Uma Qualquer História Especial escrita por UQPE


Capítulo 9
Capítulo 9 - A Decisão




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Era IMPOSSÍVEL continuar a aguentar esta música todas as manhãs: I\'ll be with you soon, just me and you. Lúcia, no seu sono e aparente mau acordar, empurrou o despertador para fora da mesa de cabeceira, caindo no chão com um estrondo. O impacto satisfê-la.
Ao tomar banho, lembrou-se do que tinha pesquisado sobre Tom no dia anterior. Apenas tinha de esperar pela sua próxima mensagem ou chamada para virar tudo contra ele! Por falar nisso... Porque não disse ele mais nada? Aliás, porque é que ela queria saber? A única coisa que ele fazia era chateá-la.
Vestiu-se e foi para a escola. Passou pelos seus colegas e foi ter com Lia.
- Nem sabes o que perdeste.
- Imagino...
- A sério, Lú, foi tão lindo! Eles lá! E eu... a vê-los mesmo a sério!
- São só pessoas Lia.
- São para além de pessoas, são... ídolos! E nem sabes! Nem sabes! O Tom tem uma namorada!
Lúcia mudou completamente de tom:
- O quê?
- É verdade! – disse Lia no seu tom de fã bem informada, feliz por esclarecer. Lúcia tentou ignorar um peso estranho que tinha no estômago, devia ser de não ter comido nada. De qualquer maneira, pensando nas curiosidades que lera ontem, isto nem a devia surpreender.
- Passou a sessão inteira agarrado ao telemóvel, a mandar mensagens e a rir-se e isso! Não tens noção, estão as fãs e as revistas de todo o mundo a falar nisso!
E tirou o telemóvel do bolso para mostrar imagens a Lúcia de Tom agarrado ao telemóvel.
Lúcia só agradecia aos céus por Tom mostrar apenas a parte de trás do telemóvel; caso contrário, já alguma fã obsessiva teria feito zoom e descoberto o seu nome! Ela! Lúcia! Que há dias nem os conhecia, alegada Primeira-Dama do Pop alemão! Isto era demais.
- E não só, a Tour foi interrompida! Dizem que foi qualquer coisa técnica. Mas eles vão ficar cá em Lisboa! Em Lisboa! Uns dias gloriosos em Lisboa, completamente à minha disposição para os encontrar!
Lia passou para o modo de falar para ninguém, completamente absorvida. Lúcia ponderou toda esta informação. Em vez de voltarem às suas vidas e nunca mais a incomodarem, a dupla voltara para tornar a sua vida neste monte de suspense, surpresas e... mais qualquer coisa.
Entraram na aula. Esta semana, Lúcia não se conseguira concentrar numa única. E, para variar, recebeu mais uma mensagem. Escondeu o telemóvel do professor (e, a partir de agora, dos colegas – não fosse um vender a história, sabe-se lá) e leu a mensagem.
You’re very lucky. We are staying for a while in Lissabon.
T. Kaulitz, tinha de ser. Lúcia decidiu atacar com o que descobrira ontem.
I know. I really am lucky... But did you bring your portable shower with you?
Shower? For what?
For all the girls you think you’re gonna fuck while you’re here. I did some research about you.
I KNEW you were interested in me :P
Seria possível ele batê-la mesmo no seu próprio jogo? Era impressionante.
Saiu da aula com Lia e foram comer qualquer coisa. Sentiu o seu telemóvel a vibrar e achou por bem inventar uma súbita urgência de casa de banho. Fechou-se numa cabine, com Lia do lado de fora, e viu a mensagem.
I really want to explain. I don’t like you thinking I’m mean. Can we meet at the back of the hotel like before?
Desta vez, B. Kaulitz. Uma súbita ânsia atacou Lúcia. Lia estava apenas separada por uma porta! Se Lia soubesse que ela estava a falar com o seu ídolo! Ao olhar para a porta, Lúcia entendeu que nunca tinha estado tão afastada da sua melhor amiga. Esta história, mesmo que Lia não soubesse, implicava também a sua amizade. Lúcia decidiu pensar e responder depois. Guardou o telemóvel, mas ao sair da cabine, reparou que se tinha esquecido de despejar o autoclismo – não que fosse preciso, mas para Lia não desconfiar.
E Lia desconfiou.
- Não puxas o...?
- Ah... não... não precisei. Passou-me a vontade.
Lia olhou-a com um ar estranho.
- Tens andado muito... não sei... está tudo bem contigo, Lú?
- Está, tudo, não te preocupes.
- É que... andas sempre na lua, trazes-me à casa de banho, ficas a ver as mensagens – porque eu ouvi! – e depois mentes-me...
- Não, é que...
- Estás-me a esconder alguma coisa?
- Não! É só...
- Já percebi tudo. É um namorado não é?
Lúcia percebeu que não tinha saída.
- É, é isso... não te quis dizer porque ias gozar...
- É assim tão mau?
- Não é mau... é que... – Lúcia tinha de pensar, e depressa.
- Lembras-te daquele rapaz que andou connosco no infantário? O Ricardo...?
- O gorducho, que cheirava cola e nos estragava as bonecas? Com óculos, estrábico?
- É...encontrei-o à uns tempos, saímos, e ele é mesmo simpático... tens de o conhecer... quer dizer, ver um dia.
Lia parecia apreensiva. Lúcia aguentou a respiração.
- Bem...se gostas mesmo dele, e isso, quem sou eu para dizer alguma coisa...
Lúcia sorriu de alívio. Agradeceu telepaticamente ao Ricardo do infantário, que sempre serviu para alguma coisa.
- Gosto e muito, ele é mesmo perfeito. Fico tão feliz por saberes agora!
Sorriram as duas e foram para as aulas. Lúcia sentia-se em parte contente por ter conseguido escapar-se, e engenhosamente até, mas por outro lado sentia-se péssima por inventar uma mentira enorme para encobrir tudo. Sentia que cada vez mais se enterrava numa areia movediça, e tinha medo de chegar ao fundo...
No caminho para casa, no autocarro, tentou decidir-se que ia ou não ter com Bill. Por um lado, foi apenas um acidente, ele ter entrado no quarto, e na verdade, ela gozou imenso com ele. Ele até parecia ser muito simpático e afável. Nada como o irmão, que parecia muito mais perigoso.
Se Lúcia fosse ter com Bill, o rapaz ficava com a consciência tranquila, podiam até tornar-se amigos, e podia até pedir um autógrafo para Lia! Já para não mencionar a vozinha na sua cabeça que dizia “também não magoa o facto de passares algum tempo perto dum rapaz tãaao giro...”. Mas a vozinha não resolve dilemas, portanto foi ignorada.
No outro lado, não podia ser assim tão simpático. Afinal tinha contado ao resto do grupo que a havia visto nua. E para ser irmão de Tom, não podia ser muito diferente. E mesmo que fosse ter com ele, que ganhava ela?
Pensou nisto durante o resto da viagem até casa. Quando saiu do autocarro, já tinha o telemóvel na mão.

Nova mensagem – Contactos – B. Kaulitz

To be continued...

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