ANASTÁSIA STEELE

Sinto um leve cheiro de couro que me faz ter enjoos. Lentamente vou abrindo os olhos e me deparo em um quarto com paredes pretas e brinquedos de BDSM pendurados.

Tento mexer minhas mãos, mas sinto um beliscão e só então percebo que estou algemada.

Ouço um barulho de chave e olho para a porta vendo Elena entrar no quarto.

—Olá Anastásia. —Ela diz com seu veneno escorrendo.

—Por que eu estou aqui? —Pergunto sentindo minha cabeça doer.

—Porque agora o Christian vai saber o que é me desprezar.

Olho para Elena e vejo que há hematomas em seu rosto.

—Você é completamente louca! Está perdendo seu tempo comigo. Se quiser ficar com o Christian, fique a vontade, eu não quero mais nada com ele.

—Você é tão tola Anastásia, foi mais fácil do que eu pensei...

—Do que você está falando?

—O Christian nunca te traiu... Ele nem se quer te enganou.

—Como assim? —Pergunto confusa.

—Eu armei tudo. —Elena diz e dá uma risada maquiavélica.

—Você o que? —Pergunto incrédula.

—Foi tão fácil... Enquanto vocês se divertiam juntos eu montei o quarto de jogos na casa dele, depois o José me informou cada passo que você deu, eu só precisei estar no apartamento antes de você. E tudo saiu como o planejado, digo, melhor que o planejado.

—Eu não acredito... Se tudo isso é verdade, por que eu estou aqui? —Digo chorando. —Você está mentindo...

—Não, eu não estou mentindo. E essa sua incredulidade só prova que você não ama o Christian, caso contrário, teria acreditado nele, mas nem isso você fez. Você fugiu dele sabendo que ele precisa de você, sabendo o quanto ele te ama, mas isso não importou não é mesmo? Seu orgulho foi maior. Você não o ama. Mas eu sim!

—Você é completamente louca! —Grito. —Isso não é amor, é obsessão.

—Foda-se! Pelo menos eu acredito nele. Bem diferente de você.

Elena apaga a luz e sai do quarto fechando a porta atrás de si.

Merda!

Como eu fui tão tola?

Eu deveria ao menos tê-lo escutado.

Eu o amo tanto...

Perdoe-me Christian, por favor...

TRÊS MESES DEPOIS...

Elena tira a algema e me entrega uma caixinha.

—Para que? —Pergunto confusa.

—Você sabe para que isso serve. E não venha me dizer que você está engordando porque comeu muito, eu quase não te dou comida. Agora vai.

Pego o teste de sua mão e vou até o banheiro.

~♥~

Encaro os dois palitinhos incrédula.

—Parabéns Anastásia, você vai ser mamãe. —Elena me algema de novo. —Mas não se preocupe, quando eu te matar, vou cuidar muito bem do pequeno Christian.

—Maldita! —Grito. —Você não vai encostar um dedo no meu filho.

Elena bate com a arma na minha cabeça e eu caio no chão.

—É o que veremos. —Ela diz e sai trancando a porta.

—Não se preocupe pontinho, eu vou te proteger. —Digo para meu novo hóspede.

~♥~

CHRISTIAN GREY

MESES ANTES...

Olho para o relógio e vejo que falta apenas uma hora para Anastásia sair do colégio, então começo a arrumar minhas coisas.

Depois que arrumo tudo saio da sala vendo Taylor sentado ao lado da porta e Andrea em sua mesa.

—Vamos Taylor. —Digo e Taylor se levanta. —Andrea mande minha passagem para o meu apartamento as sete.

—Sim Sr. Grey. —Ela diz.

—Obrigada. Até logo.

—Até logo Sr. Grey.

Saio com Taylor da empresa e logo seguimos para o Escala.

Entro no meu apartamento e ouço uma melodia suave.

—Senhor quer que eu cheque? —Taylor pergunta.

—Não, deve ser a Anastásia, pode deixar.

—Ok senhor.

Taylor se retira e eu sigo para o meu quarto, mas paro assim que ouço a melodia vir do segundo andar. Subo a escada e logo estou no corredor. Começo a andar e ouço a música vir de trás de uma das portas, cuja, está entreaberta.

Empurro a porta e a primeira coisa que sinto é o cheiro de couro.

Porra...

Acendo a luz e a primeira coisa que vejo são as paredes vermelhas, logo depois os acessórios de BDSM e Elena parada no meio do quarto segurando uma vara.

—Olá Christian... —Ela diz.

—Que porra é essa? —Grito e vou em sua direção. —O que é tudo isso?

—É um presente.

—Presente? —Berro. —Eu quero que você tire toda essa merda daqui.

—Mas Christian, isso aqui é você.

—Não, isso é você, não eu.

—É sim! Eu te conheço.

—Não, você não me conhece, nem procurou me conhecer. Eu não sou mais aquele menino, e nunca vou voltar a ser. Hoje eu sou o homem mais feliz do mundo. Com a minha mulher, minha família. Eles sim me amam.

—Não, aquela garota não te ama. Eu posso provar.

—Não Elena! Você não pode se aproximar dela.

—Christian...

Ouço a voz de Anastásia e me viro vendo-a parada na porta.

O medo toma conta de mim quando olho em seus olhos e vejo apenas dor.

—Você mentiu... —Ela sussurra. —Mentiu para mim.

Não!

Ela acha que eu menti?

Anastásia dá um passo para trás e eu vou em sua direção, mas Elena segura meu braço tentando me impedir.

Dou-lhe um olhar mortal e ela logo murcha.

—Me enganou esse tempo todo... —Anastásia dá um passo para trás e eu vou em sua direção.

—Ana, por favor, me deixa explicar. —Imploro sentindo lágrimas rolarem pelo meu rosto.

—Explicar? Eu vi tudo. —Ela diz e seus olhos inundam.

Anastásia se vira e desce as escadas correndo, corro atrás dela e seguro seu braço parando-a, mas Ana dá um solavanco e me empurra.

—Não me toque! —Ela grita. —Você me traiu! Mentiu para mim.

—Não Ana, por favor, me deixa explicar.

—Eu não quero ouvir! —Grita. —Você teve a capacidade de me olhar nos olhos e dizer que me ama...

—Mas eu te amo.

—Não, você não ama. Você ama o poder, ama estar sobre controle de tudo. Você pode até sentir algo, mas pela metade, e uma pessoa inteira não merece outra pela metade. Eu sempre me entreguei por inteiro para você. Todo o meu coração, todo o meu amor, enquanto você me enganava. Você mentiu.

—Por favor... —Sussurra chorando.

—Eu não mereço uma pessoa que não sabe o que quer. Mereço certezas. Mereço que seja recíproco. Não quero alguém que me bajule o tempo todo. Não precisa abrir a porta do carro, oferecer diamantes, pagar o jantar. Só precisa ser sincero. E real. E, principalmente, se entregar por inteiro. Porque não estou aqui para receber metade de nada. E é só o que você tem feito. Você sempre estraga tudo. Todas as vezes eu quebrei meu orgulho enquanto você apenas brincava com os meus sentimentos, isso é horrível. Você nunca se importou comigo Christian! Nunca! Eu nunca mais quero te ver na minha vida.

Anastásia se vira e sai correndo para o elevador, vou atrás dela, mas quando chego as portas já estão se fechando.

—Ana...

—Adeus Christian...

As portas se fecham e eu sinto meu coração se partir em mil pedaços.

—Ela já foi?

Viro-me ao ouvir a voz de Elena. Ao vê-la sinto o ódio me dominar. Eu vou matar essa desgraçada!