Meu nome é Kyan Khana.

Eu sou um whanyan, uma espécie de bruxo imortal. Seria a melhor coisa do mundo se não fosse um simples detalhe: só conseguimos viver ao possuir corpos humanos. Só assim somos capazes de utilizar nossos poderes.

O corpo de um whanyan não é o suficiente para sustentar a magia que exala de dentro da nossa alma, e por isso precisamos dos humanos – seus corpos são mais fortes e aguentam os feitiços de rotina – para sobreviver.

Aparentemente, somos uma ameaça para a raça humana. Ironicamente, somos nós que a protegemos. Somos anjos da guarda ou guarda costas, se preferir. Cada espécie de bruxo tem a responsabilidade de equilibrar uma parte desse mundo, e nós somos responsáveis pelo equilíbrio dos seres vivos.

Durante eras, os clãs de whanyan escolhiam suas próximas vítimas baseando-se na magia; as almas que exalavam pureza eram elas escolhidas. Tudo sempre funcionou muito bem, enquanto o corpo humano vivia, nós vivíamos, e quando o mesmo morresse, migrávamos para outro corpo.

O problema é que aqueles de nós que eram maus, sem corações e ambiciosos utilizam seus poderes para fins inaceitáveis, destruindo famílias, governos e cidades. Os whanyans estavam corrompendo a raça humana, que sempre estiveram em harmonia graças a nós.

O engraçado é que quando possuímos um corpo, as características dos hospedeiros se fundem com as nossas. Por causa disso, o mal existente na alma dos whanyans foi transferido para as almas humanas, que corromperam milhares de pessoas, tornando o mundo um verdadeiro caos.

Não existia uma solução aparente, já que sem a possessão minha espécie morreria. O meu clã, Tyasu, optou por uma saída genial: só possuiríamos os humanos em que as almas estivessem perdidas, corrompidas pelo mal. Dessa forma, com a bondade existente dentro de nós, curaríamos o mundo novamente. Nosso plano não foi bem aceito pelos Comandantes, que queriam espalhar o ódio após se aliarem com os Anjos das Trevas, em troca de mais poder originado da Arca de Ouro. Meu clã foi expulso da Organização de Whanyans, e desde então vivemos por nós mesmos. Seria ótimo se não fosse pelo fato de que nosso poder foi aprisionado no Tubo de Wheyior, no mesmo segundo em que pisamos fora da Organização. O resquício de poder que possuímos só nos prende no nosso corpo atual, e para conseguirmos nos reestabelecer, temos que achar o Tubo. Durante os últimos seis meses achar esse objeto foi nosso único objetivo. E, de fato, encontramos.

Os bons eram poucos perto dos maus.

Minha espécie poluiu a raça humana.

E somente minha espécie poderia limpá-los novamente.