Uma Qualquer História Especial escrita por UQPE


Capítulo 23
Capítulo 23 - O Azar




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Quarta-feira, 28 de Maio de 2008
23. O AZAR

Nessa tarde, Lia ficou a olhar para o tecto do seu quarto. Deitada na cama, fazia ioga interior, enquanto se mentalizava. Ela tinha falado com Tom. Ela tinha mesmo falado com Tom. Tom, um dos seus ídolos. Ela era tudo aquilo que a sempre pensou que...
O seu telemóvel vibrou em cima da cama. Ela pôs-se de pé e afastou-se com medo. Não, Não podia ser. Era ele. Tom Kaulitz em pessoa, a telefonar-lhe.
- Hallo? – disse a voz do outro lado.
- Hey...
- It’s Tom, you know, from Tokio Hotel.
- Oh, I know. – como poderia não saber.
- Right, look I spoke with Bill, and he misses Luutsia.
- Well, I know that she’s misses him too.
- Lia, right? We’re leaving tomorrow. If you can, talk with Luutsia and then she will talk to Bill.
- Ok...
- Remember, this could be the last chance.
- I know.
- Bye.
- Bye.
O aviso estava feito. Eles partiam no dia seguinte. Lia só tinha de falar com Lúcia... Só tinha....
Ligou-lhe logo.
Desligado?
Desligado???
Desligado.

Lúcia tinha chegado a casa. Respirava rapidamente, pois tinha vindo a correr. Cansada e a precisar de pensar, meteu-se na banheira e desligou o telemóvel. Tudo o que ela não estava a precisar, era de alguém a chateá-la. Além disso, já era de noite e ninguém lhe ligava a essa hora... A única pessoa que lhe ligava a essa hora anteriormente, já não o fazia.
Como se existisse algum caso de vida ou de morte, para alguém ligar àquela hora.
Deixou-se estar na banheira tempo suficiente para pensar em tudo o que passara com Bill. Lembrou-se da primeira vez que este lhe falou. Foi na porta deles, atrás do hotel, quando foi à procura de Tom. Lembrou-se também dos momentos maus; a revista, o ele ter dito que ela era ninguém. Sentiu um pontada na barriga.
Levantou-se e saiu do banho. Tinha perdido a noção do tempo. Foi jantar.
À mesa, a mãe disse-lhe:
- Querida, a Lia ligou. Queria falar contigo e disse que era muito urgente e importante e que tinhas o telemóvel desligado.
- Eu falo com ela amanhã.
- Está tudo bem? Ela disse que era urgente e importante.
- Deve ser sobre a sessão de autógrafos a que ela foi esta tarde.
Lúcia pensou que seria sobre Bill ter dito que ela era ninguém. Lúcia estava lá, não queria que Lia soubesse e não precisava que lhe recordassem o que ele dissera. Falava com ela no dia a seguir.
Foi para a cama e adormeceu.

No dia seguinte, Lia acordou cedo e foi para a escola à espera de Lúcia. Não tinha conseguido falar com ela e estava nervosa. Sabia que ainda tinha tempo mas o nervoso miudinho tomava dela. Estava a tocar e Lia tinha de entrar. Mas onde é que Lúcia se tinha metido?
Recebeu uma mensagem de Tom:
Hallo, did you speak to Luutsia? We’re leaving in 3 hours.
Ficou ainda mais nervosa. O tempo escasseava. Onde estava Lúcia?
Esta chegou a meio da aula. Sentou-se num dos últimos lugares, pois eram os únicos que haviam vagos. Tornou-se impossível contar a Lúcia o plano durante a aula.
A aula parecia ter demorado horas e horas a passar para Lia. Quando acabou saltou para as filas de trás.
- Rápido, o Bill... eles... tens de ir.
- O quê? Acalma-te.
- O Bill... O Tom falou com ele. Ele tem saudades tuas. Tens que ir ter com ele. Eu tentei telefonar-te ontem, mas tu não atendeste. O Tom já está a perguntar.
- O Tom? De que é que estás para aí a falar?
- Ontem, eu fui à sessão. Um jornalista perguntou ao Bill que eras...
- Eu sei...
- Sabes? – disse, esquecendo-se do seu objectivo.
- Sei, eu fui. – disse baixinho.
- Tu foste... Tu o quê?
E Lúcia contou-lhe o que se tinha passado. Não teve outra opção.
- Eu fui falar com o Bill. Ele não me ouviu, eu pensei que estava tudo perdido. Então um segurança foi buscar-me e o tom foi falar comigo. Ele diz que o Bill anda deprimido e nem lhe falava. Mas depois ele foi falar com ele e eles esclareceram tudo! O Tom diz que o Bill está à espera que tu vás ter com ele. Tens de ir.
Lúcia percebeu então, o porquê de tanto alarido.
- Tens que te despachar. Eu estava a tentar falar contigo desde ontem. Eles vão-se embora para a Alemanha dentro de mais ou menos duas horas. Já devem até ter ido para o aeroporto e tudo.
- Eu... Eu... Obrigada.
- Vai!
Ela correu. Correu até não poder mais. Foi para a estação de metro. Àquela hora não haviam muitos metros a passar e ela perdera o último por poucos segundos. Já estava à cinco minutos à espera e nada. Decidiu ir-se embora e apanhar o autocarro. Correu até à paragem mais próxima. Teve que esperar que os sinais de peões abrissem para poder passar. Esperou pelo autocarro aquilo que lhe pareceu uma eternidade. Lá chegou e ela entrou. Naquele dia, pareceu-lhe que parava em todas as paragens e as pessoas entravam demasiado devagar.
Quando de repente, o motorista encostou e se virou para os passageiros e anunciou que o autocarro avariara a que o próximo demoraria meã hora a chegar. Lúcia saiu e começou à procura de um táxi.
Encontrou um mas teve que o ceder a uma velhota que vinha com ela no autocarro e que, segundo a mesma, estava atrasada para o médico. Lúcia nunca sentira tanto a sua vida em maus lençóis.
Lá encontrou outro táxi, conduzido por um rapaz novo. Lúcia mudou de ideias e passou a pensar que estava com sorte, porque os rapazes novos gostam de andar depressa e era tudo o que ela precisava.
- Para o aeroporto, se faz favor.
- Vou por um atalho que chegamos lá mais rápido.
Sentiu, definitivamente, a maré a mudar.
Talvez não.
Ficaram parados numa avenida, cheia de trânsito. Não havia por onde escapar. Já estava tudo parado. Tiveram que esperar, séculos. Lúcia lá percebeu que era uma operação stop.
Mas quem é que se lembra de fazer uma operação de stop àquela hora, naquele dia? Aparentemente, a polícia. Chegou a vez deles.
- A carta. – disse o polícia ao taxista.
- Sabe, o táxi é do meu pai, eu sou estou a desenrascar hoje.
Nãoooooo. Hoje não, por favor, hoje não.
- Lamento mas o senhor vai ter que sair da viatura. A passageira – virando-se para ela – vai ter de prosseguir noutro táxi.
- Não! – gritou.
O polícia olhou estremunhado.
- Desculpe?
- Eu tenho de ir para o aeroporto, urgentemente. Tenho de ir já! – acabando a frase aos berros e a chorar.
Todos os polícias que ali se encontravam olharam para ela. Um polícia que já se encontrava dentro do carro, saiu calmamente e disse-lhe:
- Está bem?
- Não, eu tenho de ir para o aeroporto. Tenho de ir... A minha vida... depende disso. Tenho de ir.
- Tenha calma. Fomos chamados para fiscalizar um voo lá. Podemos levá-la mas acalme-se.
Lúcia nem pensou duas vezes. Recompôs-se e entrou no carro com o agente.
Que aventura, pensava ela no caminho. O carro ia com as sirenes ligadas e passavam à frente de tudo. Lúcia via a luz ao final do túnel.
Lá chegaram ao aeroporto por fim. Agradeceu ao agente, o quanto pode.
Partiu à procura de Bill. Lembrou-se que não sabia nada. Nada! Porta de embarque, nada. Sabia que iam para a Alemanha... Era isso, Alemanha.
Dirigiu-se ao balcão de informações. À sua frente estava uma excursão da terceira idade que estava a confirmar se todos tinham os documentos necessários. Teve de esperar na fila. As pessoas nunca mais acabavam. Olhava para o relógio. Estava a fazer quase duas horas desde que saíra da escola.
Ela ia conseguir. Ela tinha que conseguir. Era a última oportunidade.
Chegou a sua vez e perguntou à senhora qual era a porta do voo para a Alemanha. A senhora foi ver ao computador.
- Aguarde um momento, é que não tenho informações sobre esse voo. Deixe-me fazer um telefonema.
Um telefonema? Mas como um telefonema?
- ...sim, Alemanha. Eu espero. Ok, obrigada. Olha e então o teu filho já regressou das férias? Ouvi dizer que fez bom tempo e que as praias são... – dizia a senhora que atendia Lúcia.
Esta rebentou. Por tudo, pelo azar que tivera naquele dia.
- A SENHORA IMPORTA-SE DE ME DIZER A PORTA DE EMBARQUE E DEIXAR AS CONVERSAS PARA DEPOIS?
A mulher olhou com medo para ela.
- Porta 17.
Lúcia correu, o mais que pode. Ia sendo parada por vários turistas e tinha que se desviar de alguns. Porta 17... Porta 17.
Mas porque é que não fizeram a porta 17 no princípio!
Continuava a correr; porta 14, porta 15, porta 16, porta...
Sentiu um braço a agarrá-la e a detê-la.
- Hei!
- Você não pode correr aqui dentro.
Lúcia viu quem era. Era um homem alto, e grande. Trazia vestido um fato de segurança do aeroporto. Lúcia percebeu.
- Ok, desculpe.
Não se pode correr? Mas quem é que tinha inventado esta regra?
Teve de prosseguir devagar o seu caminho pois sabia que ele continuava a observá-la.
Porta 17. Lá estava ela. Lúcia parou. Olhou para a entrada.
Um rapaz alto, magro, de calças de ganga justas e casaco de cabedal, que ela reconheceu como sendo o que lhe havia dado, estava junto da entrada. Lúcia correu e não se importou.
Não pode passar a barreira porque não tinha bilhete.
Só lhe restava uma coisa.
- Bill! – gritou.

To be continued...


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