— Já disseram que você é louca? – perguntou, Sid.

Ela estava no jantar de Vikka enquanto eu terminava de deixar tudo organizado no escritório de Dimitri. A essa hora ele já sabia da compra dos 50% da centésima empresa e eu tinha todo o meu plano armado.

Acendi a última vela e eu tinha espalhado rosas por toda a sua sala do escritório, que ficava antes do limite de Montana. Jason tinha conseguido o primeiro avião para Paris e eu me despedi dele com a promessa de visita-lo, junto à Jade. E quem sabe Dimitri.

Respirei fundo com meu vestido vermelho curto e com um pano molinho e fácil de tirar. Eu pensava na parte boa, claro. Não foi à toa que usei um sobretudo antes de sair de casa. Eu acabaria com essa história hoje à noite.

Liguei para Adrian e ele se encarregou do resto. Avisou a Dimitri que tinha uma reunião em seu escritório e ele demorou para convencer Vikka de deixa-lo ir. Teve uma hora, que Mia pegou o telefone e contou como a loira aguada saiu cantando pneu da casa dos Belikov.

Pelas contas que Sid tinha feito, Dimitri já deveria estar no caminho e eu sabia que ficaria nervosa, mas tinha que fazer isso. Era a minha vida que estava em jogo. Eu estava cansada de planos e de rodar para sempre e cair no mesmo lugar. Na mesma depressão. Tudo isso sem Dimitri.

— Eu sei. – disse para ela.

Escutei um barulho vindo do elevador e corri para o banheiro de Dimitri. Ele demorou alguns minutos, mas finalmente abriu a porta. Ele ia acender a luz, mas apenas observou as velas.

Ficou parado na porta por alguns instantes e depois aproximou-se das velas para examiná-las melhor. Estava de terno. Seus cabelos curtos e espetados, o faziam parecer uma adolescente rebelde.

Tomei coragem e finalmente sai de seu banheiro. Dimitri olhou-me duas vezes para conseguir me perceber e saber que eu era real. Eu já tinha desligado o telefone e deixado em cima da mesa dele, pelo caminho até seu corpo rígido, fitando-o.

— Oi. – disse para ele, ainda tentando respirar. Ele examinou meu corpo e depois meus olhos.

— Cadê o Jason? – perguntou, assustado.

— Ele viu que não teria um casamento feliz, comigo amando outro.

Dimitri sorriu, lentamente, fitando o colchão com um lençol vermelho.

— Os funcionários... – começou. Eu sorri, levantando a mão para interrompe-lo.

— Eu mandei irem embora. Dei para eles a folga de amanhã.

Ele arfou.

— Desde quando você... – ele se interrompeu. – Você manda...?

Eu gargalhei.

— Desde que eu comprei os outros 50% do seu hotel. – falei. Ele abriu a boca.

— Então, a reunião de última hora com o comprador era com você. – disse, sorrindo.

Eu aproximei-me dele, devagar. Do jeito que eu fiz na noite da casa de barco e sorri de modo doce. Ambos respiraram fundo e eu vi que seus olhos brilharam quando eu coloquei a mão em seu pescoço.

— Eu acho que prefiro você ao japonês careca que sempre compra minhas ações. – disse ele, perto da minha boca, sorrindo fraco.

— Que bom, porque vou fazer você repetir isso muitas vezes durante essa noite e muitas outras.

Eu sorri para ele, e fiz algo que queríamos há cinco anos.

Eu deixei que ele me beijasse.

                                                             ***

Ele me beijou doce.

Estávamos em sincronia. Eu deveria ser dele e ele meu.

E agora seria diferente, pois estávamos maduros e crescidos. Sabíamos o que queríamos e o que era certo e errado. E para mim, neste momento, errado era não tê-lo.

Deixei Dimitri me levar até o colchão e tirar meu vestido de modo lento, deixando aparecer meu conjunto de lingerie vermelha de pedrinhas. Ele olhou para o meu corpo com seus olhos brilhando e tirou seu paletó, deixando-me tirar sua blusa branca social, lentamente.

Beijei-o, ainda mais forte e depois disso, nossas roupas saíram, quase que rapidamente. Naquele momento, eu não quis saber de nada. Éramos um do outro, finalmente entregues à luxúria e ao amor.

Ele já sabia exatamente toda e qualquer parte do meu corpo. Seu toque tinha o dom de me fazer feliz e me sentir a melhor mulher do mundo. Todo e qualquer olhar oferecido para mim, nessa noite, foi o que me manteve quente.

Estávamos unidos e nada mais nos separaria. Eu queria uma vida com Dimitri e Jade, e não descansaria até conseguir. Sabia que o casamento dos meus pais, não deu certo por eles, mas demorei a enxergar isso. Admito que tinha medo, mas agora, esta noite.... Eu só queria tê-lo para mim.

Eu sabia que essa era a nova fase que eu tanto tinha medo de passar quando entrei naquele avião há cinco anos trás. Mas também sabia que haviam amores longos e curtos, e as pessoas que tem amores longos, são as corajosas o suficiente para ficar.

Olhei para Dimitri depois que acabamos e me aconcheguei em seu peito. Ele sorriu e passou a mãos em meus cabelos cacheados.

— Casa comigo? – murmurou em meu ouvido. Eu sorri.

— Sim. – murmurei, sorrindo.

— Desculpe. – murmurei. Ele me olhou curioso.

— Pelo que?

— Por ter escondido Jade de você. – falei. Ele abriu a boca em entendimento.

— Você teve seus motivos. Eu já perdoei você por isso, no momento em que descobri que ela era minha filha. Afinal, você é a mulher da minha vida.

Eu sorri, boba.

— Eu te amo. – sussurrei. Ele sorriu.

— Eu te amo. – murmurou de volta.

Ficamos em silencio, nos observando por alguns minutos e ele finalmente sorriu, passando a mão em meu rosto devagar e de modo carinhoso.

— O que faremos agora? – perguntou, baixinho.

Eu sorri.

— Nós seremos uma família. – falei, sorrindo.

E então ele me beijou.

E era como se fosse a primeira vez.