Olá pessoal, meu nome é Neji Hyuuga e vou narrar a minha vida para vocês durante algumas semanas. Moro em uma cidade grande e minha vida se resume basicamente à escola e casa. Agora já está de manhã, apesar de o sol ainda mal ter surgido, e aquele garoto esparramado na cama, dormindo tão profundamente que às vezes dá até a impressão que está morto, sou eu.

–Neji! Neji, acorda! -chamava uma garota tentando arrancar o lençol do garoto, que mesmo dormindo o agarrava com intensa força.

Essa é a Hinata. Ela é minha prima, para o meu desgosto. E o desgosto não para por aí não. Ela e eu temos a mesma idade, então estudamos na mesma sala. Vou ser bem franco com vocês, talvez no decorrer desta narração vocês possam até se afeiçoar à ela, mas eu nunca vou gostar dela, não sei explicar bem o porquê, ela é sempre tão gentil. Talvez seja por causa do pai dela, Hiashi. Ele é meu tio, mas detesto ele e, infelizmente moro com ele e suas duas filhas, já que meu pai morreu e não podia ficar sozinho. Não sei o porquê, talvez os adultos achem que crianças são imaturas e não sabem cuidar de si mesmas, concordo que até tem criança que é assim, mas eu não, sei cuidar muito bem de mim e não preciso da ajuda de ninguém para isso, afinal, já tenho quatorze anos, sou praticamente um adulto.

–Anda Neji, nós vamos nos atrasar! -dizia a garota tentando à todo custo fazer o menino acordar.

–O quê? Você tem algo contra dormir? Ainda está escuro! -disse sentando-se na cama com os olhos quase abertos.

–São cinco e meia da manhã, nossa aula começa às sete em ponto e, apesar de ser perto, você demora uma eternidade para se aprontar, só esse seu cabelo deve demorar uma hora para ajeitar -disse assanhando mais do que já estava os longos cabelos de Neji.

–Ei! Não toca no meu cabelo -falou afastando a mão da garota de si.

–Se eu soubesse que isso te despertaria tão prontamente já teria começado com isso, ao invés de passar meia-hora aqui chamando você. Vamos logo, senão a gente se atrasa -disse caminhando em direção à saída do quarto.

–Ugh... você depende de mim pra ir para escola? Eu por acaso vou te carregar nas costas? -reclamou se levantando com dificuldade e indo para o banheiro.

Depois de pouco mais de dez minutos de banho, Neji saía do banheiro com uma cara de mais sono do que a que entrou. Colocou a primeira roupa que achou no armário e penteou os cabelos, lisos e longos, até quase a cintura, e desceu as escadas para tomar café. A casa do tio era bastante espaçosa e bem clara, com dois andares.

–Finalmente, achei que não fosse descer nunca -exclamou Hinata.

–Por que você não se incomoda só com a sua vida e me deixa em paz, hein? O que vamos comer hoje?

–Eu não sei... pra comer tem tipo nada. Acho que papai esqueceu de fazer as compras.

–Você acha? -disse Neji abrindo a geladeira.- Isso daqui tá que nem o início do Universo, só tem luz e água.

–Bom dia gente!

–Bom dia, Hannabi -cumprimentou Hinata.

Hannabi era a irmã mais nova de Hinata, um ano mais nova, e, infelizmente, estudava na mesma escola que eu. Quer dizer, já não basta a Hinata? NÃO! Eu tinha que aturar a irmã dela também. Não que ela fosse muito chata, mas se me visse fazendo alguma coisa que não devia e se o pai dela perguntasse quem foi, então a tampinha apontava logo o dedão pra mim. Eu não gosto muito de dedos-duros.

–Bom dia, crianças! -disse um Hiashi descendo as escadas.- Por que estão acordados tão cedo?

–Hoje é o primeiro dia de aula, papai -respondeu Hinata.

–Por que ninguém me disse nada?

–Ela tá dizendo agora -disse Neji.

–É, eu quis dizer com antecedência. Acho que não tem muita coisa pra comer, não fiz compras cedo porque não sabia que hoje tinha aula.

–Não tem muita coisa? -indagou Neji.- Não tem nada nessa geladeira, inclusive dá pra montar um altar.

–Não seja dramático, eu dou algum dinheiro e vocês comem alguma coisa no colégio. Então, vocês vão para que ano?

Por favor, não saber o ano que nós iremos? Eu, até entendo, mas não saber a série que as próprias filhas estudam? Ele não para de reafirmar a minha opinião de que ele é um grande idiota.

–Eu e Neji vamos para o nono ano e Hannabi irá para o oitavo -respondeu Hinata sorridente.

Por que ela é sempre tão sorridente? Poxa, o pai nem sabe em que ano ela está na escola! E quem é que chama o pai de papai? Chama de pai e pronto!

–Bom, aqui está o dinheiro para vocês comerem, tenho que ir para o trabalho.

–Você pode morrer que eu não tô nem aí! -disse Neji, fazendo todos olharem para ele, surpresos.

Ops! Acho que essa frase era pra ter sido só narrada, não dita em voz alta.

–Neji, infelizmente é essa sua atitude que nos distancia -disse Hiashi encarando o garoto.

–Não, não, é a distância mesmo -Neji falou pegando a mochila de cima do balcão e saindo pela porta.

–Espera aí, Neji, nós vamos com você -exclamou Hinata correndo atrás do primo, ao lado da irmã.