Nunca Fui Beijada 2 escrita por Larissa Carvalho, MorangoeChocolate


Capítulo 17
Photograph


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo para vocês.
Espero que gostem.
Bom... Na próxima é pov do camarada.
Beijão galera.
Boa leitura.



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Risquei aquela frase pela terceira vez em menos de cinco segundos. Eu estava tão atordoada que aquele marca-texto ia acabar furando a página da revista de noiva se Lissa não aparecesse na minha frente.

Larguei a caneta cor de limão e recostei-me na cadeira cruzando os braços e fechando os olhos. Cristian tinha ligado para a minha casa três vezes atrás de Lissa, estávamos no dia seguinte da droga da conversa, ela não tinha dado notícias e eu não tinha ido trabalhar por causa disso.

Janine abriu o bar e Jason tinha levado Jade para lá. Eles almoçariam e eu estava pensando quando Dimitri ia me dar algum sinal sobre o nosso almoço. Suspirei ainda de olhos fechados e foquei toda a minha energia em Lissa. Eu queria ela na minha frente agora.

Eu estava quase dormindo, sentindo toda aquela calma da minha cozinha silenciosa e da minha concentração em alguma coisa que não fossem meus problemas, quando a porta principal bateu de um jeito assustador. Abri meus olhos, quase caindo da cadeira e dei de cara com Lissa.

Seus cabelos estavam desgrenhados e suas roupas molhadas. Levantei o cenho e continuei em silêncio esperando ansiosamente por uma resposta que não ia vir tão cedo. Ela pareceu espantada comigo em casa, quando deveria estar no escritório.

Acomodei meus cotovelos na mesa e ainda recebia seu olhar assustado. Eu sorri, delicadamente e ela respirou aliviada por pensar que não levaria uma bronca.

— Não tão rápido, querida. – comecei. – Seja uma boa menina e me conte o que você fez na noite passada.

Ela revirou os olhos, ainda de pé.

— Nada demais. – falou Lissa.

— Nada demais? – perguntei, de modo calmo, olhando para as suas roupas. – Então, como está molhada? Virou a Ariel?

— Caso você não tenha tido infância, a Ariel é ruiva. – disse Lissa, de modo amargo.

Eu dei de ombros.

— Uma tinta resolve isso, meu bem. – falei. – O que me consola, e acho que consolaria a galhada na cabeça de Cristian, é saber que não dá para fazer muita coisa com roupa.

— Não tem galhada nenhuma na cabeça dele. – gritou. Eu fitei-a.

— Está gritando por qual motivo então? – perguntei. Ela respirou fundo, sem resposta.

— Não quero falar. – disse. – E não vou.

Lissa começou a ir em direção a escada, mas a campainha o parou. Eu me levantei, chateada por ela ter gritado, mas calada. Passei por Lissa e abri a porta.

Dimitri examinou minha calça jeans e minha blusa regata, e sorriu. Ele estava de terno e levantou o cenho, com a minha cara de espanto.

— O que está fazendo? – perguntei.

— Hora do almoço. – disse ele. – Estou pegando a minha companhia.

— Pegando não, meu bem. – falei. – Não se toca na mercadoria.

Ele sorriu, ainda analisando as minhas roupas desleixadas.

— Precisamos chegar a tempo, estamos atrasados. – falou. – Dá tempo de você pegar um casaco.

— Aonde vamos? – perguntei, preocupada com as minhas roupas.

— Em um restaurante perto do limite de Montana. – falou. – Vamos, precisamos ir.

Eu assenti e fui até o armário de casacos perto da escada. Lissa ainda estava ali, fitando-me confusa. Olhei para ela de modo sério e respirei fundo.

— Quando eu voltar, vamos conversar. – sussurrei.

Ela revirou os olhos.

— Não vamos. – disse ela. – Não é porque estou com as roupas molhadas que passei a noite na cama do Tony. – disse, com raiva.

— Não querida, suas roupas molhadas são de menos. O pior seria se a sua calcinha também estivesse. – disse para ela. Lissa bufou subindo suas escadas.

Eu sorri e peguei minha jaqueta de couro vermelha. Não estava com uma roupa adequada para um jantar chique, mas não me importava nenhum pouco.

                                                           ***

Estávamos sentados, esperando nossos pedidos e ele me olhava de modo curioso. Eu apenas engoli a seco e retribui o olhar com a sobrancelha arqueada.

Ele sorriu.

— Mesmo temperamento. – disse ele. – Adoro.

— Calado. – resmunguei. Já estava com fome e nada da comida chegar. Olhei para Dimitri impaciente. – Posso saber porque estou aqui?

— Para comer? – perguntou, irônico.

Eu rolei os olhos.

— Parece que sou bom em te fazer revirar os olhos. – disse ele. Eu arfei.

— Nem vem. – comecei. – Por que estou aqui?

— Por causa disso. – falou. Pegando um envelope em cima da mesa e entregando-me.

Eu abri com calma e medo do que poderia ser, mas eram documentos. Um deles tinha o nome da Jade. Eu abri a boca em susto. Era uma certidão de nascimento dela, com o sobrenome dele.

Jade Hathaway Belikov.

Olhei para Dimitri, ainda pasma e ele tinha um olhar sereno no rosto. Eu levantei o cenho, finalmente fechando a boca e sorri devagar.

— Acho que ela vai sofrer Bullying com esse sobrenome esquisito. – falei, por fim. Ele sorriu.

— Queria que fosse você a sofrer Bullying. – disse ele.

— O que está querendo dizer com isso? – perguntei.

— Que eu não vou descansar enquanto não tiver esse sobrenome, Rose. – disse ele.

— Isso foi a forma que você achou de me pedir em casamento? – perguntei. Dimitri sorriu.

— Ainda não. – disse ele. – Ainda. – reforçou.

Eu sorri, levantando o cenho.

Se Jason continuasse com a mesma ideia que a dele, isso seria uma completa loucura.

                                                  ***

Bati três vezes na porta do quarto de Lissa. Minha mãe tinha me ligado para dizer que ela estava trancada e não queria sair de lá. Cristian tinha me mandado várias mensagens desesperadas atrás de sua noiva e eu tentava fazer aquele casamento acontecer.

Eu sempre ficava com a pior parte.

— Vai mesmo me fazer ficar em pé na porta até você abrir? – perguntei, irritada. – Lissa, abre esse raio de porta! – gritei.

— Não. – gritou. Eu sorri.

— Graças a Deus você está viva.

— O que você quer? – perguntou, irritada.

— Que você abra essa droga de porta.

Eu recebi alguns segundos de silêncio e finalmente escutei um barulho de chave sendo virada na maçaneta. Respirei fundo aliviada antes que ela abrisse. Fitei-a e levantei o cenho. Ela tinha os olhos vermelhos e seus cabelos desgrenhados.

Eu sorri e abri meus braços para ela. Então, ela me abraçou feito um bebê precisando de consolo e eu apertei-a em meus braços. Eu tinha medo de saber o que houve na noite em que ela passou fora, mas temia ainda mais por Cristian.

— Vai me dizer o que houve? – perguntei, enquanto entrava no quarto, para sentar-me em sua cama.

— Claro. – disse, sentando-se à minha frente. Seus olhos estavam tristes. – Tony disse que ainda sente o mesmo por mim.

— E? – perguntei.

— Eu queria que ele viesse me resgatar quando estávamos em Montana, mas ele não veio. Ele continuou lá em seu mundinho chato e não veio.

Eu respirei fundo.

— E agora tem o Cris. – eu disse.

— Não sei o que eu faço. – disse Lissa. Ela fez biquinho e eu sorri.

Fitei-a e peguei em suas mãos.

— Você não ficou com Cristian todos esses anos por um motivo vago. – disse ela. – Tinha algo por dentro que te fez dizer sim para ele. – eu sorri para ela e continuei. – Tenho certeza que Cristian é a luz que te faz amar de um jeito único. E tenho certeza que o que sente por Tony são assuntos inacabados.

Lissa sorriu para mim. Do jeito que ela sempre fazia. Ela iluminava tudo à sua volta.

— Tudo bem. – disse ela. – Você tem razão.

— E o que vai fazer? – perguntei, enquanto a via se levantar e ir até a porta.

— Vou atrás do meu homem. – disse ela.

— Boa sorte em acabar com a virgindade dele. – falei, sorrindo. Enquanto, Lissa sumia da minha vista.

Eu respirei fundo e sorri. Eu tinha conseguido fazê-la ver o amor por alguém como o Cristian, mas não conseguia fazer o mesmo comigo. Talvez, aceitar Dimitri na vida de Jade seja o que todos dizem sobre vitórias. Algumas delas ocultam uma renúncia.


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Notas finais do capítulo

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