ANASTÁSIA STEELE

Estaciono o carro em frente à escola, e me sinto mais calma, de verdade. Acho que o dia será ótimo hoje.

Desço do carro e ligo alarme, assim que piso no terreno escolar um ser de outro lugar (tipo do inferno) passa correndo e pisa em uma poça de lama respingando lama nos meus sapatos. Não, o dia não será nada produtivo. A menos que eu arranque a cabeça desse idiota!

—Ah! —Grito e sinto o sangue ferver. —Você é cego?

—Desculpe. —O garoto se encolhe.

—Te desculpar? Você viu o que fez com meus sapatos? —Berro.

—Eu não te vi.

—Você é cego por acaso? Como você anda por ai sem olhar. O que eu vou fazer agora? Eu vou ter que ficar a aula inteira com um sapato sujo de lama? —Grito histérica.

—Ana? —Kate e Mia se aproximam.

—O que houve amiga? —Mia pergunta.

—Esse idiota manchou meus sapatos. —Grito fuzilando o menino com um olhar, ele se encolhe todo e acho que vai chorar.

—Calma Ana, nós podemos limpar... —Diz Kate.

—Não! —Grito. —Nós não podemos! —Aproximo-me do menino e seguro seu colarinho, ele começa a tremer e me olha apavorado. —Saia da minha frente antes que eu arranque suas bolas!

O menino começa a chorar e sai correndo.

Kate e me se entreolham e eu as fuzilo com um olhar. Viro-me jogando o cabelo e saio andando enquanto as duas me seguem.

Enquanto ando uma menina entra na minha frente e nos esbarramos.

—Grr... —Rosno para ela. —Sai da frente!

—Calma ai garota. —A menina diz, mas assim que a olha ela murcha.

—Você com certeza não vai querer me desafiar! —Digo e a menina apenas encolhe os ombros e sai andando.

Sigo-a com o olhar e depois vou para o banheiro, entro no banheiro e olho-me no espelho. Há três garotas no banheiro usando o espelho, elas me olham e ficando me encarando.

—Algum problema? —Grito batendo as mãos na pia e as três praticamente correm. Sento-me na pia e vejo Mia e Kate entrar no banheiro.

—Amiga você está bem? —Kate pergunta e eu sinto vontade de chorar.

—Ela definitivamente não está bem. —Diz Mia pegando um pedaço de papel. Ela molha o papel e começa a passar na parte suja dos meus sapatos. —O que houve?

—Eu estou horrível. —Sussurro, coloco o rosto entre as mãos e começo a chorar.

—Você está de TPM, só pode. —Diz Kate.

Levanto a cabeça e olho.

—Calma ai, eu tenho algo que vai te ajudar. —Kate tira uma barra de chocolate de mochila, sorrio e me sinto a pessoa mais feliz do mundo. Na hora que vou pegar a barra Kate vê o anel e dá um grito. —Eu não acredito! O Christian te deu uma aliança?

—Sim. —Digo boba.

—Ai que lindo! —Exclama Mia olhando o anel.

—É lindo Ana. —Diz Kate.

—Eu sei.

Coloco um pedaço de chocolate na boca e me sinto no paraíso.

O sinal toca nos avisando que a aula começou.

—Vamos? —Diz Kate.

—Vamos. —Digo descendo da pia. —Obrigada, vocês duas são as melhores amigas do mundo.

Nós três saímos do banheiro e eu caminho calmamente pelo corredor, mas toda minha calma se vai quando eu vejo Bradley. Eu não sei, mas só de vê-lo tenho vontade de arrancar seu coração.

—Olha se não é Garota Cheia de Si. —Diz Bradley.

—Se eu fosse você eu não a provocaria. —Adverte Mia.

—Por quê? Ela vai descer do salto e me dar tapinhas? —Provoca o garoto e o resto da paciência que me sobrou já se foi.

—Não! —Grito. —Eu vou cravar as minhas unhas no seu peito até arrancar seu coração, depois vou esmagá-lo e enfiar pedacinho por pedacinho na sua boca!

Bradley me olha assustado e sai sem dizer nada.

Kate e Mia soltam uma gargalhada e eu acabo rindo também, nós seguimos para sala e assim que eu me sento eu me sinto a pessoa mais calma e pacífica do mundo.

~♥~

Já se passaram três aulas, até agora eu já perdi a conta de quantas pessoas ameacei arrancar o coração ou vísceras, ou até mesmo as bolas. Agora eu realmente acho que o dia não pode ficar pior.

O quarto professor entra na sala e eu o encaro sentindo meu sangue ferver.

A aula começa e eu abro meu caderno.

—Srta. Steele pode fechar o caderno. —Diz o professor.

—Por quê? —Pergunto.

—Hoje você vai passar a matéria na lousa para mim.

—O-ou. —Mia e Kate dizem baixinho.

—Desculpa, mas esse é o seu trabalho, e não o meu.

—Não importa! Eu estou mandando venha.

—Em primeiro lugar —Levanto-me e apoio as mãos na mesa. —Você não manda em mim, e em segundo; se você não é capaz de fazer seu trabalho direito, peça demissão.

—Olha aqui garota, eu sou seu professor e você vai me respeitar e fazer o que eu mando.

—Não mesmo! —Grito e bato a mão na mesa. —Você é meu professor como disse, e não meu pai, eu não tenho que te obedecer, e a partir do momento que você me faltou com respeito eu vou ser pior ainda!

—Para sala da diretora agora! —Diz o professor.

—Pode ir à frente. —Sorrio.

O professor sai da sala e eu o sigo.

Nós chegamos à sala da diretora e ela já me olha assustada.

—Algum problema? —Pergunta a Sra. Lambert.

—Sim! —Grito o professor. —Essa menina não faz o que eu mando, e ainda é mal-educada.

—Eu perguntei para a Srta. —Diz a diretora. —O que houve Anastásia?

—Desculpa diretora. —Algumas lágrimas escorrem pelo meu rosto e eu me sinto emotiva demais. —Olha, eu não sou obrigada a passar por essas coisas, o professor queria que eu passasse a matéria na lousa, mas eu não sou obrigada, e tenho alergia ao pó do giz, e em nenhum momento ele me perguntou nada. Apenas gritou comigo e me faltou com respeito. Eu não tenho culpa se ele não sabe fazer o trabalho dele direito.

—Com toda a razão. —Diz a Diretora. —O senhor deveria saber tratar o seus alunos melhor, não é a primeira vez que tenho reclamações. Anastásia pode voltar para a sua sala, eu vou tratar de uma demissão.

—Ok. —Sussurro.

Levanto-me e saio da sala da diretora voltando para a sala de aula, sento-me na cadeira e começo a chorar.

—Ana, o que houve? —Mia pergunta preocupada.

—A diretora brigou com você? —Pergunta Kate.

—Não, ela demitiu o professor.

—E por que você está chorando? —Kate pergunta indignada.

—Eu não sei.

—Vamos levar ela daqui. —Diz Mia para Kate.

Nós nos levantamos e vamos para o banheiro, mas no meio do caminho encontramos com Leila, ela me olha torto e eu já perco toda dignidade (não que eu tivesse alguma), parto para cima dela, mas Kate me segura.

—Ana não! —Grita Mia.

—Me solta! —Ordeno. —Essa garota vai aprender a nunca mais me olhar torto ou me desafiar, ela não me conhece.

—Ta bom Ana! —Kate grita e eu paro. Olho para ela e começo a chorar.

—Por que gritou comigo? —Pergunto.

—Ah meu Deus! —Mia exclama e entra no banheiro me deixando sozinha com Kate.

—Calma Ana. —Kate me abraça e me consola.

Depois que me sinto melhor eu a solto e não vejo mais Leila.

—Vamos ao banheiro lavar esse rosto? —Pergunta Kate.

—Vamos... —Sussurro.

Nós entramos no banheiro e vemos Mia desligar o celular.

Vou até a pia e molho meu rosto, depois Kate retoca minha maquiagem e Mia ajeita meu cabelo.

Pronto, agora eu estou melhor.

~♥~

Acabou de terminar a última aula e meu humor se elevou muito, saio com Mia e Kate da sala de aula e nós seguimos para fora da escola, quando saímos tenho uma ótima visão; Christian está parado encostado em seu carro, ele está sem gravata e com o colarinho aberto, enquanto suas mangas estão arregaçadas.

Sorrio e me aproximo dele recebendo um beijo e tanto.

—O que você está fazendo aqui? —Pergunto.

—Eu tenho uma surpresa para você.

—Para mim?

—Sim.

—Eu vou gostar?

—Acho que sim. —Christian ri.

Ele cumprimenta Kate e Mia, depois nós nos despedimos das duas e entramos no carro.

—Para onde vamos? —Pergunto.

—Para a GEH.

—A surpresa está lá? —Pergunto curiosa.

—Ela começa lá coisinha curiosa. —Christian diz rindo.

—Ok. —Sorrio.

Nós logo chegamos à empresa e seguimos para o elevador, Christian aperta o botão para o terraço e eu o olho surpresa, nós logo chegamos e assim que saímos vejo o Charlie Tango.

—Pronta para ser a primeira a andar no Charlie Tango? —Christian pergunta eu abro um sorriso.

—Ah meu Deus. —Digo deixando algumas lágrimas de felicidade caírem.

Nós caminhamos até o helicóptero e Christian me ajuda a subir, depois sobe e começa a ligar o mesmo, ele liga o rádio e começa a falar com o controle de voo.

Isso não pode ser real... Não pode!

Não consigo parar de sorrir, isso é um sonho!

Christian começa a levantar voo e meu coração dispara.

Olho a vista sem fôlego algum, é tudo tão incrível que eu não tenho palavras.

—Está gostando? —Christian pergunta e eu ouço sua voz no fone.

—Muito. —Digo sorrindo.

~♥~

Depois de voarmos por cerca de meia hora Christian começa a descer o helicóptero, mas não na empresa como pensei, ele pousa perto da entrada de um bosque lindo.

—O que nós estamos fazendo aqui? —Pergunto.

—Surpresa. —Christian diz, ele desce do helicóptero e depois me ajuda a descer.

Ele segura minha mão e nós começamos a andar pelo bosque, até chegarmos à frente de uma cachoeira, o que me tira o fôlego totalmente, olho para o lado e vejo um tenda branca montada, embaixo dela há alguns pufes e coisas para comer, como frutas e doces.

—Gostou? —Christian pergunta.

—Se eu gostei? Eu amei... —Sussurro ainda sem fôlego. —Obrigada, é lindo.

—Senhorita... —Christian segura minha mão e nós vamos para a tenda.

Começamos a comer e conversar e cadê detalhe disso é sem dúvidas perfeito. As coisas não poderiam estar melhores.

Como eu amo esse homem!