Pov Dimitri

Olhei mais uma vez para a planilha no meu computador, mas eu não tinha cabeça para aquilo. Já tinha quase 24 horas do meu encontro com Rose e não tinha falado com ela. Era a sua mudança e Jade tinha sido destinada à Vikka, enquanto ela ficava sozinha com Jason.

Eu não estava satisfeito com isso, mas sabia que ela precisava decidir por ela mesma quem queria. Eu tinha pontos, de acordo com as próprias palavras dela e estava satisfeito com isso. Só de lembrar o gosto de seu beijo eu lembrava da noite na casa de barco.

Mas não era a mesma Rose. Esta era melhor. Segura e madura. Uma mulher que eu sempre quis que ela fosse, o arrependimento batia cada vez que eu lembrava da noite na casa de barco. Queria que ela se tornasse essa grande mulher comigo ao seu lado. Mas eu fui covarde.

Fechei a tela do notebook e respirei fundo, levando minha mão ao rosto. Estava cansado de trabalhar naquele escritório o dia todo e Adrian já tinha me passado tanto relatório por e-mail que minha cabeça ia explodir a qualquer momento.

Pensei em um banho quente, mas algo me fez pular e parar de massagear as têmporas. Com a porta do meu escritório aberto, percebi quando a minha governanta passou pela minha sala, com toda certeza para atender à porta.

Levantei-me quando escutei um barulho de porta batendo e esperei que alguém, como Rose, aparecesse na minha frente. Vikka e Mason tinham a chave, assim como a minha mãe.

Mas nenhum deles apareceu. Era Sheron. Seus cabelos loiros, ainda mais brancos estavam lisos e soltos até a cintura. Seu corpo com um vestido vermelho e colado, que a desvalorizava. Eu arfei.

— O que está fazendo aqui? – perguntei, sem evitar um tom rude.

— Negócios. – falou, sorridente. Ela largou sua bolsa preta de couro e cara, em cima do meu sofá marrom e olhou para mim com um olhar que um dia foi fatal.

— O que quer? – perguntei, voltando-me a sentar. – Tenho negócios com seu pai, não com você.

— Que pena, Belikov. – disse Sheron, sentando-se na cadeira à frente da minha mesa. Ela ajeitou-se, colocando uma perna por cima da outra. Deixando sua pele branca amostra.

— Não estou entendendo sua presença aqui, Sheron.

— Você esqueceu. – disse ela, fingindo um olhar triste. – Meu aniversário foi ontem, amor.

— E o que eu tenho a ver com você? – perguntei.

— Tudo. – disse ela, animada. Franzi o cenho. – Não percebe? Eu tenho direito à presentes, meu bem.

— Vai direto ao ponto.

Ela sorriu.

— Meu presente é você. – disse direcionando seus olhos azuis para mim. – Eu pedi para o meu pai os 50% do seu centésimo hotel Dimitri.

— Seu pai não faria isso. – falei, levantando-me em um pulo. – Ele não seria tão estúpido.

— Se eu fosse você não contaria com isso. – disse, sorridente. Ela ainda estava sentada, claramente sexy naquela cadeira.

— Não. – murmurei baixinho.

Ela gargalhou.

— O seu tão sonhado hotel, agora também é meu. – disse ela, agora séria. – E você não pode fazer nada se eu não aprovar.

— Você também não pode. – falei. Ela levantou-se, com um sorriso forçado.

— Enganado de novo, amor. – disse ela, maldosa. – Eu tenho o conselho na minha mão. Na hora que eu quiser compro sua parte ou melhor... Compro você.

— Sabia... – gritei. – Você não faz nada sem pensar apenas em você.

— Claro. – disse para ele. – Qual seria a graça disso? – perguntei.

— Louca. – gritei. Ela gargalhou.

— Assim me magoa. – disse, fazendo biquinho. – Você não escutou a minha condição para continuar à frente dos seus negócios.

— O que você quer? – perguntei, quase rosnando.

— Você. – disse ela, vindo até mim. Ela desfilava, como nas passarelas de Milão. Vinha devagar, para só então colocar a mão no meu peito e sorrir. – Nós vamos nos casar, meu bem.

— Você está louca. – falei, segurando o braço dela. Seus olhos explodiram em adrenalina. O sorriso de sua boca me fez tremer.

— Então dê adeus ao tão sonhado projeto de seu pai, Dimitri. Dê adeus para absolutamente tudo.

— Você não pode fazer isso comigo, Sheron. – disse para ela. – Você não pode me obrigar a amar você.

— Não posso te obrigar a me amar, mas posso te obrigar a ficar longe de quem você ama.

— Isso não vai dar certo, Sheron. – gritei, afastando-me dela.

— Se eu fosse você, faria dar certo. – disse Sheron. – Nós temos um jantar de reconciliação com meu pai às sete.

— Você está louca? – perguntei, aos gritos.

— Só negócio, querido. – disse ela, pegando sua bolsa em cima do sofá de couro marrom. – Um dia você se acostuma comigo do outro lado da cama. – e então, saiu do escritório.

                                                   ***

— Fico feliz com essa notícia. – disse o pai de Sheron. Um velho barrigudo que adora ternos cinzas. Tinha cabelos brancos e ralos. Sheron tinha a beleza de sua mãe, que não estava mais viva e deixou apenas fotos.

— Não estamos namorando. – disse eu, para o velho Alfred.

— Oh, não seja tímido querido. – sorriu Sheron. – Estamos querendo nos casar papai.

— Sheron... – comecei, mas ela me interrompeu.

Não sabia como eu tinha vindo parar aqui. Acho que eu tinha ficado tanto tempo planejando o centésimo hotel que meu pai tanto queria, que pedir ajuda para o pai de Sheron foi a pior coisa.

Eu podia desistir de tudo e ficar com Rose e minha filha, mas não era tão fácil quando eu pensei. Ceder o meu hotel para uma garotinha mimada não.

Eu tinha que achar um jeito de reverter a situação. Enquanto isso, teria que me submeter aos caprichos de Sheron e as loucuras de sua mente insana. Só precisava de tempo e uma boa desculpa para Rose.

Observei o restaurante enquanto Sheron fingia rir de uma piada com seu pai. Tinha uma música ambiente calma, estávamos perto das janelas de cristal e esperando nossa comida. Sheron fez questão de pratos caros, enquanto eu só queria fugir.

As cortinas mostarda e as paredes brancas faziam tudo ficar mais monótono. Reprimi o bocejo e olhei para a porta do restaurante, apenas para ver Rose entrar. E ela não estava sozinha. Tinha mais alguém com ela.

Era Jason.

Era um encontro.