Elementos - Da criação à queda escrita por FantasyWD


Capítulo 8
Capítulo 5 - As trevas continuam




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           Leon acordou assustado. Estava sentado na cama sem camisa, ofegante. Mesmo após quinze anos da morte de seus pais, as lembranças daquela noite ainda causavam-lhe pesadelos. Não tinha ido trabalhar, era seu aniversário. Seu chefe deu o dia de folga pra ele.

           Olhou para o despertador ao lado da cama, marcava 18:44 horas, havia dormido a tarde toda. A luz da cidade atravessava pelas frestas que as cortinas na janela causavam, iluminando seu rosto. Mudara muito desde a época em que era um adolescente. Hoje ele tinha 30 anos, seus cabelos agora eram cortados e penteados para trás, bagunçados pela noite de sono. Ganhara massa muscular pois treinava e fazia natação quando tinha tempo, e de sua face crescia uma barba rala e bem feita, sem bigode. No final, havia tornado-se um homem muito atraente.

           Levantou-se e foi em direção a uma escrivaninha, abriu a última gaveta e tirou de lá uma pequena caixa. Era o lugar onde ele guardava todas as suas lembranças daquela época, fotos, cartas e coisas que ele evitava olhar. Tirou da caixa duas fotos, suas preferidas. Ver aquelas fotos o fez querer chorar, eram do tempo em que a felicidade fazia parte de sua vida e não era algo que ele esquecera como era sentir. Em uma das fotos ele estava na companhia dos pais e da avó, haviam acabado de comer a seia de natal, todos riam, ele segurava a mão da mãe e ela segurava a mão do marido, a idosa na foto estava entre eles por ser muito baixa. Em outra fotografia estavam ele e seus dois melhores amigos, Ben e Íris, haviam ido ao parque de diversões naquele dia, Leon tentava fazer uma expressão brava enquanto Íris, com os longos cabelos pretos soltos, passava uma maçã do amor na bochecha dele, deixando-o sujo, ela ria muito, Ben estava ao lado de Leon com a boca cheia de algodão doce sorrindo para a câmera, haviam parado um mulher que gentilmente tirou a foto para eles. Haviam muitas perdas naquelas fotos. Sentia falta daquela época, dos amigos e, principalmente, dos pais.

          Quando seus pais morreram, ele teve que ir morar com sua avó, seu único parente vivo que ele conhecia. Manteve contado com seus amigos da Inglaterra por quase quatro anos, depois disso, haviam parado de se comunicarem aos poucos até que o contato acabou definitivamente. Não conseguiu mais fazer amigos que ele pudesse confiar. Na escola era sempre o que sentava sozinho, quando alguém o cumprimentava ele dava um jeito de evitar que a conversa se prolongasse.

          Ao completar 23 anos, sua avó faleceu de velhice, deixando-lhe a casa que moravam e uma quantia em dinheiro de herança, na época ele estava no penúltimo ano da faculdade de jornalismo. Com o dinheiro recebido, ele terminou a faculdade e conseguiu um emprego no telejornal local. Não satisfeito, deixou o emprego e estudou meteorologia, conseguindo trabalho no telejornal nacional de Boston. Vendeu a casa que herdou e comprou um apartamento, que ele dividia com um colega do trabalho sem cobrar aluguel.

        Guardou a caixa de volta à gaveta, vestiu uma camisa e saiu do quarto, em direção à cozinha. O apartamento era imenso. Na cozinha havia duas geladeiras, da qual uma foi cedida a John, seu companheiro de apartamento, uma mesa ocupava o centro do cômodo com cadeiras ao redor e havia um armário grande encostado em uma das paredes, entre a pia e o fogão, sobre um balcão estavam dispostos vários eletrodomésticos. John estava sentado numa cadeira com o notebook sobre a mesa, segurava uma xícara de café em uma mão e digita a com a outra.

— Leon! — disse ele ao ver Leon. Tinha 27 anos com aparência de 35, devido ao cigarro. Sua pele era negra e o cabelo preto baixo que descia pelas costeletas até a barba. — Você não vai acreditar no que está acontecendo.

— O que houve? Pegou vírus no notebook novamente? — perguntou Leon sem olhar para o colega. Ainda lembrava do sonho, não estava interessado em consertar o aparelho do colega novamente que, misteriosamente, sempre adquiria vírus. Abriu a geladeira e pegou uma garrafa de suco. — Você devia parar de ver sites pornográficos, isso não é saudável.

— Não é nada disso, olhe. — John apontou para a tela do notebook. — É o fim do mundo!

— O que é isso? Fumaça? — perguntou Leon bebendo o leite diretamente da garrafa. — Um incêndio não é o fim do mundo.

— Isso não é fumaça. Na verdade, ninguém sabe explicar exatamente o que é isso — John lia atentamente as informações na tela do aparelho. — Essa coisa negra surgiu na praia de Copacabana, hoje a tarde, na cidade de Rio de Janeiro, no Brasil. O site aqui fala que a nuvem negra, como as pessoas estão chamando, já cobre toda a extensão da praia, e segue lentamente em direção a noroeste do país

— Você tem certeza que essas informações são verídicas? — Leon largara a garrafa de leite e prestava atenção no colega.

— Sim, tenho. — respondeu John. — E também estava passando no noticiário internacional hoje de tarde.

           O celular de Leon começa a tocar e ele vai para a sala, onde deixou o celular quando foi dormir. Ele viu que havia seis chamadas não atendidas do seu chefe e retornou a chamada.

— Leon? — falou uma voz muito grave do outro lado da linha. Era seu chefe.

— Sou eu mesmo. — respondeu.

— Eu lamento te incomodar no seu aniversário. — continuou o homem. — Não sei se você tem conhecimento dos acontecimentos atuais, mas eu preciso dos melhores e isso inclui você.

— Você se refere à nuvem negra?

— Isso mesmo. Toda a mídia está falando sobre isso. — respondeu o homem.

— Claro. O que eu tenho que fazer? — perguntou Leon.

— Eu sabia que podia contar com você — o homem falou aliviado. — Pegue o primeiro avião para o Brasil. Uma equipe estará te esperando em Belo Horizonte, Minas gerais. Preciso que você esteja pronto para ir ao ar ás 19 horas de amanhã, ao vivo. Acha que consegue?

— Farei o meu melhor, chefe. — respondeu Leon olhando para o relógio, marcava 19:23, ele tinha quase vinte e quatro horas para chegar ao Brasil. — Estou a caminho. — falou desligando o celular.

— Leon! — gritou John da cozinha. Leon foi rapidamente até ele. — Essa história fica cada vez mais emocionante.

— O que houve dessa vez?

— Um site oficial de jornalismo entrevistou dezenove tripulantes de um navio cargueiro — John clicava em itens na tela, abrindo mais conteúdos. — E toda a tripulação afirma que viu um dragão negro surgi da fumaça escura, e que a fumaça havia saído de um portal escuro que surgiu no meio do céu.

— Caramba! — disse Leon soltando um assovio. — Esse pessoal inventa de tudo para ganhar audiência.

— Não sei se isso é inventado. Foram dezenove entrevistados contando exatamente a mesma coisa. Ou é verdade, ou é loucura coletiva. Ainda tem mais — John abriu uma imagem muito embaçada na tela do notebook. — Essa foto foi tirada por um dos tripulantes que afirmar que esta criatura voadora da imagem salvou o navio. Todos os outros concordam que foi verdade.

— Tenho certeza que é loucura coletiva. Agora, preciso fazer as malas. — disse Leon indo em direção ao seu quarto.

— Vai para aonde? — perguntou John.

— Brasil.


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