Instituto Para Jovens Bruxos Descendentes de Salem escrita por Jack Lightwood, CrazySweety, garotainvisivel13


Capítulo 8
Emergência




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Camy não tinha dado conta de sua animação até que quase tropeçara em um dos tapetes do longo corredor. Passado o choque inicial e a negação, ela se sentira flutuando. Durante sua vida toda, sua família a havia preparado para isso. É claro que ela esperava que demorasse mais alguns anos, e é claro que ela esperava que a mãe tivesse sido franca com ela quando chegasse a hora. Na sua cabeça, não fazia sentido a mulher ter inventado essa historia de internato.

— Você até que parece estar aceitando bem demais essa historia de “poderes sobrenaturais que podem destruir o mundo” — A garota que a guiava comentou — As outras duas não pareciam estar muito confortáveis com a ideia. Eu mesma não fiquei confortável na minha primeira semana aqui.

— Ah, é. — Ela mordeu o lábio — Eu acho que sempre me senti diferente. Nunca me deram uma boa explicação. Acho que deve ter sido porque essa foi a primeira vez que falaram algo coerente. — Mentiu.

— Hum. Claro, se você prefere assim.

— O que quer dizer? — Ela se virou assustada. O rosto de Aline era acusador, como se soubesse que a garota estava escondendo a verdade.

— Oh, claro. Você não me conhece ainda. Duh! Bem, digamos que de todas as pessoas, tirando a diretora é claro, eu sou a pior escolha para tentar enganar. Nunca tente mentir para mim.

— Mas eu não...

— Muito menos mentir duas vezes. — A garota riu — Adivinhação.

— Adivinhação? O que é que isso tem a ver com...

— Esse é meu poder. Adivinhação, premonições, esse tipo de coisa. Então mentir para mim é a pior decisão que você pode tomar.

— Por um acaso você sabe ler mentes também? — Perguntou irônica.

— Não. — Riu — E eu também não vou te forçar a me contar nada. É fácil diferenciar quando uma pessoa mente por medo, necessidade ou comodidade. Se você não pode me contar o real motivo, bem, quem sou eu para te pressionar?

— Certo. Valeu.

A garota sentiu um pouco de medo. Ela estava coberta dos pés à cabeça por segredos. Se toda vez que ela precisasse desconversar algum assunto perto da outra garota ela soubesse que estava mentindo, Camy não saberia o que fazer. Ao menos Aline parecia ser uma garota legal. Ela não se assemelhava nada com aquelas pessoas inconvenientes que tocavam em assuntos delicados e forçavam os outros a se abrir. Se a garota cumprisse com o que dissera e desse a Camy espaço para seus assuntos pessoais, então ela não teria com o que se preocupar.

— Como vai a sua avó, por falar nisso?

— Okay, como você está fazendo isso?

— Ai, me desculpa. — A outra garota parecia envergonhada — Às vezes é difícil de controlar. Eu senti que você era ligada a alguém da sua família e... Olha, sinto muito. Eu só pensei em puxar assunto.

— Tudo bem. — Suspirou aliviada — Só que esses são assuntos delicados. Por que não tenta algo que não envolva seus poderes esquisitos de biscoito da sorte?

— Biscoito da sorte? — Ela gargalhou — Esse apelido é novo. Você é criativa. Algo me diz que vamos nos dar bem.

— Você está falando isso pela piada ou está dando uma de bola de cristal?

— Mais um apelido legal. — Riu — E bem, na verdade eu digo pela sua camiseta. Eu amo esse quadrinho. — Apontou para a estampa “Suicide Squad” na camisa da outra, fazendo-a sorrir.

Ela teria continuado a andar se Aline não a tivesse puxado pelo braço, parando em frente a uma porta. Ela era totalmente lisa e sem detalhes, exceto por um “X” arranhado no centro. A maçaneta era redonda com o mesmo desenho, dando a Camy a certeza de que aquele arranhado não era algum tipo de defeito. Alguém quisera que ele estivesse ali.

— Cada um de nós tem um símbolo. O meu é uma bola de cristal. — Ela deu uma pequena gargalhada — Na época eu não fazia ideia do que aquilo significava. Eu me lembro de ter passado meses até me tocar. Você provavelmente vai descobrir em breve.

Ela girou a maçaneta com cuidado e prendeu a respiração quando finalmente pode observar dentro do cômodo. A cama era enfeitada por um conjunto roxo escuro e atrás da mesma havia um papel de parede feito com páginas e capas de HQs. Alguns de seus livros favoritos estavam em pilha na mesa de cabeceira e um armário marrom escuro tinha um grande espelho na porta. Havia ainda uma janela ampla deixando a luz do sol iluminar o quarto e uma porta que ela deduziu ser um banheiro.

— Wow. — Os olhos dela brilhavam ainda analisando o ambiente ao redor.

— Eu sei né. Os quartos sempre são incríveis. Quando eu vi que o meu tinha toda a coleção de Monster e Death Note, eu quase tive um ataque cardíaco.

— Mas como é que vocês sabiam? Vai me dizer que o decorador também é adivinho? — Brincou.

— Bem, não exatamente. Quem cuida dos aposentos é a diretora. Ela sempre fez questão de cuidar de cada um pessoalmente. Sabe, ela tem essa politica de nos fazer sentir parte da sociedade. Ela quer que, mesmo sendo especiais, nós possamos ter uma vida depois que sairmos daqui. É por isso que ela nos permite sair com os outros humanos e ir a festas, por exemplo. Se não atrapalhar as aulas, ela deixa praticamente você livre para fazer o que quiser.

— Isso significa que nós temos acesso a internet e telefone? — Camy perguntou tendo uma ideia.

— É claro! Bem, todas as nossas mensagens e telefonemas são monitorados na verdade. Nós tivemos alguns... Problemas no passado. Pessoas que tentaram avisar sobre nossa rotina para... Hum, quer saber? Deixa pra lá. Desde que você não seja um tipo de espiã ou algo assim, não tem o que se preocupar. Além disso, só quem tem acesso a esse monitoramento é a diretora. Ela sabe ser bem discreta em assuntos pessoais.

— Oh, tudo bem. E você, hum, por um acaso não teria um celular para me emprestar, teria? Eu realmente precisava falar com alguém.

— Mas é claro! Aqui — Ela colocou a mão no bolso de trás do jeans e a estendeu um aparelho de capa azul escura — Eu vou te dar um pouco de privacidade. Quando terminar, apenas vá até o final do corredor. Não deve ter problemas em achar o meu quarto.

Depois que ela saiu, Camy sentou-se na beirada da cama fitando o telefone em sua mão. Ela respirou fundo e desbloqueou a tela inicial. Depois de alguns segundos pensando se aquela era mesmo uma boa decisão, ela discou o número que já memorizara e ligou, esperando que a enfermeira do hospital de emergência da cidade atendesse a chamada.


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