Uma Qualquer História Especial escrita por UQPE


Capítulo 16
Capítulo 16 - A Mudança




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Feriado! Andava mesmo a precisar. Esta azáfama de escola-Bill Bill-escola andava a deixá-la doida. Lia andava sempre a dizer que não tinha tido mais tempo para elas as duas, agora que tinha namorado. Por isso, Lúcia prometera-lhe que ia passar o feriado com ela. Tinham combinado que ela viesse a sua casa.
Lia chegou, histérica com, segundo ela, novidades escaldantes. Trazia na mão uma revista que parecia alemão pelas palavras da capa acabada de comprar e marcada numa página especial. Na capa estava Bill com umas letras por baixo. Ela não percebeu o que diziam. O coração de Lúcia acelerou. No quarto, Lia mostrou-lhe a razão de tanta euforia...
O coração de Lúcia parou. Deixou-se cair sobre a cama, ignorando o que Lia dizia. Lá fora parecia que tudo tinha parado. Lia continuava em pé por isso não viu as primeiras lágrimas a caírem. Lúcia tremia, a sua alma congelara. Não queria acreditar no que estava a ouvir.
Bill tinha uma namorada na Alemanha que falara agora para a revista a contar a relação dos dois. O artigo vinha acompanhado de fotos da namorada que era uma rapariga bonita. Lia ia lendo alto a tradução que acompanhava o artigo, agora que eles estavam em Portugal: “...a rapariga alemã de 19 anos parece ter conquistado o coração deste vocalista. Segundo a própria, ele telefona-lhe todos os dias e chega mesmo cantar-lhe músicas. Afirma já ter conhecido a família de Bill e diz que Tom aceita o namoro que já dura há 3 meses...”. Quando Lia parou e reparou que a amiga estava na cama a chorar, assustou-se.
- O que se passa?
- N... nada.
- Foi o namorado?
- Foi.
- Eu vou ma...
- Não leves a mal mas é melhor ires.
- Não te vou deixar assim.
- Eu estou bem.
Mas não estava.
- A sério que ficas bem?
- Sim. – disse numa voz tremida.
Lia saiu e fechou a porta. Percebeu que ela queria estar sozinha.
Lúcia ficou sozinha com os seus sentimentos partidos. As recordações, as flores, as brincadeiras, a cumplicidade... Ele tinha outra pessoa com quem partilhava isso. Tudo aquilo, não foi único. Pensou em cada beijo, em cada tarde, em cada presente...
E de repente, a fúria tomou conta dela. Levantou-se rapidamente e saiu de casa sem olhar para trás. Passou numa papelaria que encontrou aberta e comprou a revista. Sabia qual era porque reconheceu Bill, o mesmo Bill que a fizera tão feliz e agora tão angustiada. Ela podia não saber mas desconfiava o que diziam as letras da capa.
Apanhou o mesmo autocarro que no último mês apanhara. Desta vez, os motivos eram bem diferentes. Nunca o percurso lhe pareceu tão longo. Em nada serviu para acalmar a fúria que cada vez mais crescia, em parte pela revista, em parte pelo que se ia lembrando.
Entrou pela porta que tinha sido deles, não vestiu a t-shirt mas percorreu tão rapidamente o caminho que ninguém deu por ela. O elevador pareceu mais lento a chegar e a subir. Saiu no conhecido corredor, agora inimigo. Caminhava tão pesadamente que Bill, que se encontrava à porta do quarto a falar com Georg e Gustav se virou. Também Tom havia saído do quarto, umas portas antes de onde se encontravam os outros e ao pé de Lúcia.
E, rapidamente num instante tão pequeno, Lúcia parou e fitou Bill. Ele olhou-a e ela olhou-o. Ela pensava como podia ele permanecer, ali, imóvel, sem sentir o mínimo dos remorsos. E tudo o que ela via era ele com a namorada. Os seus olhos transformaram-se em chamas de raiva. Segurava nas mãos a revista que lhe causara tanto sofrimento, Apertava-a com tanta força que a dobrara. Nunca estivera tão fora de si, tão possuída. Nunca um sentimento a alterara tanto àquele ponto.
E então, fez o que ninguém estava à espera.

To be continued...

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