Uma Qualquer História Especial escrita por UQPE


Capítulo 38
Capítulo 38 - O TourBus




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- Então, não dizes nada? – perguntava Lia, ainda no escuro.
Lúcia já sabia que a resposta havia de ser aquela, mas queria ouvir da boca dela. Como é que ela podia ter-se deixado ir na conversa de Tom? Tom que era mundialmente conhecido pela fama que tinha com as raparigas, com as fãs? Até havia uma música sobre isso. Como é que ela podia ter cedido à mínima insistência?
- Lú?
- Que foi? – disse um pouco friamente.
- Que se passa contigo? – perguntou Lia.
- Comigo? Nada. Só acho que não devias ter feito o que fizeste. Com o Tom? Ele é tão conhecido pela fama, de aventuras de uma noite. Como é que te deixaste levar?
- Deixei levar? De que é que tu estás para aí a falar?
Embora no escuro, Lúcia virou-se para Lia.
- Tu foste para a cama com ele! Tu deixaste-te levar por ele. Ele aproveitou-se. A tua primeira vez!
Lia ia caindo da cama. Esticou-se até ao candeeiro e acendeu-o. A luz ofuscou Lúcia, que estava habituada ao escuro.
- Primeira vez? Deixei-me ir? Aproveitou-se de mim? – e desatou-se a rir.
Lúcia observava-a, espantada.
- Tu não eras...? – perguntou a medo.
- Não. Lú! Tu achas que eu ia com o Tom só porque ele me fazia uns olhinhos? Lú! Até parece.
Lúcia estava desorientada. A sua amiga nunca lhe tinha dito nada.
- Tu nunca me tinhas dito. Eu pensava que tu me contavas tudo.
- E conto. Foi nas férias. Tu não perguntaste nada e eu não te ia dizer assim do nada também.
- Tu... Como foi? – perguntou Lúcia, agora curiosa.
- Foi normal. Como querias que fosse?
- Sei lá. Mas e o Tom? Ele aproveitou-se de ti. Ele agora nunca mais te liga nenhuma.
- E eu importada. Ontem foi só uma coisa física, não houve cá lamechices. Foi bom, muito bom, e se tiver que voltar a acontecer, tudo bem. Sem compromissos. Eu gosto da banda como meus ídolos. Desde que descobri que tu andavas com o Bill, – Lúcia mexeu-se, constrangida – que percebi que não podemos gostar dos nossos ídolos só por aquilo que vemos. Eu não gosto do Tom. Isto é tanto uma aventura para ele, quanto para mim. Está descansada. Ninguém se vai magoar.
Lúcia ainda estava atordoada com tanta informação. Ela preocupada com a sua melhor amiga, com o que tinha acontecido e afinal ela, sabia lidar com a situação. Aliás, sabia lidar muito melhor que ela.
- Lú, está tudo bem? – perguntou Lia, não tivesse ferido alguma susceptibilidade.
- Sim, claro. – respondeu-lhe.
Podia ainda não estar tudo bem, mas ia ficar. Era só uma questão de se habituar.
Apagaram as luzes e adormeceram.
No dia seguinte, quando acordaram, olharam à volta e sentiram a nostalgia a invadi-las. Apesar de só estar ali há cinco dias, era difícil ir embora, partir num autocarro, a percorrer aquele país desconhecido; e saber que durante esses dias, iam ser o “staff” da banda, iam passar despercebidas, iam ver fãs a atirar-se à sua banda. Mas iam em algo que sabiam impossível. Sabiam que só iam porque a Tour era nacional e a segurança era mais apertada.
Telefonaram para casa a avisar que iam numa espécie de excursão pela Alemanha. Garantiram aos pais que antes das aulas começarem, voltavam a Portugal. Aquele telefonema fê-las lembrarem-se que um dia, o sonho ia acabar.
Arrumaram as coisas, melancolicamente, e tomaram um último banho naquela banheira maravilhosa.

No TourBus, a banda era acordada a muito custo. Gustav ficou encarregue de os acordar, uma vez que era o único que já estava a pé. Lá se levantaram com muito pesar. A Tour ia partir naquele dia e eles ainda tinham uma coisa importante para fazer. Os gémeos falaram com Georg e Gustav acerca das novas aquisições de staff. Eles aceitaram a vinda das novas tripulantes. Agora só faltava o mais difícil: convencer o manager.
- Hallo. Wir möchten Sie bitten, etwas (Olá. Nós queremos pedir-lhe uma coisa) – disse Bill.
- Was? (O quê?) – disse o manager.
- Wir wollen auch auf Tour zwei Stabsoffiziere Mädchen. (Nós queremos incluir na Tour duas raparigas do staff)
- Was (O quê?) – perguntou espantado.
- Sie leben mit uns, auf TourBus. (Elas iam viver connosco no TourBus)
Ele percebeu que não eram duas raparigas quaisquer.
- Und die Fans? (E as fãs?) – perguntou ele.
- Die Mädchen werden STAFF T-Shirts. Sie werden nicht erkannt. (As raparigas vão usar t-shirt STAFF. Elas não irão reconhecê-las)
- Es ist Ihr Tour, Sie sind die Band. Sie entscheiden. (É a vossa Tour, é a vossa banda. Vocês decidem)
- Wir haben schon entschieden. (Nós já decidimos) – disse Tom.
Pronto, estava feito. Elas iriam com eles na Tour.

No hotel, as raparigas estavam prontas e foram fazer o check-out. Tom tinha deixado as contas pagas. Despediram-se do recepcionista que fora tão simpático.
Uma carrinha, conduzida por alguém que usava uma t-shirt de STAFF TH, foi buscá-las à garagem. Foram levadas para o TourBus, onde se encontraram com os rapazes. Bill tinha vindo esperá-la à porta. Conduziu-a por uma viagem ao TourBus. Disse-lhe que o resto do staff viajava noutras carrinhas e que só ali dormiam quando estavam na estrada. Quando paravam para os concertos, usavam sempre um hotel para descansar e usar as casas de banho.
O TourBus era uma casa sobre rodas. Cada uma tinha o seu compartimento para dormir que ficava no andar de cima. Tom dormia em frente a Gustav e Bill em frente a Georg. Cada um tinha uma pequena televisão aos pés. Os cortinados para fecharem e terem um pouco de privacidade eram cor-de-laranja. O tecto daquele pequeno quarto improvisado era panorâmico e conseguia-se ver o céu. No final do autocarro, tinha a sala privada da banda. Com um banco em pele a fazer toda a parte final, tinham uma mesa no meio e uma televisão com uma consola na parede. Bill ia-lhes mostrar o andar de baixo. Antes de descerem mostrou-lhe um compartimento onde tinham uma sanita e outro do outro lado onde tinha um lavatório para as mãos. Também havia, no corredor, uma pequena mesa com um termo com café e um cesto com bolos. No andar de baixo, as camas eram umas por cima das outras, para alguns membros da equipa staff. Conheceram Jutta, a cozinheira que alimentava aquela gente toda. Conheceram o manager e mais algumas pessoas que estranharam ver aquelas raparigas ali. Estava tudo a correr bem, mas:
- Bill, where are we gonna sleep? – perguntou Lúcia.
- Ah... With us. – disse, corando.
- With you? – perguntou.
- Yeah, we’ve to sleep together bacause there are no free space.
- By together you mean you, me and Lia? – disse estranhamente.
- No! Lia will slepp with Tom. – disse, olhando para Lia.
Esta sorriu e Lúcia olhou para Tom que sorria maliciosamente. Lembrou-se do sorriso que fazia quando estava no palco, pela primeira vez, a olhar para ela. Lúcia olhou de volta para Lia e esta acenou-lhe. Lúcia anuiu; sabia que Lia sabia o que estava a fazer. Virou-se para Bill e, baixinho, disse:
- So we... – começou Lúcia.
- ...will sleep together. – concluiu Bill.
Ia ser, com certeza, uma bela Tour.

To be continued...

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