Pov Dimitri

Rose olhou-me enquanto Jason sentava-se em uma mesa de frente para a nossa. Sheron estava distraída com seu pai e não reparou em nenhum deles. Rose olhou para mim assustada e logo em seguida para Sheron.

Eu tentei acalmá-la com o olhar, mas ela pareceu indignada. Só a tinha visto com aquele olhar uma vez e eu sabia o que significava.

Ela não podia falar com Sheron, antes que eu a explicasse. Então, quando ela comentou algo com Jason e se levantou, eu engoli a seco, pensando no que fazer. Olhei para Sheron, que fingia rir de outra piada e nossos pratos ainda não chegavam. Então, eu teria tempo.

— Eu preciso me retirar. – comecei, levantando-me. – Com licença.

Sheron assentiu e voltou-se para seu pai, que também tinha assentido. Jason estava ocupado olhando para o cardápio, agora sozinho na mesa e eu passei por ele, disfarçando-me. Fui na mesma direção que Rose tinha ido.

Quando cheguei perto dos banheiros, em uma pequena sala espelhada com Rosas vermelhas em vasos de vidro, ela estava com suas mãos apoiadas no móvel marrom. Eu suspirei, enquanto ela ainda estava de costas para mim e não tinha me visto pelo espelho.

— Rose. – comecei, sentindo sua respiração.

— Vá embora! – disse, sem nem ao menos me olhar através do espelho. Ela tinha um vestido preto e longo e seus cabelos castanhos presos em um coque.

 – Não. – falei. Ela arfou.

— Como você tem essa capacidade de enganar as pessoas? – gritou, virando-se.

— Eu posso explicar. – falei, um pouco mais alto. Ela fitou-me.

— Então, vai! Me explica. – disse, de modo rude.

— Ela está me chantageando. – falei. Rose mudou sua feição. – Ela tem 50% da minha empresa.

— E isso faz você jantar com ela? – perguntou Rose. Ela estava claramente irritada.

— Não. – falei. – Me faz ter que casar com ela.

— O que? – perguntou Rose.

— Sinto muito.

— Sente muito? – perguntou Rose. Ela me olhava daquele jeito cortante e eu estava ferido.

— Eu não tinha ideia que ela planejava isso. – disse para ela.

— Mas eu tinha ideia do que você é.

— É, Rose? – perguntei irritado. – O que eu sou? – debochei.

— Covarde. – cuspiu. Ela tinha lágrimas que brilhavam em seus olhos.

— Rose... – comecei, me arrependendo do deboche.

— Eu odeio você. – gritou, passando por mim.

Mas eu fui mais rápido. Eu a puxei para mim e voei com ela até a parede mais próxima. Ela se debateu um pouco, mas eu não deixei que ela tivesse mais tempo para pensar. Prensei meus lábios nos dela e senti quando ela lutou com meu corpo.

Eu era mais forte e sabia que ela cederia em algum momento. Foi o que ela fez, depois de um tempo. Rose retornou o beijo a mim e eu a apertei. Aquela sensação de estar em casa.

O beijo era quente e forte. Era romântico e bom. Era como se eu tivesse no céu com a sensação do corpo de Rose em meus braços. Tão pequeno e frágil. Era a mesma coisa da casa de barco. Era a melhor sensação do mundo.

Eu continuaria ali, a noite toda se possível. Mas Rose me empurrou quando eu estava mais vulnerável e deixou transparecer seus olhos com lágrimas.

— Você sacrifica sua felicidade por poder? – perguntou, rancorosa.

— Você não entenderia... – comecei, mas ela riu sem humor.

— Por favor, eu nunca vou entender você camarada. – disse gesticulando. Suas lágrimas escorriam por seu rosto agora. – Se ficar com essa mulher, nunca mais vai ver sua filha.

— Seria capaz disso novamente? – perguntei

Senti a pontada da ausência de Jade me afligir. Ela já fazia parte de mim com seu sorriso e delicadeza de menina. Eu nunca imaginei me sentir tão completo quando se tratava de Rose e uma filha que finalmente conhecei depois de cinco anos.

— Não. – disse ela. – Mas aquela mulher da mesa sim. – disse Rose, apontando com a cabeça para o salão. Eu olhei para Sheron de relance, mas voltei-me para ela.

— Eu não deixaria. – disse eu. Ela sorriu fraco.

— Deixaria sim. – disse ela. – Você tem tudo que quer e vai deixar se vencer por uma coisa fútil. Se me quer tanto fale agora Dimitri, desista desse hotel que não fará diferença na sua vida e me diga agora que quer a mim e Jade. – disse Rose, aproximando-se.

Eu olhei para ela e mordi a boca.

Ela me olhava diferente agora. Eu só precisava pedir para ficar com ela. Seria tão fácil. Eu, ela e Jade finalmente juntos. Eu sorri pensando em acordar ao lado dela todos os dias e senti seu corpo junto ao meu.

— Dimitri... – murmurou, tirando-me de meus devaneios. Eu tinha um dever com meu pai, não podia deixar de cumpri-lo.

— Sinto muito. – falei. – Eu te amo, mas devo isso ao meu pai.

Ela deu alguns passos para trás e respirou fundo, reprimindo as lágrimas que me machucavam cada vez mais.

— Eu sinto muito. – disse ela, fitando-me. Era como se eu tivesse cometido um crime e não ser mais perdoado. – Sua relação agora é apenas com a Jade e quando não puder vê-la, não diga que não avisei.

Ela começou a sair da minha frente, mas meu coração se apertou e eu não resisti em segurar seu braço. Ela tinha um pouco de seu batom borrado, mas nada que não a deixasse bonita e pudesse ser percebido.

Ela fitou-me, e depois ao seu braço e minha mãe nele, apertando-o.

— Rose... – murmurei. – Entenda-me.

— Sinto muito, camarada. – disse ela, soltando-se de mim. – Não tenho mais nada para entender em relação a você.

Então, ela saiu.

Voltou para a sua mesa e Jason abriu um enorme sorriso quando a viu sentar-se. Sheron continuava murmurando algo sobre Paris para a lua de mel e seu pai estava atento à cada palavra sua. Enquanto eu, estava atento aos dois.

Continuei olhando, até Jason levantar-se sorrindo de algo que Rose tinha dito, provavelmente. Ele levantou-se e ajoelhou-se na frente da minha Roza. E o que veio pela frente foi pior. Meu coração parou e minha mão fechou-se como se eu fosse socar alguém.

Ele beijou-a.

Beijou-a ardentemente.