para respirar. Hokuto ainda lançava para ele um de seus melhores olhares assassinos, como se estivesse imaginando quais as melhores formas de matar alguém sem deixar pistas do assassinato. Na verdade, Boruto achou aquela dúvida interessante e bem válida para um shinobi. Anotou em sua listinha mental de “coisas-para-procurar-na- internet-porque-não-tô-afim-de-procurar-num-pergaminho".

—Bolt, não seria melhor você calar a boca antes que ela volte para a realidade? -Disse a morena, ainda dando risadinhas.

—Verdade. -O loiro se afastou um pouco da irmã.

—Hoku, dá para voltar? Quero te dar os  parabéns também.E eu trouxe dangō.-Boruto percebeu que a amiga estava carregando uma sacola em uma de suas mãos.Hokuto voltou ao normal num pulo e Hitomi começou a dar os parabéns para a rosada e para o loiro. Logo, tirou da sacola o estranho embrulho retangular e entregou-o a Hokuto.

—E aí, o que é?

—Conta pra gente!

—O presente é de vocês, ué, abram! -A Uchiha cruzou os braços.

—Tá. -Hokuto passou o embrulho para o irmão. -Pode atacar.

O menino, curioso, rasgou o papel numa velocidade no mínimo admirável, detendo-se apenas quando visualizou por completo a tampa da caixa na qual estava guardado o presente.

—Uma caixa também, jura? Porque não poderia apenas embrulhar o presente?

—Precauções. -A Uchiha olhou de canto para a amiga ao seu lado. -Já que existem pessoas aqui que podem quebrar objetos frágeis com dois dedos.

Boruto não precisou de muito para entender a indireta. Na verdade, entendeu assim que viu Hokuto desviar o olhar, um sorriso envergonhado nos lábios.

—Abre logo essa caixa! -Protestou a Uchiha.

—Tá! Tá! Relaxa! -O loiro abriu a tampa da caixa, visualizando um grande porta retrato azul dividido em três partes dobráveis. Em cada uma delas, já haviam fotos preenchendo o espaço. A primeira, identificou a si mesmo, a irmã e Hitomi, aos três anos, brincando de ninja naquela mesma casa. Lembrava-se vagamente que nesse dia Hokuto havia feito o papel de vilã da história. E por algum motivo a foto o fez levar a mão até a cabeça… Na foto ao lado dessa, ainda na mesma parte, estavam os três juntos em frente a um balanço, que na época era o brinquedo favorito das duas meninas, em frente à academia, com algo em torno de seis ou sete anos. Ele riu do cabelo de Hokuto, pois não se lembrava da irmã ter o costume de prendê-lo em duas partes para trás quando quando tinha aquela idade. Então, já na outra parte, havia uma foto tirada num passeio que haviam feito com o Naruto até a Vila da Areia, na qual os três, com aparentemente 10 anos, competiam com Shinki para ver qual mira era melhor, enquanto Gaara conversava com Naruto ao fundo. Ao lado desta, a foto que tiraram assim que terminaram o desafio dos sinos, quase um ano antes, se destacava. Konohamaru fazia uma expressão orgulhosa, ocupando a parte de trás. Hitomi estava à esquerda, sorrindo, e tinha dois dedos levantados acima da cabeça de Boruto, fazendo “chifrinhos”, enquanto o menino fazia uma cara exibida. Hokuto ocupava direita, dando seu habitual sorriso gentil, exibindo a bandana azul (que, naquele dia, ainda não tinha decidido onde colocar) esticada com as duas mãos.
A última parte exibia a foto mais recente do time, no dia em que todos haviam se tornado oficialmente Chunnins. Dessa vez estavam apenas os três, apoiando-se uns aos outros com os braços, sorrindo radiantemente, segurando as mais novas bandanas pretas, que logo tinham sido trocadas por outras com cores diferentes, mas que continuavam representando a transição de um nível ninja à outro.

—Então, o que acharam? -perguntou a morena.

—Eu amei, Himi -diz Hokuto abraçando a amiga com a sua força.

—Hoku... eu não estou sentindo os meus braços... -diz a garota.

—Desculpa -a Uzumaki soltou a amiga, soltando uma risada que contagiou os três.

—Agora os dangos! -diz Hitomi tirando os doces de dentro da sacolas, tinham o nome dos três no palitinho e nas bolinhas tinha o símbolo dos clãs de cada um e as cores dos cabelos.

— Que lindos, Himi! -Hokuto e exclamou, olhando seu dangō colorido. -Dá até dó de comer. Acho que vou guardar para depois da festa.

—Você sabe dar um presente afinal, não é, Uchiha? - Boruto desafia a amiga, que faz uma cara amarrada em resposta.

—Não sou você. -Ela provoca, e ele apenas ri.
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Os convidados chegaram gradualmente, alguns mais atrasados, outros nem tanto. Boruto conversava com Shikadai (cujo, depois de muita insistência por parte de Sakura, Boruto concordara em convida-lo), Hitomi batia um papo animado com Sunna, Hokuto conversava timidamente com Inojin e Ino, ao passo que Sakura, Naruto, Sasuke e Sai dialogavam, nostálgicos, sobre o passado. Boruto pôde ver, vez ou outra, o olhar que o tio lançava para Sai quando ele soltava certos comentários dos quais o garoto (infelizmente, por parte dele) não conseguia ouvir,  criando uma tensão que logo era quebrada por Naruto. O resto dos convidados estavam espalhados em grupos pela sala, com copos de refrigerantes e comidinhas que variavam entre doces e salgados em mãos, conversando entre si.

—Então, acho que já chegou a hora do bolo, certo? - Naruto questionou, ficando em frente à grande mesa que havia sido posta para a festa, onde o bolo seria cortado. Chamou os filhos com um gesto, para que eles fossem até lá e sentassem nas cadeiras reservadas especialmente para os aniversariantes.

—Finalmente. -disse Hitomi sorrindo e fazendo o primo e os amigos rirem.
Boruto e Hokuto se sentaram nas cadeiras e Sakura ao lado do Uzumaki mais novo, enquanto Naruto foi até a cozinha buscar o bolo.

E era como em câmera lenta. Boruto podia captar sorrisos nos rostos de todos, as mãos separadas e preparadas para bater palmas. Podia ver Hitomi com seu vestido roxo, destacada na multidão aos olhos dele, totalmente linda. Podia ver também Inojin, uma expressão de bobo apaixonado cobrindo seu rosto, focando em algum ponto à esquerda do Uzumaki. Ao lado dele, Shikadai, ChouChou, Metal Lee, Sora, Tonzishu, Hishi e Sunna, todos com um ar alegre, típico de festas de aniversário. No canto esquerdo, mais ao longe, estavam Sai e Shikamaru, batendo alguma espécie de papo animado. Sasuke estava ao lado de Kakashi e Hinata, com seu habitual sorriso disfarçado. Ino e Sakura encaravam ele e a irmã, olhares de orgulho transmitindo confiança para os dois. Próximo delas, Karui, Tenten, Toshiko e Mirai conversavam calmamente, sorrindo. Tanto Chouji quanto Hanabi, Konohamaru e Shino estavam fora da vila, cumprindo missões.

E, o mais importante de todos, Hokuto estava sentada ao lado do irmão, em frente à mesa na qual seria cortado o grande bolo de chocolate com morango, o atrativo principal da festa. Os olhos grandes e azuis da irmã brilhavam como faróis, as mãos se apertavam ansiosas, o enorme sorriso que estampava no rosto era impagável e inegavelmente verdadeiro. Dava para notar que estava feliz de uma maneira que raramente ficava, como se aquele fosse o melhor momento de sua vida, e Boruto torcia para que fosse. Ela olhou para o irmão, que também apresentava aquele conhecido grande sorriso, e sua expressão ficou ainda mais feliz. Boruto percebeu naquele instante que provavelmente, se tivesse decidido continuar de mal-humor naquela manhã, não estaria tendo um momento tão feliz, e Hokuto muito menos.

Naruto surgiu na porta da cozinha, o bolo com 13 velinhas laranjas em mãos, sorrindo de forma orgulhosa e animada, de uma forma que o filho só havia testemunhado pouquíssimas vezes em sua curta vida. O sorriso do loiro mais novo se alargou. Realmente, fazia muito tempo que um momento tão positivo preenchia as cabeças daquela família.

Perfeito. Tudo extremamente perfeito.

Parabéns pra você…

A multidão começou a cantar, batendo palmas. Naruto andava lentamente na direção da mesa, sem que seu sorriso vacilace nem por um instante.

Nessa data querida…

As vozes aumentavam de volume conforme a animação. Boruto flagrou até mesmo seu “tio” Sasuke batendo palmas lentamente.

Muitas felicidades, muitos anos de vi…

Um som conhecido por todos surgiu, seguido por um baque de algo pesado e agora destruído indo de encontro ao chão, extremamente perto da mesa.

Então,silêncio. Um silêncio sufocante e surpreso, em um misto com a pena e raiva. Os sorrisos trocados por uma expressão de espanto.

O bolo jazia, destruído, no chão. Alguns pedaços e algumas das velas haviam escorregado até os pés dos convidados, entre eles, Sasuke. O Uchiha olhou para o chão calmamente, depois levantou os olhos e fitou amargamente o local onde o melhor amigo estivera segundos antes.

Naruto havia sumido. E, junto com ele, a alegria.

—Era um clone… -Murmurou Boruto. Apesar de todos já terem consciência daquilo à esta altura, Boruto sentiu a necessidade de verbalizar o fato. Talvez para trazer a si mesmo de volta a realidade. -Todo esse tempo e não passou de um mero clone…

O olhar do menino voltou-se para a irmã ao seu lado. O loiro tinha pleno conhecimento de que, por trás de toda aquela força bruta, Hokuto muitas vezes era uma manteiga derretida. Parecia sentir qualquer emoção com 4x mais de intensidade que uma pessoa normal, e teria níveis absurdos de empatia com a maior parte das pessoas, se fizesse um teste para medir isso. Se Boruto se sentia triste, Hokuto devia estar muito pior.

E, realmente, quando o Uzumaki olhou a expressão da irmã, fui tomado por fúria. A menina exibia no olhar, agora sem brilho, um sentimento desolado. O sorriso havia desaparecido de seu rosto, seus lábios estavam fechados com força, demonstrando raiva. E, de seu olho esquerdo, começavam a escorrer duas pesadas lágrimas.

Não era comum ver a Uzumaki desarmada daquela maneira, principalmente na frente de tantas pessoas. Se aquilo significava algo, era apenas que o acontecimento a havia abalado tanto, que a menina até se esquecera do resto do mundo.

E, além de tudo, ela estava chorando.

O semblante pasmo de Boruto foi substituído por uma expressão de puro rancor. Seu rosto estava escarlate, e ele parecia prestes a gritar.

E, antes que percebesse, foi isso que fez.

—COMO ELE PÔDE? - O menino exclamava, a plenos pulmões, extravasando todo o ressentimento que podia. -COMO ELE TEVE CORAGEM? OLHA SÓ O QUE ELE FEZ!

—Boruto…Seu pai... -Sakura tentou acalmar o filho, mas até ela parecia surpresa demais para fazer alguma objeção concreta.

—EU NÃO QUERO SABER! -Rebateu o garoto, furioso. -ELE ESTRAGOU O NOSSO ANIVERSÁRIO! ESTRAGOU O DIA DELA! SE ELE NÃO QUERIA VIR, ENTÃO QUE NÃO VIESSE! SINCERAMENTE, EU JÁ ESTOU CANSADO DISSO!

—Bolt… -Hokuto chamou, baixo demais para o garoto ouvir. E, se ele ouviu, sequer deu atenção.

—ELE NÃO APARECE NO NOSSO ANIVERSÁRIO HÁ ANOS, E QUANDO APARECE, É APENAS PARA ESTRAGAR ELE COMPLETAMENTE! PODE SER O HOKAGE, MAS JÁ FAZ ALGUM TEMPO QUE NÃO É MAIS O MEU PAI! EU PREFERIA NÃO TER PAI NENHUM À TER UM PAI COMO ELE! SE ISSO É SER HOKAGE, EU PREFERIA QUE ELE NUNCA TIVESSE REALIZADO ESSE TAL SONHO!

—Boruto! -Hokuto chamou mais uma vez, em meio às lágrimas. Era evidente que não gostava da atitude do irmão. Independente do quanto doesse, não era certo descontar aquilo nos outros.

—O QUE É?! -O menino virou-se com violência, aumentando ainda mais seu tom de voz, fazendo com que a irmã se encolhesse na cadeira. Ao perceber isso uma expressão surpresa passou pelo rosto do loiro. Hokuto nunca ficava com medo de ninguém. Tentou imaginar em que estado se encontrava, para que ela tivesse temido, mesmo que momentaneamente, que o irmão fosse a agredir de verdade.

—Filho. -A primeira dama de Konoha caminhou até o loiro, ajoelhando-se para falar com ele e pondo a mão carinhosamente em uma de suas bochechas, como fazia quando o menino era menor e se machucava de alguma forma. Os anos haviam mudado Sakura, e os gêmeos haviam dado à ela um parte mais carinhosa e compreensiva, que ela achava ser aquilo que chamavam de “coração de mãe”. -Seu pai é um homem muito ocupado, que passou por muitas coisas para chegar aonde chegou. Ele não tinha quem o apoiar, não tinha pai ou mãe com ele, foi humilhado e rebaixado muitas vezes, lutou e treinou muito para conseguir realizar o sonho que tinha desde sempre. Sei que ele é ausente e que vocês sentem falta dele, sei que às vezes ele erra feio e que algumas coisas não tem concerto ou curativo, principalmente feridas no coração, porém...Ele trabalha tanto para nos proteger, garantir nossa segurança e felicidade...Tente entender… Esse é o jeito dele de dizer que nos ama, tudo bem?

Boruto fitou os olhos da mãe. Olhos que claramente amavam o homem a qual ela se referia naquele instante, mas ao mesmo tempo olhos magoados e feridos, cansados de suportar e tentar concertar os erros do marido. Sakura era uma mulher forte, uma kunoichi forte, uma pessoa forte, mas no fundo era como qualquer outra pessoa: Era humana. E humanos se machucam, choram, insistem, perdoam, e principalmente amam. Às vezes as pessoas se esqueciam de que, por trás do título de kunoichi mais forte de sua geração, havia uma mulher real, que amava sua família. Como qualquer pessoa, Sakura também tinha o direito de sentir.

—Eu não preciso entender nada. -O loiro afastou o braço da mãe para longe, tentando se esquecer das palavras dela. Independente do que o pai já havia passado, o que importava era o hoje. E, hoje, a culpa era inteiramente dele. -Ele fez a minha irmãzinha chorar. Eu não vou perdoar isso.

Com essas palavras, ele subiu as escadas, pisando com força nos degraus. Em alguns minutos, se ouviu uma porta bater fortemente no andar de cima.

—Eu… -Hokuto não continuou sua frase, apenas levantou-se de sua cadeira e atravessou a sala, desaparecendo silenciosamente enquanto subia as escadas.

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Notas finais do capítulo

*Nanadaime Hokage: Literalmente Sétimo Hokage.

E aí? Gostaram? Odiaram? Querem chutar o Naruto até a morte? Vocês, fujoshis, podem até mesmo comentar que maliciaram o Sasuke falando "Mas a gente acabou de...", porquê depois que fui reler esse capítulo, admito que também maliciei...Fazer o que, alma fe quem já teve SasuNaru como OTP (≧∇≦)/

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